O Executivo moçambicano tem orçado pouco mais de 25 milhões de USD para investir, durante os próximos cinco anos, na plantação de viveiros comunitários para produção de plântulas para vários fins, melhoramento dos solos, prestação de serviços na cadeia de foragem, assim como para os sistemas agro-silviculturais e apiculturais.
A informação foi revelada esta terça-feira, em Maputo, pelo Director Nacional de Agricultura e Silvicultura, Pedro Zucula, durante a entrevista concebida a jornalistas a margem do Encontro Anual da Plataforma New Generation Plantions (NGP), organizado pela WWF-Moçambique e a Portucel Moçambique.
Segundo Zucula, que representava o Governo, no evento, as zonas costeiras precisam de mais reflorestamento, de modo a combater-se a erosão costeira, assim como as regiões interiores de Niassa, Nampula e Zambézia, que precisam ser reflorestadas para fins energéticos, industriais e comerciais.
Segundo a Directora Fundo Mundial para Natureza (WWF, em inglês), em Moçambique, Anabela Rodrigues, “Moçambique faz parte das onze frentes globais, onde o risco de desflorestamento é maior, e que tudo deve ser feito para não atingir os 3.9 milhões de hectares de florestas devastadas”, limite máximo definido no mundo.
Sem avançar quais as regiões mais afectadas, Anabela Rodrigues defende que o país precisa trabalhar conjuntamente para que não se atinja a meta acima citada.
Falando durante a abertura daquele evento, Anabela Rodrigues afirmou que “as plantações florestais, em Moçambique, serão melhores quando melhor for a nossa governação, quando melhor a nossa capacidade de planificar o uso da terra e de respeitar os interesses colectivos acima dos interesses privados, que muitas vezes apropriam o Estado”.
Segundo Rodrigues, a maior preocupação existente, a nível das Organizações da Sociedade Civil, prende-se com a preservação da floresta nativa e que estas lutam para que a mesma não seja destruída a todo custo, porém, nem sempre tem sido possível, porque o desenvolvimento representa “trocar, as vezes, alguma coisa pela natureza”.
Para a Directora da WWF, em Moçambique, preservar a floresta é o mesmo que preservar a água, pois, “o corte de florestas nas margens dos rios tem contribuído para que as cheias tenham impactos negativos mais sério, o mesmo com mangal que é uma floresta”.
O mangal, se estiver saudável e vivo, protege-nos de ciclones e entrada massiva de águas de mar (…). A floresta é a possibilidade de mantermos a qualidade do solo. A floresta é um conjunto de produtos, nos quais a população sobrevive, produtos silvestres, raízes, etc. A floresta representa uma economia que nem sempre está valorizada no nosso produto interno bruto (PIB) ”, afirmou a ambientalista.
Anabela Rodrigues explicou que a população está crescer e que vai atingir 9 biliões de pessoas no mundo, até 2050, e em Moçambique 60 milhões de pessoas, o que irá intensificar a procura de alguns produtos, como combustível, madeira e, posterior, o papel. Por isso, entende que a situação exige que as plantações aconteçam dentro de padrões, devidamente estabelecidos e que respeitem aos direitos das comunidades.
Já o representante da Portucel Moçambique, João Lé, disse que no nosso dia-a-dia usamos material usado na base de madeira e que estamos numa fase da “bio-economia”, que se baseia no uso integral da árvore, onde aproveita-se tudo dela, uma tendência que permite mitigar as alterações climáticas que são sobejamente conhecidas, no país.
João Lé defende a necessidade de se adoptar melhores práticas de exploração sustentável e que devem incluir as comunidades, com plantações sustentáveis. O representante da Portucel acrescentou que Moçambique pode ser muito competitivo neste sector, contudo, é importante que haja compromisso entre todas as partes envolvidas no sector. (Omardine Omar)