O Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, nega que tenha havido tentativa de assassinato dos cabeças-de-lista de alguns partidos políticos que concorrem para as próximas eleições municipais de 11 de Outubro. Trata-se do edil da Província de Nampula, Paulo Vahanle, que alegou ter sofrido uma tentativa de assassinato a 22 de Agosto último.
Duas semanas depois, foi a vez do edil de Quelimane, na província da Zambézia, Manuel de Araújo, que também denunciou uma tentativa de assassinato. Coincidentemente, os dois casos foram alegadamente protagonizados por agentes da PRM.
Entretanto, na última sexta-feira, durante uma parada em Maputo, onde foram apresentados os novos integrantes da Polícia de Trânsito, Bernardino Rafael disse que se trata de falsas acusações e sem nenhum fundamento. Referiu que são invenções dos partidos usadas para justificar a falta de manifesto eleitoral.
O Comandante-geral da PRM aproveitou a ocasião para enfatizar que este tipo de acusações poderá prejudicar os próprios cabeças-de-lista e partidos porque o mesmo polícia que eles acusam, é também um eleitor. Na ocasião, Rafael lamentou o que está a acontecer, mas garantiu que a polícia está preparada para garantir ordem e segurança durante o processo eleitoral. (Marta Afonso)
A saga das contas da LAM deve suscitar em Moçambique um novo ângulo de discussão sobre as temáticas da integridade, da ética corporativa, da complaince e da anti-corrupção: quem audita os auditores?
Depois da denúncia dos gestores da Fly Modern Ark, que gerem a LAM, os os partners da EY deviam vir a público explicar como foi possível fazerem vista grossa às contas da companhia, levando-a a aproximar-se da insolvência quando esse não era o caso; como foi possível esconderem um montão de aspectos incorretos de gestão, branqueando toda a alegada corrupção e incompetência?
Este caso volta a colocar dúvidas sobre a integridade das firmas de auditoria em Moçambique. Quem as audita? Quem as regula? Quem vela pela sua complaince com as boas práticas?
Quem desmonta sua tamanha opacidade?
Depois do desastre da KPMG na África do Sul, chegou a altura de Moçambique debater a integridade dos braços locais das Big Four do sector (EY, Delloit, KPMG e PwC). Ou, dentro em breve, seremos empurrados a ir contratar auditores no estrangeiro. Chega de silêncio. Do silêncio complacente da sociedade!
Marcelo Mosse
Hoje, o cupão do único dos eurobonds da dívida da Ematum (com vencimento em 2031) subiu de 5% para 9%. Isso significa que o pagamento anual de juros saltou para US$ 81 milhões no título de US$ 900 milhões, muito acima dos actuais US$ 45 milhões por ano. Esta revelação acaba de ser dada por Gregory Smith, um conhecido analista de Mercados Emergentes na firma M&G Investiments, baseada na City, em Londres.
Smith explica que “em 2019, este título foi emitido como parte de uma troca do título “atum” anteriormente inadimplente, com a esperança de que Moçambique já estivesse a colher muitas receitas provenientes da produção de gás natural. No entanto, os atrasos na produção de gás significaram que as receitas do Governo ainda não foram aumentadas. Na verdade, as receitas do Governo caíram de 29% do PIB em 2019 para cerca de 24% em 2023. Portanto, o Governo abrirá mão de divisas vitais antes de realizar quaisquer entradas substanciais (ao mesmo tempo que enfrenta desafios com o aumento da dívida externa e o esgotamento das reservas cambiais após a covid-19 e vários desastres naturais)”.
De acordo com o analista, “a lição que se tira disto é que qualquer aumento acordado no cupão deveria ter dependido da chegada efectiva das receitas do gás. Esta ideia foi considerada parte da reestruturação, mas considerada complexa na época”.
O termo “complexo” é uma forma mais ou menos simpática que o analista usou para qualificar a relutância e os ouvidos mercadores do Governo (a reestruturação da dívida da Ematum teve lugar sob a batuta do antigo Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, hoje Primeiro Ministro).
Na altura, alguns analistas propuseram o que está aqui a ser dito: ligar o pagamento da dívida da Ematum às receitas do gás, porque isso protegeria outras receitas e recursos do Governo. Mas isso não foi feito porque a expectativa era que, depois da reestruturação (e do julgamento do caso das Dívidas Ocultas), os doadores voltariam a financiar o Orçamento do Estado com maiores injeções, mas não é o que está a acontecer. O financiamento dos doadores cai a conta gotas (e cai mais lentamente que o financiamento a países com piores condições macroeconómicas que Moçambique, como o Gana e a Zâmbia).
Isso não foi feito e agora a situação se complica. Os titulares dos cupões da dívida da Ematum estarão agora a esfregar as mãos, aguardando para ver como este aumento dos juros vai estar refletido no Orçamento do Estado do próximo ano, certamente uma dor de cabeça para o Ministro Max Tonela.
Ou seja, vem mais um aperto orçamental, eventualmente com menos investimentos, e os contribuintes deste país trabalhando unicamente para pagar as dívidas da Ematum.
Pode-se colocar a hipótese de uma nova reestruturação da dívida da Ematum? Sim, mas com riscos. A ideia de uma nova reestruturação tendo em conta as receitas do gás significa um novo default, ou seja, a incapacidade Moçambique pagar a dívida, aumentando os prémios de risco, até que seja concretizada essa reestruturação.
Eis como o calote hipotecou o futuro deste país.(Marcelo Mosse)
A mineradora Gemfields, sediada em Londres, anunciou na quarta-feira (13) que angariou 1,47 milhão de dólares americanos num leilão de rubis comerciais e de baixa qualidade realizado de 11 a 13 de Setembro. No total, foram vendidos 174 quilos de gemas (869.862 quilates) a um preço médio de venda de 1,7 dólar por quilate.
As gemas foram extraídas no distrito de Montepuez, no norte de Moçambique, pela Montepuez Ruby Mining Limitada (MRM), detida em 75 por cento pela Gemfields e em 25 por cento pela empresa moçambicana Mwiriti Limitada.
Em comunicado, a Gemfields sublinha: “o produto deste leilão será integralmente repatriado para a MRM em Moçambique, sendo todos os royalties devidos ao governo da República de Moçambique pagos sobre os preços integrais de venda alcançados no leilão”.
De acordo com Adrian Banks, Director Geral de Produto e Vendas da Gemfields, “os resultados do leilão de rubi comercial e de qualidade inferior destacam mais uma vez que o mercado continua muito saudável”.
A Montepuez Ruby Mining (MRM) detém uma concessão de 25 anos numa área de 340 quilómetros quadrados em Montepuez, na província nortenha de Cabo Delgado. Desde 2014, 980 milhões de dólares foram arrecadados com o leilão de rubis e outras pedras preciosas da mina. (AIM)
A baixa taxa de investimento nos sectores-chave das economias de Eswatini e de Moçambique, juntamente com a falta de um quadro regulamentar harmonizado, continua a ser um grande obstáculo ao comércio intra-africano. O pronunciamento foi feito pelo Ministro das Obras Públicas e Transportes, Ndlaluhlaza Ndwandwe, durante a visita do Ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Mateus Magala, ao Reino de Eswatini. Os dois ministros reuniram-se naquele país na quarta-feira (13).
Ndwandwe disse que os benefícios do Acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCTA) só poderiam ser realizados através do desenvolvimento e manutenção bem-sucedidos das respectivas infra-estruturas de transporte de cada país, abrangendo estradas, caminhos-de-ferro, aviação e portos. Afirmou que esta lacuna apresentava múltiplas oportunidades para uma contribuição significativa para a consecução dos objectivos de industrialização e integração regional, para o aumento do comércio intra-africano.
“Vários programas foram estabelecidos para garantir que o trabalho fosse realizado nesse sentido. Aqui, a Iniciativa de Desenvolvimento Espacial (IDE) do Corredor de Desenvolvimento de Maputo (MDC) continua a ser o programa líder, ao qual o Governo de Eswatini procura articular-se nos seus esforços de desenvolvimento com Moçambique”, disse aquele governante.
O ministro afirmou que esta missão oferece a oportunidade ideal para o avanço da cooperação em questões de infra-estruturas de transporte e serviços relacionados. Disse que as equipas técnicas já deliberaram sobre iniciativas-chave que visam promover estas aspirações.
Ele destacou ainda as principais áreas temáticas para aumentar a cooperação e o investimento, que incluíam estradas, ferrovias e aviação. Ndwandwe afirmou que o Governo de Eswatini continua a investir na melhoria faseada da auto-estrada MR3 que liga a província de Mpumalanga, na África do Sul, através do posto fronteiriço de Lomahasha, no Eswatini, e a província de Maputo, em Moçambique.
“No interesse da conservação da natureza para o desenvolvimento sustentável, esta auto-estrada está a ser realinhada para passar por Hlane, na fronteira com o Aeroporto Internacional King Mswati, até Lomahasha ou Posto Fronteiriço de Namaacha”, disse ele.
Ele disse que, na mesma linha, o país pretende melhorar o troço do MR3 de Mbhadlane, conectando-se ao posto fronteiriço de Mhlumeni e Goba, que opera 24 horas, para atender aos padrões rodoviários regionais e melhorar ainda mais o fluxo de tráfego.
″Ao empreendermos estas iniciativas, estamos confiantes de que o Governo de Moçambique também assumirá um compromisso igual para garantir que estes investimentos realizem o impacto pretendido no desenvolvimento regional″.
“Notamos com gratidão as iniciativas dos CFM de Moçambique e da Eswatini Railways sobre a utilização de instalações, resultando num aumento da capacidade logística, bem como num maior retorno sobre o capital da agência existente. Isto, em conjunto com a louvável harmonização das operações, é um bom augúrio para a melhoria da capacidade logística comercial regional”, disse o ministro.
Ele também instou todas as partes interessadas a garantir que, à medida que prosseguimos o projecto multibilionário da ligação ferroviária de Eswatini, as infra-estruturas e instalações existentes e novas sejam harmonizadas e alinhadas. Ele disse que isso garantiria que os portos marítimos e interiores, existentes e novos, nos dois Estados, fossem igualmente bem utilizados para os mercados regionais e globais.
“Através da estatal Royal Eswatini National Airways Corporation, temos o prazer de ter relançado a companhia aérea nacional, Eswatini Air, após quase 25 anos de ausência”, partilhou. Mencionou que, em linha com o projecto do Mercado Único Africano de Transporte Aéreo (SAATM) da UA e o seu modelo de negócio, instam a Eswatini Air a procurar oportunidades bilaterais com os seus homólogos moçambicanos, para melhorar ainda mais a circulação de bens e serviços.
“Também estamos confiantes de que nosso governo assinará em breve o proposto Acordo Bilateral de Serviços Aéreos (BASA) entre os dois Estados, sobre a finalização dos processos internos liderados pela Autoridade de Aviação Civil de Eswatini (ESWACAA)”, disse o ministro. (Daily News Eswatini)
Dois dias depois de o Governo ter dito que o atraso no pagamento das pensões aos guerrilheiros da Renamo, abrangidos pelo recém-terminado processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço militar da Renamo, se devia à falta de registo dos beneficiários, a Renamo veio, esta quinta-feira, culpar os bancos comerciais de estarem a contribuir para o atraso do processo.
A denúncia foi feita esta quinta-feira, na cidade da Beira, capital provincial de Sofala, por André Magibire, ex-Secretário-Geral da Renamo, durante uma reunião que manteve com quadros e antigos guerrilheiros da Renamo.
Segundo Magibire, os bancos comerciais estão a dificultar o processo de emissão do NIB (Número de Identificação Bancária) dos combatentes da Renamo, exigido pelo Governo para o pagamento das pensões, pelo que pede a intervenção do Governo.
“Os combatentes estão a ter dificuldades de tratar o NIB a nível dos bancos e nós, como Renamo, queremos pedir ao Governo para intervir perante essas instituições bancárias para flexibilizar esse processo de NIB desses combatentes”, denunciou Magibire.
Para além da letargia dos bancos comerciais, Magibire aponta a pouca literacia dos beneficiários, assim como a distância como outro factor que dificulta o processo: “temos pessoas, por exemplo, em Marromeu, que para tratar [os documentos] devem ir à Direcção Provincial dos Combatentes, têm de apanhar comboio para Beira, têm de se alojar na Beira e não têm condições de se alojar na Beira. Como isso avança?”, questiona.
Com estes constrangimentos, André Magibire entende haver “má-fé” por parte do Governo, ao fixar o dia 23 de Setembro, como data para o início do pagamento das pensões. “Esta data, em nenhum momento foi posta na mesa. Dos nossos debates, em nenhum momento fixamos a data. Entendemos que deve haver má-fé por parte do Governo ou o porta-voz do Governo [Filimão Suazi] se equivocou ao anunciar esta data”, defende Magibire.
“Para nós, quanto mais cedo for, melhor. Mas é preciso perceber se as condições estão criadas para nós alcançarmos o objectivo nessa data prevista? Nós, como Renamo, não concordamos com este prazo, a não ser que o Governo crie as condições logísticas necessárias para se materializar”, atira Magibire.
Lembre-se que a falta de clareza sobre o pagamento de pensões aos ex-guerrilheiros da Renamo foi a principal razão do alargamento do prazo do processo de DDR e que levou a Renamo a recusar o encerramento da sua última base militar, em Dezembro de 2022.
O DDR, refira-se, abrange um total de 5.221 guerrilheiros, retirados de 16 bases da Renamo, entre Junho de 2019 e Junho de 2023. (Carta)
Depois do badalado Trace Awards Tour, em Maputo, no último sábado (9). Luanda organiza-se para acolher, no dia 16 de Setembro, o evento que apresenta oficialmente os artistas “do país irmão” que vão participar na primeira edição do Trace Awards.
Trace Awards Tour são eventos de recepção dos nomeados. Moçambique e Angola foram os países falantes de língua portuguesa contemplados para realizar este tipo de celebração. Trace Tour Maputo e Luanda fazem parte das nove (9) séries de eventos que estão a decorrer, até ao final de Setembro, noutros países africanos incluídos na lista de nomeações.
Os artistas Plutonio (Moçambique), Gerilson Insrael (Angola), Lisandro Cuxi (Cabo Verde), Pérola (Angola) e Soraia Ramos (Cabo Verde) concorrem para a categoria “Best Artist Africa – lusophone”. Para obter uma lista completa das nomeações, clique aqui.
Enquanto isso, Kigali prepara-se para dar as boas-vindas às estrelas africanas e afrodescendentes mais populares do momento, incluindo Davido, Dystinct, Tayc, Blxckie, Ronisia, Rutshelle Guillaume e muitos mais...
Os fãs da música africana e de inspiração africana estão cada vez mais entusiasmados com o facto de a autoridade musical global Trace revelar os primeiros artistas do alinhamento repleto de estrelas da primeira edição do Trace Awards.
Músicos africanos e de inspiração africana de todo o mundo actuarão no espectacular evento ao vivo. Entre as estrelas da música que integram o elenco contam-se: Davido (Nigéria), Asake (Nigéria), Bamby (Guiana Francesa), Benjamin Dube (África do Sul), Black Sherif (Gana), Blxckie (África do Sul), Bruce Melodie (Ruanda), Bwiza (Ruanda), Didi B (Costa do Marfim), Dystinct (Marrocos), Janet Otieno (Quénia), Josey (Costa do Marfim), Kizz Daniel (Nigéria), Lisandro Cuxi (Cabo Verde), Locko (Camarões), Mikl (Reunião), Pérola (Angola), Plutónio (Moçambique), Princess Lover (Martinica), Ronisia (França), Rutshelle Guillaume (Haiti), Soraia Ramos (Cabo Verde), Tayc (França), Terrell Elymoor (Mayotte) e Viviane Chidid (Senegal). Muito mais artistas serão anunciados numa data posterior.
A influente banda de Afrobeat baseada no Reino Unido, os cabeças de cartaz dos concertos e nomeados para o prémio "Best Live", The Compozers, também se dirigem à Kigali como banda da casa do Trace Awards.
Apresentados pela Visit Rwanda e pela Martell, uma marca da Pernod Ricard que oferece aos apreciadores do melhor conhaque, o Trace Awards tem lugar na BK Arena, em Kigali, no Ruanda, a 21 de outubro de 2023. Sete mil fãs de música terão a oportunidade de viver o evento ao vivo, que será apresentado num palco construído para o efeito.
Para efetuar o pré-registo de bilhetes para o evento exclusivo, visite: https://bkarena.rw/trace-awards-preregistration/ .
Para comemorar o seu vigésimo aniversário, a Trace, uma referência mundial da música e criador de talentos da música afro, está a organizar o Trace Awards na BK Arena, em Kigali, para celebrar a criatividade, o talento e a influência da música e dos artistas africanos e de inspiração africana. Mais de 150 artistas foram nomeados para o Trace Awards. Para obter uma lista completa das nomeações, clique aqui.
O “Trace Awards” destaca a excelência e a diversidade da música afro-cêntrica em géneros como: Afrobeat, Dancehall, Hip-Hop, Afro-pop, Mbalax, Amapiano, Zouk, Kizomba, Genge, Coupé Décalé, Bongo Flava, Soukous, Gospel, Rap, Rai, Kompa, R&B e Rumba. Concorrendo em 25 categorias de prémios estão artistas detentores de discos de platina de mais de trinta países de África, da América do Sul, das Caraíbas, do Oceano Índico e da Europa.
Destinados aos amantes da música e da cultura africanas e de inspiração africana, o “Trace Awards” será transmitido em directo no dia 21 de outubro de 2023 nos canais de televisão, rádio e canais digitais da Trace e em plataformas de streaming globais, televisão terrestre nacional e canais por satélite. Prevê-se uma audiência e interação social superiores a 500 milhões de fãs em 190 países.
A criatividade e a excelência do Rwanda são representadas pelo envolvimento da BK Arena, da RwandAir e da RBA como parceiros do “Trace Awards e Festival”.
Para votar no seu artista favorito, visite: https://trace.plus/awards .
Para mais informações sobre os Awards, siga: Trace no Facebook, Instagram, Twitter YouTube ou TikTok. Para participar na conversa sobre os awards, utilize os hashtags: #TraceAwardsRwanda2023, #TraceAwardsandFestival e #TraceAwardsTour.
O Presidentae Emmerson Mnangagwa enfrenta críticas ao nomear o seu filho, David Kudakwashe Mnangagwa, como vice-ministro das Finanças no novo governo, após a sua reeleição. A decisão levantou preocupações sobre o nepotismo dentro do governo.
David Mnangagwa, de 34 anos de idade, será vice-ministro das Finanças, enquanto o sobrinho do presidente, Tongai Mafidhi Mnangagwa, também foi nomeado vice-ministro do Turismo. Esta medida faz parte do novo governo composto por 26 ministérios, informou a mídia local.
Fadzayi Mahere, legislador da oposição, a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC), criticou o governo do Presidente Mnangagwa, descrevendo-o como "indefensável". Ela destacou preocupações sobre legitimidade, corrupção, violência, nepotismo, incompetência e questões éticas dentro do governo.
Outra medida do Presidente Mnangagwa que causou espanto prende-se com a nomeação de um casal (marido e mulher), Christopher e Monica Mutsvangwa, como ministros. Christopher Mutsvangwa vai chefiar o novo ministério dos Veteranos da Libertação, enquanto Monica Mutsvangwa será a nova ministra dos Assuntos da Mulher e das PME.
David Mnangagwa, que recentemente se formou em Direito pela Universidade do Zimbabwe, entrou no parlamento através do sistema de quotas para jovens na lista do partido Zanu-PF da província de Midlands. Tongai Mnangagwa é membro do Parlamento pela Zanu-PP pelo círculo eleitoral de Hunyani. O seu falecido pai, David Mnangagwa, era irmão mais novo do Presidente Mnangagwa.
Os relatos sugerem que o Presidente Mnangagwa também está a considerar um cargo para outro dos seus filhos, Emmerson Júnior. Fontes indicam que Emmerson Júnior já participou de reuniões do presidente com investidores estrangeiros, e há planos para formalizar a sua função, possivelmente como conselheiro ou director.
Esta controvérsia surge na sequência da reeleição do Presidente Mnangagwa, no meio de alegações da oposição de irregularidades eleitorais. Os críticos argumentam que as suas acções estão a contribuir para uma percepção da política dinástica em África, seguindo os passos de outros líderes que nomearam membros da família para cargos governamentais importantes.
No Congo-Brazzaville, o Presidente Denis Sassou-Nguesso nomeou o seu filho Denis-Christel como ministro, alimentando especulações sobre a sucessão dinástica. O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, teve o seu filho, Teodoro Nguema Obiang Mangue, como vice-presidente, enquanto no Gabão, o presidente Ali Bongo Ondimba sucedeu ao seu pai, Omar Bongo, que governou durante décadas.
O presidente ruandês, Paul Kagame, nomeou a sua filha, Ange Kagame, para um cargo importante no governo, aumentando a suspeita sobre dinastias políticas no continente. (News Africa)
Pugilista de Moçambique derrota Brigitte Tsheusi, da República Democrática do Congo, na semifinal da categoria 66kg no Pré-Olímpico Africano de Boxe de Paris 2024. Vitória de Alcinda Panguana nesta quinta-feira, 14 de setembro, assegurou primeira vaga Olímpica para Moçambique.
Moçambique obteve a primeira vaga Olímpica em Paris 2024 nesta quinta-feira, 14 de setembro. Alcinda Panguana, uma das principais pugilistas do país, avançou à final do Pré-Olímpico Africano de Boxe realizado em Dacar, Senegal, e assegurou uma das duas cotas disponíveis na categoria 66kg feminina.
Como os Comitês Olímpicos Nacionais têm autoridade exclusiva sobre a representação de seus respectivos países nos Jogos Olímpicos, a participação dos atletas nos Jogos de Paris depende de seus CONs selecioná-los para representar sua delegação em Paris 2024.
A moçambicana derrotou Brigitte Tsheusi, da República Democrática do Congo, na semifinal por 5 a 0. Desde o início, a atleta impôs seu ritmo forte. No primeiro round, acertou dois belos golpes na adversária. O desempenho seguiu no segundo round, novamente com vitória unânime entre os cinco juízes. Depois, bastou administrar a vantagem no último round para confirmar a vaga.
Esta foi apenas a segunda luta de Alcinda Panguana no Pré-Olímpico Africano de Boxe. Por conta do ranking, entrou direto nas quartas de final. Lá, encontrou sua amiga Nancy Moreira, de Cabo Verde e também representante lusófona, e venceu por unanimidade: 5 a 0. Na decisão, nesta sexta-feira, dia 15, enfrentará Imane Khelif, da Argélia. Luta terá transmissão pelo Olympic Channel via Olympics.com com sessões às 8h45 e 13h45.
Com exceção da categoria 75kg, que oferece apenas uma cota à atleta campeã, as demais divisões de peso entre as mulheres no torneio continental distribuem duas vagas em Paris 2024. Entre os homens, apenas o campeão de cada uma das sete categorias garante classificação aos Jogos Olímpicos. (Carta)
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) reagiu esta quinta-feira (14) aos “desmandos” protagonizados pela empresa indiana Vulcan que explora carvão mineral em Moatize, província de Tete, centro do país. A reacção acontece dias depois de “Carta” noticiar, sem a versão da CTA, apesar de solicitada, que a multinacional Vulcan International estaria a rever contratos com fornecedores devido à queda drástica do preço do carvão no mercado internacional.
Em conferência de imprensa, o Director Executivo da CTA, Eduardo Sengo, disse que as medidas tomadas pela Vulcan consistem não só na revisão dos contratos com fornecedores moçambicanos de bens e serviços, mas também em cancelá-los e em novos concursos a favor de empresas indianas.
“Nós temos vindo a receber várias reclamações de empresários e, não é só revisão, mas também cancelamento de contratos e sem a devida justificação, para atribuir a outras empresas, particularmente indianas. Quando se cancela um contrato, a empresa deve ser indemnizada por alguma razão, mas nem isso acontece”, afirmou Sengo.
Para o Director Executivo da CTA, não corresponde à verdade a justificação de que a Vulcan está a rever e cancelar contratos devido à queda do preço do carvão mineral no mercado internacional, pois, a empresa está a tomar essas medidas desde a sua chegada, em Abril de 2022 (após a saída da brasileira Vale) e nessa altura o preço do carvão mineral no mercado internacional estava alto.
Sobre as reais razões das medidas ″desastrosas″ da Vulcan, Sengo deu a entender que o objectivo é reduzir custos para maximizar as receitas. No discurso do Director Executivo da CTA, ficou claro que as operações da Vulcan são meramente maquiavélicas. Para a empresa, não interessam os meios, mas sim os fins. Quer dizer, para a Vulcan não interessa se os meios utilizados para reduzir os custos são consensuais ou lesivos, pois o mais importante é a finalidade, que é obter cada vez mais receita com as operações e menos despesa.
“Temos recebido relatos de que quando a Vulcan lança um concurso e uma determinada empresa ganha, depois sofre pressão para baixar o preço antes de assinar o contrato, mesmo depois de se fazer todo o processo de licitação, sob risco de perder o negócio para uma outra. Além disso, a Vulcan e outras empresas não respeitam as pequenas e médias empresas fornecedoras”, descreveu o Director Executivo da CTA.
Nesse âmbito, Sengo explicou que, como consequência, as medidas tomadas pela Vulcan estão a afectar severamente os empresários que vêem os seus contratos revistos ou cancelados. Não precisou o número de empresas afectadas, mas deixou claro que a situação é deveras preocupante em várias áreas.
“Não tenho o número, mas das várias áreas afectadas, destaca-se a electricidade, manutenção, fornecimento de acessórios, equipamento, em todas as áreas”, afirmou o Director Executivo da CTA. A este extremo, o agravante para a CTA é o Governo não estar a tomar medidas para, no âmbito do conteúdo nacional, defender as empresas locais, que empregam mão-de-obra local e onde o Estado cobra impostos.
“Isto acontece numa altura em que o Estado não está a defender as empresas. Não está a colocar mão dura contra as operadoras, para respeitarem os contratos e incluir as pequenas e médias empresas nos seus negócios. O que temos notado é que quando há uma grande operadora que vem para o país operar, se é sul-africana, são contratados fornecedores sul-africanos e quando é indiana, também são privilegiadas empresas indianas. Entretanto, o Governo deve olhar para isto”, apelou Sengo. (Evaristo Chilingue)