Através de um comunicado de imprensa, o Conselho Autáquico da Cidade de Maputo (CMCM) comunica que pouco mais de 190 vendedores de mariscos, ao longo da Praça 25 de Junho, na Cidade de Maputo, serão retirados coercivamente nos próximos dias caso não se afastem daquele local voluntariamente até 04 de Janeiro.
De acordo com a edilidade, a medida que começa a ser implementada segunda-feira, 6 de Janeiro, surge após várias reuniões realizadas entre as partes e ultimatos dados. Segundo o documento, a Praça 25 de Junho não é local adequado para venda de mariscos, tendo anteriormente os vendedores se comprometido a abandonar o local e irem se instalar nas 208 bancas disponíveis no Mercado Janet.
Conforme avança a edilidade da capital do país, a medida visa a organização da venda informal na urbe e que a equipa do Edil Comiche vai continuar a retirar os vendedores de bebidas alcoólicas na via pública e de hortícolas, em lugares impróprios.
Salientar que não é a primeira vez que a edilidade de Maputo instala um braço-de-ferro com vendedores informais. Em Abril de 2019, após um atropelamento ao longo das bermas da faixa de rodagem no Parque rodoviário do Zimpeto, em que duas pessoas perderam a vida e 27 ficaram feridas, o CACM retirou todos os vendedores daquele local.
Tal como as campanhas acima citadas, em 2019, existiram vários braços-de-ferro entre a edilidade de Maputo e vendedores informais, tendo alguns como ao longo da avenida Guerra Popular e baixa da cidade perdido força devido aos pleitos eleitorais, uma vez que certos núcleos e simpatizantes do Partido Frelimo que vendem naqueles locais ameaçavam não votar no Partido do Batuque e Maçaroca, conforme apuramos na altura da “mega-operação”. (Carta)
As cidades moçambicanas de Maputo e Matola e a vila de Boane vão enfrentar restrições no abastecimento de água devido a uma avaria na Estação de Tratamento de Água de Umbelúzi, anunciou fonte oficial.
"Esta redução irá perturbar o serviço de distribuição de água nas cidades, provocando o surgimento de focos de bolsas de falta de água", lê-se numa nota da empresa Águas da Região de Maputo distribuída hoje à imprensa. Na nota, a empresa adianta que uma equipa técnica foi destacada para resolver a avaria, que ocorreu durante a madrugada de sexta-feira.
Nos últimos dois anos, a capital de Moçambique e Matola têm enfrentado com frequência restrições no fornecimento de água devido à seca que tem afetado o sul do país, o que provoca a redução dos níveis de água na barragem dos Pequenos Libombos. A barragem dos Pequenos Libombos, a 50 quilómetros de Maputo, foi construída entre 1983 e 1987 e é a única fonte de água para a Estação de Tratamento de Água de Umbelúzi. (Lusa)
A subida das águas do rio Messalo, na província moçambicana de Cabo Delgado, está a dificultar ainda mais a assistência às populações e a reposição de infra-estruturas na região devido ao mau tempo, disse ontem fonte oficial.
Em declarações à agência Lusa, o director provincial de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos em Cabo Delgado, Venâncio Taimo, disse que foi necessário realizar mais um corte num desvio alternativo na estrada onde uma ponte desabou, dificultando ainda mais a assistência às populações.
"Voltámos a registar mais um corte na mesma estrada. A água do rio Messalo galgou e arrastou consigo um dos desvios", disse o responsável.
Segundo a fonte, a interrupção da estrada ocorreu no limite entre os distritos de Macomia e Muidumbe, num desvio alternativo que havia sido criado para facilitar a assistência às populações e os trabalhos de reposição de infra-estruturas.
A travessia sobre o rio Montepuez está a ser feita por embarcações, na sequência do desabamento, no sábado, de uma ponte que deixou o norte da província isolado.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), citado hoje pelo diário Notícias, garantiu que em dez dias vão ser disponibilizados meios aéreos para apoiar a assistência às pessoas afectadas.
O mau tempo prevalece em Cabo Delgado e já provocou a morte de pelo menos cinco pessoas, afectando outras 8.600, segundo o INGC.
Há registo de mais de 1.700 casas afectadas, assim como 59 postos de energia e quatro casas de culto.
O Governo moçambicano emitiu um alerta laranja para todas as províncias do país, como forma de dar celeridade à mobilização de recursos para a assistência a vítimas e à reposição de danos, tendo em conta que a época chuvosa no país só termina em Abril.
Além de Cabo Delgado, o mau tempo atingiu uma parte de Nampula, mas em regime fraco e moderado, indicou à Lusa o delegado do INGC naquela província, Alberto Armando.
Aliás, esta quinta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia voltou a emitir um aviso amarelo para as províncias de Nampula, Niassa, Zambézia e Tete, alertando para a possibilidade de ocorrência de chuvas moderadas e fortes de 30 a 50 milímetros, que podem ser acompanhadas de trovoadas e ventos fortes. Salientar que, pela primeira vez, desde o dia 24 de Dezembro de 2019, que a província de Cabo Delgado não é mencionada como área de risco a ser afectada pela tempestade.
Lembre-se que, em Abril de 2019, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afectou outras 250 mil. (Lusa & Carta)
Depois do porta-voz da Comissão Política da Renamo, agora foi a vez de Ossufo Momade, presidente do partido, escusar-se a, publicamente, abordar a controversa questão da tomada de posse dos deputados.
Na passada segunda-feira, 30 de Dezembro de 2019, o líder do maior partido da oposição do xadrez político nacional declinou tecer comentários em torno da tomada de posse dos deputados da Renamo na legislatura que inicia no presente mês.
Sem ser explícito na sua alocução, Momade disse apenas que cabia ao partido Frelimo dar uma resposta cabal ao assunto em virtude desta formação política ter sido eleita de fraudulentamente.
“Essa pergunta podia fazer ao partido Frelimo porque não foi eleito. Nós fomos eleitos”, disse Momade.
De acordo com Conselho Constitucional (CC), os deputados da IX Legislatura tomam posse a 13 do presente mês de Janeiro. Dois dias depois, ou seja, a 15 de Janeiro, toma posse o presidente eleito, no caso Filipe Nyusi, que vai para o seu segundo mandato.
O partido Renamo, sabe-se, não aceita os resultados saídos das VI Eleições Gerais, cuja votação foi a 15 de Outubro de 2019. No dia 23 do passado mês de Dezembro, o CC validou e proclamou os resultados eleitorais que deram “vitória folgada” ao partido Frelimo e ao seu candidato presidencial.
Na ressaca da contestação aos resultados eleitorais, o maior partido da oposição assegurou que, em virtude de possuir o mandato popular, vai liderar manifestações a nível nacional com o objectivo de repor a verdade eleitoral.
Recorde-se que, nas eleições gerais de 2009, ganhas por Armado Guebuza e o partido Frelimo, igualmente contestadas pela oposição, os deputados da Renamo tomaram posse à revelia do falecido presidente do partido, Afonso Dhlakama. À data, a Renamo havia conseguido eleger 51 deputados.
Também na sequência dos resultados das eleições de 15 de Outubro de 2014, o maior partido da oposição garantira que os seus deputados não iriam tomar posse. Entretanto, tal não se efectivou, precisamente porque o partido recuou nessa decisão e foi ocupar os assentos na Assembleia da República. Nessa legislatura, a Renamo tinha um total de 89 deputados. (Carta)
Numa visita efectuada na manhã da última segunda-feira, 30 de Dezembro, a nossa reportagem constatou que os serviços oferecidos pelo Serviço Nacional de Migração (SENAMI), na capital moçambicana, continuam aquém do desejado. A lentidão continua a nota dominante, causando longas filas para obter o passaporte.
Alguns cidadãos reclamam da morosidade e outros dizem ter-se deslocado de outras províncias para obter este documento. Joana Moeresse diz ter chegado à Migração às 06 horas, mas até às 09 horas não tinha sido atendida. “Há muita gente aqui que não sabe usar estes novos serviços e, com tanta enchente que se verifica, ficamos mais de três horas para sermos atendidos, aqui está tudo confuso e baralhado, em algum momento as pessoas não recebem ajuda”.
Manuel Magaia precisa de viajar na segunda semana com suas três filhas menores para a vizinha África do Sul, mas sem o passaporte nada pode fazer. Manuel diz ter madrugado, mas, com o caos que se verifica, receia não poder obter os documentos até à data da sua viagem: “viemos tratar passaportes, chegamos muito cedo, mas aqui está uma confusão, as filas são longas e dizem que para as crianças o tempo de espera é maior devido ao novo sistema de retirada das digitais e as crianças precisam de maior atenção. Entretanto, só podemos continuar a aguardar.
Segundo o porta-voz da Migração da cidade de Maputo, Felizardo Jamaca, neste período há maior procura pelo passaporte e os cidadãos estão mais apreensivos.
Porém, conforme avançou o porta-voz, existem aqui cidadãos que não são da cidade de Maputo, que saem das províncias para solicitar os passaportes e documentos de viagem, enquanto a nível do país existem as direcções provinciais que também estão habilitadas a conceder estes documentos aos cidadãos e temos estado a atender dentro do possível todo aquele que aparece.
“Em algum momento podemos dizer que as pessoas desconhecem os serviços prestados a nível das províncias, visto que os que precisam destes documentos pensam que só em Maputo existem os departamentos para tratar os mesmos”.
Entretanto, a enchente que se verificou na manhã desta segunda-feira deveu-se, segundo a fonte, também à manutenção das máquinas para o pagamento que foi feita naquela manhã, o que criou também algum congestionamento.
“Agora para tratar o passaporte é necessário que se faça a captação de dados e, neste sentido, temos crianças e os idosos que levam mais tempo para proceder a estes serviços, o que contribuiu para que as pessoas levem mais tempo para serem atendidas”.
Por outro lado, temos a questão dos pagamentos em que as pessoas ainda não percebem como usar os caixotes, o que também provocou aglomeração de pessoas e longas filas. (Marta Afonso)
A poucas horas para o término do ano 2019, munícipes ouvidos pela “Carta” são unânimes em afirmar que este foi “um ano péssimo” e que “deve ser esquecido”, tendo em conta os diversos acontecimentos que têm estado a assolar o país.
Jhonson João Mombo, de 32 anos de idade, residente no bairro Central, diz que o ano 2019 não foi nada bom, visto que houve muitos eventos que marcaram o ano e que impediram muitas pessoas de fazer seus trabalhos.
“Este ano foi de muitas perdas. Acredito que mesmo para a própria economia do país não houve muita produção porque muita coisa ficou parada. A poucas horas para o ano terminar, ainda não vi nada que demonstra um desenvolvimento de Moçambique nestes 12 meses”, anotou Mombo.
Por sua vez, Vera Cardoso, também residente na cidade de Maputo, diz ter sido um ano de muitas decadências, falando sobretudo dos ataques que estão a acontecer na zona centro do país e na província de Cabo Delgado, assim como dos ciclones que fustigaram uma parte de Moçambique.
“São tantas coisas que aconteceram e que continuam a acontecer no país, mas o que mais me marcou e que me deve fazer esquecer este ano são os ataques que estão a acontecer em Cabo Delgado. Portanto, posso afirmar que o país não está em paz e não há sossego. Este ano não vai deixar nenhuma lembrança boa”, disse Cardoso.
Segundo Ricardo Niasso, residente no bairro da Mafalala, o país está em guerra. “Qualquer Estado, em guerra, implica que a economia fica baixa, a criminalidade aumenta porque muita gente está a ficar desempregada e a moral fica mais em baixo. O governo deve dialogar mais com os cabecilhas dos ataques que vêm acontecendo como forma de tornar a vida dos moçambicanos mais saudável e sem medo”, defendeu.
Manuela Mabasso, de 42 anos, residente no bairro Polana Caniço, também considera que o país não está em paz e que as pessoas estão, até hoje, a passar mal. Sublinha que todos os dias há mortes nas estradas, ataques na zona centro, para além das chuvas que estão a matar e a desalojar “nossos irmãos”, pelo que “o melhor mesmo é esquecer o ano 2019”. (Marta Afonso)