Cerca de 480 estudantes moçambicanos que ganharam bolsa de estudos para Portugal são obrigados a passar a noite em frente à agência VFS. Global, sediada no Maputo Shopping, na cidade capital, para conseguir tratar o visto de viagem porque diariamente só atendem 25 pessoas.
Segundo Giantine Meglieti, mãe de uma das estudantes que também pretende tratar o visto, Portugal atribuiu bolsas em regime especial a cerca de 480 estudantes, mas os vistos não são tratados no consulado.
“Penso que o consulado agenciou uma empresa que se encontra no Maputo Shopping para tratar os vistos, mas os estudantes têm de dormir lá em frente à agência, no chão gelado, para garantir que quando a instituição abre às 08h00 possam serem os primeiros na fila, para conseguirem tratar o documento. Trata-se de estudantes que participaram de um concurso de bolsas que a embaixada de Portugal ofereceu, mas em regime especial. Não são bolsas completas. Eles dão 70 por cento da bolsa e os encarregados pagam os outros 30 por cento e pagamos acomodação para eles. O que é muito bom para os nossos filhos”.
A fonte diz que o mais preocupante nisso tudo é que ninguém está a fazer nada para reverter esta situação. Os estudantes deixam de estar no conforto das suas casas para ficar em filas enormes, passando frio à madrugada e sujeitos a uma situação desumana.
Megliete conta que todos os estudantes já deviam estar em Portugal porque as aulas já começaram, entretanto, à medida que alguns vão tendo os vistos estão a viajar e outros ficam para trás. Os vistos nem demoram tanto, mas o processo para se chegar à pessoa que trata é que está a ser desgastante.
“A este período da tarde creio que já existem pais que estão a caminho para passar a noite lá à espera de conseguir tratar o visto para seus filhos. Inclusive uma amiga da minha filha foi lá na terça-feira às 03h00 da manhã e já havia 25 pessoas e ela teve de voltar para casa. Outros foram para lá às 19h00 da segunda-feira que era para esperar até às 08h00 do dia seguinte para serem atendidos. E depois da marcação tens de estar lá presente até à hora da abertura da agência. O mais angustiante é que são miúdos dos seus 18 anos que concluíram recentemente a 12ª classe e tiveram essa oportunidade. Esta é uma situação muito feia. Nem sei se o consulado sabe. Assim tenho que me preparar para seguir o que os outros estão a fazer para conseguir tratar o visto da minha filha. Estou a pensar em sair de casa às 20h00 para dormir lá para fazer a marcação”, contou a fonte.
Depois deste depoimento, visitamos a instituição responsável pela emissão dos documentos e encontramos jovens desesperados que iam tratar de visto de viagem para estudar e outros para trabalho. Em conversa com a “Carta”, um pai desesperado contou que tratou o visto de trabalho há mais de um mês e dias depois os seus colegas também foram submeter o pedido, sendo que os mesmos conseguiram o documento em menos de duas semanas, mas ele ainda está à espera.
Conversamos ainda com outro estudante que chegou às 14h00 só para tentar a sorte, não sabendo se vai ou não ser atendido.
Em contacto com o Consulado de Portugal, fomos atendidos por um jovem que sem se identificar garantiu que todos os vistos são tratados pela VFS. Global no Maputo Shopping. Questionamos se eles tinham conhecimento de que há estudantes que são obrigados a dormir no chão para marcar a fila para obter o visto, mas ele optou em transferir a chamada para a secretária da Cônsul, Natacha De Dell, que respondeu o seguinte:
“Neste momento, a Doutora (a Cônsul) está numa reunião, então peço que faça um email para o consulado com a informação que a senhora precisa e assim que ela ler vai dar uma resposta”. (M.A.)
As operações policiais e dos agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal, nas duas últimas semanas, resultaram na apreensão de 22 armas de fogo usadas para prática de vários actos criminais no país. A informação vem contida nos dois últimos comunicados emitidos pelo Departamento de Comunicação e Imagem do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique. As autoridades avançam que, na semana de 9 a 15 de Setembro, 12 armas de fogo foram apreendidas das mãos alheias, sendo oito pistolas, uma AK-47 e três caçadeiras. Já na semana de 16 a 22 de Setembro, foram recuperadas das mãos dos criminosos 10 armas de fogo, das quais quatro do tipo pistola, três AK-47, dois “shot gun” e uma caçadeira. No mesmo período, a polícia e o SERNIC recuperaram 229 munições. Contudo, os crimes de violação de fronteiras e imigração ilegal foram registados em grande número. (Carta)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou o registo de quatro casos relacionados com a violência no primeiro dia da campanha eleitoral na cidade de Nampula. Segundo o porta-voz da PRM, Dércio Samuel, dos quatro casos, todos de ofensas corporais, três já têm autos de notícia lavrados e remetidos às outras instituições de justiça, mas o quarto caso espera pela assinatura da vítima que se encontra em tratamento médico depois de contrair ferimentos.
Dércio Samuel asseverou que, no primeiro dia da campanha eleitoral, simpatizantes dos dois maiores partidos políticos cruzaram-se no bairro Natikir, na zona do mercado de Waresta e protagonizaram agressões físicas.
Entretanto, através da sua conta no Facebook, a Renamo na cidade de Nacala publicou que, no primeiro dia da campanha eleitoral, registaram-se sete feridos em dois bairros municipais, dos quais um hospitalizado. A outra suspeita de envolvimento nas escaramuças foi detida pela Polícia. (Carta)
A Ponta do Ouro acolheu no último fim-de-semana de 25 de Setembro um festival que acabou causando caos na pequena vila turística localizada no Distrito de Matutuíne, província de Maputo. Dados a que "Carta" teve acesso revelam que o Festival foi tão vibrante de tal modo que o caos se instalou. Estiveram mais de 10 mil pessoas no evento de dois dias (24 e 25 de Setembro).
O resultado foi um trânsito caótico na Vila da Ponta do Ouro, no local do evento e arredores, gincanas e condução perigosa. Houve inclusive poluição sonora de motas/quadriciclos e aparelhagens e muito lixo por todo o lado.
Muitos dos frequentadores do Festival optaram por dormir nas viaturas e fazer as necessidades na via pública ao longo da Vila da Ponta do Ouro. Como consequência, os operadores turísticos (restaurantes, lodges, centros de mergulho, etc.) não conseguiram ter clientes com o caos instalado e que para piorar ainda herdaram uma Vila imunda.
Em termos de ocorrências, fonte policial que preferiu anonimato relatou que, nesse ambiente caótico, se registou um acidente de viação do tipo despiste. Segundo o Director do Centro de Saúde da Ponta de Ouro, Armiro Pequenino, o acidente ocorreu na madrugada do dia 24 e feriu gravemente os ocupantes da viatura ligeira que se faziam transportar em direcção à vila da Ponta do Ouro.
Pequenino não precisou o número de pessoas, nem a marca do carro, mas acrescentou que os feridos graves foram imediatamente evacuados para o Hospital Geral José Macamo, na cidade de Maputo, e outros para o Hospital Central. Disse ainda que uma das vítimas é funcionária naquele Centro de Saúde e que o acidente aconteceu enquanto se deslocavam ao festival.
A fonte policial e o Director do Centro de Saúde negaram, entretanto, ter-se registado óbitos durante os dois dias do Festival, contrariando informações postas a circular nas redes sociais dando conta de que morreram oito pessoas. "Não confirmo essa informação", disse o Director do Centro de Saúde da Ponta de Ouro.
Entretanto, Pequenino reportou que um indivíduo de nacionalidade sul-africana foi encontrado sem vida na praia. "Não temos detalhes sobre as causas da morte. As autoridades marítimas não sabem ainda os motivos que causaram a morte ao indivíduo. Entretanto, temos informação de que os familiares já reclamaram o corpo", descreveu o Director do Centro de Saúde da Ponta de Ouro. (Carta)
Uma criança, de sete anos de idade, foi atacada por um cão da raça "Pitbull Terrier", na tarde de segunda-feira (25), no bairro de Tchumene, província de Maputo. Na sequência do ataque, parte da cabeça e do corpo da criança foram dilacerados.
Segundo o primo da vítima, Luís Matavele, o cão é da zona e apareceu espontaneamente, do lado esquerdo da rua, quando as crianças estavam a brincar bem próximo de casa.
O cão puxou a criança pelo pescoço, mordeu uma parte da cabeça e parte das nádegas, deixando-a num estado grave. De seguida, a criança começou a gritar por socorro e vários vizinhos saíram e apedrejaram o cão para que pudesse soltar a menina que gritava desesperadamente.
Segundo Matavele, a proprietária do cão não se aproximou da residência da vítima, depois do sucedido e até hoje não procurou informação sobre o estado da criança.
“Hoje minha tia ligou para informar que minha prima ainda não está em condições de receber alta hospitalar porque se encontra em estado grave. Desde que foi internada só dorme e sempre que abre os olhos chama pela irmã mais velha”, explicou.
Já alguns vizinhos contam que tudo começou quando a proprietária do cão queria sair de casa e quando se apercebeu que o guarda não estava por perto, abriu o canil e soltou um dos cães para guarnecer a residência. Posto isto, quando o guarda chegou, bem embriagado, não se apercebeu que o cão estava solto, abriu a porta e o cão conseguiu escapar.
“O guarda ainda tentou seguir o cão, mas por conta do estado em que se encontrava não conseguiu alcançar o animal. Pouco tempo depois ficamos a saber que o mesmo feriu uma criança e decidimos ir atrás até que conseguimos alvejar mortalmente e arrastámos até a casa da proprietária. Na ocasião, uma das residentes da casa da proprietária do cão mostrou-se bastante ofendida por termos tirado a vida ao cão e começou a insultar a todos que se encontravam em frente à casa. Foi daí que a população resolveu pendurar o cão na porta da sua casa e depois sepultamos em frente à casa da proprietária”, contou uma testemunha.
“O cão decepou uma das orelhas da criança e percebemos que a intenção era matar porque não aceitava soltar a menor. A vítima foi socorrida e levada ao Hospital Provincial de Maputo e, por conta da gravidade do caso, foi transferida imediatamente para o Hospital Central de Maputo (HCM), tendo recebido cuidados de cirurgia”, disse a fonte.
“O que mais nos irrita nisso tudo é o facto de a Polícia ter comparecido na casa da proprietária do cão para saber quem matou o animal, alegando que queria deter a pessoa que cometeu tal acto. Na ocasião, o comandante da equipa policial disse em voz alta que não deveríamos ter morto o cão porque o animal custa cerca de 50 mil Mts. Ele não se preocupou com a vida da criança que está hospitalizada em estado grave, a sua maior preocupação era saber quem tirou a vida do cão e acabou detendo o guarda”, explicou bastante indignado.
A fonte conta ainda que não era a primeira vez que o cão escapava daquela residência, sendo que a primeira saiu e entrou numa casa vizinha, puxou as calças de uma criança que, com a ajuda do pai, conseguiu afugentar o animal.
Entretanto, “Carta” foi até à casa da proprietária do cão onde, durante vários minutos pedindo licença, não fomos atendidos. Porém, os vizinhos garantiram que há pessoas na casa, mas que vivem trancadas e estão a tentar fugir do assunto.
Em contacto com a autoridade veterinária da província de Maputo, o nosso jornal foi informado que o animal não devia ter sido morto antes de testada a sua sanidade pelas autoridades competentes.
A raça "Pitbull Terrier" é proibida pelo mundo fora por causa da sua perigosidade. Em Moçambique, existe um vazio legal quanto às espécies caninas proibidas, de modo que a raça é criada e vendida ao desbarato.
Em Setembro do passado, um cidadão foi atacado mortalmente por um "Pitbull Terrier" no bairro Intaka. O cão pertencia ao seu irmão, Rui Sucá, que o criava num condomínio residencial.(M.A.)
O Primeiro Secretário do Comité Provincial do Partido Frelimo de Nampula, Luciano de Castro, denunciou a violência perpetrada contra os seus membros, pouco depois do arranque da campanha eleitoral rumo às eleições autárquicas de 11 de Outubro próximo. Luciano de Castro falava ontem em Nampula numa conferência de imprensa. O dirigente partidário disse que um (1) membro da Frelimo foi ferido por esfaqueamento e se encontra em tratamento médico enquanto outro foi sequestrado, não sabendo o seu paradeiro.
Segundo Luciano de Castro, o indivíduo que sofreu ferimentos encontrava-se a colocar panfletos na zona de Namicopo e o sequestrado foi encontrado no bairro Natikir.
"Aproveitamos essa ocasião para repudiar veementemente a acção macabra dos supostos membros de outros partidos que, utilizando objectos contundentes, esfaquearam um simpatizante da Frelimo que estava a colocar os cartazes na via pública e sequestraram um moço que está em parte incerta", disse.
Luciano de Castro alertou, no entanto, que as diferenças políticas não devem continuar a ser motivo de derrame de sangue, apontando a campanha eleitoral como plataforma de convivência política. Nampula tem oito (8) autarquias em disputa eleitoral. (Carta)