Tomou posse na manhã desta quarta-feira o Presidente da República, Filipe Nyusi, eleito nas eleições de 15 de Outubro último. Filipe Nyusi, que vai para o seu segundo mandato, é, na verdade, o terceiro presidente de Moçambique, desde a introdução do multipartidarismo no país.
E por se tratar de um momento único e impar da história da jovem história do país, “Carta” descreve, nas próximas linhas e de forma minuciosa, a cerimónia de investidura daquele que é o quarto presidente de Moçambique, isto contando com Samora Machel (na era da República Popular), Joaquim Chissano e Armando Guebuza.
Saída da ponta vermelha
Oficialmente, tal como vinha descrito no programa oficial, a cerimónia de investidura tinha o seu início marcado para as 9 horas. E tal como previsto, assim aconteceu. A cerimónia iniciou. Mas, muito antes da hora marcada, os convidados à cerimónia foram chegando ao local do evento, no caso a Praça de Independência, na cidade de Maputo, onde também, há anos, foram investidos os dois anteriores estadistas, nomeadamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza.
Números de diversos grupos culturais preencheram o período que antecedeu a chegada do Presidente Eleito ao local do evento. Em meio aos cânticos e danças típicas das diversas províncias do país, os convidados (os dois antigos estadistas moçambicanos, Chefes de Estados estrangeiros, deputados da Assembleia da República, antigos governantes, antigos combatentes e pessoas singulares) iam compondo a praça da Independência.
Quando eram 9 horas e 40 minutos, Filipe Nyusi saía do interior do Palácio da Ponta Vermelha, a residência oficial do Chefe de Estado. Acompanhado da sua esposa, Isaura Ferrão Nyusi, dirigiu-se até a viatura que estava estacionada defronte a entrada da sua residência oficial. Cinco minutos depois, o Presidente eleito e ainda em exercício, iniciou a sua marcha rumo à Praça de Independência, mas antes de deixar a Ponta Vermelhe, mesmo na entrada, recebeu a saudação protocolar da guarda presidencial.
Para chegar a Praça da Independência, seguiu a Av. Julius Nyerere, Eduardo Mondlane, Karl Max, cortou a Av. 24 de Julho e foi desaguar na Av. Ho chi Min. As 9horas e 59 min, Filipe Nyusi chegava finalmente ao local da cerimónia. Depois de uma pequena confusão com o protocolo (a primeira dama estava desorientada mesmo à entrada da tribuna presidencial), Filipe Nyusi parou no tapete vermelho para entoar o hino nacional e, seguidamente, precisamente quando eram 10:04h passar em revista a guarda honra, composta por oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Seguidamente, seguiu a tribuna Presidencial. Às 10:07h, Filipe Nyusi procedia a devolução dos símbolos do poder, nomeadamente, a Constituição da República (CR), Bandeira Nacional, o Emblema Nacional, o Pavilhão Presidencial e o Martelo à Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro.
Depois da entrega dos símbolos do poder, seguiu-se o momento das orações, onde perfilaram algumas congregações religiosas. Aliás, é de notar que, enquanto decorriam as orações, e largamente fora da hora convencionada, Hage Geingob e Paul Kagame, Presidentes da Namíbia e Ruanda, respectivamente, chegaram ao local do evento e entraram para tenda das individualidades “pela porta dos fundos”. Geingob chegou as 10 horas e 10 minutos e Kagame as 10 horas e 15 minutos.
Findas as orações, iniciou-se a leitura dos poemas laudatórios, isto quando o relógio já marcava 10 horas e 27 min e estendeu-se até por volta das 10:40 horas.
Início da Cerimónia de investidura (10 e 43 min)
Às 10:41h iniciava o acto de investidura do novo Presidente da República. A Presidente do CC é quem conduziu, tal como manda a Constituição da República. Lúcia Ribeiro convidou ao Juiz Conselheiro, Mateus Saize, para conferir a identidade do cidadão Filipe Nyusi.
Quando eram 10:43h, Filipe Nyusi iniciava a leitura juramento, tendo no final assinado o referido documento. Enquanto procedia a assinatura do juramento, o grupo cultural das FADM entoava uma clássica canção tsonga, comumente entoada nos cultos e encontros familiares, no sul do país. Seguidamente, Mateus Saize leu o auto de investidura que posteriormente foi entregue à Filipe Nyusi para que pudesse assinar, acto que foi acompanhado, igualmente, pela referida canção do grupo cultural das FADM.
Às 10:50h, a Presidente do CC procedia a entrega dos símbolos do poder (Constituição da República; Bandeira Nacional, Emblema da República, Pavilhão Presidencial e Martelo). Dois minutos depois, Lúcia Ribeiro declarava investido o cidadão Filipe Nyusi ao cargo de Presidente da República.
Terminada a investidura, seguiu-se, as 10:53 horas, a apresentação das individualidades convidadas ao evento com destaque para os Chefes de Estados e de Governos, nomeadamente, Jorge Carlos Fonseca (Cabo Verdade); Paul Kagame (Ruanda); Edgar Lungo (Zâmbia); MoKgweetsi Masisi (Botswana); Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal); João Lourenço (Angola); Emmerson Mnangagua (Zimbabwe); Cryil Ramophosa (África do Sul); Hage Geingob (Namíbia); Edward Ssekandi (vice-presidente do Uganda) e Kassim Majaliwa (Primeiro-Ministro da Tanzania).
Enquanto aguardava-se pelo discurso do já Presidente da República, para o mandato 2020-2014, o protocolo convidou aos presentes a assistir a mais um momento cultural. O bailado foi encabeçado pelo conceituado músico moçambicano Stewart Sukuma.
Finalmente, quando eram 11 horas e 26 minutos, Filipe Nyusi dirige-se à Nação, já na qualidade de Presidente da República. Na sua inervação começou por passar em revista os seus primeiros cinco anos em que esteve a frente dos destinos do país, destacado que muito teria sido feito, senão fosse choques climáticos (seca e cheias), a retirada do apoio dos parceiros internacionais e os ciclones IDAI e Keneth. Apesar deste quadro desfavorável, “ganhos importantes foram alcançados nestes primeiros cinco anos”.
Para o quinquénio que hoje iniciou, Filipe Nyusi garantiu que tudo fará para que Paz e a concórdia prevaleçam no país. “Fome Zero, Trabalho e Emprego” são os principais desafios assumidos por Filipe Nyusi para os próximos cinco anos, atirando que não vai poupar as suas energias de modo a que esses obstáculos sejam ultrapassados. O discurso de Filipe Nyusi teve a duração de quase 1 hora de tempo.
Depois do Discurso de Investidura, novamente, assistiu-se a um momento cultural, isto por volta das 12h:25 min. O grupo continuadores foi que em preencheu o momento.
Pelas 12.32 horas, Filipe Nyusi descia do palanque principal para entoar o hino nacional que foi acompanhado por 21 salvas de canhão, um momento que durou cinco minutos. Seguidamente, o Chefe de Estado passou, novamente, em revista a guarda de honra.
Depois de passar em revista a guarda de honra, Filipe Nyusi regressou à tribuna presidencial, de onde assistiu ao desfile dos ramos que compõem as Forças de Defesa e Segurança, em saudação ao Comandante em Chefe. A Parada Militar iniciou as 12 horas e 41 minutos e prolongou-se até as 12 horas e 55 minutos, momento em que o Mestre de Cerimónia anunciou o término Oficial da cerimónia.
O Presidente da República retirou-se do local as 12:58h para o Palácio Presidencial, onde ofereceu almoço aos seus convidados. De acordo com a organização do evento, cerca de 3 mil pessoas assistiram, no local, a cerimónia de investidura do Presidente da República. (I.B)
"Não podemos criticar nos outros, aquilo que achamos aceitável a nível pessoal. Transformar o mundo só pode acontecer quando tivermos a coragem de nos mudarmos a nós próprios. Os maiores constrangimentos, se queremos ser verdadeiros, estão dentro de nós, no nosso modo de pensar, de trabalhar e julgar o mundo. Precisamos de deixar de culpar os outros para explicar as nossas próprias dificuldades”. Estas foram as palavras encontradas por Filipe Jacinto Nyusi para iniciar a avaliação dos seus primeiros cinco anos de governação, iniciados a 15 de Janeiro de 2015.
Sem citar as “dívidas ocultas”, que motivaram a suspensão do apoio ao Orçamento de Estado pelos parceiros internacionais, em 2016, Filipe Nyusi justificou o seu desempenho no primeiro mandato com a seca prolongada que se verifica na zona sul; cheias na zona norte; ciclones tropicais (Idai e Kenneth), que tiveram lugar no último ano do seu mandato; a queda dos preços dos principais produtos de exportação no mercado internacional; a suspensão do apoio ao Orçamento de Estado pelos parceiros internacionais – sem explicar os motivos – e os ataques militares que se verificam na zona centro do país e na província de Cabo Delgado.
Segundo o Chefe de Estado, o peso conjugado de todos estes factores “poderia criar condições para que a nossa governação não desse certo”, porém, “fomos capazes não apenas de resistir, mas de manter a mão segura no leme do barco onde todos nós viajamos”.
Filipe Jacinto Nyusi foi investido esta quarta-feira, 15 de Janeiro de 2020, para mais um mandato na Alta Magistratura da Nação Moçambicana: a Presidência da República. Eram 10 horas e 43 minutos, quando o Estadista moçambicano, reeleito no escrutínio do passado dia 15 de Outubro de 2019, jurou, por sua honra, “respeitar e fazer respeitar a Constituição, desempenhar com fidelidade o cargo de Presidente da República de Moçambique, dedicar todas as minhas energias à defesa, promoção e consolidação da unidade nacional, dos direitos humanos, da democracia e ao bem-estar do povo moçambicano e fazer justiça a todos os cidadãos”.
O juramento, prestado perante os deputados da Assembleia da República, titulares dos órgãos de soberania e Chefes de Estados e de Governos de alguns países, marcava assim o início de mais um mandato em frente dos destinos da República de Moçambique, depois de os ter conduzido entre os anos 2015-2019.
“Renovo o meu compromisso em respeitar a Constituição e actuar sempre como Presidente de todos os moçambicanos, sem distinção ou com base em simpatias, filiação política, região de origem, etnia, religião, género, raça ou outro tipo de descriminação”, garantiu a fonte, no seu primeiro discurso como Chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS) para o presente quinquénio: 2020-2024.
No seu discurso, proferido em quase uma hora, a partir da Praça da Independência, na capital moçambicana, Maputo, local onde decorreu a cerimónia de investidura, Nyusi reiterou o compromisso assumido a 15 de Janeiro de 2015, quando recebeu, pela primeira vez, os símbolos do poder (Bandeira Nacional, Constituição da República, Emblema Nacional, Pavilhão Presidencial e Martelo), de “trabalhar pelo Moçambique que todos sonhamos”.
Assim, assegurou o Chefe de Estado, “a nossa agenda é desenvolver Moçambique” e sublinha que “esse desenvolvimento não seja feito à custa da injustiça, da prepotência e da desigualdade”.
Segundo Filipe Nyusi, a visão apresentada em 2015 foi considerada “ambiciosa”, com uma “fasquia demasiado elevada”, porém, terminado o primeiro ciclo de governação, “podemos afirmar que esses nossos compromissos estiveram à altura da vontade e da capacidade de realização dos moçambicanos”.
“Dissemos, por exemplo, que faríamos prevalecer o diálogo construtivo com todas as forças vivas da nossa sociedade. Dissemos então que teríamos de instalar em todo o país uma cultura que recusasse a intolerância, de uma cultura que recusasse o ódio. Se queríamos paz não podíamos continuar a ver a diferença política como um motivo ameaça”, elencou algumas promessas, para depois anunciar alguns dos resultados conquistados.
“As negociações iniciadas com o falecido Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, permitiram dar um passo importante para a paz e estabilidade política. Essa foi a plataforma que permitiu a assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades e o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional. Os consensos alcançados conduziram à tomada de medidas concretas, como a aprovação dos pacotes relativos à descentralização”, defendeu o Chefe de Estado.
Para o Presidente da República, a paz “foi e será a nossa prioridade absoluta”. Neste mandato, assegura Nyusi, continuará a apostar na preservação da paz como condição indispensável do desenvolvimento.
“Continuaremos, nem que isso nos custe a vida, a defender e promover a paz. Estimularemos o diálogo franco e aberto como mecanismo privilegiado de prevenção e resolução de conflitos e promoção da coesão nacional. Continuaremos a implementar acções que visam a valorização da nossa diversidade etnolinguística, religiosa e racial como nação una e indivisível e orgulhosa da sua diversidade. A nossa soberania não será nunca negociada ou hipoteca”, garantiu Filipe Nyusi perante mais de cinco mil pessoas presentes na Praça da Independência, entre convidados, jornalistas, seguranças e anónimos.
Num discurso quase contraditório à realidade vivida nos primeiros cinco anos de governação, em que académicos e membros de partidos políticos da oposição foram agredidos e outros assassinados por criticarem a governação do “dia”, Filipe Nyusi insistiu que não se pode ter medo de “quem pensa diferente”.
“O pensar diferente é uma riqueza. É no pensar diferente que encontramos alternativas para solucionar os nossos problemas. Os tratados e acordos são imprescindíveis para sanar conflitos. Mas, é no respeito pelos que pensam diferente que está o segredo da verdadeira reconciliação dos irmãos moçambicanos”, defendeu.
Aliás, no seu discurso, Nyusi fez questão de “saudar” os cidadãos que não votaram no seu projecto de governação, afirmando que “uma nação é feita destas diferenças”. “De uma vez por todas, temos de tomar essas diferenças como uma mais-valia para aquilo que é o nosso destino comum e que é sempre uma nação, onde todos se sintam em casa, onde todos sejam parte da mesma família”.
Lembre-se que Filipe Nyusi foi investido no cargo de Presidente da República, após vencer as VI Eleições Presidenciais que tiveram lugar no passado dia 15 de Outubro de 2019, com 73% do total dos votos, validamente expressos. Em segundo lugar, com 21,88%, esteve o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, enquanto Daviz Simango, Líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), obteve 4,38%. Mário Albino, candidato pela Ação de Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI), conquistou apenas 0,73%. (Abílio Maolela)
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse ontem que está disposto a dar a vida pela preservação da paz no país, considerando esse compromisso uma prioridade absoluta.
"No mandato que agora começa, continuaremos a apostar na preservação da paz, como condição indispensável do desenvolvimento, continuaremos, nem que isso nos custe a vida, a defender e promover a paz", insistiu Filipe Nyusi, no seu discurso de tomada de posse para um segundo e último mandato na Presidência da República.
A paz foi e será a prioridade absoluta nos próximos cinco anos, tal como foi no primeiro mandato, referiu o chefe de Estado moçambicano.
Filipe Nyusi prometeu estimular o diálogo franco e aberto com todas as forças políticas e sociais, como mecanismo privilegiado de preservação e resolução de conflitos e promoção da coesão nacional.
"A nossa força vem da nossa diversidade e da nossa riqueza social e cultural, continuaremos a implementar ações que visam a valorização da nossa diversidade etnolinguística, religiosa e racial, como nação una e indivisível", assinalou, num discurso várias vezes aplaudido pelo público presente.
O chefe de Estado moçambicano defendeu que a diferença de opinião é um valor que deve ser estimulado, porque é gerador de alternativas na solução dos problemas do país.
O aprofundamento das instituições democráticas e a consolidação do processo de descentralização serão também os pilares do ciclo governativo que se iniciou hoje, apontou o chefe de Estado.
"Não haverá inclusão nem participação dos cidadãos nos processos da governação, se cada um dos moçambicanos não tiver as mesmas oportunidades de acesso aos serviços públicos, à justiça e aos recursos nacionais", destacou.
Filipe Nyusi abordou o tema da corrupção, assinalando que o seu Governo vai apostar no combate a este mal, mas repudiando a "caça às bruxas".
"Não haverá pequenos e grandes corruptos, tocáveis ou intocáveis. Neste exercício de combate à corrupção, nos distanciaremos dos que pretendem substituir a ação institucional da justiça por uma operação de caça às bruxas", frisou o Presidente moçambicano.
Os funcionários públicos, empresas públicas e privadas devem atuar com integridade, ética e deontologia profissional, visando consolidar a cultura de transparência, prestação de contas e responsabilização, acrescentou.
Filipe Nyusi apontou a criação do emprego, principalmente para os jovens, como um dos eixos da sua governação e pilar para o desenvolvimento e estabilidade.
"Moçambique é um país de jovens, não haverá desenvolvimento de Moçambique sem o envolvimento de jovens", sublinhou.
Nesse sentido, prosseguiu, será intensificada a aposta na edução e formação profissional dos jovens, bem como o seu envolvimento no espaço político e na produção e produtividade.
"Ligado à Presidência, funcionará um gabinete que irá lidar, de forma exclusiva e diretamente com os assuntos relacionados com a juventude e emprego", anunciou o chefe de Estado moçambicano.
O Presidente moçambicano concluiu o seu discurso de investidura com a frase que mais tem pronunciado nos últimos tempos.
"Sempre disse e continuo a dizer que Moçambique tem tudo para dar certo", concluiu.(Lusa)
O Presidente Filipe Nyusi foi investido ontem para mais um mandato de cinco anos. Face a esta nova etapa governativa, “Carta” ouviu a antiga Primeira-ministra de Moçambique, Luísa Diogo, o economista e presidente do Conselho de Administração Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Omar Mithá, e o escritor moçambicano, Mia Couto.
Para Luísa Diogo, “o discurso foi a reafirmação do compromisso de Sua Excia presidente Filipe Jacinto Nyusi para com a nação moçambicana, para com o seu povo. Foi um discurso para nos recordarmos que o nosso trabalho é para frente, com uma grande visão, muita clareza e um enfoque muito grande nesta questão do trabalho, para cada um de nós e para todos os moçambicanos. E também para empoderar-nos, no sentido de que nós temos responsabilidades no desenvolvimento do país”.
Luísa Diogo entende que o discurso do PR foi completo porque trouxe elementos de confiança e certeza, que preparam os moçambicanos para os próximos cinco anos. Diogo mostra confiança na liderança de Filipe Nyusi, no novo governo e considera que, com ele, os moçambicanos poderão alcançar os seus sonhos e começar a construir aquela base segura para o futuro.
“Estamos ainda a construir a nossa nação”, disse a antiga governante, para quem o presidente Nyusi está a dar passos e a tomar medidas históricas de modo a fazer de Moçambique um país sólido.
Para a antiga PM, Filipe Nyusi “está a trabalhar na consolidação das instituições, na consolidação da paz, na promoção da harmonia social, fraternidade e inclusão” e considera que o reconhecimento das diferenças entre as pessoas é uma riqueza e não uma fraqueza nossa. A entrevistada disse ainda que cada moçambicano deve saber aproveitar tudo isto para construir Moçambique.
Por sua vez, Omar Mithá, PCA da ENH, entende que os pontos apresentados pelo presidente Filipe Nyusi, relativamente às questões macroeconómicas, nomeadamente no que tange à industrialização, agricultura e inclusão demonstram que é possível transformar o capital humano moçambicano.
Mithá realçou que é importante que se acautelem os aspectos realçados pelo Chefe do Estado como “a prevenção da responsabilização, da independência, da honestidade, da transparência, da gestão destes fundos para que estes beneficiem, de facto, todos os moçambicanos”.
Já o escritor Mia Couto disse ter uma grande esperança e fé, pois, a seu ver, há novas condições para que o país avance, sobretudo a partir da atitude do presidente da República, que é um convite para que se ponha fim à «cultura de confronto, à cultura de quem não escuta o outro e de quem não respeita as diferenças.
Para Mia Couto, esta atitude do PR é essencial porque “vamos virar uma página. O presidente está a dizer que a democracia também é feita escutando os que são minoria e que estes podem também ter razão, logo, é preciso que a verdade não tenha cor partidária”.
Questionado sobre o conflito em Cabo Delgado, Mia Couto disse que é um assunto que foge ao nosso domínio e compreensão. Mas considera que, em relação ao centro, é possível resolver-se porque existe uma entidade com a qual se pode dialogar, o que não acontece no norte do país. Relativamente ao conflito no centro, o escritor entende que Filipe Nyusi conseguiu dialogar com a Renamo, e que há uma parte dela que se mostra aberta a cumprir o acordo.
Para Couto, a instabilidade que se vive em Moçambique não é incomum e acontece em vários cantos do mundo, principalmente quando há um acordo de paz: aparecem sempre grupos beligerantes que se demarcam e querem dar continuidade ao conflito, daí que acredita que o conflito no centro seja uma situação temporária. (O.O)
Ontem na abertura da nona legislatura, Filipe Nyusi (que é empossado amanhã para seu segundo ciclo) fez uso daquele seu discurso da esperança ficcionada. Ele disse que a Frelimo, sua bancada com maioria qualificada, pode usar dessa circunstância actual para evitar a ditadura do voto (minhas palavras) e buscar consensos com a oposição, legislando mais em função dos interesses do povo e menos em função de seus interesses particulares. Seus correligionários aplaudiram!
Mas a cadência do “clap” era uma música mentirosa. Nunca a Frelimo procurou consensos com a oposição. Nunca, a não ser quando se tratou de legislar suas gordas mordomias ante o sofrimento do povo. Só acreditaríamos na promessa de Nyusi se a Frelimo, agora com sua maioria retumbante, legislasse, logo na sua primeira sessão, o corte de mordomias dos deputados. Tipo, em tempo de austeridade, o Estado não tem verba para novas viaturas. Se fizessem isso, estariam a dar à esperança de Nyusi algum toque de realismo!
Os próximos meses vão ser de uma maior arrogância par(a)lamentar, sem paralelo. A Frelimo está habituada a espezinhar a oposição e quem, dentro da sua máquina, ousa pensar diferente (que o diga Samora Machel Júnior). No passado, com sua maioria absoluta, o partido legislou contra o povo, como no caso do calote, e nunca viabilizou uma única proposta legislativa da oposição. Não cremos que, agora com maioria qualificada, a Frelimo mostre comportamento distinto.
O discurso de Nsuyi foi pensado para afastar os temores de uma revisão constitucional que lhe dê espaço para voos futuros. Uma coisa impensável na actual correlação de forcas dentro do partido, mas sempre tentadora. E por isso, por ser tentadora, a Comissão Política colocou Esperança Bias, uma guebuzista que regressa ao centro do poder dentro do partido.
Seja como for, esta legislatura vai ser a mais sectária. O discurso de Nyusi valeu apenas por seu tom simpático. Foi como seu discurso inaugural de 2015. Uma panóplia ilusionista. Ontem, ele ainda se esqueceu de uma coisa. Podia ter dito que a Frelimo está aberta a trabalhar com as organizações da sociedade civil, incluindo legislar suas propostas. Isso sim, seria um golpe certeiro. Mas, infelizmente, esta classe política que nos governa e sua franja de deputados ainda não está preparada para mais democracia.(M.M.)
O auto-intitulado profeta Joe Willians, detido na noite de domingo quando jantava no restaurante South Beach, foi solto ontem de manhã, soube “Carta” de fontes policiais. Duas versões, não oficiais, foram dadas para a detenção de Williams no domingo: i) corre uma investigação visando seu alegado enriquecimento ilícito; ii) foi detido para lhe pregarem um susto, na sequência de alegada falsificação de um convite para atender à tomada de posse, ontem, dos deputados da nova legislatura.
Na semana passada, o “profeta” exibira no seu Facebook, esse convite, aparentemente endereçado pelo Presidente Nyusi. Sua detenção foi, no entanto, ilegal. A legislação proíbe detenções aos fins de semana e de noite, a não ser em flagrante delito, o que não foi o caso. O episódio, com a pouca abertura das fontes policiais, apenas adiciona mais mistério à vida de uma figura já cheia dele.
Ao certo, ninguém sabe exactamente quem é Joe Williams – o fundador da Igreja Palavra da Profecia – embora ele garanta que é moçambicano, natural de Manica e descendente de tetenses. Ao certo, o que se sabe é que o homem virou celebridade, a ponto de receber do partido Frelimo um Diploma de Honra, pelo seu “empenho, dedicação, apoio e participação activa no processo de preparação e realização das Eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais que culminaram com a vitória expressiva da Frelimo, no dia 15/10/2019”. Tal diploma causou celeuma nas hostes do partido, sendo que o deputado Edmundo Galiza Matos Jr. solicitou não só a cassação do mesmo, como também o encerramento da igreja do agraciado.
Williams não só fez chacota do deputado, como também fez questão de exibir – nos últimos dias – um convite que lhe foi especialmente endereçado pelo partido Frelimo para participar na sessão de tomada de posse dos deputados da AR.
Na última semana, apareceu como convidado especial num programa televisivo – onde prometeu, ao vivo, oferecer USD 1000 ao apresentador – e deixou bem vincado que “quanto mais as pessoas o insultam, mais carros de luxo ele vai comprar. Não fosse ele (conforme diz) amigo pessoal do pugilista Floyd Mayweather, a quem prometeu trazer para Moçambique no âmbito de um suposto projecto direccionado a jovens.
A primeira – e, muito provavelmente, única até agora – “boa acção” que se conhece de Joe Williams, aconteceu há pouco mais de um ano. Foi a 8 de Setembro de 2018, quando através da sua (então) recém-criada "Joe Williams Fundation", o autointitulado profeta mais rico de Moçambique organizou um almoço beneficente para crianças carentes e idosos, que contou com a presença “especial” da cantora Neyma. Ainda assim, e apesar dos propósitos do evento, o polémico Williams não deixou de “causar”: chamou a atenção de todos através de uma exuberante chegada de helicóptero, na companhia dos seus seguranças.
Não obstante, depois dessa “boa acção” pensava-se que o profeta iria sossegar nos “show-offs” e virar a sua atenção para os menos favorecidos. Até porque na mensagem que publicou nas redes sociais a propósito do evento – naquele seu português de “minha pai” – disse literalmente o seguinte: “Foi incrível obrigada Jesus alimentando 5000 pessoas que são pobres e não tem vantagens sociais. EU PESSOALMENTE LEVANTEI O monetário para ajudar os menos privilegiados para que possamos colocar como sorriso no rosto deles pessoas que são pobres: não por causa de escolha, mendigo, mendigo... e velhos deficientes pessoas também incluso recebendo gifs,, foi meu sonho O sonho chegou à realidade agora.”
Exibicionista nato
A verdade é que, aparentemente, esse “gesto caridoso” para com os pobres foi sol de pouca dura, pois, logo de seguida voltamos a assistir ao protagonismo habitual do homem, tanto nos media (em alguns canais televisivos, onde é tratado como VIP), como nas suas redes sociais, especialmente na sua página de Facebook, onde tem 136 728 seguidores.
O desfile de exibicionismos do “swagger”, que para muitos é um profeta moderno, pregador da dita “teoria da prosperidade”, ganhou maior forma no ano transacto. Ao mesmo tempo que “engordava” a sua prole de seguidores, muitos dos seus crentes começaram a desconfiar das suas atitudes e a considerá-lo um “flop”. Uma espécie de anti-Cristo. É que, na verdade, não estamos habituados a ver um “religioso”, que em princípio deveria ser um “salvador de almas” exibir-se daquela maneira. E ainda por cima a chamar de “burros e pobres” a todos quantos problematizam as suas atitudes.
As próprias autoridades nacionais começaram a questionar a proveniência de tanto dinheiro. Já para não falar de uma notícia bombástica que se tornou viral, em Abril do passado, dando conta que Williams estaria a ser investigado nos Estados Unidos, por alegadas ligações ao narcotráfico.
Entre os seus “hobbies” conta-se a aquisição e exibição de bólides. Possui uma frota invejável, sendo que um deles é “banhado a ouro” – o tal com que se autoapresentou no seu aniversário, em Setembro último, e que alguns dias depois apareceu “mergulhado” numa sargeta, na Praça 16 de Junho, ali no final da 24 de Julho. Faz igualmente parte das suas rotinas a organização de festas faustosas, para as quais costuma a convidar as principais figuras do jet-set nacional e não só.
Uma das suas mais polémicas aparições na televisão aconteceu num recente debate televisivo, para o qual foram igualmente convidados outros dois religiosos – um dos quais o “apóstolo” Aleixo, representante em Moçambique da igreja do (também famoso) “profeta” costa-marfinense Kakou Phillipe. Claramente alterado, Williams virou-se para Aleixo e disparou: “ouve lá, esse tal teu profeta chama-se como mesmo?…CÚ?”. Outra que também se tornou viral aconteceu num programa televisivo, onde Joe Williams disse que “só namora com mulatas”. Peremptoriamente afirmou: “se eu já sou preto, imagina se vou namorar com uma preta?! É para nascer uma criança como?...” (Carta)