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Sociedade

A Renamo e a Frelimo estiveram envolvidas em confrontos violentos no município de Ulongue, distrito de Angónia, na província de Tete. Os confrontos, em que foram utilizadas catanas, ocorreram na passada quinta-feira (28 de Setembro), quando apoiantes dos dois partidos se encontravam no mesmo local e à mesma hora para as suas actividades políticas.

 

Durante os confrontos, duas pessoas ficaram gravemente feridas. Um deles sofreu um corte profundo no ligamento do cotovelo, que provavelmente resultará na amputação do braço. O outro recebeu sete cortes na cabeça e precisou de dezenas de pontos. Este foi o primeiro incidente grave ocorrido nestas eleições.

 

Na Ilha de Moçambique, o sexto dia de campanha eleitoral foi agitado. A estrada de Lumbo a Jemesse esteve intransitável durante toda a tarde. Mas o que mais marcou o dia foram os confrontos, primeiro entre a Frelimo e a Renamo, e depois entre a Renamo e o MDM. O primeiro confronto resultou em dois feridos e uma pessoa foi atropelada. Várias ameaças foram feitas entre membros dos dois principais partidos.

 

A polícia teve que recorrer à força e disparou tiros para o ar para controlar a situação. Alguns dos apoiantes dos dois partidos estavam bêbados. No confronto entre a Renamo e o MDM não houve feridos. O confronto resultou do não respeito pelas duas partes do percurso traçado para os      seus desfiles.(Carta)

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) regista anualmente um défice na ordem dos 64 biliões de dólares norte-americanos para a construção e gestão de recursos hídricos. A informação foi revelada em Maputo pela directora de Infra-estruturas da SADC, Mapolao Mukoema, na 10ª reunião regional das Organizações de Bacias Hidrográficas da SADC.

 

“O ADB [Banco Africano de Desenvolvimento] estima que a lacuna de financiamento é de cerca de 64 biliões aqui, portanto, é muito crítico”, disse Mukoema.

 

“São necessários mais investimentos para garantir que os recursos hídricos sejam desenvolvidos para lidar com as inseguranças desta região com uma população crescente”, apontou.

 

Quanto à situação de Moçambique, o Secretário Permanente do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), Hélio Banze, disse que, paralelamente à região, o grande entrave do país é a questão dos investimentos.

 

“Os grandes desafios que Moçambique tem continuam a ser dos investimentos, temos de continuar a construir infra-estruturas”, referiu.

 

Disse que actualmente o foco do país é trabalhar na construção de infra-estruturas de retenção de água e gestão de recursos hídricos.

 

“Neste momento, a nossa grande aposta é continuar a trabalhar com os nossos parceiros e internamente para que mais recursos possam ser mobilizados e mais infra-estruturas de retenção de água e gestão de recursos hídricos possam ser construídas”, anotou.

 

Disse ainda que a gestão conjunta dos recursos hídricos na região austral de África apresenta-se fulcral para evitar conflitos.

 

“Se nós não gerirmos bem a água, ela gera conflitos, nós temos exemplos concretos no mundo e não queremos chegar a este nível. Por causa disso, achamos que temos de consolidar cada vez mais a cooperação, a relação, para permitir de facto que não cheguemos ao nível em que a nossa região da SADC se torne num palco de conflito por causa das questões relacionadas com a gestão de águas”, referiu.

 

Banze disse também que na SADC os governos decidiram que a cooperação tem que ser a forma de actuação na gestão dos recursos hídricos e que Moçambique e o bloco regional precisam de fazer grandes investimentos para a implantação de infra-estruturas que possam mitigar os períodos em que há ausência ou excesso de água.

 

Para já, disse: “o país tem alistado cerca de 10 barragens grandes que devem ser construídas” e que se enquadram dentro do plano nacional da gestão de recursos.

 

A 10ª reunião regional das Organizações de Bacias Hidrográficas da SADC decorreu sob o lema “Promovendo a segurança do acesso à água através da gestão transfronteiriça inclusiva e conjunta, no desenvolvimento dos recursos hídricos”. (AIM)

Ainda continua lenta a migração tecnológica dos partidos políticos, em Moçambique. Quando passam, esta quinta-feira, 10 dias após o arranque da campanha eleitoral rumo às VI Eleições Autárquicas, pouco trabalho dos partidos políticos se tem visto nas redes sociais para a conquista do eleitorado.

 

Um “passeio” pelas redes sociais efectuado pela “Carta”, com destaque para o FacebookX (ex-Twitter), Instagram, Tik Tok e Youtube, constatou que os principais partidos políticos do país, nomeadamente Frelimo, Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), assim como os seus cabeças-de-lista, pouco têm recorrido a estas redes sociais para “caçar” votos.

 

As primeiras páginas do Facebook, Instagram, X, Tik Tok e Youtube percorridas pela “Carta” são do partido Frelimo, que têm servido de extensão dos comícios que os seus cabeças-de-lista realizam pelos pontos por onde passam. As referidas páginas não contêm os manifestos eleitorais do partido para cada um dos 65 municípios, apenas fotografias e recortes de vídeos dos comícios e interacções inter-pessoais realizados pelos candidatos à presidência das 65 autarquias.

 

Mesma situação se verifica com a Renamo e o MDM, cuja propaganda eleitoral no Facebook se limita à partilha de fotografias e recortes de vídeos de passeatas, comícios e interacções inter-pessoais com o eleitorado. Aliás, os dois principais partidos da oposição não dispõem de quaisquer páginas no Youtube, Tik Tik, X e Instagram, o que denota uma grande fragilidade em termos de presença nas principais redes sociais.

 

Para além de se verificar um vazio de conteúdos nas páginas dos principais partidos políticos nas redes sociais, nota-se igualmente pouca presença dos cabeças-de-lista nestas plataformas digitais, que congregam grande parte do eleitorado jovem.

 

Venâncio Mondlane e Razaque Manhique, cabeças-de-lista da Renamo e Frelimo para capital do país, são os únicos que têm páginas no Facebook e Youtube, sendo que o deputado da Renamo ainda mantém páginas no Tik Tok, Instagram X. Aliás, as páginas de Venâncio Mondlane são anteriores ao período eleitoral. No entanto, as páginas dos dois políticos estão pouco actualizadas. Os restantes cabeças-de-lista pululam apenas no Facebook, com destaque para os da Frelimo.

 

No entanto, à semelhança das páginas dos partidos políticos, as páginas dos cabeças-de-lista pouco oferecem aos seus visitantes, visto que publicam os mesmos conteúdos partilhados nas páginas das suas forças políticas.

 

Sublinhar que os cabeças-de-lista que concorrem à sua própria sucessão ainda contam com o patrocínio das páginas oficiais dos municípios, que são usadas como veículos de extensão da propaganda eleitoral dos seus actuais titulares.

 

Refira-se que a campanha eleitoral decorre até ao próximo domingo, 08 de Outubro de 2023, sendo que as eleições decorrem na quarta-feira, 11 de Outubro de 2023. O Município da Beira continua no centro das atenções eleitorais. (Abílio Maolela)

Iniciou em Abril de 2023 o terceiro ano de implementação do projecto “Habilitando Cadeias de Valor Pró-pobre”, focado em promover melhorias da competitividade dos pequenos agricultores e o sector do agronegócio, garantindo assim o crescimento económico rápido, sustentável e de base ampla em cadeias de valor agrícolas. Os primeiros meses do terceiro ano de implementação das acções de advocacia do projecto foram marcados por um processo de identificação e mobilização de stakeholders que estarão envolvidos nas actividades do projecto.

 

Estas ações incluem diálogos nacionais e regionais para promover reformas fiscais e comerciais, bem como campanhas de sensibilização pública e acções de capacitação para contribuir para um diálogo informado sobre tributação, comércio e cadeias de valor agrícolas.

 

O projecto é implementado no âmbito do programa Power of Voices Partnership (PVP) FAIR FOR ALL, financiado pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino dos Países Baixos, e liderado pelo consórcio composto pela OXFAM Novib, Comissão Huairou, SOMO e Third World Network-Africa (TWN-Africa), com duração de cinco (5) anos, cujo objectivo principal é promover o comércio global e cadeias de valor que sejam justas para todos.

 

O projecto faz parte de uma ação global implementada em mais de 10 países, nomeadamente Brasil, África do Sul, Gana, Nigéria, Quénia, Uganda, Índia, Vietname, Indonésia, Camboja, Mianmar e Moçambique. Para o caso de Moçambique, o Fair4All é implementado pela OXFAM Moçambique, Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) e a Associação de Apoio ao Desenvolvimento (NANA), com foco na província da Zambézia, especificamente nos distritos de Mocuba, Gurué, Alto Molócuè.

 

As actividades no terreno, que iniciam no mês de Outubro, vêm consolidar as acções que vinham sendo realizadas pelo consórcio, que incluem a consolidação de uma plataforma multi-sectorial (Governo, sector privado, académicos e comunidades) para promover o diálogo nacional e regional sobre reformas fiscais e comerciais que precisam ser implementadas para a melhorar a competitividade da agricultura de pequena escala em Moçambique, bem como contribuir para o desenvolvimento rural e à segurança alimentar, visto que grande parte da população moçambicana depende da agricultura de subsistência e de pequena escala para seu sustento (70% no último Censo).

 

O consórcio acredita que milhares de pessoas que trabalham e/ou dependem das cadeias de valor agrícolas são afectadas por elas – através da concorrência desleal, do trabalho precário, dos baixos rendimentos e das alterações climáticas. Apoiar os esforços para garantir o respeito pelos direitos humanos e aumentar as oportunidades para os produtores de pequena escala tem o potencial de melhorar os meios de subsistência de milhões de pessoas e combater a pobreza em Moçambique. É com esta visão que, de Outubro a Março, o consórcio estará engajado em acçōes de advocacia que promovam o desenvolvimento inclusivo e sustentável e que beneficiem os pequenos e médios produtores, as suas comunidades e a economia nacional.(Carta)

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda formação política da oposição, comunicou a ocorrência, um pouco por todo o país, de casos de vandalização do material de campanha eleitoral do partido, consubstanciados na destruição dos panfletos fixados em todas as artérias dos municípios.

 

“Noutros casos fazem a colagem de outros panfletos por cima dos nossos e vandalizam as infra-estruturas do partido como é o caso da província de Gaza, o que põe em causa o processo eleitoral”, denunciou o Porta-voz do partido, Ismael Nhacucue.

 

Nhacucue falava a jornalistas na cidade de Maputo, tendo avançado que o MDM tem estado a acompanhar ainda com bastante preocupação a detenção de quadros do partido na cidade da Beira, província de Sofala, por motivos ainda não claros.

 

“Os membros já foram restituídos à liberdade depois dos trâmites legais ainda em curso, mas não deixamos de olhar esta perseguição política como sinal de alguma intimidação por todo o país. Assistimos também a detenções de quadros do partido no distrito de Chiure, na província de Cabo Delgado, e, em Dondo, província de Sofala. Essas detenções visam intimidar os membros do MDM e destruir a estratégia do partido”, disse.

 

Segundo Nhacucue, na província de Maputo, o partido assistiu no primeiro dia da campanha à vandalização dos símbolos do partido e agressão física a um membro do partido.

 

“A recolha de cartões que ocorre um pouco por todo o país visa preparar a fraude eleitoral no dia 11 de Outubro e nós estamos atentos a estas manobras e não vamos permitir que isso aconteça. Essas eleições serão muito renhidas. Queremos exortar o povo para redobrar a capacidade de controlo do processo para que não tenhamos resultados fraudulentos”. (Marta Afonso)

Um suposto terrorista capturado no último sábado, no distrito de Quissanga, disse que ele e mais três colegas que ainda continuam no mato pretendiam entregar-se às autoridades devido a questões logísticas. Ele fazia parte do grupo terrorista que circulava nos postos administrativos de Quiterajo e Mucojo, no distrito de Macomia, e foi capturado no último sábado, depois de uma denúncia de populares da aldeia Tandanhangue no distrito de Quissanga.

 

O mesmo foi neutralizado quando tentava se juntar à população e, durante os interrogatórios, disse que fazia parte do grupo de quatro (4) terroristas, que abandonaram as fileiras e pretendem entregar-se às autoridades.

 

Fontes disseram à "Carta" que o capturado avançou que os outros três colegas também se querem juntar à população de outras aldeias, tendo afirmado que, embora o número de terroristas ainda seja grande, enfrenta problemas sérios de logística alimentar. 

 

O suposto terrorista foi depois conduzido à unidade das Forças de Defesa e Segurança na sede do distrito de Quissanga. Tandanhangue é uma das poucas comunidades do distrito de Quissanga que, apesar de intensos ataques à população, não chegou a abandonar totalmente as suas aldeias.

 

Falando semana passada, no Simpósio Internacional sob o lema ″Mobilizar a Inteligência Colectiva para Combater e Prevenir o Extremismo Violento e Terrorismo em África-Soluções Africanas para Problemas Africanos″, organizado pela Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC) na capital moçambicana, o ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, disse que o governo está ciente de que a morte do comandante dos terroristas Ibn Omar pode provocar vingança, por isso as FDS estão a pressionar o grupo nas operações em curso na região.

 

O governante admitiu que algumas regiões do distrito de Macomia continuam a ser alvo dos terroristas, provavelmente na zona onde os quatro elementos terão abandonado os seus colegas. (Carta)