Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Sociedade

Arrancou no passado sábado, tal como estava previsto, a campanha eleitoral. Os partidos políticos concorrentes ao pleito de 15 de Outubro que se avizinha apresentaram as linhas orientadoras daqueles que são os programas de governação, caso vençam o escrutínio. Os partidos políticos concorrentes às próximas eleições apresentaram-se ao eleitorado, embora exibido musculatura distinta.

 

O partido Frelimo, na pessoa do seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, actual Presidente da República, beneficiando do facto de estar actualmente no poder, foi quem mais musculatura e robustez exibiram, naquela que foi a cerimónia que marcou a abertura da corrida rumo à Ponta Vermelha, a Assembleia da República e as Assembleias Provinciais.

 

O palco escolhido pelo partido Frelimo e o seu candidato foi o caldeirão do Chiveve, na cidade da Beira, província de Sofala, terreno hostil a ideologia do partido no poder. Com pompa e circunstância, que aliás sempre caracterizou os eventos do partido Frelimo, Filipe Nyusi deu o pontapé de saída a maratona de caça ao voto com um showmicio que foi abrilhantado por afamados cantores da praça.

 

Acompanhado pelo seu staff, maioritariamente composto por funcionários públicos, Filipe Nyusi falou para os membros e simpatizantes do partido no poder, que, praticamente, lotaram àquele complexo desportivo. Roque Silva, Secretario Geral do Partido, foi quem convidou Filipe Nyusi a dirigir-se a moldura humana que se encontrava no interior do caldeirão do Chiveve.

 

Essencialmente, Filipe Nyusi, depois falar das acções desenvolvidas durante o seu primeiro mandato, apontou como uma das principais prioridades para os próximos cinco anos, caso seja eleito, o emprego para juventude. Nyusi, intercalado por aplausos, assegurou que vai despender todas as suas energias para que os jovens estejam envolvidos em acções produtivas.

 

Aliás, o combate a corrupção e o fomento da agricultura foram outros aspectos tidos pelo candidato da Frelimo, como sendo as que merecerão particular atenção nos anos que se avizinham.

 

Ossufo Momade fora dos holofotes

 

O candidato do maior partido da oposição do xadrez político nacional, a Renamo, Ossufo Momade, foi o principal ausente do primeiro dia da campanha eleitoral. Coube à André Magibire, Secretario Geral do partido, lançar, oficialmente, a campanha da Renamo, num evento que teve lugar na cidade da Matola, província de Maputo.

 

Esta é, na verdade, a primeira campanha sem o líder histórico e carismático do partido, Afonso Dhlakama, falecido em Maio de 2018, vítima de doença, na Serra de Gorongosa, província de Sofala, numa altura que negociava a paz efectiva com o Presidente da República.

 

O candidato presidencial da Renamo aterra esta amanhã no Aeroporto Internacional de Mavalane, onde fará, seguidamente, uma “passeata” pelas artérias da capital do país, a cidade de Maputo, naquela que marcará a sua primeira aparição pública na presente campanha eleitoral.

 

Magibire, acompanhado pelo cabeça-de-lista para a Assembleia Provincial de Maputo, António Muchanga, deixou uma garantia: a vitória é certa para Renamo e o seu candidato presidencial, Ossufo Momade, isto porque, desta vez, não haverá espaço para o que chamou de “roubo de votos”.

 

André Magibire avançou que a Renamo veio para salvar o povo das mãos dos indivíduos que, ao arrepio das normas vigentes no país, contrataram empréstimos a favor da EMATUM, PROINDICUS e MAM, que arrastaram o país ao precipício.

 

Combate enérgico à corrupção, saúde e educação de qualidade foram alguns pontos que dominaram o discurso de Magibire.

 

Daviz Simango

 

A campanha eleitoral para aquela que considerada a terceira maior foça política do país arrancou oficialmente, este domingo, no distrito de Gurué, província da Zambézia. Apesar de ter chegado à Zambézia no passado sábado, apenas ontem abriu oficialmente a marcha rumo à porta vermelha.

 

Simango foi recebido pelos membros e simpatizantes do partido, que fizeram questão de lotar o campo do quartel, local que acolheu as cerimónias centrais. Depois de apresentar a sua esposa, Clara Simango, e cabeça-de-lista para as provinciais, Luís Boavida, Daviz Simango apresentou os pilares que irão nortear a sua governação, caso lhe seja confiado os destinos do país. A questão da paz, a democracia e reconciliação nacional, o emprego e as infra-estruturas são aspectos que merecerão particular atenção.      

 

Mário Albino diz que CNE não desembolsou os fundos para campanha

 

Mário Albino, candidato da Acção de Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI), lançou a campanha na cidade de Nampula, cujo epicentro foi a zona do mercado da Faina. Albino, tido como o outsider do escrutínio, centrou a sua abordagem na falta de desembolso, por parte dos órgãos eleitorais, Comissão Nacional de Eleições, até ao momento, não terem desembolsado os fundos para a campanha eleitoral. Os fundos, de acordo com lei, devem ser disponibilizados 21 dias antes do arranque da campanha eleitoral. 

 

No que respeita as linhas orientadoras do seu programa de governação, as vias de acesso, educação e saúde figuram na lista das prioridades. Este domingo, o partido AMUSI e o seu candidato reservou o dia para capacitar os seus membros em matéria eleitoral, isto enquanto aguarda pelo desembolso dos fundos para iniciar a digressão pelo país adentro. (Carta)

Quatro mulheres perderam a vida nos últimos dois meses na maternidade do Hospital Provincial de Lichinga (HPL), na província do Niassa, durante o período de parto, sendo que duas pereceram na semana passada, entre elas uma docente universitária, de nome Rosalina Moisés, da actual Universidade Rovuma, extensão de Lichinga.

 

De acordo com as fontes, há três anos que se regista esta situação, mas nem a direcção da maior unidade sanitária do Niassa e muito menos a Direcção Provincial da Saúde daquele ponto do país mostram-se preocupados com o “fenómeno”, que leva algumas pessoas a optar por partos caseiros, médicas tradicionais e até nos países vizinhos como Tanzânia e Malawi.

 

Entretanto, inconformada com a situação, a população da cidade de Lichinga saiu à rua, no passado sábado (31 de Agosto), para dizer “basta” às atrocidades que se verificam naquela maternidade. Porém, como tem sido habitual, a Polícia foi chamada para o local das manifestações e, segundo apurámos, “violentou” os manifestantes, atirou gás lacrimogénio, para além de ter recolhido telemóveis, máquinas de filmar e fotográfica e dísticos. Ainda deteve manifestantes (docentes, estudantes e funcionários públicos), instalando-se assim “desordem” naquela capital provincial.

 

No entanto, “Carta” teve acesso a um comunicado supostamente do Ministério da Saúde, emitido no dia 30 de Agosto, visando responder à situação que, desde a noite do dia 27 de Agosto (terça-feira), está a criar polémica naquela província. O referido comunicado afirma que a titular do sector, Nazira Abdula, orientou a Inspecção-Geral da Saúde, a Direcção Nacional da Assistência Médica e um médico legista a deslocarem-se a Lichinga para apurar as reais causas que levaram à morte da gestante, de modo a esclarecer o caso. Entretanto, o documento não convenceu os residentes da maior cidade da província mais extensa do país, que se manifestaram no dia seguinte.

 

Entre as principais razões que levam à morte de parturientes, apontam as fontes, está a corrupção e o clientelismo que se vive naquela unidade sanitária, pois, as gestantes são obrigadas a corromper as parteiras, para que possam beneficiar de um trabalho de parto condigno. (Omardine Omar)

A cinco dias do início da sua peregrinação à República de Moçambique, concretamente a sua capital, Maputo, o Líder da Igreja Católica, Papa Francisco, diz estar ansioso para o encontro com o povo moçambicano e faz um apelo à reconciliação fraterna em Moçambique e em África para uma paz firme e duradoura.

 

A mensagem de antecipação da visita do Sumo Pontífice a Maputo foi divulgada pelo Vaticano, na passada sexta-feira (30 de Agosto). O Papa Francisco começa o seu discurso, falando da sua impossibilidade de se poder deslocar para além da capital moçambicana, mas, apesar disso, garante que todos os moçambicanos estarão no seu coração e nas suas orações e com um lugar especial para os que vivem atribulados.

 

“Anseio pelo momento de vos encontrar, tal como eu recebi e agradeço o convite do Presidente da República de Moçambique e dos meus irmãos bispos para estar convosco, estendo o convite a todos vós para se unirem na minha oração”.

 

O Papa afirma que terá a alegria de partilhar directamente com o povo moçambicano convicções e também de verificar como cresce a sementeira feita pelo predecessor, Papa João Paulo II, que visitou o país em 1988.

 

O Papa Francisco garante ainda que a viagem irá permitir que encontre a comunidade católica e confirme, no seu testemunho do evangelho, que ensinam a dignidade de cada homem e mulher que abram os corações aos outros, especialmente aos pobres e necessitados.

 

“Queridos irmãos e irmãs, sei que muitos estão a trabalhar na preparação da minha visita, inclusive na oferta das suas orações e de coração vos agradeço, sobre vocês e sobre o vosso país invoco bênçãos de Deus e a protecção da nossa mãe a virgem Maria, até breve”, terminou o Papa.

 

Refira-se que os preparativos para a recepção do Papa continuam e, neste domingo, o Estádio Nacional do Zimpeto acolheu o penúltimo ensaio litúrgico, sendo que o último terá lugar na próxima quinta-feira, 05 de Setembro, um dia antes da missa a ser celebrada pelo Bispo da Igreja Católica.

 

Entretanto, os trabalhos de ornamentação ainda decorrem e os mesmos só irão terminar na quinta-feira. As obras de reabilitação da Catedral de Maputo terminaram neste fim-de-semana. Recorde-se que o Papa chega a Maputo na noite de quarta-feira, 04 de Setembro, e termina a sua visita na sexta-feira, 06 de Setembro. (Marta Afonso)

A rede de 650 observadores do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) já está treinada e posicionada para a observação do início do exercício de “caça ao voto” que arranca este Sábado, 31 de Agosto, rumo às eleições de 15 de Outubro, em Moçambique.

 

A rede integra duas iniciativas. A primeira é de 400 observadores mobilizados pela Comissão Episcopal de Justiça e Paz (CEJP) da Igreja Católica, parceiro do CDD. As formações de dois dias realizaram-se nas províncias de Maputo-cidade, Inhambane, Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Niassa e Cabo Delgado. Na presença dos órgãos de gestão eleitoral, nomeadamente as Comissões Provinciais de Eleições (CPEs) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) a nível provincial, as formações incidiram sobre princípios e metodologias de observação eleitoral, análise e interpretação da legislação eleitoral e tecnologias de captação e transmissão de dados, o POPOLA.

 

O programa de observação eleitoral, implementado pelo CDD em parceria com a Igreja Católica, tem apoio técnico do Instituto Eleitoral para Democracia Sustentável (EISA), e financiamento da Embaixada da Noruega e Departamento para Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID). A fase mais intensa deste programa será a de votação que vai mobilizar perto de 3000 observadores, ao nível nacional. 

 

A segunda iniciativa da rede do CDD é de 250 observadores recrutados pelos parceiros da plataforma de prevenção, monitoria, resposta e mitigação de violência e conflitos eleitorais, designada Monitor, lançada esta semana que, para além do CDD que lidera o secretariado, integra outras organizações da sociedade civil, nomeadamente o Comité Ecuménico para Desenvolvimento Social (CEDES), o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), a Associação Nacional para Desenvolvimento Auto-Sustentado (ANDA) e Presão Nacional dos Direitos Humanos (PNDH).  

 

Os 250 observadores da plataforma Monitor irão colectar dados, através duma plataforma tecnológica (ELMO) inserida em telemóveis distribuídos pelos observadores. A informação gerada é encaminhada aos Comités de Resposta e Reconciliação Locais (CRRL) que operam nas regiões norte, centro e sul e, dependendo da magnitude dos assuntos, para o Comité Nacional de Resposta e Reconciliação (CNRR), baseado em Maputo, com representantes de todas as províncias do país. Estes comités irão trabalhar na prevenção, mitigação e mediação de conflitos em plataformas extra-judiciais, funcionando como agentes da paz a níveis distrital, provincial e nacional. (Carta)

Mais de 160 novos pivas, uma espécie de antílope, estão a dar os primeiros passos no território onde vão passar a viver, no sul de Moçambique, após uma viagem de 36 horas, em camiões, por mais de mil quilómetros.

 

Quem cuida dos animais garante que valeu a pena o esforço. Os antílopes foram transferidos do Parque da Gorongosa, no centro do país, e são os primeiros do género na Reserva Especial de Maputo (REM), junto à capital, Maputo. Partiram às 03:00 de terça-feira a bordo de quatro camiões, um comboio de viaturas que seguiu sempre à velocidade mínima para não perturbar os animais, explicou à Lusa um dos motoristas. Às 15:00 de quarta-feira chegaram aos portões da REM.

 

Aqui, após registos, prepara-se tudo para os animais seguirem por terra batida e areia até ao local de libertação, agora com escolta de quatro viaturas todo-o-terreno e de um trator agrícola, para prevenir eventuais dificuldades.

 

A viagem dura uma hora, com poeira à mistura, numa estrada de terra incómoda, mas com muito verde para observar nas redondezas. Chegados ao local, Natércio Ngovene, chefe da fiscalização da REM, explica que a operação está a trazer um "bom número de animais" provenientes da Gorongosa e isso é um bom sinal.

 

"Já recebemos animais da África do Sul, mas estamos a ganhar condições internamente. Na Gorongosa estamos a ter espécies suficientes para repovoar outras áreas de conservação dentro do país", destacou Natércio Ngovene.

 

A comitiva chega a uma pequena colina, ali implantada para que os animais desçam dos camiões e conheçam o seu novo lar.

 

Portas abertas, mas nenhum quer ser o primeiro a sair.

 

O grupo que acompanha a operação, duas dezenas de pessoas, prepara-se para fazer fotografias do momento, mas os mais experientes afirmam que o nervosismo dos antílopes pode prolongar a descida dos camiões por várias horas, para lá do sol posto, o que por esta altura do ano acontece pelas 17:30.

 

E eis que o primeiro grupo de sete salta em debandada e esconde-se na mata. E depois outros, até ao último. Nova casa, mas velhos hábitos.

 

A direção do REM espera receber pelo menos 250 animais este ano.

 

Em junho, já tinham chegado 99 búfalos provenientes do Parque Sabie da África do Sul e para setembro está prevista a chegada de outros 82 pivas e 50 oribis (antílopes de menor porte) provenientes igualmente do Parque Nacional da Gorongosa.

 

"Este ano iniciámos o censo da fauna e, em breve, teremos um relatório para quantificar o número de animais", disse Natércio Ngovene, acrescentando que a caça furtiva está "controlada".

 

O Projeto de Desenvolvimento das Áreas de Conservação e Biodiversidade em Moçambique, conhecido como Mozbio, e a fundação Peace Parks foram responsáveis pela transferência dos antílopes, com base num acordo que tem com a REM.

 

Ocupando uma área de 1.040 quilómetros quadrados banhados pelo oceano Índico, a reserva foi estabelecida em 1960 e está localizada a 68 quilómetros da capital, conservando diferentes espécies como elefantes, bois-cavalos, cudos, crocodilos, inhalas, hipopótamos e diferentes espécies de aves, entre outras. O Governo moçambicano e parceiros têm estado a implementar vários projetos para preservar o ecossistema, considerado um santuário da vida selvagem. (Lusa)

Sete cidadãos nacionais foram detidos, na última semana, em diferentes locais do país por porte ilegal de armas. As detenções ocorreram nos distritos de Zavala, na província de Inhambane, Chicualacuala, em Gaza e cidade de Pemba, província de Cabo Delgado.

 

A informação consta no comunicado de imprensa do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), recebido na nossa redacção, nesta quarta-feira (28 de Agosto), que mais uma vez não realizou o briefing semanal por razões de sobreposição de agenda, conforme justifica.

 

De acordo com a PRM, no passado dia 22 de Agosto do presente ano, uma força operativa do Comando Provincial da PRM deteve, no distrito de Zavala, província de Inhambane, os nacionais G. Mazivila, de 21 anos de idade, F.V. Cumbe, com 22 anos de idade e C. L. Bozo, de 27 anos de idade.

 

Os visados são indiciados por prática do crime de roubo com recurso à arma de fogo e, na ocasião, foram apreendidas duas armas de fogo do tipo pistola, marca LUGER, calibre 09 mm, número 4-7566, com 19 munições e 01 de pressão de ar, marca smorre, calibre 4.5 mm.

 

No mesmo dia, no bairro Eduardo Mondlane, na cidade de Pemba, a PRM diz ter detido três cidadãos, nomeadamente, A. Saíde, de 18 anos de idade, D. Gabriel, de 19 anos e V. Cabral, de 24 anos de idade que, na altura da detenção, estavam na posse de uma arma de fogo do tipo AK-47, número 9172P, contendo nove munições.

 

Ainda na mesma senda, no dia 23 de Agosto, no distrito de Chicualacuala, província de Gaza, a Polícia deteve um cidadão nacional que responde pelo nome de H. D. Vinte, indiciado por prática do crime de homicídio qualificado, cometido com recurso à arma de fogo tipo AK-47.

 

Segundo a Polícia, na última semana, foram detidos em todo o território nacional 1.347 indivíduos, sendo 1.145 por violação de fronteiras e 202 por prática de delitos comuns. No entanto, conforme “Carta” vem referenciando, as detenções por porte ilegal de armas de fogo vêm aumentando, principalmente envolvendo adolescentes e jovens. (Omardine Omar)