Depois das 21 horas, as patrulhas se intensificam na vila. Polícias e militares são a ordem e a lei. Patrulham, vigiam mas também fazem e desfazem. Na última sexta-feira, Tégio, um funcionário da empresa "Mundial", uma construtora que opera em Palma, foi baleado mortalmente com um tiro na cabeça por um agente da polícia numa briga ocorrida na pensão Wivo. Nada que tenha a ver com a segurança do território, confidenciou-nos uma testemunha. Soubemos que pelo menos dois agentes da Polícia encontram-se detidos em conexão com o caso.
Na vila de Palma, conta-nos uma fonte, não é seguro andar a noite. Os militares, para além das suas patrulhas rotineiras, extorquem cidadãos e complicam a sua circulação. Quase sempre há rumores sobre prováveis ataques dos “insurgentes” na periferia da vila. “Sempre que há esses boatos, as populações circunvizinhas refugiam-se no comando local da Polícia. Assim é a vida por cá", contou um residente. Pundanhar, um Posto Administrativo que dista cerca de 60 Kms da vila de Palma, é de onde chegam as ameaças. Lá há uma base dos “insurgentes”. Mas a vila continua segura e nunca foi atacada desde que os ataques iniciaram em 5 de Outubro de 2017, em Mocímboa da Praia.
Um funcionário da ONG Centro Terra Viva, que trabalha em Palma, disse-nos que, apesar da eminente ameaça, Palma está segura. Carros blindados das Forças de Defesa e Segurança estão presentes. Não há nenhuma força particular ou estrangeira. Toda a segurança é garantida pelas FDS nacionais. O funcionário conta que os “insurgentes” normalmente atacam as aldeias longe da proteção das FDS. “Eles surpreendem as populações”, afirmou.
Entretanto, o trajeto entre Palma e a capital provincial, Pemba, é feito em segurança. Não há registo de nenhum incidente ligado aos tais “insurgentes”. No distrito de Palma foram reportados casos de ataques a várias aldeias com registo de mortes mas a Vila sede sempre esteve segura.
As incursões armadas em Cabo Delgado iniciaram a 5 de Outubro do ano passado na Vila Municipal de Mocímboa da Praia, quando um grupo de cerca de 30 indivíduos desconhecidos atacou três postos policiais matando cinco pessoas. Depois disso, Mocímboa da Praia, Macomia, Meluco, Palma, Nangade e Balama foram igualmente alvos dos intitulados Al Shabab. (G.S.)