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Redacção

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quarta-feira, 07 fevereiro 2024 17:45

Razaque promete gestão municipal virada para todos

O autarca eleito na capital de Moçambique, Razaque Manhique, pediu hoje a união de todos munícipes nos próximos cinco anos, prometendo uma gestão municipal virada para todos os cidadãos.

 

“Devemos todos juntar as nossas mãos para trabalharmos pela nossa cidade (…) tenho fé que melhores dias virão para a nossa cidade”, declarou à comunicação social Razaque Manhique, eleito pela lista da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) para um mandato de cinco anos em Maputo.

 

No total, na manhã de hoje, 71 novos membros da assembleia municipal da capital moçambicana tomaram posse, dos quais 37 são da Frelimo, 30 da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e quatro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

 

O novo presidente do município de Maputo, que toma posse na tarde hoje, vai substituir o ‘veterano’ Eneias Comiche, 84 anos, economista com um longo currículo político eleito pela Frelimo, depois de uma disputa em que o seu principal oponente foi o político moçambicano Venâncio Mondlane, que liderou a lista da Renamo e que rejeita os resultados eleitorais.

 

“Esta é a cidade que todos nós queremos vê-la desenvolvida e só poderá acontecer com as nossas mãos juntas”, frisou o presidente eleito.

 

Razaque Manhique, um jurista de 41 anos, é apontado como uma aposta diferente da Frelimo, que sempre optou por candidatos politicamente mais experientes para a principal autarquia moçambicana.

 

O novo presidente do município da capital moçambicana vem das “bases” do partido no poder: foi primeiro secretário do comité da Frelimo na Cidade de Maputo, vice-presidente da Assembleia Municipal de Maputo e chefe da bancada da Frelimo naquele organismo.

 

Um total de 65 novos autarcas e membros das assembleias autárquicas moçambicanas tomaram hoje posse, na sequência das sextas eleições municipais realizadas em 11 de outubro último.

 

A Frelimo, partido no poder, vai governar em 60 das 65 autarquias, na sequência dos resultados do escrutínio de outubro, fortemente contestados pela oposição, que não reconheceu os resultados oficiais, e pela sociedade civil.

 

Desde o anúncio dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Renamo, maior partido da oposição, conduziu mais de 50 marchas de contestação, com registo de alguns episódios que culminaram em confrontos entre os simpatizantes do partido e as forças policiais, tendo algumas pessoas chegado a ser detidas e outras feridas.

 

A Renamo reclama vitória nas maiores cidades do país, incluindo Maputo, com base na contagem paralela através das atas e editais originais, mas foi declarada vencedora em apenas quatro municípios, metade dos que tinha anteriormente, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força política parlamentar, manteve o município da Beira.(Lusa)

O presidente executivo da petrolífera TotalEnergies disse hoje, na apresentação de resultados, que a empresa "não está longe de ter tudo pronto" para recomeçar as obras para exploração de gás natural no norte de Moçambique.

 

"Estamos a mobilizar novamente os empreiteiros e não estamos longe de ter tudo pronto" para recomeçar as obras, disse Patrick Pouyanné durante a apresentação dos resultados de 2023 da empresa, que decorre hoje em Londres.

 

"A última parte é o refinanciamento do projeto, que foi suspenso, digamos, quando houve os eventos [de terrorismo que forçou a suspensão do projeto]", acrescentou o responsável.

 

Para a TotalEnergies, o que é preciso agora é "reativar as instituições financeiras em todo o mundo, e depois quando isso estiver feito vamos recomeçar o projeto", concluiu, sem apontar datas.

 

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

 

Dois desses projetos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido. 

 

O maior é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.

 

O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

 

Um terceiro projeto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, diretamente no mar, que arrancou em novembro de 2022.

 

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.(Lusa)

Em Janeiro último, a economia do sector privado de Moçambique sofreu uma contração pelo terceiro mês consecutivo e ao ritmo mais acentuado em dois anos, de acordo com os resultados do mais recente inquérito PMI, realizado pelo Standard Bank Moçambique. As tendências de produção e novas encomendas continuaram a piorar, resultando na primeira queda no emprego desde Fevereiro de 2022.

 

O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index (PMI). Indicadores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, ao passo que indicadores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração. Em Janeiro, o principal indicador do PMI ficou abaixo dos 50,0 pelo terceiro mês consecutivo, descendo para 47,8 face aos 48,8 registados em Dezembro.

 

Comentando os resultados do inquérito, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, afirma que a queda do PMI reflecte principalmente quedas na produção, nas novas encomendas, no emprego e nas aquisições, o que aponta para uma fraca procura agregada.

 

“Consistente com uma fraca procura agregada, e com um Metical estável, as empresas reportaram uma ausência de pressões nos custos de aquisição, o que ajudou a manter os preços de venda relativamente estáveis. O sub-índice de expectativas futuras continuou a sinalizar perspectivas de aumento do investimento, das vendas e dos lucros, muito provavelmente associadas à retoma este ano do investimento no projecto de gás natural liquefeito (GNL) em Cabo Delgado”, assinalou Mussá.

 

No seu comentário, o economista-chefe do Standard Bank assinala o corte, no fim de Janeiro, da principal taxa de juro de política monetária, MIMO, pelo Banco de Moçambique, em 75 pontos base para 16.5%, de 17.25%. Para ele, a decisão do Banco Central sinaliza o início de um ciclo de alívio da política monetária, permitido pela descida da inflação.

 

“Mantemos as nossas previsões de uma inflação de fim do ano de 5.9% para 2024 e 6.3% para 2025, após 5.3% em 2023, num contexto de um possível impacto do fenómeno El Niño. Uma redução prudente das taxas de juro da política monetária implica que as condições de financiamento se mantêm apertadas”, assinalou Mussá.

 

Numa análise prospectiva, as expectativas de produção para o próximo ano, dos inquiridos, permaneceram fortemente positivas em Janeiro. Contudo, o grau de optimismo diminuiu ligeiramente para o nível mais baixo dos últimos quatro meses, ficando abaixo da tendência da série. Nos casos em que as empresas esperam um aumento da actividade, os comentários dos membros do painel relacionaram essa expectativa, sobretudo, com a esperança de maiores vendas, lucros e investimentos.

 

O PMI do Standard Bank Moçambique é compilado mensalmente, desde Março de 2015, a partir das respostas aos questionários enviados aos directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o PIB. Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufatureiro, a construção, o comércio por grosso e a retalho e os serviços. (Carta)

Um total de 149.222 jovens foram inscritos no Serviço Militar Obrigatório (SMO) desde janeiro em Moçambique, uma ligeira subida quando comparado a igual período de 2022, com mais de 148 mil inscritos, anunciou o Ministério da Defesa.

 

“Volvidos cerca de quatro semanas de atividades de recenseamento militar, que arrancou no dia 02 de janeiro, o Ministério da Defesa Nacional recenseou, em todo o território nacional, 149.222 mancebos, o correspondente a uma execução de 67,48% da meta planificada” refere-se num documento de avaliação preliminar a que a Lusa teve hoje acesso.

 

Do total de inscritos, 96.741 são homens e 52.481 são mulheres, num processo que arrancou a 02 de janeiro e termina a 28 de fevereiro, estando prevista a inscrição de mais de 221.141 jovens.

 

As províncias da Zambézia, Manica, no centro de Moçambique, e Maputo e Gaza, no sul, são as que registaram o maior número de jovens.

 

O Ministério da Defesa de Moçambique tem 1.670 postos de recenseamento, dos quais 1.499 são fixos e 171 móveis.

 

O Presidente moçambicano promulgou, em dezembro, a revisão legislativa que aumenta de dois para cinco anos o tempo mínimo do serviço militar obrigatório, aprovada no parlamento apenas com os votos favoráveis da maioria da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder).

 

O recenseamento militar vai decorrer em todo o país e em missões diplomáticas e consulares para o caso de jovens moçambicanos residentes no estrangeiro, num processo que abrange todas as pessoas que não tenham ultrapassado os 35 anos.

 

O exercício é feito no início de cada ano e não implica automaticamente a incorporação no SMO, pois este ato está sujeito a testes de aptidão e ao número definido anualmente para o ingresso nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).(Lusa)

O Presidente-cessante do Município de Maputo, Eneas Comiche, que terminou ontem o seu mandato, inaugurou nesta terça-feira (06) mais um Centro de Saúde Municipal, localizado na avenida Fernão Magalhães. A unidade sanitária tem por objectivo reforçar os serviços de saúde prestados no município. O Edil-cessante de Maputo disse que, com esta Unidade Sanitária, os munícipes terão mais facilidades para tratamento.

 

“Aos profissionais de saúde desta unidade sanitária esperamos que cumpram com o seu papel divulgando da melhor maneira informações, conhecimentos e procedimentos sobre prevenção e controlo de doenças”, disse Comiche.

 

Segundo a vereadora da Saúde e Acção Social do Município de Maputo, Alice de Abreu, numa primeira fase, o Centro de Saúde vai prestar actividades de promoção de saúde, prevenção de doenças, cuidados e tratamentos.

 

A unidade sanitária conta com 30 funcionários que vão trabalhar das 07h30 às 15:h00, numa fase inicial, e, posteriormente, poder-se-á prolongar os serviços até às 20h00 e, até ao fim do ano, pretende-se que funcione 24 horas por dia.

 

Avaliado em cerca de 260 Milhões de mts, o Centro de Saúde junta-se aos outros 30 geridos pelo Município da cidade de Maputo. Erguido numa área de 320 metros quadrados, o novo centro conta com três gabinetes médicos, sala de Raio X, sala de tratamento, sala de esterilização, um gabinete de estomatologia, laboratório, farmácia e uma sala de reuniões. (M.Afonso)

Dados do Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social, partilhados pela Sasol, indicam que Moçambique é dos países que menos devolve o dinheiro proveniente da extracção dos recursos minerais às comunidades hospedeiras dos projectos.

 

De acordo com a análise comparativa feita por aquele organismo das Nações Unidas, o Estado moçambicano concentra 90% das receitas provenientes da indústria extractiva nos órgãos de nível central, deixando 7,25% para a província de origem e apenas 2,75% para as comunidades hospedeiras.

 

A estratégia moçambicana de descentralização das receitas da indústria extractiva encontra-se muito abaixo da que é implementada no Brasil, Peru, Bolívia, Indonésia e Nigéria. No Brasil, a título de exemplo, o Estado devolve, às zonas de origem dos recursos, 66% das receitas, enquanto no Peru são devolvidos 55% das receitas. Já a Bolívia devolve 41%, superando a Indonésia que devolve 15% e a Nigéria que devolve 13% das receitas geradas pela exploração do petróleo.

 

Na análise comparativa partilhada pela multinacional sul-africana, a política moçambicana de devolução do dinheiro da indústria extractiva às zonas de origem dos recursos iguala-se a que é implementada na Colômbia (10%) e só supera as implementadas no Gana (7%), Papua Nova Guiné (5%) e Equador (2%).

 

Para além de ser um dos países que menos devolve o dinheiro às comunidades hospedeiras, Moçambique é dos países que calcula o valor a devolver às comunidades apenas a partir das receitas provenientes do Imposto de Produção, ignorando os restantes impostos cobrados nesta indústria, como são os casos do IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado), IRPC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas) e IRPS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares).

 

De acordo com o Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social, o Brasil, por exemplo, calcula o valor a devolver às comunidades hospedeiras dos projectos de extracção dos hidrocarbonetos a partir das receitas do imposto de produção e das que derivam da sua participação. O Peru baseia-se nos impostos de produção e de renda. Nigéria, México, Equador e Indonésia calculam a partir da totalidade dos impostos do sector.

 

Sublinhar que, nos seus cálculos, o Governo moçambicano não inclui as receitas geradas com base nos impostos pagos em espécie pela Sasol (através do gás natural), pelo que, o dinheiro devolvido às comunidades de Pande (Govuro) e Temane (Inhassoro), em Inhambane, onde a petroquímica opera, baseia-se exclusivamente nas receitas geradas pelos impostos pagos em dinheiro. Aliás, a análise refere ainda que Moçambique é dos que cobra menor percentagem de imposto de produção (6%). A Colômbia, por exemplo, cobra entre 20 a 25%, enquanto o Gana cobra 10%. 

 

Refira-se que, em 2022, de acordo com a Conta Geral do Estado, o Governo transferiu, a um conjunto de 22 comunidades afectadas pela indústria extractiva em todo o país, um total de 44,7 milhões de Meticais, contra 73,9 milhões de Meticais transferidos no ano de 2021. Do valor, as comunidades de Pande (Govuro) e Temane (Inhassoro), na província de Inhambane, onde opera a Sasol, receberam cada 6,2 milhões de Meticais. (Carta)

O número de caixas electrónicas (ATM, sigla em Inglês) e Pontos de Venda (POS, em Inglês) tende a cair no sistema bancário nacional, nos últimos quatro anos. Em contrapartida, o número de agentes de instituições de moeda electrónica tende a aumentar exponencialmente.

 

Dados provisórios disponibilizados recentemente pelo Banco de Moçambique revelam que, em 2020, o sistema bancário detinha 1.7 mil ATMs contra 26.5 mil POS, mas quatro anos depois, em 2023, o número caiu para 1.5 mil ATMs contra 27.3 mil POS. Em contrapartida, o número de agentes de moeda electrónica aumentou consideravelmente entre 2020 a 2023.

 

Em 2020, o número de agentes de instituições de moeda electrónica situava-se em 69.5 mil, mas quatro anos depois, em 2023, disparou para 224.7 mil. Como consequência, as contas dos utilizadores nas instituições de moeda electrónica em moeda nacional também aumentaram. Em 2020 eram 10.8 milhões, mas em 2023, situaram-se em 16.7 milhões de contas.

 

Constantes no "Resumo Mensal de Informação Estatística", referente a Dezembro de 2023, os dados do Banco Central indicam ainda que o volume de transacções dos serviços financeiros em moeda electrónica aumentou consideravelmente, entre 2021 a 2023. Se em 2021, o valor de depósitos situou-se em 197 mil milhões de Meticais, em 2023 o valor cresceu para 230.9 mil milhões de Meticais.

 

Entretanto, o valor de levantamento em moeda electrónica cresceu de 189.4 mil milhões de Meticais, em 2021, contra 291.8 mil milhões de Meticais. (Carta)

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai disponibilizar um empréstimo de 40 milhões de dólares (37 milhões de euros) para Moçambique adquirir material circulante para a linha ferroviária de Ressano Garcia, no sul do país.

 

“O objetivo do projeto é permitir que os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique - CFM financiem a compra de material circulante (locomotivas, vagões e contentores cisterna) para o seu principal corredor, a linha ferroviária de Ressano Garcia”, refere BAD, em nota distribuída hoje à comunicação social.

 

A linha, que liga o porto de Maputo à fronteira com a África do Sul, gera mais de 90% do volume de tráfego ferroviário e representa 70% do volume global de transporte ferroviário dos CFM, empresa pública.

 

“O negócio inclui a aquisição de dez locomotivas diesel-eléctricas de 3000/3300 cavalos, 300 vagões e 120 contentores cisterna. Os fundos cobrirão igualmente um programa de manutenção de três anos para as locomotivas adquiridas e a formação do pessoal de manutenção dos CFM”, refere-se na nota do BAD,  que acrescenta que tenciona igualmente mobilizar 30 milhões de dólares (27 milhões de euros) adicionais de outros potenciais mutuantes para o projeto.

 

Além de dinamizar o comércio regional, espera-se que o investimento aumente receitas em divisas, prevendo-se que passem dos 225 milhões de dólares (207 milhões de euros), em 2022, para 360 milhões de dólares (331 milhões de euros), em 2036.

 

“Espera-se que o projeto melhore o acesso das famílias às infraestruturas através de serviços de transporte ferroviário.Reduzirá potencialmente o congestionamento e os tempos de viagem em 2 minutos por quilómetro e reduzirá o número de mortes na estrada, transferindo o tráfego para os caminhos-de-ferro”, conclui-se na nota.(Lusa)

A concessionária do porto de Maputo (MPDC) prevê investir nos próximos três anos 600 milhões de dólares (553,4 milhões de euros) na expansão da infraestrutura portuária, a primeira fase de investimento na adenda ao contrato de concessão, até 2058. 

 

Em entrevista à agência Lusa, o diretor executivo da Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), Osório Lucas, explicou que essa primeira fase vai aumentar a capacidade do terminal de contentores, dos atuais 170.000 para 530.000 contentores em três anos.

 

“São quase 90% de aumento. E vai aumentar também a capacidade do Terminal de Carvão da Matola, de sete milhões [mtpa] para 12 milhões. E a nossa capacidade na carga geral vai subir de 10 milhões [mtpa] para 13 milhões, na fase 1, que estará concluída nos próximos três anos”, detalhou.

 

Estes investimentos estão prontos a avançar, logo após a assinatura da adenda ao contrato de concessão, aprovada em 23 de janeiro último pelo Conselho de Ministros, e que implicam mobilizar nos três primeiros anos 600 milhões de dólares: “Este é outro fator interessante.

 

A adenda ao contrato de concessão estabelece uma obrigatoriedade de investir neste intervalo de três anos e fazer a primeira fase de investimento. Não é uma opção, nós temos a obrigatoriedade de o fazer”.

 

A concessionária do porto de Maputo prevê duplicar o volume de carga movimentada anualmente até 2058, com a extensão do contrato e investimentos globais, nesse período, de 2.060 milhões de dólares (1.900 milhões de euros).

 

A MPDC prevê passar de um volume manuseado de carga de 26,7 mtpa (milhões de toneladas por ano) em 2023 para 50,9 mtpa em 2058, no final do período desta nova prorrogação do contrato, de mais 25 anos (a contar de 2033).

 

Estima igualmente até 2058 o aumento da capacidade operacional dos atuais 37 mtpa para 54 mtpa e da capacidade do terminal de 270 para um milhão de contentores, a expansão do Terminal de Carvão da Matola de 7,5 para 18 mtpa e do Terminal de Carga Geral de 9,2 para 13,6 mtpa.

 

A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo é uma empresa privada moçambicana que resultou da parceria entre os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a Portus Indico, esta constituída pela Grindrod, DP World e a empresa Mozambique Gestores.

 

“Esta extensão, que foi negociada com o Governo durante um período de quase um ano e meio, que começou em novembro de 2022, tem por objetivo criar capacidade e condições para aumentar o volume de carga manuseada no nosso porto. A capacidade nominal antes desta extensão é de 37 milhões de toneladas, contra os 17 milhões de toneladas anteriores ao nosso investimento, sendo que no ano passado atingimos 31 milhões, andámos aí a quase 80% da capacidade”, detalhou o diretor executivo.

 

O responsável acrescentou que a MPDC já investiu desde 2003 cerca de 900 milhões de dólares (830,6 milhões de euros) na modernização da infraestrutura portuária, aumentando para 37 milhões de toneladas de capacidade através da dragagem de aprofundamento, reabilitação e aprofundamento de mais de cerca de 1.500 metros de cais, equipamentos, sistemas e num centro de formação.

 

O porto de Maputo movimenta atualmente cerca de 10.000 trabalhadores, diretos e indiretos, 99% moçambicanos e que dependem todos os dias da atividade do porto, número que a administração prevê crescer com a extensão da concessão.

 

“Vai ter impacto nos trabalhadores na ordem de 2.000 trabalhadores mais, diretos e indiretos, quer seja no terminal de carvão, quer seja no terminal de contentores”, sublinhou o diretor executivo.

 

No âmbito da extensão da concessão, a administração acordou com o Estado investir 15 milhões de dólares (13,8 milhões de euros) - que não se insere no valor comprometido para o investimento no porto - em seis projetos sociais, nomeadamente na acessibilidade à ilha de Inhaca, na entrada da baía de Maputo e na reabilitação dos pontões de Maputo e Catembe, entre outros.

 

“É um exemplo que se deve usar como referência. Dizer às empresas com capacidade financeira 'invistam no país, promovam a geração de emprego, mas deixem algum impacto na sociedade'”, concluiu Osório Lucas.(Lusa)

Trinta e nove (39) estudantes provenientes de diferentes províncias que concorreram a bolsas de estudo para diferentes cursos na Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), no Brasil, através do Instituto de Bolsas de Estudo de Moçambique (IBE), alegam que foram abandonados e burlados pelo Estado.

 

Segundo a representante do grupo, Margarida Nipatyhi, o processo para ingresso na referida universidade iniciou em Janeiro de 2023, quando vários estudantes se candidataram a vagas anunciadas pela UNILAB e publicadas também pelo IBE e, posteriormente, passaram por todas as fases, desde os exames até ao apuramento.

 

Como o número era elevado, os estudantes foram divididos em dois grupos, sendo que um já se encontra no Brasil desde Agosto do ano passado. O outro devia estar no Brasil desde o dia 07 de Janeiro do presente ano, mas a viagem ainda não aconteceu devido ao atraso de fundos para aquisição das passagens.

 

Faltando três dias para a viagem, os estudantes foram solicitados para que se aproximassem ao Centro Cultural Brasil-Moçambique, na cidade de Maputo, ansiosos para receber as passagens para embarcar no dia seguinte para Brasília.

 

Chegados ao local, o representante da Directora do Instituto de Bolsas de Estudo (IBE) informou-os que não havia mais financiamento porque o Estado cortou o orçamento em 46 por cento. Na ocasião, os estudantes sentiram-se abandonados e desesperados porque já tinham gasto muito dinheiro para tratar o visto e outros documentos, incluindo passagens dos estudantes que vêm das províncias. Inconformados, dirigiram-se ao IBE onde não obtiveram nenhuma satisfação.

 

“Quando chegamos ao IBE ninguém se mostrou disponível a dar a cara. O funcionário que se reuniu connosco no Centro Cultural escusou-se a tecer qualquer palavra. Ficamos amotinados em frente à instituição. Posteriormente, chegaram agentes da PRM e explicamos o que estava a acontecer e eles aconselharam-nos a voltar para as nossas casas e assim o fizemos. Nesta segunda-feira, decidimos ir ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e fomos enviados para cá”.

 

Os estudantes alegam que não faz sentido, faltando três dias para a partida, o Estado dizer que já não tem orçamento, quando o mesmo IBE também tinha garantido que já estava tudo pronto, incluindo as passagens, mas, de repente, a viagem foi cancelada. Neste momento, os estudantes dizem que já estão a perder aulas que iniciaram no passado dia 18 de Janeiro.

 

 

“Nós queremos saber como é que ficamos no meio desta confusão. Os nossos pais gastaram muito dinheiro com passagens até Maputo. A universidade está pronta para nos receber, mas não temos dinheiro para adquirir as passagens. Neste grupo, temos colegas que vêm das províncias e não têm onde ficar. Eles tinham sido acolhidos por alguns colegas de Maputo, mas já foram mandados embora. Temos colegas que hoje vão dormir na rua porque não têm abrigo”, explicou um dos estudantes.

 

A fonte diz ainda que as candidaturas foram feitas através do edital lançado pela UNILAB e IBE. Os candidatos fizeram a inscrição no site da UNILAB e submeteram os documentos no IBE, razão pela qual o primeiro grupo já se encontra no Brasil a estudar desde Agosto do ano passado.

 

“Neste momento, já gastamos em torno de 50 a 60 mil mts contando com as despesas de viagem de alguns colegas das suas províncias para Maputo e o IBE ainda diz que temos que comprar as passagens para o Brasil. Os nossos pais não estão em condições de conseguir o valor em poucos dias e alguns chegaram a contrair empréstimos para tratar todo o processo”.

 

Por sua vez, a Directora do Instituto de Bolsas de Estudo (IBE), Carla Caomba, diz que os 39 estudantes foram seleccionados directamente pela UNILAB-Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira por meio de um concurso para participar num programa de formação da própria instituição.

 

Caomba justificou que, neste momento, o IBE não pode custear as despesas de deslocação destes estudantes porque, dada a actual conjuntura sócio-económica do país e os desafios associados, a instituição sofreu um corte financeiro significativo.

 

“Por esta razão, comunicamos a nossa contraparte, a UNILAB, sobre a nossa incapacidade para financiar estudantes para este ano académico até que a situação financeira do país melhore. É exactamente por isso que, para este ano, não existe qualquer anúncio relacionado com as bolsas”.

 

Detalhou que a redução de fundos terá impacto não só no envio de novos estudantes como também na manutenção daqueles que já estão no sistema. A Directora do Instituto de Bolsas de Estudo considera legítima a preocupação dos estudantes e das suas famílias, contudo, apela para que se informem sobre assuntos relacionados com as bolsas junto do IBE.

 

Para este grupo específico de 39 estudantes, Carla Caomba afirmou que o Estado nunca comunicou que iria financiar as passagens.

 

“Não temos nenhum ofício ou vínculo com este grupo. Eles candidataram-se ao acesso ao ensino superior para a UNILAB. Nós realizamos uma reunião com os estudantes seleccionados no dia 02 de Fevereiro deste ano e informamo-los sobre a actual situação do IBE, mas o facto é que este grupo de 39 estudantes não consta da nossa planificação para este ano”.

 

Segundo aquela responsável, estão a ser tomadas medidas para minimizar o impacto desta decisão e oportunamente serão comunicados.

 

“Nós não temos qualquer contrato com estes estudantes, mas entramos em contacto com o nosso parceiro, a UNILAB, para explorar possíveis alternativas de apoio a este grupo e eles se prontificaram em apoiar com o alojamento, alimentação e um subsídio de 530 reais. Neste momento, o grande desafio é a aquisição das passagens de ida ao Brasil e isso deve ser individual”, frisou.

 

Questionada sobre o facto de alguns estudantes que se encontram no Brasil estarem a reclamar de falta de subsídio há mais de cinco meses, a Directora disse não ter recebido nenhuma comunicação oficial sobre o assunto.

 

“Estes estudantes receberam o subsídio em Dezembro último. O nosso calendário de pagamento dos subsídios sofreu alguma alteração por conta dos desafios financeiros, mas contactámos o nosso parceiro, a UNILAB, para que nos pudesse apoiar no que puder e conseguimos a gratuidade da alimentação e um apoio de emergência no mês de Janeiro deste ano. Não sabemos qual foi a motivação destes estudantes difundirem esta informação sobre os cinco meses de atraso dos subsídios”.

 

A fonte esclareceu ainda que, neste momento, se encontram no Brasil 144 bolseiros do IBE seleccionados no quadro da parceria com a UNILAB. No geral, o IBE conta com 3584 bolseiros, dentro e fora do país.

 

“Isto não impede que cidadãos nacionais possam concorrer às bolsas a título particular, desde que suportem os encargos da formação”. (M.Afonso)

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