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Redacção

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quarta-feira, 05 dezembro 2018 03:09

Assalto chinês aos mares de Moçambique

O “take away” chinês atingiu os mares de Moçambique. Depois do saque nas florestas, a China investe fortemente no sector pesqueiro nacional. Nas próximas semanas, deverão chegar ao nosso país 114 embarcações chinesas já licenciadas pelo nosso Estado, apurou “Carta” de fontes seguras do sector. Na relação nominal de armadores a caminho de Moçambique destaca-se o Grupo Hong Dong Pesca com 20 embarcações, que serão distribuídas entre a captura de pescado e camarão de profundidade. Seguem-se a Guandong Golden Silver Pelagic e a Guadong Golden Gulf Pelagic Fisheries, com 12 embarcações cada, para a captura de atum. A lista apresenta vários outros armadores com mais de 5 embarcações, preparadas para diversas artes de pescas, entre arrasto e palangre (uma das formas de pesca de atum). Eis os restantes nomes: Guandong Golden Age Pelagic Fishery Co. Ltd (com 10 barcos); Guandong Bright Forward Pelagic Fishery Co. Ltd (com 12 barcos); Zheijang Hongyang Mar Pesca Mozambique (com 10 barcos); Hong Dong (1 barco); Zhejing Chengxin Pelagic Fishery Co, Lda (com 3 barcos); Global Reach, Lda com (6 barcos); Oceano Fresco, SA (com 4 barcos); Ming Yu Pescas Lda (com 6 barcos); Emotil (com 17 barcos); Stonechen Comercial – Produtos De Pesca Moma (com 1 barco).

As Forcas de Defesa e Segurança foram implicadas em abusos graves cometidos no combate de um grupo islâmico armado na província de Cabo Delgado, no norte do país. Desde Agosto de 2018, as forças de segurança alegadamente detiveram de forma arbitrária, maltrataram e executaram sumariamente, dezenas de indivíduos suspeitos de pertencerem a um grupo islâmico armado. “É fundamental que as autoridades moçambicanas tomem imediatamente medidas para pôr termo aos abusos cometidos pelas suas forças de segurança e para punir os responsáveis”, disse Dewa Mavhinga, diretor da Human Rights Watch na África Austral. “A existência de abusos cometidos por insurgentes nunca justifica a violação dos direitos dos indivíduos; as forças de segurança devem proteger a população em Cabo Delgado, não abusar dos indivíduos”. 

 

A cidade de Maputo foi palco, recentemente, da sexta edição do Angel Fair Africa, um evento que reúne anualmente empreendedores do continente africano e investidores provenientes dos quatro cantos do mundo, com vista à promoção de novos negócios, investimentos e partilha de experiência.

 

O evento contou com a participação de 30 startups, sendo 10 de Moçambique e as restantes da Tanzânia, Quénia, Angola, Zimbábwè e África do Sul, que tiveram a oportunidade de apresentar as suas ideias (pitch)  a potenciais investidores e parceiros interessados em contribuir para o desenvolvimento e crescimento dos seus negócios.

 

Para além da apresentação das ideias de negócio, o Angel Fair Africa incluiu painéis de debate com oradores de renome, dos quais se destacam o investidor e empreendedor norte-americano Kamran Elahian e o empresário moçambicano Daniel David.

 

Esta iniciativa é promovida pela Chanzo Capital, uma empresa de investimento africana, em parceria com a Associação Moçambicana de Business Angels (AMBA) e ideiaLab, tendo contado com o patrocínio da Gapi e do Standard Bank, através da sua Incubadora de Negócios.

 

Entretanto, o evento foi antecedido por uma formação de dois dias, que decorreu na Incubadora de Negócios do Standard Bank, durante a qual as startups selecionadas adquiriram conhecimentos e ferramentas importantes para melhorar os produtos e serviços que se propõem criar, bem como para dar seguimento aos seus projetos.

 

Para o Standard Bank, a realização deste evento no País vai alavancar o surgimento de mais startups, pois constitui uma plataforma de interação entre estas e os investidores.

 

“Um dos maiores desafios que as startups têm é a angariação de financiamento e é importante que tenhamos este tipo de evento em Moçambique pois promove o encontro entre os jovens com ideias viáveis e os investidores”, explicou João Guirengane, diretor da Banca de Investimentos do Standard Bank.

 

Por seu turno, Sara Faquir, representante da ideiaLab, referiu-se à importância deste evento, que aproxima empreendedores e investidores que apostam em negócios ainda na sua fase inicial.

 

“Nesta fase inicial, o investidor não está lá só para aplicar o seu dinheiro, mas também para disponibilizar a sua rede de contatos, o seu conhecimento, a sua experiência e outros elementos essenciais para alavancar uma startup”, disse Sara Faquir.

 

Num outro desenvolvimento, Sara Faquir considerou ser urgente incutir no seio da sociedade moçambicana a cultura empreendedora e promover o interesse em investir em startups como alternativa ao financiamento bancário.

 

“Ainda nos falta, em Moçambique, a cultura empreendedora. Tradicionalmente, não somos empreendedores, ainda estamos a dar os primeiros passos como País. Estamos habituados a ir à procura de investimento e não conseguimos olhar para as startups como uma oportunidade para quem tem algumas poupanças contribuir ativamente neste processo de desenvolvimento do sistema financeiro”, justificou.  

 

Importa realçar que, até à sua quinta edição, o Angel Fair Africa já gerou investimentos estimados em 23 milhões de dólares norte-americanos em diversas empresas e startups, demonstrando a atratividade das soluções geradas no continente africano.

As primeiras cinco edições deste evento tiveram lugar em Joanesburgo (África do Sul), Lagos (Nigéria), Acra (Gana), Nairobi (Quénia) e Abidjan (Costa do Marfim), em 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017, respetivamente. (Carta)

 

Em entrevista difundida na tarde de ontem pela RDP-África em Lisboa, Samora Machel Júnior apresenta uma visão crítica do partido. Eis alguns excertos relevantes, que “Carta” transcreveu com a devida autorizaçāo da estação lisboeta.

Potenciais passageiros da Ethiopian Mozambique Airlines (EMA) mostraram-se ontem agastados com a companhia, em face de uma falsa publicidade dando conta de preços promocionais nas passagens dos voos domésticos e também por alegado mau serviço prestado no seu balcão de vendas Aeroporto de Mavalane. 

terça-feira, 04 dezembro 2018 03:04

Palma: vila segura mas tensa

Alguma tensão carateriza o dia-a-dia na vila de Palma, norte de Cabo Delgado, em face dos ataques dos “insurgentes” que trouxeram àquele povoado novas formas de estar. Palma está quase que em “estado de sítio” pela presença significativa de elementos das Forças de Defesa e Segurança os quais, durante a noite, “são os donos da terra”. Palma capitaliza as atenções do país por causa dos projectos do gás do Rovuma. 

Homens armados munidos de armas e catanas efectuaram no último domingo, 2 de Dezembro, mais uma incursão muito próximo da aldeia de Machava, posto administrativo de Ntamba, a 45 kms da sede do distrito de Nangade, no norte de Cabo Delgado, depois de terem emboscado um tractor do Governo distrital alugado a um agente económico para carregar castanha de cajú, disseram fontes de “Carta”. O tractor, onde viajavam 13 pessoas, caiu na emboscada, e os malfeitores decapitaram três pessoas, sendo um jovem, um velho e o condutor. As restantes 10 pessoas, trabalhadores do referido empresário local, puseram-se em fuga, escapando assim do atentado. Depois da chacina, os atacantes rumaram para dentro da mata.

Seis arrastões da empresa chinesa Yu Yi Industry Co. regressaram na passada semana a um porto de Shenzhen transportando o primeiro carregamento de pescado capturado em Moçambique. A chegada dos navios, transportando 359 toneladas de crustáceos e de peixe, foi saudada efusivamente tanto pela administração como pelo governo da zona económica especial, que orquestrou a constituição da Yu Yi Industry Co. ao autorizar a fusão da Shenzhen Hao Hang Yuan Yang Fishing Industry Co. com a Shenzhen Hai Zhi Xin Yuan Yang Fishing Industry Co., com o objetivo de revitalizar a indústria local de pesca, escreve o site SeaFoodSource.

O Vale Moçambique, a gigante brasileira de mineração, é acusada de ter destruído o cemitério de Chipanga, em Moatize, na província de Tete, à revelia das famílias com parentes sepultados no local. Essas famílias (comunidades, para usar o jargão da indústria do desenvolvimento) já reagiram, e agora exigem uma compensação. Mas há um grande impasse. A Vale justifica que a profanação de túmulos à revelia das famílias foi porque elas terão alegado que não gostavam de lembrar os momentos de dor pelas perdas. E alegou também que as pessoas já não se recordavam do local onde seus entes foram sepultados. 

Pela primeira vez, e diferentemente de muitos anos, os exames finais da primeira época de 2018 decorreram sem sobressaltos ou casos graves de fraude académica. O Director Geral do Instituto de Exames, Certificação e Equivalência no MINEDH, Feliciano Mahalambe, disse à “Carta” que, este ano, não houve nenhum exame anulado por alegada fraude como acontecia em anos anteriores.