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As albufeiras que fornecem água à região do Grande Maputo continuarão com baixos níveis de água, mesmo no fim da época chuvosa 2019/2020, situando-se abaixo de 60 por cento. Informações partilhadas pelo matutino “Notícias”, na passada terça-feira (24 de Setembro), indicam que, para combater a possível crise de água, os fornecedores deste precioso líquido devem, o mais rápido possível, procurar alternativas para garantir o abastecimento de água às cidades de Maputo, Matola e vila de Boane.

 

Segundo o “Notícias”, a previsão para a próxima época chuvosa, avançada pelo Fórum de Antevisão Climática, aponta para ocorrência de chuvas com tendência para acima do normal entre os meses de Outubro e Dezembro, na zona sul do país, situação que irá mudar na segunda metade, em que se prevê chuvas normais com tendência para abaixo do normal.

 

As barragens dos Pequenos Libombos e Corumana apresentam níveis de armazenamento relativamente baixos, com 29 e 32 por cento da sua capacidade e, segundo Agostinho Vilanculos, hidrologista da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), ouvido pelo matutino, apesar da previsão de chuvas normais com tendência para acima do normal, a situação é bastante preocupante.

 

“Existem possibilidades de um encaixe em caso de ocorrência de cheias, mas em termos de gestão estamos diante de um cenário alarmante”, disse Vilanculos ao “Notícias”.

 

Nesta senda, para fazer face a esta situação, está prevista uma reunião com o Comité de Gestão da Bacia do Umbeluzi a fim de se encontrar uma saída que garanta o abastecimento de água aos recsidentes da região do Grande Maputo.

 

“A ideia é, de forma consensual, definir as medidas a adoptar em função do diagnóstico. Mas pensamos que é importante tomar precauções tendo em conta que os níveis de água na barragem dos Pequenos Libombos estão a reduzir”, sublinhou a fonte. (Marta Afonso)

 

 

Passam aproximadamente cinco meses, desde que o ciclone Kenneth sacudiu a província de Cabo Delgado, com maior impacto nos distritos de Macomia, Ilha do Ibo e cidade de Pemba, e na zona norte da província de Nampula, tendo morto 38 pessoas e desalojado cerca de 170 mil pessoas, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

 

Foi a 25 de Abril que o país registou a passagem do segundo ciclone, em 41 dias, neste caso o Kenneth, depois de ter registado o memorável ciclone Idai, que fustigou a zona centro, com maior incidência para a cidade da Beira, tendo causado a morte de 603 pessoas e milhares de desalojados.

 

Um total de 32.034 casas parcialmente e 2.930 totalmente destruídas foi o retrato dado em relação do “desempenho” daquele evento natural, que também deixou abaixo salas de aulas, unidades sanitárias, postes de energia e uma ponte metálica sobre o rio Muagamula (distrito de Muidumbe), que deixou isolados cinco distritos do norte daquela província (Mueda, Muidumbe, Palma, Nangade e Mocímboa da Praia).

 

Uma das casas que ficou parcialmente destruída é da família Fernandes, residente no bairro Natite, na capital provincial de Cabo Delgado, que desde aquele fatídico dia nunca mais teve tecto.

 

Com uma criança paralítica, de nove anos de idade, de nome Fernanda Álvaro Fernandes, a família, visitada recentemente pela “Carta”, revela estar a viver dias difíceis, devido à falta de apoio das autoridades.

 

Segundo Magalhães Fernando, Chefe da família, o ciclone Kenneth deitou abaixo a sua casa de tipo 01 e levou todos os seus bens. Hoje, Magalhães Fernando e a família (esposa e dois filhos) vivem numa casinha emprestada pelo irmão.

 

“Durante o processo de levantamento, várias organizações passaram pela nossa residência para recolher os nossos dados, mas só foi para recolher dados mesmo porque nunca mais apareceram”, revela a fonte.

 

Fernando acrescenta ainda que a sua situação se torna mais dramática, devido à sua cor (mestiço), pois, “as pessoas pensam que tenho muito dinheiro e que facilmente me irei recompor, o que não constitui a verdade. O ciclone Kenneth tirou-nos tudo que construímos com muito suor”, desabafa.

 

Durante a conversa com a nossa reportagem, o pai de Fernanda Fernando partilhou a estória da sua filha, tendo dito que, em 2010, quando ela nasceu submeteu todos documentos necessários para receber ajuda, na Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Cabo Delgado, mas até ao momento nada aconteceu.

 

Na entrevista à “Carta”, Magalhães Fernando revelou ainda que, neste período de campanha eleitoral, a sua residência tem sido usada pelos partidos políticos para a realização de comícios naquele bairro da cidade de Pemba, por encontrar-se desabitada. Nas suas actividades, a fonte diz que os partidos recorrem à energia da sua casa, pois, a instalação principal não foi afectada. Também tem sido usada por malfeitores na calada da noite.

 

Referir que esta é uma parte do que se vive na capital provincial de Cabo Delgado e distritos de Macomia e Ilha do Ibo, fortemente atingidos pelo ciclone Kenneth, que a 25 de Abril sacudiu aquela região do país.

 

Relativamente a esta situação, “Carta” procurou ouvir a Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social em Cabo Delgado, para perceber as condições em que vivem as famílias afectadas pelo ciclone Kenneth, em particular esta família, com uma menor que necessita de cuidados especiais, mas esta não se mostrou disponível, alegadamente porque os responsáveis do pelouro encontram-se com agendas lotadas, em particular partidárias (campanha eleitoral). (Omardine Omar)

Apesar dos esforços empreendidos na área da saúde materno-infantil em vários países, o mundo registou, em 2018, a morte de uma grávida ou de um recém-nascido a cada 11 segundos, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), divulgados, na última semana, pela ONU News.

 

De acordo com os dados, citados pela ONU News, mais mulheres e recém-nascidos estão a conseguir sobreviver numa escala sem precedentes, uma vez que as taxas de mortalidade materno-infantil estão em constante descida, desde 2000.

 

Para o caso da África Subsaariana, os níveis de mortalidade materna são quase 50 vezes superiores do que nos países desenvolvidos. Já os dos recém-nascidos são 10 vezes superiores. Em 2018, uma em cada 13 crianças na África Subsaariana morreu antes de atingir os cinco anos, o que é 15 vezes superior ao risco existente na Europa, onde as estatísticas referem a morte de uma em cada 196.

 

Para as mulheres, revelam os dados, uma em cada 137 mulheres na África Subsaariana corre o risco de morrer, enquanto na Europa a estatística indica uma em cada 6500. Segundo o estudo, a África Subsaariana e o Sudeste Asiático representam cerca de 80 por cento das mortes de grávidas e de crianças.

 

Entretanto, a pesquisa aponta alguns países que apresentam progressos substanciais na redução da mortalidade materno-infantil, como os casos de Bielorrússia, Camboja, Timor-Leste, Bangladesh, Cazaquistão, Malawi, Marrocos, Mongólia, Ruanda e Zâmbia.

 

“Para melhorar o acesso aos serviços de saúde é necessário uma vontade política”, diz a ONU News, citando o estudo.

 

Desde o início do milénio, a morte de recém-nascidos desceu para quase metade, enquanto a das grávidas diminuiu em mais de um terço, avança o relatório. Estas alterações, segundo o estudo, devem-se maioritariamente a melhorias no acesso à saúde, assim como à qualidade dos serviços de saúde.

 

“Em países que dispõem de serviços de saúde seguros, comportáveis e de grande qualidade, as mulheres e os respectivos bebés estão a sobreviver e a prosperar. Isto é o poder de uma cobertura de saúde universal”, afirma o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado pelo órgão oficial da ONU.

 

Apesar disso, as estimativas revelam que 6,2 milhões de crianças menores de 15 anos morreram, em 2018, e que, em 2017, mais de 290.000 mulheres morreram devido a complicações durante a gravidez ou na altura do parto. Das 6,2 milhões de crianças que morreram, 5,3 milhões morreram nos primeiros cinco anos de vida.

 

O estudo, publicado pela ONU News, aponta ainda que as mulheres e os recém-nascidos estão mais “vulneráveis” imediatamente depois do nascimento. Estima-se que 2,8 milhões de grávidas ou bebés tenham morrido em alguma parte do mundo, em 2018. Ou seja, uma morte a cada 11 segundos. As crianças enfrentam o maior risco de morte durante o primeiro mês de vida, especialmente se nascem prematuras ou demasiado pequenas, refere o mesmo documento.

 

As duas agências da ONU salientam que cerca de um terço destas mortes ocorrem nos primeiros dias de vida e que os restantes quase três quartos até ao final da primeira semana. “Em todo o mundo, o nascimento de uma criança é motivo de celebração. No entanto, a cada 11 segundos, o nascimento de uma criança é uma tragédia familiar”, explica a directora executiva da UNICEF, Henrietta Fore, também citada pela ONU News.

 

A responsável da UNICEF salienta que “um par de mãos especializado” pode fazer a diferença entre a vida e a morte, nomeadamente, ajudar as mães durante a gravidez e parto, água limpa, nutrição adequada ou vacinas básicas. E acrescenta: “temos de fazer o que for necessário para investir numa cobertura universal na área da saúde para salvar vidas preciosas”, concluiu. (Marta Afonso)

terça-feira, 24 setembro 2019 03:55

Superada meta de empregos activos para jovens

 Marta Maté e  Edmundo Werna

No âmbito da implementação da Política de Emprego (PE), o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) gerou em 2018, 85 porcento de empregos activos para jovens, superando a meta do quinquénio de um milhão e quinhentos mil (1.500.000) postos de trabalho.


A informação foi tornada pública, na segunda-feira, 23 de Setembro, em Maputo,  por Marta Maté, directora nacional do Trabalho, que falava à margem da reunião de avaliação e monitoria da PE do MITESS, alargada aos directores de planificação, técnicos e parceiros de cooperação.


Marta Maté disse, na ocasião, que a reunião tinha, também, por objectivo analisar a elaboração do Informe Anual da PE, preparar o Informe Semestral da PE de 2019, analisar os indicadores de emprego a serem adoptados na monitoria da PE, a orçamentação e fazer ainda a advocacia para a orçamentação pró-emprego.


“Nós temos alguns desafios em relação à qualidade de dados e descriminação de actividades e apreciação de alguns indicadores e orçamentação. A Política de Emprego e o Plano de Acção cabem dentro do instrumento de planificação. Estamos a dar os primeiros passos para a elaboração de um informe relativo ao segundo ano da implementação da PE 2019. Temos tido encontros trimestrais com os pontos focais de vários ministérios e estamos a ver se o relatório remetido ao Conselho de Ministros,  pode ser melhorado. Neste workshop, estamos igualmente a analisar os orçamentos dos sectores prioritários no pilar três da Política de Emprego e a desenhar a estrutura do próximo relatório, não obstante este ano ter apresentado resultados positivos”, explicou Marta Maté.


Por sua vez, Edmundo Werna, representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), disse que a reunião serve de catalisadora para as várias organizações e braços parceiros do MITESS, na avaliação e análise dos tópicos para a elaboração do informe anual da PE e dos indicadores de emprego.


“Esta reunião é uma oportunidade para se discutir o andamento da Política de Emprego com os parceiros do Governo, para ver como eles podem potencializar a criação de emprego nas suas determináveis e diversas políticas”, referiu Edmundo Werna.


Importa referir que a reunião contou com a participação de representantes dos ministérios envolvidos na PE, parceiros sociais, Banco de Moçambique, OIT, entre outros. (Fds)

Dias quentes e noites frias, passados em minúsculas tendas e lonas num campo de abrigo, guardam luto e miséria que teimam em cobrir milhares de deslocados do ciclone Idai, que continuam a lutar para se “reencontrar” com a vida.

 

Passaram seis meses desde a tragédia que atravessou as províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia, no centro de Moçambique.

 

João Brás, 53 anos, sobreviveu à inundação, que se seguiu ao ciclone, e a um acidente vascular cerebral (AVC), depois de perder todos os bens, incluindo a casa dos seus sonhos: uma construção de alvenaria de três quartos, acabada de construir.

 

Mas José só viveu na casa dos seus sonhos durante nove meses, até ser arrastada pelas correntes.

 

“Ainda hoje, se pensar naquela casa, morro de desgosto (...) essa casa custou 319 mil meticais [4.700 euros]”, um grande esforço financeiro, disse à Lusa o camponês e hoje líder do bairro de reassentamento em Ndeja, Sofala.

 

Segundo contou, escapou à morte porque um amigo lhe segurou pelo braço, quando também ia ser arrastado pela corrente das cheias.

 

A água invadiu a sua aldeia em Lamego, em 16 de Março, dois dias depois de o ciclone Idai entrar no continente e cortar a estrada nacional 6 (EN6), principal corredor rodoviário do centro do país, que liga a cidade da Beira, no oceano Índico ao Zimbábuwe.

 

As chuvas pareciam não ter fim, os rios criaram lagos e muitas pessoas só tiveram tempo de subir às árvores e à cobertura de casas.

 

José Brás sobreviveu, primeiro, com outras 50 pessoas em cima de uma casa, até esta desabar devido ao peso suportava.

 

Dali passou para uma mangueira que tinha resistido aos ventos e assim permaneceu, dois dias, pendurado num ramo juntamente com o filho de cinco anos, enquanto passavam “corpos, galinhas e porcos” arrastados pelas águas.

 

Meio ano depois do ciclone ainda chegam notícias da descoberta de mais mortos à aldeia de Ndeja, um novo bairro de reassentamento que surgiu numa antiga quinta agrícola colonial, no interior nordeste do distrito de Nhamatanda, 80 quilómetros a oeste da cidade da Beira.

 

“Os corpos continuam a ser avistados”, contou outro sobrevivente, Dique João.

 

Mais um cadáver foi encontrado esta semana, por pescadores, que fazem novas descobertas à medida que numerosos charcos que se formaram com a água das cheias começam agora a secar.

 

Dique João, camponês, de 22 anos, que não tinha nenhuma informação sobre a aproximação do ciclone, sobreviveu uma semana em cima de uma árvore, com a mulher, pais e irmãos.

 

Recordou que, por duas vezes, perdeu resgates de um helicóptero que também fazia distribuição de alimentos, até que foi encontrado em 22 de Março por uma equipe de buscas, em canoa.

 

Agora luta para reestruturar a família enquanto constrói uma cabana de tijolos para separar os 12 membros de família, com quem partilha uma única tenda com 20 metros quadrados de área.

 

Outro sobrevivente, João Madeuda, 24 anos, contou que foi “surpreendido” em 16 de Março com a água que inundou o bairro Jonh Segredo, nas imediações de Lamego, quando se preparava para ver aumentar a própria família - a mulher estava grávida de oito meses.

 

Hoje, pai de uma menina que nasceu já no bairro de reassentamento, João tornou-se alfaiate, profissão que aprendeu de um amigo.

 

Usa uma máquina de costura comprada com as suas poupanças e que usa diariamente para sustentar a família.

 

“Ainda estou em desgraça”, disse à Lusa, apontando o desconforto do novo lar.

 

Mas lembrou, como muitos, que depois da invasão da água, o objectivo de todos passou a ser o de “refazer a vida” porque os “bens perderam-se”.

 

Várias agências humanitárias, coordenadas pela Organização Internacional das Migrações (OIM), desenvolvem esforços para devolver dignidade a 2.010 habitantes do novo bairro de reassentamento.

 

Há quem já dê a vida por normalizada ao ter acesso a roupa, pratos e panelas. Mas a fome e a falta de habitação respeitável é um denominador comum entre os deslocados do ciclone Idai no campo de Ndeja, notou João Brás.

 

O ciclone Idai, que atingiu o centro de Moçambique em Março, provocou 604 mortos e afectou cerca de 1,5 milhão de pessoas.

 

A destruição atingiu ainda os países vizinhos do Zimbábue e Maláui. O ciclone Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em Abril, matou 45 pessoas e afectou 250.000.

 

Mais de meio milhão de pessoas ainda vivem em locais destruídos ou danificados, enquanto outros 70.000 permanecem em centros de acomodação de emergência, segundo o mais recente relatório da OIM, de Julho, que alerta para a falta de condições para enfrentar a nova época chuvosa, que começa em Novembro. (Lusa)

É uma situação que, sempre que é abordada, leva as comunidades de Mecubúri e Murrupula a lágrimas e raiva, criando “má disposição” nas instituições governamentais a nível distrital, provincial e central. É que as promessas de uma multinacional de origem norueguesa, denominada Green Resources Moçambique que, em 2011, começou um projecto de plantio de eucaliptos nos distritos de Ribáuè, Mecubúri, Murrupula, Eráti e o recém-criado distrito de Nampula-Rapale, de mudar a vida daquelas comunidades nunca mais passaram do discurso para a realidade.

 

São 126 mil hectares que as populações daqueles distritos cederam ao projecto de plantio de mais de sete milhões de mudas das variedades “eurograndis e europhila”, importadas do Brasil e Zimbabwe, num investimento estimado em 1.8 bilião de USD e uma produção anual de 52 mil/m³ de madeira e outros derivados florestais.

 

No entanto, para a materialização do empreendimento, a Green Resources Moçambique negociava a cedência de espaço com as comunidades, em troca de indemnizações que variam entre 300 mil a 600 mil Mts, dependendo das dimensões do espaço. Também prometeu pagar 1 Metical por cada estaca de eucalipto plantada aos que aderissem ao projecto.

 

Entretanto, segundo contaram-nos as comunidades residentes nos cinco distritos que também integram o Corredor de Nacala, as promessas daquela multinacional nunca passaram do discurso, acusando-a de “burla”. De acordo com as comunidades, a empresa norueguesa não pagou nem a indemnização e, muito menos, o valor referente ao plantio das mudas.

 

Duas fontes do Governo a nível dos distritos que falaram à nossa reportagem, na condição de anonimato, disseram-nos que a situação já levou a várias reuniões entre as partes, mas nunca houve avanço e sempre que o Governador de Nampula, Victor Borges, o Director Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento de Nampula, Francisco Sambo, e o colectivo dos Serviços Florestais e Agricultura se reúnem com as comunidades visadas e a Direcção da Green Resource Moçambique, nunca chegam a consenso, ficando tudo em promessas.

 

Em Mecubúri, por exemplo, as comunidades visitadas pela “Carta” dizem não querer saber mais da empresa, porque esta destruiu os seus campos de produção e espaços que tinham projectos de habitação.

 

Segundo apurámos, várias organizações da sociedade civil, como a Justiça Ambiental, Livaningo, União Nacional dos Camponeses vêm lutando para reverter a situação, desde 2016, mas sem sucesso porque, de acordo com as fontes, Green Resource Moçambique encontra-se a enfrentar uma crise financeira.

 

A Green Resource Moçambique faz parte do Grupo Green Resource, SA, um grupo criado em 1995, e que é considerada a maior empresa de desenvolvimento florestal em África, possuindo 38 mil hectares de floresta em pé, em Moçambique, Tanzânia e Uganda. No entanto, segundo o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM), em todos os países onde actua, a Green Resource é conhecida como “rainha em falsas promessas”, pelo que as comunidades da província de Nampula não são as únicas a viver a situação.

 

Face às reclamações das comunidades, “Carta” procurou ouvir a versão dos representantes da empresa, em Moçambique, mas sem sucesso. Vasco Martinho, técnico dos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE) de Mecubúri, o projecto foi a maior decepção dos governantes locais, tendo “azedado” as relações entre as organizações da sociedade civil, Governo e as comunidades locais. (Omardine Omar)