Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Juma Aiuba

Juma Aiuba

Independentemente de quem seja o progenitor da iniciativa de tirar o cota Gamito do Cê-Cê, ela é bem-vinda. Não interessa se o que pesou foi mesmo a idade ou a sua consciência, mas a verdade é que a saída do camarada Gamito é bom para ele próprio, para a sua família, para o cidadão-comum, enfim, para todos. Não há alma que aguente tamanha sujeira! A cara-de-pau tem limites! 

 

Nunca é tarde para tomar uma decisão acertada. De resto, como todos sabem, o camarada "demissionário" não tem um currículo de gestão institucional que se orgulhe. Ocupou - sim - posições de fazer inveja a qualquer mortal, mas os resultados das suas decisões foram sempre e cada vez mais desastrosos. Provavelmente, uma luz lhe tenha iluminado e convencido de que a melhor instituição que ele pode gerir sem criar falência é a sua casa mesmo. E eu o congratulo por isso! 

 

Agora, se essa moda de pesos (de idade ou de consciência) pegasse por aqui seria muito bom. Acho que o doutor Gamito podia abrir uma escola onde pudesse ensinar "demissiologia" e convidasse os seus camaradas a se inscreverem. Seria bom se mais dirigentes tivessem a sensibilidade de sentir o peso da sua idade ou da sua consciência. Seria bom se mais governantes soubessem ouvir a voz da idade ou da consciência. Seria bom se mais chefes pudessem reconhecer a quantidade da água turva que metem e dessem um "basta!". Seria bom se mais pessoas descobrissem que o melhor que podem fazer para a sociedade é ficarem em casa a contarem os vincos dos seus sacos. Seria muito bom mesmo! 

 

Dizia, felicito o camarada Gamito pela demissão. Demorada, mas oportuna. Saudades?... Não vamos sentir! 

 

- Co'licença!

quarta-feira, 05 junho 2019 07:05

Eu não rendo com esses juízes!

Está declaração de nulidade das dívidas ocultas é, na verdade, uma certidão de óbito do nosso Estado de Direito. É a confirmação da autópsia de um corpo decomposto cuja morte ocorreu há cinco anos. É o laudo médico sobre o verdadeiro estado da nação. Devíamos ter vergonha! 

 

Esta declaração da morte encefálica do Estado não é do Cê-Cê, como se diz, é da vida. É a vida passando um atestado de incompetência ao Cê-Cê, em particular, e ao poder judiciário, no geral. Não há outro resultado possível neste momento. Os juízes do Cê-Cê não tinham outra saída senão aceitar a realidade. E a realidade é [foi e sempre será] esta: as dívidas ocultas são ilegais e inconstitucionais, pelo que, o seu peso sobre o Estado deve ser nulo. E ponto final! Mesmo no Marte, no Júpiter ou mesmo na Lua seria assim. Não é uma decisão do livre arbítrio de "Gamito and friends". Não! O Cê-Cê nada fez senão aceitar uma realidade "infugível". 

 

Não vejo mérito algum em alguém dizer que as dívidas ilegais, afinal de contas, são ilegais mesmo. Não vejo motivo de celebração quando alguém diz que este calote da dívida é uma bolada privada. Não precisava levar meia-década para chegar a esta conclusão. Esteve sempre claro. Nem era necessário sujarmos a imagem do país por causa disso. Se o Estado fosse actuante e proativo, estas dívidas nem deviam ser conversa. Seria assunto de malta Chang, Boustani, Subeva, Nhangumele, Ndambi, Bruno, Inês, Ntumuke, Leão e companhia.    

 

Estas dívidas já nasceram ocultas, ilegais e inconstitucionais. Não precisa declarar isso com pompa. Se o legislativo, o judiciário e o executivo tivessem um pouquinho de tino, hoje nem estaríamos a falar mais delas. Nem o barulho da sociedade civil e dos parceiros de cooperação seria necessário. Essas dívidas podiam ter sido um aborto natural sem mazelas para o país. 

 

Assim, talvez o mais importante hoje é saber que poder esta declaração tem sobre a imagem de Moçambique. Ou seja, o que muda daqui em diante? Como é que o mundo vai reagir? Melhora alguma coisa nas nossas relações com o Efe-Eme-I e outros parceiros de cooperação? Quais são os próximos passos? É sério ou é apenas um teatro eleitoralista? Etecetera, etecetera. 

 

Sem sombra de dúvidas, esta é uma vitória alcançada: a vitória do povo contra os Changs desta vida. A vitória do povo contra um sistema corrupto que a todo custo se tenta instalar. Mas, por favor, não devemos saudar aqueles juízes. Aqueles cotas nada fizeram. Eu não rendo com eles! Foram cinco anos de trabalho e um molho de páginas para escrever simplesmente que "nós não vamos pagar as dívidas ocultas!". Ninguém merece! Mas prontos, num país em que as pessoas já não sabem mais chorar, nem a fingir, só podemos exaltar mesmo. 

 

- Co'licença!

segunda-feira, 03 junho 2019 07:43

Um trabalho árduo e penoso

Olha, pessoal, no mês passado, o Chefe de Estado participou da reunião do Comité Central do seu partido, participou da cerimónia de tomada de posse do seu amigo, inaugurou um banco em Funhalouro, inaugurou um barco em Maputo, foi a conferência de investidores na Beira e aproveitou para fazer um encontro com os membros do seu partido. Poooxa! Quanta carga! Num mês só! 30 dias só! 

 

Agora digam-me vocês se isso não é maningue job?! Viajar de avião daqui pra acolá em uma semana não é fácil. Poxa! Chegar a um distrito para dizer "esse banco é vosso... depositem o vosso dinheiro aqui... e cuidem bem dele" não é tarefa fácil. É um grande job. Entregar um barco que carrega cento e tal pessoas não é qualquer um. É para gajos que pensam. Gênios. É preciso desenhar estratégias da entrega. Por exemplo, você tem que saber se a fita deve ser colocada na entrada do barco ou na cabine da tripulação ou nos bancos dos passageiros. Isso é ciência!

 

Presidente joba maningue, irmãos. Viajar de avião para outro país, andar no tapete vermelho, abraçar outros estadistas e, por fim, ir ver o outro a tomar posse é um trabalho muito difícil esse. Muito trabalho mesmo. "Posse" não é algo de se ver de qualquer maneira. É preciso estar preparado para assistir à sua tomada. Requer muita inteligência. Vocês não imaginam o trabalho que dá participar de uma conferência de investidores. Yuuu... Nem imaginam! Sentar ali a ouvir gajos a falarem de milhões e milhões de dólares que nunca acabam é um trabalhão. Ter de pensar "se fosse meu", em que conta iria depositar a "minha parte" ou o que iria comprar com tanta mola é um trabalho árduo e não é recomendável para fracos. Tem de ter equações quadráticas e muito seno-cosseno e tangente-cotangente no cérebro e ter a coragem de "não usar" (esses nunca pensa em usar dinheiro que não é seu... juro!!! ponho a minha mão no fogo). 

 

Alguém já parou para pensar como é trabalhoso estar numa reunião com milhares de pessoas envergando roupa de mesma cor, com sua foto no peito e cantando alegremente que confiam em ti? É muito job, bradas! Mesmo sabendo, no fundo no fundo, que os gajos não confiam nada: uns são puxa-sacos bem ensaiados e outros foram obrigados a estar ali. É para gajos que marraram maningue. Gajos que leram fichas de "como mandar o mundo pra o car&√π¤".

 

Enfim! A enfermeira de Lalaua o que fez em Maio? Passou a vida a distribuir senhas na bicha, fazer consultas, prescrever medicamentos, aplicar injeções, lavar feridas, a fazer consultas de prê-natal, a medir o tamanho das barrigas das outras, a ajudar no parto, a cortar umbigos de bebés, a pesar e a medir crianças, a dar vacinas, a dar palestras sobre HIV, e coisas tais durante um mês. Salvar vidas só! Isso é trabalho - salvar vidas?!

 

O professor de Nipepe? Só andou a ensinar crianças o mês todo. O polícia? Só garantir ordem e segurança. Coisa de preguiçosos! 

 

Habituem-se com o trabalho árduo do Chefe do Estado. Ainda vêm aí muitas inaugurações fatigantes e de "grande envergadura" até Outubro. Não é fácil! 

 

- Co'licença!

Conta outra, ó Julião! Você e o seu comparsa Gustavo foram os primeiros moçambicanos que defenderam as dívidas ocultas e combateram a Kroll em nome de uma pseudo-soberania. Você mesmo dizia que aceitar a auditoria da Kroll era o mesmo que deixar que alguém baixasse a calcinha da sua mãe e mostrasse o rabo dela ou lhe abrisse as pernas em público. Esqueceu ou "tá-sa-fazer"?! Espanta-me que hoje esteja a insinuar que malta Guebuza está a financiar os ataques terroristas de Cabo Delgado, os mesmos terroristas que até uns dias atrás você dizia que eram uma paranoia nossa. Ó Julião, pare de brincar de pensar! Pensar é coisa muita séria. Não se ache mais patriota que os outros... Não pense que você tem mais gema que nós. 

 

Se Guebuza enganou o povo, foi graças a vocês puxa-sacos que o rodeiavam e o assessoravam. Se Guebuza era avesso à crítica, foi por causa de vocês lambe-botas que o aconselhavam desta forma e faziam uma cortina de ferro à sua volta. Se Guebuza propalou falsos discursos de combate contra a pobreza, foi graças a vocês aduladores que o ajudavam a difundir esses slogans. Se Guebuza enriqueceu ilicitamente, foi graças a vocês kiwistas que o ajudavam a comprar mais balalaikas com mais bolsos e fundos. Se Guebuza parecia inteligente, foi graças a vocês académicos-fosfóricos que o atribuíam "honoris-causa" em desenvolvimento de algo-que-só-vocês-sabem. Se Guebuza nos f*deu, foi graças a vocês culambistas que pegaram no mangalho do velhote e enfiaram-nos cú adentro. Se Guebuza está a financiar os Al-Shabaab, então aprendeu convosco... É que vocês foram o primeiro grupo terrorista que ele criou. 

 

São vocês, membros do Gê-40, que repetiam o refrão de "visionário" e de "filho mais querido" até nos esgotos. São vocês que fizeram com que Guebuza pensasse que era o nado vivo mais esperto desta pátria. São vocês que tinham "privatizado" toda a imprensa estatal para promover o ódio e cantar aleluias ao Guebuza. Se Guebuza é um lesa-pátria, vocês o ajudaram nessa empreitada. Vocês são os padrinhos das dívidas ocultas e de outras falcatruas. Não venham hoje dizer que Guebuza deve pedir desculpas ao povo. Não! Quem deve pedir desculpas ao povo são vocês. O problema de Guebuza foi ter confiado em dementes. 

 

Parem com esse cinismo esquizofrénico! Não adianta se fazerem de bonzinhos. Quando começamos a escrever sobre as dívidas ocultas, diziam que eramos lacaios do Ocidente. Quando começamos a escrever sobre os ataques em Cabo Delgado, diziam que eramos mercenários pagos para semear terror no nosso próprio país através das redes sociais. Quando chorávamos Cistac, vocês festejavam o abate de um "ingrato". Quando orávamos por Macuane e Salema, vocês alimentavam o discurso do "ajuste de contas". Aliás, muito recentemente o físico-nuclear veio dizer que "quem morreu com o ciclone IDAI quis morrer". É o mesmo que hoje está a celebrar o regresso do Chang sob resguardo de um interesse nacional selectivo e obscuro. Um mentecapto por vontade própria! 

 

Chega de paspalhices! Não me venha com essa de "pede desculpas públicamente, para o povo mudar a opinião errada que tem a teu respeito!" (sic). ACORDA!!! Pare de fumar gonazololo ao mata-bicho! Não queremos desculpas de Guebuza nós. Dispensamos! Se você quer acertar as contas com ele, que não seja em nosso nome. Se existe alguém a quem Guebuza deve pedir desculpas é à vossa quadrilha que esperava "um-algum" vindo da Ponta Vermelha. Não se apoie em nós para cuspir suas frustrações. Isso é cobardia! É hipocrisia! E para seu governo, a opinião que temos a respeito de Guebuza não é errada. A nossa opinião é certa, muito bem certinha, e sempre dissemos que estávamos certos a respeito desse "visionário". A nossa opinião a seu respeito, ó Juliãozinho, também é certa: você é um lerdo que pensa que pensa. 

 

Vá trabalhar! Chega de truques para comer de borla! A nós você não engana e nunca enganou. Não vamos cair nessa armadilha de missivas públicas ao seu parente adoptivo. Pare com essas orgias intelectuais! Reconcilie-se com o seu diploma!

 

- Co'licença! 

segunda-feira, 27 maio 2019 06:46

Um pedido de "habeas corpus" para Abel Xavier

Nós não estamos a perceber, mas é muito bem provável que Abel Xavier esteja preso nos Mambas. Acho que o pobre homem está de castigo por ter afirmado que era "treina-a-dor" e "seleciona-a-dor" de Moçambique. Parece que algum "big-boss" da Federação Moçambicana de Futebol não entendeu bem a ironia e não gostou nada da brincadeira do mister e colocou-o de castigo na seleção. Aquilo só pode ser prisão. 

 

Abel Xavier está a sofrer muito, irmãos. Não é possível que um homem daquela idade não queira se livrar da vergonha que tem estado a passar a cada jogo. Não é possível que um cidadão como o Abel dispa da sua dignidade desta maneira. Não há dinheiro que pague tamanha cara-de-pau. Eu tenho pena dele... Está a sofrer o homenzinho. 

 

Abel Xavier quer ir embora, mas alguém insiste em mantê-lo ali só por capricho ou sei-lá-mais-o-quê. O rapaz já deu o que devia dar. Até penteados já fez de todos os tipos e tamanhos e já não tem mais ideias. Deixem o homem ir embora, meus senhores! Deixem o Abel ir treinar e selecionar dores doutras pessoas noutras paragens! Deixem o Abel fazer os seus penteados noutros salões! Libertem o homem desta pouca vergonha! Afinal, o que querem que o Abel faça para mostrar que já não quer mais estar nos Mambas? 

 

Coitado do Abel! Está preso e não pode fazer nada. O jovem precisa de um advogado - desses fosfóricos que andam por aí - para lhe fazer um pedido de "habeas corpus" para que ele possa treinar os Mambas em liberdade... Bem longe daqui. Libertem o pobre homem! 

 

#ChegaDeVergonha

 

#FreeAbelXavier

 

- Co'licença!

quinta-feira, 23 maio 2019 07:44

Chang, nós te amamos muito!

Seja bem-vindo à casa, amigo Chang! Deus ouviu as nossas preces. Oramos muito pelo teu regresso, irmão. Fizemos correntes de energias positivas por ti. E no fundo no fundo sabíamos que Deus ia ouvir o nosso pedido. O que é que Deus não faz para crentes como nós que suplicam pela saúde e bem-estar do seu irmão do "CUração". 

 

Aleluia! Jeová é o maior! Temos muitas saudades tuas, irmão, camarada e grande compatriota. Sem ti nós não vivemos. Sem ti as nossas vidas são um grande vazio. Sem ti as nossas vidas não fazem sentido. És o nosso amuleto. 

 

Jeová seja louvado! O que seria de Moçambique sem ti? O que seria dos moçambicanos sem ti? Graças a ti nos tornamos conhecidos, reconhecidos, respeitados e famosos. Graças a ti entramos no mapa-mundo. Graças a tua "engenharia" a comunidade internacional colocou-nos no nosso devido e merecido lugar. Agora todos tremem quando nós vêem. Até o Efe-Eme-I tem medo de nos dar dinheiro. Todos sabem que quando a gente pega dinheiro não brinca... É só arrasar!

 

Esse tempo todo ficamos aqui a chorar e a orar por ti, irmão. Perguntavamo-nos todos os dias: mas, afinal de contas, o que é que esses americanos querem com o nosso irmão? E esses nossos cunhados invejosos, por quê fazem isso connosco? Aquelas procuradoras, aquelas juízas, afinal qual é o problema? 

 

Chang, nosso querido irmão, nós te amamos maninguemente! Estamos muito gratos pelo que fizeste por esta pátria que tanto amas. A nação está rendida aos teus pés. És um génio, compatriota. Só tu mesmo! Mereces uma praça dos heróis só tua. Mereces uma estátua também... Bem big. 

 

Yuuu, nunca falamos mal de ti nós! Nunca publicamos nada de maldade... Só orações e orações. Nunca desejamos que fosses longe daqui. Afinal, és o nosso Messias. O que fizeste por nós não tem galinhas... digo, dinheiro que pague. 

 

- Co'licença!

Custa acreditar que a reparação e manutenção daquela viatura Ford-Ranger do Í-Cê-Esse de Nampula cujo orçamento era de dois milhões e meio de meticais, na semana passada, passou para quase trezentos mil meticais esta semana. Quer dizer, a mesma viatura, a mesma avaria, a mesma reparação e na mesma oficina, mas mesmo assim o preço baixou em quase noventa por cento. Ou seja, o orçamento da semana passada dava para fazer assistência a dez viaturas com quase mesma avaria. 

 

Isto parece bolada de vendedores ambulantes da baixa, onde se anuncia mil meticais para um relógio Rolex chinês e acabas levando a oitenta meticais. Como se explica que um mesmo serviço e na mesma agência baixe cerca de noventa por cento? É que dois milhões e quinhentos mil meticais é o preço do mesmo carro zero-quilómetro na mesma agência. Que reparação seria feita, então? Dá a impressão - como dizia um amigo desta plataforma  - que iam trocar o chassi, o volante, as portas, a cabine, os vidros, as rodas, a buzina, as cadeiras, as luzes, as piscas, e até, se calhar, iam colocar um motorista novinho-em-folha. Até parece que a única coisa que funcionava bem era a chapa-de-matrícula. 

 

Infelizmente, estes são os circuitos de adjudicação no nosso país. Isto está repleto de EMATUMs em miniatura. Cada concurso público lançado tem os seus Nhangumeles, Ndambis, Inêses, Changs, Renatos, Antónios, etecetera. Só não tem Elivera Dreyers, Sagra Subroyens e Interpols do mesmo tamanho. É tudo EMATUM, mas sem África do Sul nem Estados Unidos. 

 

E quem pensa que os dois milhões e duzentos mil meticais remanescentes da Ford-Ranger foram salvos está muito bem enganado. Enquanto estamos aqui em júbilo pela vitória, o mesmo dinheiro está a sair dos cofres do Estado por outras portas. 

 

Esta guerra é séria. Se o dinheiro não saiu via Ford-Ranger, vai sair via apetrechamento de casa ou via fornecimento de material de escritório ou via fornecimento de badgias e gulabos no workshop ou via construção de hospital ou via reabilitação de fossas de qualquer coisa. 

 

Temos de estar atentos. Este país é nosso. Temos de amá-lo. Como dizia Samora Machel, "aqui trava-se um combate... é duro, mas temos de vencer". E estamos quase a vencer... Muito quase mesmo. 

 

- Co'licença!

"Eu não conheço o [Teófilo] Nhangumele". Dizem que foi esta a reacção do camarada Armando Guebuza, antigo Presidente desta república, quando perguntado como foi possível ele [o Guebuza] ser enganado por um indivíduo como o Teófilo Nhangumele para assinar um calote que fez o país se ajoelhar desta maneira. Dizem que o camarada Guebuza não gostou nem tampouco da brincadeira, e com razão. 

 

A Justiça moçambicana decidiu extraditar Tanveer Ahmed para os Estados Unidos da América. Tanveer Ahmed é um cidadão paquistanês preso em Moçambique por posse de droga e procurado pelos americanos por tráfico de drogas pesadas. Quando os gringos pediram o seu bandido, nós entregámo-lo sem cerimónias.

 

- O palácio do Governador de Nampula (residência oficial), Victor Borges, tinha muitos ratos e cobras;

 

- Então, o Gabinete do Governador decide fazer uma "Carta de Compromisso e de Cadastro" (que não foi assinada pelo próprio Chefe do Gabinete) a um hotel de luxo e caro da cidade para alojar o governante e sua família num período não especificado garantindo que o próprio Gabinete do Governador (portanto, o Estado através do erário público) pagaria todas as despesas de alojamento e alimentação dos seus inquilinos mediante apresentação da factura; 

 

- Daí que, o governador, sua esposa e seus dois filhos carregaram nas suas "xi-djumbas" e foram viver para o hotel; 

 

- Enquanto isso, decorriam obras de reabilitação do palácio para eliminar malta Jerry e as "sineiques" invasoras; 

 

- Acontece que, trinta dias depois, o exílio da família palaciana virou notícia e motivo de piada, chacota, zombaria e crítica da opinião pública;

 

- Sendo assim, os palacianos decidiram pegar de volta nas suas "xi-djumbas" e regressaram ao palácio ainda em obras finais; 

 

- Foi daí, então, que, no dia seguinte, o governador convocou uma conferência de imprensa para informar, em primeira mão, que o valor da factura (de cerca de um milhão e trezentos e cinquenta mil meticais) referentes as despesas de alojamento e alimentação do período do exílio e o valor da outra factura referente às obras de reabilitação do palácio sairiam do seu bolso, ou seja, que o Victor Borges, ele próprio, iria recorrer a um financiamento bancário para pagar as despesas. 

 

Nesta estória algo não bate certo. Escapa-nos uma peça. Nunca vi nem ouvi sobre alguém que pede financiamento bancário para pagar dormida e reabilitação de um palácio (depois de ter dormido e depois das obras terem iniciado). É muito estranho! 

 

Eu diria que tentaram tramar o cota. O antigo Ministro da Justiça, Abdurremane Lino de Almeida, caiu neste tipo de ciladas: despesas que parecem pequenas, decisões levianas e tufa. Parece-me que tentaram montar um ramo seco para Borges sentar. A sorte do Borges é ser humilde e granjear simpatias da opinião pública. Borges conseguiu romantizar este conto patético e saiu-se lindamente. 

 

É ano eleitoral este: haverá eleição de governadores. Todo cuidado é pouco! 

 

- Co'licença!

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