Há pouco mais de duas semanas, os dois destacados juristas moçambicanos, sumidades da interpretação doutrinal do direito, impuseram-se contra a deliberação inicial da Comissão Nacional de Eleições (CNE), nomeadamente quando esta votou pela inelegibilidade do Eng. Venâncio Mondlane (proposta da Renamo para sua cabeça de lista em Maputo) em função da sua renúncia a um cargo anterior de membro da Assembleia Municipal de Maputo. A deliberação da CNE penalizava Mondlane por essa renúncia. Teodato Hunguana e Teodoro Waty esgrimiram argumento destinto. A renúncia era para evitar uma incompatibilidade. Hunguana foi também cáustico quando demonstrou que o procedimento da CNE na tramitação do processo da AJUDEM e de Samora Machel Júnior era como alguém metendo os pés pelas mãos, que tentava rejeitar liminarmente aquele grupo quando a lei indicava outro caminho. A CNE estava a mostrar incompetência gravosa ou qualquer coisa insondável.
Imagina que você quer inscrever sua criancinha na pré-primária da Princesa Cinderella School Primary and High em Maputo. Sabe quanto pagará por ano? 120 mil Meticais. E na Décima Classe? 305 Mil Mts por ano. E sabe quanto custa matricular um aluno na Agha Khan Academy agora aberta na Matola? 120 mil (este é um valor médio do que se cobra para inscrição em todas as classes nesta instituição). O sector privado da educação em Moçambique opera numa selva regulada minimamente.
Na terça-feira da semana passada, o General Alberto Chipande levantou-se do leito onde, acometido por doença, tem passado seus dias. No ensopado azedo da política nacional, ele decidiu meter sua colherada de tempero...picante. Subiu ao andar do edifício branco da antiga Pereira do Lago, a sede nacional da Frelimo. A Comissão Política (CP) decidira reunir-se para discutir o "caso Samito". Mas Chipande não foi de meias medidas. Caso Samito?, vociferou. Para ele não havia um "caso Samito". Havia um caso de traição e manipulação. Samora Júnior era um traidor. Nos tempos sombrios da luta de libertação da Frelimo, que durou de 64 a 74, ele teria um destino macabro.
A inauguração da Central Termoelétrica de Maputo (o maior empreendimento energético da EDM e do Governo nos últimos 30 anos), esta manhã na antiga Sonefe, nos arrabaldes da capital, carregava dois elementos distintivos: era o último acto de Mateus Magala, o PCA da EDM parte agora para Abidjan, cooptado pelo BAD; e o desabrochar em Moçambique da tecnologia de ciclo combinado usando o gás natural de Temane, operada maioritariamente por mãos femininas. Isto é, dos 68 trabalhadores jovens da Central, metade são raparigas formadas no Japão durante a construção do empreendimento. São mulheres de luz.
Agora que a RAS descriminalizou o consumo privado de cannabis para fins terapêuticos, Moçambique pode Frelimo pode promover um debate franco sobre o assunto. Há na nossa classe médica quem estaria interessado em explicar os pros e os cons sobre a matéria. O Governo também poderia aproveitar o embalo para criar uma “task force” com a missão de estudar o assunto. E a opção que poderia ser discutida não é a da legalização da cannabis para uso recreativo, como fez a RAS. Moçambique podia se inspirar um bocado na experiência do Lesotho.
Esta manhã foi desfeito, em Pemba, um dos equívocos mais recorrentes sobre afinal quem vai beneficiar, em Moçambique, do procurement local da Anadarko. No início do evento, o tema parecia ainda um tabu. Um dos representantes da Anadarko disse que a multinacional americana já tinha previsto gastar na fase da construção dos seus dois trains de LNG 2.5 bilhões de USD. "Para beneficiar as empresas registadas em Moçambique e as empresas propriedade de moçambicanos". Esta colocação carregava o peso da reserva, o receio do politicamente incorreto, um recurso de linguagem para não ferir susceptibilidades.
Ha pouco mais de duas semanas, no passado dia 16 de Julho, o Presidente da Republica Filipe Nyusi recebia em Cabo Verde o boss do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) Akinwumi Adesina. Era a derradeira cartada do BAD para levar de volta um quadro que havia emprestado ao seu pais de origem e que em menos de 3 anos alterou profundamente o paradigma de governação corporativa de uma empresa participada pelo Estado, a EDM, introduzindo nova cultura organizacional e uma gestão virada para resultados.
Amanhã, quando se celebrar o Dia da Vitória, o significado profundo do 7 de Setembro no imaginário das novas gerações estará ausente. A maioria sabe pela historiografia oficial mais difundida do dia como um daqueles em que a Frelimo finalmente assinou os Acordos de Lusaka, mas poucos sabem da resistência de centenas de jovens que, na antiga Lourenço Marques, antes da Frelimo chegar, se barricaram contra o último reduto urbano e reacionário do colonialismo. O dia não é apenas o da vitória das armas. Não, não foi apenas isso. Havia as armas dum vento que soprava do norte, empunhadas sem balas por uma fornada de jovens nacionalistas que, mobilizados pela luta e sem procuração passada, fizeram também a sua quota-parte pela independência deste país. Mas o que aconteceu realmente a 7 de Setembro de 1974, aqui no hoje Maputo?
Agora que Nini Satar foi detido na Tailândia, de acordo com relatos da comunicação social citando um comunicado de imprensa da Procuradoria Geral da República (PGR), é esperado que ele pague a indemnização a que todos os condenados da autoria moral do assassinato do jornalista Carlos Cardoso em 2000 foram obrigados solidariamente por sentença judicial transitada em julgado em 2003. Nini tem-se furtado em pagar essa dívida, equivalente a pouco mais de 500 mil USD. Mas ele tem exibido no seu perfil de Facebook uma vasta riqueza patrimonial, incluindo carros de luxo.
O despacho de pronúncia do caso Embraer apresenta uma incorrecção gravosa sob a qual assenta toda a acusação do Ministério Público, conforme escrevi ontem. O argumento central é o de que os três arguidos (José Viegas, Paulo Zucula e Mateus Zimba) se uniram na solicitação de um suborno à Embraer, que originou o agravamento da oferta inicial de 30.850.000 para 31.100.000 USD para cada uma das duas aeronaves. De acordo com a pronúncia, os arguidos exigiram um “gesto” de 400 mil USD à Embraer para cada unidade.