As maiores universidades moçambicanas, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e a Universidade Pedagógica (UP), adiaram os exames de admissão de 2025, em consequência das paralisações e manifestações pós-eleitorais que vêm assolando o país.
A UEM, por exemplo, havia agendado os seus exames de admissão para que decorressem entre os dias 7 e 10 de Janeiro corrente (o que significa que terminariam hoje), porém, foram adiados alegadamente para permitir que os alunos da 12ª classe do ensino secundário geral realizem os seus exames especiais, agendados para a semana de 20 deste mês.
Até ao momento, ainda não foram indicadas as novas datas, no entanto, os gestores da UEM encorajam a todos os candidatos a aproveitarem este tempo adicional como uma oportunidade para aperfeiçoar ainda mais a preparação. Além da UEM, os exames também foram adiados para a Universidade Zambeze, na província de Sofala, e para a Universidade Lúrio, em Nampula, que estavam programados para o mesmo período.
Ontem, foi a vez da Universidade Pedagógica e suas filiais adiarem os seus exames de admissão, inicialmente agendados para o dia 14 de Janeiro, devendo ocorrer no dia 31 deste mês. À STV, a UP disse que o adiamento visa permitir que os candidatos se envolvam na tomada de posse do novo Presidente da República, um facto novo na calendarização académica no país.
Lembre-se que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) emitiu uma nota a informar que os alunos da 10ª e 12ª classes serão submetidos aos “exames especiais”, em particular os que não conseguiram realizar os exames finais devido à greve dos professores, que exigem o pagamento de horas extras, e às manifestações pós-eleitorais.
Aliás, a Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), na voz de Isac Marrengula, defende que a realização dos exames especiais da 10ª e 12ª classes está dependente do pagamento das horas extraordinárias.
“Neste momento, os pagamentos das horas extraordinárias estão a ocorrer de forma aleatória e sem critérios. Por exemplo, numa mesma escola, onde deveriam ser pagos 40 professores, apenas 20 foram remunerados e, ainda assim, com sérios problemas. Existem casos em que os professores deveriam receber 250 mil Meticais, mas receberam apenas 2.500 Meticais. Portanto, a realização dos exames especiais continua comprometida, visto que o governo está apenas a entreter os professores. Então, as coisas vão ocorrer da seguinte forma: pagou-se o professor e ele controlou o exame”, afirmou Marrengula. (M. Afonso)
Está a tornar-se uma prática comum a invasão de terrenos desocupados em algumas cidades do país, um fenómeno que teve seu início na cidade e província de Maputo e que já está a espalhar-se para outros pontos do território nacional.
Na cidade de Nampula, por exemplo, pelo menos quatro casos de invasão de terrenos privados foram registados esta semana, protagonizados por indivíduos que se consideram parte do povo e membros do PODEMOS.
Na manhã desta quinta-feira, por exemplo, moradores da unidade residencial Mutava-Rex invadiram, após destruírem uma vedação feita de blocos de cimento, uma vasta área pertencente aos padres diocesanos de Nampula. Trata-se de uma zona que há muito é apontada como local de refúgio de malfeitores que actuam na cidade, especialmente nas áreas de Nampaco e Nasser, arredores da cidade.
Após a invasão, os moradores começaram a demarcar os terrenos, como confirmou à "Carta" um residente local. “Começaram ali atrás da fábrica Goodone, destruíram o muro e demarcaram a área esta manhã”, disse.
A maioria dos “invasores” são pessoas que alegam que ainda não têm casa própria e moram com a família, em quartos ou casas arrendadas. Antes deste episódio, foi reportada uma invasão noutra área da cidade de Nampula, ocorrida na quarta-feira (08), na zona residencial conhecida como Viera, no bairro Natikir.
De acordo com os relatos, os “invasores” alegaram que a sua atitude foi motivada pelo facto de a área ser conhecida como refúgio de malfeitores, sendo que várias vezes foram encontrados no local corpos sem vida.
"Estamos aqui para parcelar este espaço que está subaproveitado facilitando a vida dos bandidos e, por outra, temos jovens sem espaço para construção das suas habitações e vimos isto como uma oportunidade, tendo em conta que os proprietários não querem fazer o devido uso. Além de construirmos as nossas habitações também vamos contribuir para reduzir a onda de criminalidade que assola esta circunscrição", disse Ramadane João Watita, um dos envolvidos.
Ainda esta quinta-feira, outra área da zona residencial da Rex, no bairro de Namicopo, muito próxima de uma fábrica de processamento de castanha de caju, foi igualmente invadida e os proprietários perderam as suas terras que serviam de campos de cultivo.
Na quarta-feira, um outro grupo de “invasores” tentou, sem sucesso, invadir uma área ocupada por uma empresa de criação de frangos. Para dispersar o grupo, foi necessária a intervenção de agentes de segurança, que responderam com tiroteio, obrigando os intrusos a recuar.
Durante as recentes manifestações convocadas pelo então candidato presidencial Venâncio Mondlane, a mesma empresa foi invadida e várias galinhas foram roubadas, obrigando assim ao reforço da segurança, contaram as fontes.
No entanto, as autoridades municipais de Nampula contestam a invasão dos terrenos, uma vez que se trata de propriedades privadas. O vereador de urbanização do Conselho Municipal da cidade de Nampula, Stefan Miguel, confirmou à imprensa que a urbe possui muitos terrenos ociosos e os proprietários serão notificados para devolvê-los ao Estado. (Carta)
O Presidente da República, Filipe Nyusi, exonerou esta quinta-feira, por despachos presidenciais separados, Verónica Nataniel Macamo Ndlovo, do cargo de Ministro de Negócios Estrangeiros e Cooperação; Margarida Adamugi Talapa, do cargo de Ministro do Trabalho e Segurança Social; Nyeleti Brooke Mondlane, do cargo de Ministro do Género, Criança e Acção social; Celso Ismael Correia, do cargo de Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural; e Ana Comoana do cargo de Ministro de Administração Estatal e Função Pública.
O Chefe de Estado exonerou, igualmente, Francisco Ussene Mucanheia, do cargo de Conselheiro do Presidente da República; Lina Maria da Silva Portugal, do cargo de Secretário de Estado na Província do Niassa; e Pedro Comissário Afonso, do Cargo de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário e Representante Permanente Junto das Nações Unidas em Nova Iorque.
Como tem sido habitual, o comunicado da Presidência da República não explica as razões da exoneração, mas sabe-se que os exonerados são deputados eleitos para a X Legislatura, cuja tomada de posse está agendada para a próxima segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025.
Refira-se que até ao próximo dia 15 de Janeiro, data da tomada de posse do novo Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi deverá exonerar outros membros do Governo. (Carta)
Dos cerca de 3.976 moçambicanos refugiados no Malawi, devido à violência pós-eleitoral em Moçambique, 1.436 não têm tendas, representando um autêntico drama humanitário. O grupo, maioritariamente proveniente do distrito de Morrumbala, província da Zambézia, será alojado no Campo de Refugiados de Nyamithuthu, no distrito malawiano de Nsanje. Até agora, os refugiados estão abrigados em salas de algumas escolas, mas deverão ser transferidos para um único acampamento para dar espaço às aulas que tiveram início no Malawi na última segunda-feira.
O responsável pela habitação no Conselho Distrital de Nsanje, Moses Mumba, citado pelo jornal “The Nation”, disse que foram montadas 70 tendas familiares e cinco comunitárias que vão acomodar 445 famílias.
Falando na última terça-feira (07), à Equipe de Coordenação do Distrito de Nsanje, Mumba agradeceu ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) por ter disponibilizado 238 tendas e outras 250 que estão em trânsito. “Somando este número de tendas, 2 540 pessoas das 3 976 registadas serão acomodadas. Mas precisaremos de 288 tendas de tamanho familiar ou 72 comunitárias para cobrir o deficit”.
Ele disse que 15 oficiais da Força de Defesa do Malawi e voluntários da Cruz Vermelha estavam a ajudar a montar as tendas.
A gerente administrativa e operacional do Departamento de Refugiados do Ministério da Segurança Interna, Hilda Kantema Kausiwa, disse que o campo de Nyamithuthu também vai receber moçambicanos que estão em Chang'ambika, no distrito de Chikwawa, daí a necessidade de mais tendas.
Por sua vez, a especialista da Unicef para a área de protecção infantil, Malla Mabona, pediu ao comité de abrigo que fornecesse terras para as crianças praticarem actividades desportivas. “Durante a nossa visita no sábado, observamos que algumas crianças estavam apenas a andar por aí sem nada para fazer. Queremos desenvolver algumas actividades para ajudar as crianças psicologicamente”, disse Mabona.
As famílias moçambicanas fugiram para o Malawi após protestos que se seguiram à leitura do Acórdão do Conselho Constitucional confirmando a vitória do candidato presidencial do partido Frelimo, Daniel Chapo, nas eleições de 9 de Outubro consideradas fraudulentas. (The Nation)
Venâncio Mondlane, o segundo candidato presidencial mais votado nas Eleições Gerais de 09 de Outubro, de acordo com os resultados oficiais, não realizou o comício que tinha agendado para hoje na Praça da Paz, depois de a sua comitiva e apoiantes terem sido dispersados pela Polícia, no Mercado Estrela Vermelha, em Maputo.
Uma multidão de apoiantes que aguardava Mondlane na Praça da Paz, perto do supermercado Shoprite, na capital do país, teve de abandonar o local, depois de saber que o político já não daria o comício que a sua equipa anunciou.
A Unidade de Intervenção Rápida (UIR), a força antimotim da PRM (Polícia da República de Moçambique), disparou gás lacrimogéneo contra a multidão que escutava aquele candidato no Estrela Vermelha, onde desceu do carro que o transportava, entre a sua caravana.
No roteiro da “passeata”, distribuída pela equipa de Venâncio Mondlane, não estava claro se iria passar por este famoso mercado e, consequentemente, por outros pontos também não previstos no percurso “oficial”. Mondlane teve de regressar à viatura que o transportava e sair do local, frustrando-se o comício que era aguardado por centenas de pessoas na Praça da Paz.
Aliás, a alguns metros do lugar onde o candidato presidencial falava no Estrela Vermelha, um jovem morreu baleado pela Polícia, quando celebrava com outros apoiantes a chegada de Venâncio Mondlane a Moçambique, dois meses após ter deixado o país para um paradeiro até agora desconhecido. (Carta)