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quarta-feira, 15 abril 2020 06:28

O Fuminho deve ir para os “States”

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Depois da conferência de imprensa do SERNIC, ontem, sobre a detenção do Fuminho, antes de ontem revelada em primeira mão pela “Carta”, mudei de opinião. Na manhã de ontem eu tinha bancado numa cegueira patriotice. Eu defendia num artigo na “Carta” que o Fuminho devia ficar por cá detido mais tempo para revelar, em sede de interrogatório judicial, suas relações promíscuas na pérola indica, quem lhe abriu as portas e quem lhe deu guarida, enfim suas relações cúmplices, tecidas junto de sectores políticos e económicos locais, o novo-riquismo torpe gerado da droga e suas lavandarias. Mas eu estava sobre-avaliando nossa Justiça e fazendo tábua razão de nossa porca economia política da corrupção, incluindo no judiciário.

 

Mas o Fuminho detido cá? Onde? Alguém alertou! E recordou-me que o Fuminho fugira de uma prisão no Brasil. Obviamente que nossas prisões são menos seguras. Depois tem a dimensão corrupção. Em menos de duas semanas, ele já terá todas as mordomias inerentes, incluindo acesso a telefonia móvel. E o risco de ser eliminado. O mesmo risco que motivou toda uma repulsa nacional contra a extradição do Manuel Chang para cá: a ideia de que pode levar um balázio perdido ou ingerir um veneno oferecido, queimando-se o arquivo que nele habita.

 

O conteúdo lacónico da intervenção do SERNIC alertou-me para o seguinte: traficante transnacional como Fuminho, procurado até pelo DEA, só pode ter protecção de autoridade pública corrupta. Moçambique não é um oásis de integridade. É um charco gigantesco de promiscuidade. Há cá gente poderosa interessada em que Fuminho se esfume de vez. E tudo farão para que isso aconteça. Por isso. ele deve partir. O DEA esteve envolvido na sua captura. O que significa que Fuminho deve ter traficado também para os EUA. Sendo assim, que vá para os EUA, como o último “El Chapo” mexicano, o Joaquín Guzman.

 

E uma vez lá, as autoridades negoceiam com ele um “plea bargain” (uma delação premiada) para que se tire todos os nabos da púcara. É disto que precisamos! Queremos saber os nomes dos bois que pastavam nesta selva de enriquecimento ilícito, fingindo-se empreendedores de nata quando não passam, também eles, de traficantes cujo património ilícito deve ser confiscado imediatamente. Para isso, o Fuminho deve ir para os States. Ponto final!

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