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O Delegado do PODEMOS na província de Nampula alegou esta segunda-feira (14) que indivíduos até aqui desconhecidos tentaram assassiná-lo por volta das 22h00 do último domingo, na capital provincial, em sua própria residência.

 

Castro Niquina acredita que a tentativa de assassinato, envolvendo pelo menos seis homens, tenha motivações políticas de outros partidos, devido à sua posição na defesa dos resultados da votação da última quarta-feira (09). Afirmou que o crime não foi consumado graças à pronta intervenção dos vizinhos.

 

A fonte falava em conferência de imprensa na cidade de Nampula, onde afirmou que a causa do PODEMOS e de Venâncio Mondlane é do povo moçambicano e, por isso, mesmo que seja morto, a defesa dos interesses da pátria continuará.

 

Lembrou ainda que a morte é o caminho de todos os homens, caso a tentativa de o assassinar tenha sido uma encomenda política.

 

Por outro lado, o líder do PODEMOS na província de Nampula denunciou diversas irregularidades na votação, com destaque para a viciação dos resultados, como a alteração dos números, e até a não realização da contagem dos votos no distrito de Angoche, onde alegadamente a FRELIMO foi declarada vencedora.

 

Explicou ainda que o facto de os membros da RENAMO em Nampula exigirem a demissão do seu presidente, Ossufo Momade, é um sinal de reconhecimento dos bons resultados alcançados pelo PODEMOS em muitos distritos de Nampula no passado dia nove. (Carta)

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O Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Chimbirombiro Simango, denunciou, na manhã desta segunda-feira, a detenção ilegal de um membro do seu partido, no distrito de Ribaué, província de Nampula. A denúncia foi feita hoje, em conferência de imprensa.

 

Segundo Simango, o indivíduo foi detido na última quarta-feira, 9 de Outubro de 2024, por ordem do Director Distrital do STAE de Ribaué, após recusar-se a “acatar ordens ilegais”. A fonte afirma que a vítima, de nome Artista José Massaca, ainda não foi ouvida e muito menos foi instaurado um processo contra ele, “o que representa uma violação”.

 

Numa conferência de imprensa de pouco mais de 10 minutos, Simango defendeu que o seu partido está na posse de “todos editais e actas das Mesas de Votação”, porém, recusou-se a partilhar os resultados da sua contagem paralela. “Neste momento, estamos a realizar a nossa contagem paralela, que está na ordem de 80%, (…) e quando terminar vamos divulgá-la”, afirmou, defendo que, em algum momento, os números em sua posse chocam com os divulgados pelos órgãos eleitorais.

 

Entretanto, o Presidente do MDM garante que o seu partido continuará na Assembleia da República, embora “ainda não estamos satisfeitos com os resultados”. “Em alguns sítios estamos em frente que os nossos adversários”, assegurou, defendendo que o MDM é pela justiça eleitoral.

 

“Por isso, vamos convidar a CNE e o STAE para que divulguem os verdadeiros resultados, para que não haja manipulação. Nós sempre estaremos do lado da justiça social, do nosso povo, que votou massivamente pelas mudanças”, enfatizou.

 

Refira-se que os resultados oficiais, assim como da contagem paralela, indicam para derrota do MDM e seu candidato presidencial, aparecendo em quarto lugar, atrás da Renamo, que também perdeu o trono de maior partido da oposição. (Carta)

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O desafio foi lançado este domingo (13) pelo Presidente do Município de Quelimane, Manuel de Araújo, durante uma “live” feita pelo edil, na sua página oficial, quando se encontrava no Aeroporto da capital da Holanda, em mais uma missão diplomática com vista a resgatar os valores e os processos democráticos em Moçambique.

 

“É verdade que é uma posição bastante controversa, pois, alguns, até amigos, acham que deveríamos primeiro esgotar os mecanismos internos antes de accionarmos os mecanismos internacionais. Concordo e respeito essa opinião, mas a minha experiência mostra que a antecipação é fundamental; um homem prevenido vale por dois. Por isso, decidi, e não foi fácil tomar essa decisão, mas já tinha evidências suficientes para poder provar em qualquer tribunal nacional, regional, continental ou internacional, a existência de fraude eleitoral em Moçambique”, destacou.

 

Manuel de Araújo diz que decidiu pegar essas provas e rumar, em primeiro lugar, para a Europa e depois para a América, para despertar a opinião pública internacional sobre o que está a acontecer em Moçambique neste momento.

 

“Como sabem, fiz uma campanha eleitoral bastante intensa; passei três vezes pelos 22 distritos da província da Zambézia. Saí de um distrito para outro e não foi tarefa fácil porque não há estradas, mas sinto-me feliz por ter cumprido com essa missão patriótica de contribuir de forma singela para o fortalecimento da democracia em Moçambique”.

 

De Araújo aponta que possui evidências sobre a fraude eleitoral. “Tenho vídeos comigo, cópias de boletins de votos que estão fora do sistema controlado pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral e Comissão Nacional de Eleições (STAE e CNE). Tenho uma série de evidências que são importantes para mostrar à comunidade internacional a radiografia da fraude eleitoral em Moçambique”.

 

O edil diz que o país teve uma missão do Parlamento Europeu, composta por alguns parlamentares europeus e não só.

 

“Esteve presente o meu antigo professor João Gomes Cravinho, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, que fez uma afirmação controversa. Porém, coloco uma dúvida: não quero acreditar que aquele vídeo que circula tenha sido o que o professor Cravinho disse. Alguém pode ter tirado do contexto. Mas, como não vi o vídeo completo, vou julgar o professor apenas pelo que vi. Se foi aquilo que ele disse e se não foi tirado de contexto, “professor, acabaste de me decepcionar”.

 

O Presidente do Município de Quelimane diz que tinha muito respeito pelo professor João Gomes Cravinho, não só pela sua capacidade intelectual, mas também pelas diversas posições que ocupava.

 

“Estou bastante preocupado com os pronunciamentos do professor Cravinho e espero que tenha sido algo tirado do contexto, porque, se não, todo o respeito que eu tinha por ele acaba aqui”.

 

Para Manuel de Araújo, Portugal deve superar o complexo da colonização. “Noto que há dificuldades, tanto do governo como da oposição, em tomar uma posição construtiva para fortalecer a democracia em Moçambique, porque muitos no PSD e no PS ainda têm um complexo em relação à colonização. Irmãos portugueses, nós, os moçambicanos, já superamos esse complexo; de Moçambique para Portugal, já não há esse complexo, mas de Portugal para Moçambique, ainda persiste o complexo da colonização e da descolonização, que ocorreu de forma errada e desordenada”.

 

A fonte avança no seu live que é preciso dar um passo em frente e ultrapassar esse complexo, tanto no PSD quanto no PS.

 

Sugeriu a organização de uma conferência em Moçambique, em Portugal ou em outro país, para discutir a questão da colonização e descolonização. Referiu ainda que o que acontece é uma vergonha tendo em conta que, nos últimos cinco anos, o antigo embaixador de Moçambique em Portugal, Casimiro Bule Joaquim (que foi seu colega), celebrou vários acordos, de milhares de euros, mas nem um terço foi implementado.

 

“Nós queremos dois terços, se não 100% deste acordo implementado, porque o acordo foi renovado. Aliás, todos celebraram quando Costa e o Presidente Marcelo adiaram a visita a Quelimane no dia 21 de Agosto”, anotou.

 

“Portanto, quero desafiar a todos para que, de peito aberto, olhemos para as eleições, corrijamos o que está errado e coloquemos Moçambique no caminho da democracia. Estou a fazer a minha parte, que é pequena, mas estou agora na Holanda e vou para outros países com o dossier que tenho de vídeos, provas, fotos e boletins originais para mostrar à comunidade internacional que há fraude em Moçambique e que quem faz a fraude é a Frelimo. A soberania já não reside no povo, mas no comité central da Frelimo”, afirmou o autarca de Quelimane. (M. Afonso)

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Populares acusam os militares de terem baleado mortalmente dois operadores de táxi mota, a menos de um quilómetro do quartel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), no bairro Maringanhe, na cidade de Pemba, em Cabo Delgado. Os corpos das vítimas foram encontrados na manhã da passada quinta-feira (10).

 

As vítimas, de 22 e 27 anos de idade, foram baleadas na madrugada do mesmo dia por indivíduos desconhecidos, mas a população local suspeita que tenham sido mortos por militares, os únicos que podem circular com armas naquele raio.

 

"Não se chega àquela zona de qualquer maneira, então a informação que temos aqui é que esses dois homens foram baleados por militares. Disso não temos dúvidas. Acho que não queriam pagar o serviço de táxi, então nessa discussão acabaram matando", disse um residente local, explicando que o segundo moto-taxista foi baleado cerca de 300 metros do local onde iniciou a discussão.

 

"Tudo indica que, quando mataram o primeiro, o segundo moto taxista começou a fugir e, vendo que este podia denunciá-los, os soldados perseguiram-no e mataram-no também", acrescentou outro residente.

 

Os corpos das vítimas permaneceram ao ar livre e foram evacuados por volta das 13h00 por uma equipa multi-sectorial liderada pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) que até ao momento não se pronunciou.

 

Em Maringanhe, embora os residentes considerem uma zona calma em termos de criminalidade, há relatos de violações sexuais e violação de direitos humanos protagonizados pelos militares.

 

“Recentemente, um militar foi encontrado a violar sexualmente uma menina numa casa inacabada. Nós só ouvimos gritos e quando chegamos encontramos os dois. Os familiares da menor bateram no militar que foi salvo pela polícia comunitária", narrou outro residente de Maringanhe.

 

As nossas fontes apelam às autoridades a intensificar a educação patriótica dos membros das Forças de Defesa e Segurança para ter a mesma postura dos soldados ruandeses.

 

O suposto envolvimento dos membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique nos dois baleamentos em Maringanhe aconteceu cerca de duas semanas depois da visita do ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, às obras do hospital militar em construção naquele bairro.

 

A Polícia da República de Moçambique já está no terreno para investigar o caso e promete pronunciar-se dentro em breve. (Carta)

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O enchimento de urnas não é novidade, mas foi muito mais descarado e aberto nesta eleição em comparação com eleições passadas. Os observadores da União Europeia testemunharam o enchimento de urnas em seis províncias, disse a observadora-chefe Laura Ballarin Cereza, em conferência de imprensa, na sexta-feira.

 

E os observadores nacionais observaram enchimento de urnas em 10% das assembleias de voto visitadas na Zambézia, que novamente é a pior província. Observadores na Zambézia relataram muitos presidentes com pilhas de boletins de voto já arrancados do livro de votos, prontos para serem entregues a pessoas seleccionadas que irão preencher vários boletins de voto para a Frelimo e depois dobrá-los.

 

Num exemplo particularmente óbvio, o Presidente da Mesa de Voto deu três boletins de voto adicionais a um eleitor que depois se dirigiu à cabina de votação, mas o eleitor regressou ao Presidente da Mesa para pedir mais um boletim de voto extra. Todos foram colocados nas urnas.

 

Noutro caso, o presidente foi instruído a entregar boletins de voto adicionais a um director de escola que fosse mais antigo no partido. Mas, noutra Assembleia de Voto, um director de escola queixou-se de não terem recebido boletins de voto adicionais suficientes. Contudo, nem todos os presidentes acertaram. Numa assembleia de voto, eleitores furiosos rasgaram os boletins de voto extra que receberam.

 

E os observadores relataram que eleitores com pastas e telefones entraram nas cabines de votação. Diz-se que as pastas contêm boletins de voto extras e o telefone serve para tirar foto dos boletins de voto, para que a pessoa possa ser paga. Para evitar isso, os celulares não são permitidos nas cabines de votação, mas os funcionários nunca se opõem.

 

Todos esses casos foram vistos e relatados por observadores. Não há mais nenhuma tentativa de manter em segredo o enchimento das urnas. Em três assembleias de voto onde os delegados da oposição se opuseram, a polícia foi chamada e os delegados decidiram não continuar o seu protesto. (Joe Hanlon)

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A Polícia da República de Moçambique (PRM), na província de Nampula, deteve, na última quarta-feira (09), dez cidadãos por prática de ilícitos eleitorais, enquanto decorria a votação. A porta-voz da PRM em Nampula, Rosa Nilza Chaúque, avançou esta quinta-feira que os ilícitos foram registados nos distritos de Nampula, Nacarroa, Nacala, Monapo e Rapale.

 

"Tivemos dez casos de ilícitos eleitorais, sendo dois de tentativa de introdução de boletins preenchidos nas urnas. Tivemos também cinco casos de tentativa de destruição de boletins. Os ilícitos foram registados na cidade de Nampula e nos distritos de Eráti, Nacarroa, Nacala, Monapo e Rapale" avançou a fonte.

 

Acrescentou que, nos casos em que a Polícia disparou, fê-lo para manter a ordem e segurança pública, contudo apelou às partes interessadas para que se mantenham nas suas residências aguardando pela divulgação dos resultados. (Carta)

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