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Actualizado de Segunda a Sexta

Sociedade

O sinistro ocorreu por volta das quatro horas do último domingo na Katembe, na cidade de Maputo. De acordo com a Polícia de Trânsito, o acidente do tipo choque envolveu dois veículos, um pesado e outro ligeiro.

 

As duas viaturas saíram da cidade de Maputo em direcção à Bela Vista e colidiram na tentativa de ultrapassagem por parte do condutor do automóvel ligeiro. Este era agente da Polícia afecto ao Serviço Nacional de Investigação Criminal. O excesso de velocidade da viatura ligeira é apontado como a causa do acidente, tendo embatido noutro veículo.

 

As autoridades confirmaram que o motorista da viatura pesada e seu ajudante saíram ilesos e se encontram sob custódia policial. (M.A)

Um relatório do Centro Africano de Estudos Estratégicos, citado pela publicação “Defenceweb”, revela que houve 127 eventos violentos e 260 mortes relatadas em 2023 no Norte de Moçambique. Esta mudança pode ser atribuída à ofensiva lançada no ano passado pela Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) e pelas forças ruandesas que foram destacadas em Julho de 2021 para ajudar os militares moçambicanos a desalojar os extremistas das cidades de Palma e Mocímboa da Praia.

 

As forças conseguiram recuperar o controlo de 90 por cento do território dos insurgentes e conduzir os militantes sobreviventes para áreas rurais na parte nordeste do distrito de Macomia, onde operam agora em pequenos grupos sem bases, conduzindo ataques aleatórios  contra as FDS e a civis. O ano passado foi marcado por uma queda de 80% na violência contra civis.

 

Isto é particularmente digno de nota uma vez que a violência militante islâmica no norte de Moçambique sempre se caracterizou pelos níveis extraordinariamente elevados de violência contra civis, em alguns anos excedendo 50 por cento de todas as mortes.

 

Em 2023, a violência contra civis representou 23 por cento de todas as mortes. Isto incluiu 53 ataques a civis e 61 mortes relacionadas (em comparação com 286 e 438, respectivamente, em 2022).

 

A questão agora será saber se este progresso poderá ser sustentado, dada a resiliência dos militantes nesta região e a progressiva retirada da SAMIM até Julho deste ano. É também necessária atenção para abordar as queixas subjacentes na região de Cabo Delgado que têm sido os impulsionadores da instabilidade. Além disso, ainda existem 850 mil pessoas deslocadas internamente que ainda não regressaram às suas casas.

 

Mas, de um modo geral, as mortes ligadas à violência militante islâmica em África continuam a aumentar. No ano passado, as mortes aumentaram 20 por cento (de 19.412 em 2022 para 23.322), um nível recorde de violência letal. Isso representa quase o dobro do número de mortes desde 2021. Oitenta e três por cento das mortes relatadas ocorreram no Sahel e na Somália. As duas regiões registaram aumentos anuais de 43% e 22% no número de mortes violentas ligadas a extremistas, respectivamente.

 

Contudo, o quadro em todo o continente variou muito. Tanto os teatros do Norte de África como o do Norte de Moçambique registaram reduções dramáticas, 98 por cento e 71 por cento, respectivamente, no número de mortes ligadas à violência militante islâmica.

 

Estas descidas ilustram o progresso que pode ser feito contra grupos militantes islâmicos em África. Devido à diminuição da actividade violenta nestas duas regiões, o Sahel, a Somália e a Bacia do Lago Chade representam agora 99 por cento das mortes ligadas a grupos militantes islâmicos em África.

 

O declínio da actividade violenta no Norte de África e em Moçambique contribuiu para uma queda de 5 por cento no número de eventos extremistas violentos em todo o continente durante o ano passado. Esta é a primeira diminuição no número de incidentes violentos ligados a grupos militantes islâmicos em África desde 2016, quando ocorreram 2.513 eventos violentos.

 

Esta queda foi acompanhada por uma diminuição de 13 por cento nas mortes relacionadas com a violência contra civis, reflectindo diminuições em todas as regiões, excepto no Sahel. As estimativas de 11.643 mortes ligadas à violência militante islâmica no Sahel marcam um recorde para qualquer um dos cinco teatros africanos desde o pico da violência do Boko Haram em 2015.

 

As mortes no Sahel representam um aumento quase triplicado em relação aos níveis observados em 2020, quando ocorreu o primeiro golpe militar na região, aparentemente justificado por motivos de insegurança. A violência contra civis é responsável por 35 por cento de todos os eventos relacionados com militantes islâmicos no Sahel, o valor mais elevado de qualquer região de África.

 

Dada a redução drástica do espaço para os meios de comunicação social informarem sobre o agravamento da segurança desde os golpes de estado no Mali, no Burkina Faso e no Níger, o número de acontecimentos violentos e de mortes ligados aos grupos militantes islâmicos na região é provavelmente subnotificado. (Defenceweb)

Dois óbitos, 13 feridos e mais de 1200 casas destruídas total e parcialmente, é o balanço da tempestade tropical “Filipo”, que atingiu Moçambique na última terça-feira. A tempestade deixou ainda cerca de 4.200 alunos sem aulas, devido às condições climatéricas.

 

“Filipo” provocou danos a 23 escolas, 15 unidades sanitárias e afectou 44 postes de corrente eléctrica, nas províncias de Gaza, Inhambane, Maputo e Sofala, de acordo com os dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD). A cidade de Maputo foi a mais afectada pela tempestade tropical, contabilizando 25.455 pessoas.

 

Em Inhambane, o ponto de entrada da tempestade, foram destruídas 288 salas de aulas, 11 residências para professores e 22 blocos administrativos, afectando mais de 15 mil alunos. A tempestade deixou cerca de 100 clientes sem corrente eléctrica, de acordo com dados da Electricidade de Moçambique (EDM).

 

Segundo o Presidente do Município da Matola, Júlio Parruque, 38 bairros dos 42 desta edilidade continuam inundados e, para a gestão da crise, foi criado um centro de acolhimento provisório para receber algumas famílias. Destaque ainda para oito escolas encerradas neste ponto do país por conta da tempestade. Lembre que a tempestade tropical “Filipo” entrou no continente na última terça-feira (12) pelo distrito de Inhassoro, na província de Inhambane, seguindo para o sudoeste, em direcção às províncias de Gaza e Maputo, com rajadas de vento de até 120 quilómetros por hora. (M.A)

A tempestade tropical “Filipo” que atingiu a província de Maputo, na noite de terça-feira (12), mostra a fragilidade de várias infra-estruturas neste ponto do país.

 

Em alguns bairros como Infulene, as casas estão alagadas e muitas famílias dormem no meio da água e algumas ruas intransitáveis. No bairro Nkobe, outro que tem sofrido bastante em todas as épocas chuvosas, esta unidade territorial está praticamente isolada. Nenhum meio de transporte entra até lá e os autocarros encontram-se parqueados.

 

Na cidade da Matola, há relatos de famílias que tiveram que abandonar as suas residências devido às inundações, encontrando-se albergadas em alguns centros de abrigo. Centenas de casas continuam debaixo da água, principalmente nos bairros da Liberdade, Machava, entre outros.

 

Em Boane, a barragem dos Pequenos Libombos transbordou e abriu as comportas afectando o drift de Mazambanine. Deste modo, as autoridades apelam aos munícipes a tomarem medidas de precaução de modo a garantirem uma travessia segura.

 

Em Magude, Manhiça, Matutuine e Marracuene, as autoridades contabilizam a destruição parcial de infra-estruturas de educação e saúde e algumas vias de acesso interrompidas. A Electricidade de Maputo aponta que 17 postes tombaram, afectando mais de 60 famílias.

 

Na cidade de Maputo, as autoridades tiveram que encerrar uma vez mais o Centro de Saúde de Hulene que se encontra no meio da água. Seis centros de abrigo para acolher as famílias afectadas pelas inundações foram já criados e necessitam de perto de seis milhões de Mts.

 

A Escola Nacional de Dança também teve que ser encerrada e as aulas condicionadas numa altura em que a mesma preparava algumas defesas dos seus alunos. Várias escolas, como é o caso da Primária Unidade 30, no bairro 25 de Junho, entre outras, suspenderam as aulas por se encontrarem debaixo da água.

 

Entretanto, dados preliminares do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) indicam que a tempestade tropical severa “Filipo” afectou pelo menos 1.283 famílias, cerca de 6.311 pessoas, na região sul do país. O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) confirmou que a tempestade tropical “Filipo” já saiu do continente para o mar e está a afastar-se de forma gradual da terra firme.

 

Porém, espera-se que as chuvas continuem a cair com ventos de 90 quilómetros por hora, com rajadas de até 120 quilómetros por hora, para a zona costeira de Maputo e Gaza.

 

Por outro lado, a Administração Regional de Águas Sul emitiu um alerta no fim da tarde desta quinta-feira, para que não se faça a travessia dos rios Umbeluzi, Limpopo, Maputo e Incomati nas próximas 24 horas, por conta da corrente das águas causada pelos altos níveis de escoamento devido às chuvas fortes que caíram.

 

As chuvas que caíram incrementaram os níveis de água, o que causou fortes correntes nos leitos dos rios, tornando a sua travessia perigosa com recurso a qualquer embarcação. Contudo, a Administração Regional das Águas Sul diz que o cenário de altos níveis de água não significa cheias, mas apela à população a ficar mais atenta. (M.A)

Residentes da vila de Macomia, em Cabo Delgado, denunciam situações de cobranças ilícitas, na calada da noite, protagonizadas por elementos das Forças de Defesa e Segurança, sobretudo os destacados para o patrulhamento nocturno em diversos bairros.

 

Segundo fontes: "as cobranças são feitas sob ameaça e em troca de liberdade, mas o pior é que mesmo famílias ou pessoas encontradas nas respectivas casas são alvos de extorsão, começou por lamentar um residente local.

 

Ao abrigo das ordens militares, o mercado deve fechar às 18h00, mas na eventualidade de os agentes escalados encontrarem pessoas na varanda, no quintal ou no balcão, são ameaçadas e obrigadas a transferir dinheiro para M-pesa ou E-mola para que não sejam incriminadas, disse Muarabu Francisco Abel.

 

"É verdade que foi decretado o recolher obrigatório, mas essa coisa de irem até à casa de alguém, não, está demais. Eles ameaçam e exigem valores monetários, e esses nossos militares e os agentes da UIR e PRM andam juntos" descreveu Zubair Momade, residente em Nanga B.

 

Outro residente do bairro Nanga A, na zona Nhamele, comentou que a situação está a inquietar as pessoas, sobretudo os comerciantes ou familiares que até esta quarta-feira (13) já foram alvos de extorsão por diversas vezes.

 

Sugeriu que o chefe do mercado ou os chefes dos bairros deveriam informar o governo sobre as arbitrariedades praticadas pelos elementos das FDS na vila de Macomia.

 

Nas últimas três semanas, as Forças de Defesa e Segurança estabeleceram o recolher obrigatório na vila de Macomia, como forma de controlar movimentos terroristas que há dias ameaçaram lançar um ataque. 

 

Desde essa altura, o alerta foi activado na vila de Macomia, no entanto, os alvos seriam os distritos de Quissanga e a ilha Quirimba, no Ibo, onde os terroristas permaneciam até quarta-feira. (Carta)

A tempestade tropical “Filipo” deixou hoje Maputo debaixo de água, com vários bairros e centenas de casas da capital moçambicana alagados, afetada ainda por rajadas que levaram coberturas, derrubaram árvores e deixaram moradores em sobressalto durante a noite.

 

“Na nossa empresa nem conseguimos trabalhar, aqui está-se mal. Durante a noite nem dormimos, dormimos cá fora”, relata à Lusa António Macucule, de 22 anos, enquanto carrega às costas, a troco de 20 meticais (30 cêntimos de euro), quem quer atravessar - sem arriscar ou sem se molhar - o lago que se formou em toda a rua e à porta da incubadora de ovos para pintos onde trabalha, no bairro do Choupal, arredores de Maputo.

 

“Estou a carregar pessoas por causa da água, para ajudar”, explica, para logo a seguir garantir: “Nunca aconteceu. Desta vez é muito pior”.

 

A forte chuva da madrugada deixou ruas de terra batida, esburacadas, em vários bairros da capital, completamente intransitáveis em que poucas viaturas se aventuraram, literalmente, a passar, e invadiu as casas e empresas. Vale a força de braços para retirar a água do interior, quando é possível.

 

No bairro do Choupal, a incubadora onde também trabalha Hamza Atinai, 22 anos, está inoperacional e com centenas de pintos em risco.

 

“Está parada, está cheia de água lá dentro. É tudo desperdício, não há nada seguro”, conta o trabalhador, depois de ter tentado entrar, até que a água pela cintura o obrigou a recuar.

 

“Os pintos estão a morrer de qualquer maneira”, lamenta.

 

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) confirmou que a tempestade tropical severa “Filipo” entrou no continente pelas 05:00 (03:00 em Lisboa) de terça-feira, pelo distrito de Inhassoro, província de Inhambane, seguindo para sudoeste, nomeadamente Maputo, com rajadas de vento até 120 quilómetros por hora.

 

Na capital, os primeiros efeitos sentiram-se com o cair da noite e prolongaram-se madrugada fora, com chuvas torrenciais que praticamente isolaram bairros já com poucas condições, como Maxaquene, onde a vala ali existente não conseguiu reter a água e transbordou, inundando várias dezenas de casas.

 

“A noite foi muito difícil aqui no bairro, as águas entraram nas casas. A minha casa ficou péssima, tivemos de tirar tudo, camas, sofás, para cima. As chapas [cobertura] também saíram do lugar”, explica à Lusa França Binchelene, de 16 anos, logo após passar a pé, por entre quedas, o enorme lago formado no centro do bairro e que o divide.

 

Tal qual dezenas de outras famílias, na sua casa, onde vivem seis pessoas, não se dormiu e a noite foi passada junto de vizinhos. Como Ângelo Salomão, de 32 anos, que ao início da manhã observa um trator que vai tentando retirar água da rua, em viagens consecutivas e quase sem efeito, tal a quantidade, por entre a chuva que continua a cair e o forte vento.

 

“Dentro destas casas é pior. Nem sei o que dizer”, aponta, confessando que a noite foi passada na rua, por receio: “Dormimos aqui fora (…) foi uma noite péssima”.

 

“Muitos quarteirões estão a sofrer, as casas, como se pode ver, estão alagadas”, afirma.

 

Do outro lado de uma rua intransitável, em que nem as carrinhas mais altas arriscam cruzar, está Daniel Júnior, 35 anos, que passou a noite em casa dos pais, receando o pior.

 

“Sempre que acontece tenho de estar aqui para dar aquele apoio, porque isto é um caos. Sempre que chove são estas inundações, esta vala não suporta. As famílias ficam fora”, conta, junto à barricada de sacos de areia que colocou à entrada na noite de terça-feira.

 

“A água foi até ao quintal, porque tinha estas barricadas”, disse ainda.

 

Além de Maputo, com ruas alagadas no centro da cidade e árvores caídas, também a vizinha cidade da Matola, a mais populosa do país, tem várias vias intransitáveis devido à queda de chuva.

 

A tempestade tropical severa “Filipo” destruiu parcialmente 510 casas nas primeiras horas em Moçambique, afetando 2.780 pessoas, além de 14 unidades sanitárias e seis escolas, com 30 salas de aulas destruídas, de acordo com balanço oficial preliminar.

 

O balanço divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco (INGD) refere que nas primeiras horas, até às 18:00 (16:00 em Lisboa) de terça-feira, Vilankulo, província de Inhambane, foi a localidade mais afetada pelas chuvas fortes e rajadas de vento da tempestade “Filipo”, com 1.450 pessoas atingidas, seguida de Morrumbene (1.000).

 

As autoridades moçambicanas estimam que cerca de 525 mil pessoas poderão ser afetadas pela tempestade “Filipo”, entre as províncias de Sofala, no centro de Moçambique, Inhambane, Gaza e Maputo, a sul.

 

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.(Lusa)

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