O sector da saúde passa a contar, desde a última segunda-feira, com 39 novos médicos especialistas em diferentes áreas, que vêm reforçar o “contingente” de 64 formados em 2018.
Segundo informações partilhadas no site oficial do Hospital Central de Maputo (HCM), esta semana, os médicos recém-graduados são formados em diversas especialidades como Anestesia e Reanimação, Cardiologia, Cirurgia, Hematologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Medicina Física e Reabilitação, Medicina Interna, Neurologia, Medicina Legal, Pediatria, Colo proctologia e Saúde Pública.
De acordo com a Ministra da Saúde, Nazira Abdula, os recém-formados devem aceitar trabalhar em qualquer local que a colocação indicar, e fazer o uso adequado das valências e competências adquiridas durante o período de formação de modo a garantir a melhoria da qualidade da assistência dos doentes.
“Somos privilegiados por termos no nosso País um “Hospital Escola” como o Hospital Central de Maputo, que de entre as imensas valências que contribuem para a melhoria da qualidade assistencial do doente, investe na formação com qualidade, na investigação científica e na busca de parcerias, sendo que os resultados são visíveis na qualidade e diversidade dos serviços oferecidos nas diferentes Unidades Sanitárias do País, o que é consubstanciado pela redução da transferência de doentes para diagnóstico e tratamento entre diferentes pontos do País e a nível internacional".
A titular da pasta de saúde realçou também o facto de, no quinquénio (2015-2019) prestes a findar, o MISAU ter colocado à disposição do mercado nacional 240 especialistas moçambicanos nos Hospitais Centrais, Provinciais, Gerais e Distritais, o que melhorou, na sua óptica, a capacidade técnica e a qualidade assistencial dos doentes.
Segundo a Ministra da Saúde, esta disponibilidade de Médicos Especialistas foi acompanhada pela expansão da rede sanitária, que conheceu avanços significativos nos últimos cinco anos, o que permitiu reforçar a capacidade de diagnóstico e tratamento de diversas patologias a nível das unidades sanitárias.
Mais do que investir e expandir os campos de formação, a Ministra da Saúde referiu que é preciso garantir que estes estejam revestidos de capacidades técnicas para a formação de capital humano com a qualidade almejada.
A apresentação do novo quadro de médicos especialistas aconteceu durante a cerimónia de encerramento do ano lectivo da Residência Médica 2019 (Pós-graduação Médica) do Hospital Central de Maputo (HCM) a qual serviu para fazer a entrega formal destes profissionais ao Ministério da Saúde para a colocação imediata em todo o país. (Marta Afonso)
Cinco dias após a detenção dos 12 cidadãos iranianos transportando mais de 1500 kg de heroína – conforme noticiamos na última segunda-feira – o Director-geral do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), Domingos Jofane, veio confirmar ontem, à imprensa, que os indivíduos interceptados pela operação conjunta entre a Marinha de Guerra das FADM e o SERNIC, efectivamente, transportavam as quantidades de droga acima mencionadas.
Segundo Domingos Jofane, “apercebemo-nos da aproximação de um barco que transportava carga proibida, fizemo-nos ao mar no sentido de enfrentarmos esse mal e os criminosos incendiaram o barco. De seguida capturamos 12 traficantes que estão, neste momento, a contas com a justiça”.
Jofane confirmou que as imagens que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias eram autênticas e que o trabalho foi realizado em coordenação com as Forças de Defesa e Segurança (FDS). Este esclarecimento foi proferido à margem do Conselho Coordenador do SERNIC, que decorre em Maputo, com duração de três dias, e visa analisar a proactividade e implicações do combate ao crime.
A questão do tráfico de drogas pesadas em Moçambique virou um problema sério, conforme avançou a organização Iniciativa Global Contra o Crime Organizado, em Março do presente ano.
Segundo o seu estudo, as cidades de Pemba, Nacala, Nampula, Angoche e Maputo são citadas como “portos” de entrada e circulação de droga, sendo que o destino principal é a África do Sul, dali saindo para países da Europa, América e Ásia.
De acordo com o estudo, o tráfico da heroína proveniente do Afeganistão criou um novo corredor que passa por três países: Tanzânia, Moçambique e Quénia, o qual, entre os anos de 2016 e 2017 chegou a render pouco mais de 300 milhões de USD e estimando-se que no país tenham ficado mais de 100 milhões de USD. (Carta)
Funcionários públicos afectos a diversos pelouros do Governo da Província de Inhambane retiraram de forma fraudulenta, dos cofres do Estado, mais de 20 milhões de Mts, ao longo do ano. A informação foi avançada pelo Director Provincial de Combate à Corrupção (DPCC), Sinai Lonzo, em conferência de imprensa realizada na última segunda-feira.
Lonzo avançou que correm processos na justiça, nomeadamente, contra 13 funcionários da Autoridade Tributária, três Oficiais da Justiça, um Administrador distrital, um Director Provincial, três agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e um do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), totalizando assim 22, os arguidos envolvidos em desvios e subfacturações nas instituições acima citadas.
O valor total (estimado) dos desfalques ronda os 20 milhões de meticais, porém, as instituições de justiça só conseguiram recuperar pouco mais de 250 mil meticais até ao momento. (Carta)
“Caso os operadores não explorem os recursos florestais de forma sustentável, cerca de 2.8 milhões de hectares de floresta poderão desaparecer até ao ano de 2035, a manter-se a média anual estimada em 155 mil hectares”. Esta informação foi avançada por Cláudio Afonso, da Direcção Nacional de Florestas Nativas e Indústria, do MITADER, durante um encontro de reflexão sobre os desafios do sector florestal, realizado semana passada, em Matutuine, província de Maputo.
Aquele representante do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), disse que Cláudio Afonso defendeu que é necessário apostar nas iniciativas de gestão comunitária, assim como integrar a importância de produtos florestais não madeireiros na agenda de desenvolvimento local. Para o representante do MITADER, “há necessidade de se criar um sistema de informação florestal e incrementar o investimento na melhoria da capacidade, planificação, monitoria e administração do património do sector.
Afonso entende que se deve apostar na conservação das florestas e fauna bravia dentro e fora das áreas de protecção, bem como no investimento da educação florestal, investigação aplicada e modernização do sector.
Afirmou ainda que, de 2017 a esta parte, o país perdeu 220 mil hectares de florestas nativas devido ao abate ilegal de madeira.
Em Moçambique, os distritos com o maior risco de desmatamento são Luipo, Meconta, Moma, Monapo e Nacala-a-Velha (Nampula), Gondola e Macate (Manica) e Nhamatanda, na província de Sofala. (Carta)
A Igreja Universal do Reino do Deus (IURD), com forte presença em Moçambique, repudia uma reportagem da Revista Veja, publicada na semana passada, que descreveu uma crescenta revolta dos seus fiéis em países africanos de expressão portuguesa como São Tomé e Príncipe e Angola, onde alguns “templos” foram vandalizados. A reportagem de Veja, com o título "A revolta dos fiéis da África contra a Igreja Universal", foi publicada na passada sexta-feira.
Em reacção, a Universal diz que a revista publicou apenas um curto e incompleto resumo das informações que o UNIcom (Departamento de Comunicação Social e de Relações Institucionais da Universal) forneceu, "com a clara intenção de não esclarecer os leitores sobre a verdade dos fatos". “Um repórter da revista enviou um e-mail para o UNIcom com sete perguntas sobre ataques e, embora o prazo que ofereceu tenha sido curto, todas as informações solicitadas foram levantadas e enviadas em tempo”, diz o UNIcom.
Porque as incidências recentes sobre a IURD nos países visados, “Carta” publica as perguntas de Veja e as respostas que a Universal deu sobre os acontecimentos recentes nos países africanos:
Revista Veja: Gostaria de saber o número total de templos que a Universal tem no Brasil e em Angola. Se possível, também gostaria de saber o número total de catedrais no continente africano.
UNIcom: A Igreja Universal do Reino de Deus possui no Brasil 8.773 templos. Nos demais 124 países dos cinco continentes onde está instalada, são 3.559 templos.
Apenas no continente africano são 1.306 templos, sendo 306 em Angola.
Veja: Em relação ao caso de Angola, algum pastor da Igreja chegou a ser desligado em função da carta-manifesto? O que aconteceu?
UNIcom: Foram desligados da Universal de Angola apenas os oito pastores que organizaram o movimento e coletaram as assinaturas para a carta a partir de uma fraude: aqueles que a assinaram, denunciaram que foi apresentado um papel em branco, cujo teor anexado não teria qualquer relação ao que foi apresentado posteriormente. O desligamento ocorreu em virtude do descumprimento do estatuto, com uma clara quebra de hierarquia e desrespeito à doutrina da Universal, além de um desvio de conduta moral dos ex-pastores.
Veja: É verdadeira a informação de que a Igreja está vendendo patrimônio em Angola? Se sim, porquê?
UNIcom: É falsa a informação. A Universal de Angola não vendeu qualquer patrimônio da instituição.
Veja: Em relação ao caso de São Tomé e Príncipe, o pastor Iudumilo acusa a Igreja de ter se associado com a polícia local para prendê-lo. Vocês não sabiam que ele estava envolvido com a página no Facebook? Vocês fizeram a queixa à polícia sem citar nomes?
UNIcom: A Universal não sabia quem eram os autores dos ataques, porque eles espalhavam suas calúnias anonimamente. Conforme amplamente divulgado, desde 2018, a Universal costa-marfinense vinha sofrendo agressões e ameaças, com mentiras e ataques contra oficiais da Universal espalhados por redes sociais e aplicativos de mensagens.
A Universal acionou a Polícia Judiciária da Costa do Marfim em abril deste ano, para que os autores dos crimes fossem identificados, dentro do que define a Lei de Cybercrime daquele país. As investigações seguiram o curso normal previsto na legislação local.
O ex-pastor confessou à Justiça do país africano que mentiu e caluniou contra a instituição e seus membros e, assim, cometeu um crime pelas leis costa-marfinenses. Em seu depoimento às autoridades locais, ele afirmou que usou perfis falsos em redes sociais e aplicativos de mensagens para espalhar mentiras contra a Universal.
“Eu decidi criar um perfil no facebook para publicar difamações e injúrias”, confessou no depoimento, o ex-pastor.
De acordo com o processo, entre outras ameaças, calúnias e injúrias, Iudumillo espalhou mensagens, por exemplo, qualificando a esposa de um oficial da Universal de “ladra, prostituta e mentirosa” e seu marido de “filho do diabo, ladrão”.
Veja: Ele foi libertado em novembro porque a Iurd retirou a queixa? Foi isso?
UNIcom: Para pôr fim ao conflito, a Universal retirou o pedido de apuração dos crimes praticados — lembrando que não se sabia quem eram os autores. Contudo, como o Ministério Público costa-marfinense se opôs ao arquivamento, o ex-pastor só pode ser libertado a partir de um acordo firmado entre as representações diplomáticas de São Tomé e Príncipe e da Costa do Marfim.
Veja: Sobre as acusações de que a Igreja obriga os pastores a se esterilizarem e que privilegia lideranças brasileiras em detrimento das angolanas e são-tomenses, vocês gostariam de se posicionar?
UNIcom: Trata-se de “fake news” facilmente desmentida pelo fato de que muitos bispos e pastores da Universal, em todos os níveis de hierarquia da Igreja, têm filhos — inclusive em Angola. O que a Universal estimula, é o planejamento familiar, debatido de forma responsável por cada casal. Cada indivíduo é livre para manifestar sua vontade.
Veja: Sobre a “rede de mentiras” que há em curso contra a Universal, conforme foi dito em notas, você sabem dizer quem e quantos são os ex-pastores por trás dessa campanha e por que eles estariam fazendo isso.
A expressão “rede de mentiras” é de uma nota emitida pela Universal de Angola, e se refere especificamente aos fatos ocorridos naquele país. (Carta)
Dezasseis reclusos do maior estabelecimento penitenciário de máxima segurança no país (a B.O.) estiveram em greve de fome durante duas semanas – de 27 de Novembro a 12 do presente mês. Entretanto, os grevistas e a Direcção da B.O. chegaram a um pré-acordo e foi decretada uma “trégua”.
Esta informação foi-nos confirmada, ontem, pelo presidente da Associação de Reintegração Social dos Ex-Reclusos, Serôdio Towo.
Segundo nos explicou, não se sabe ainda se será o fim desta que é a segunda greve de fome promovida pelos mesmos reclusos (recordando que a primeira aconteceu em Outubro). Porém, de acordo com o nosso entrevistado, “os reclusos já voltaram a comer e estão a receber visitas desde a passada quinta-feira (12).
É positivo que se tenha encontrado uma solução, ainda que provisória, para esta situação, uma vez que a mesma já estava a atingir proporções alarmantes, já que seis dos grevistas terão ido parar no posto médico daquele estabelecimento penitenciário.
No epicentro de todo este assunto está uma pretensa “solidariedade” dos grevistas para com dois reclusos que se encontram no nível de máxima segurança há sete anos, o que viola o princípio segundo o qual “um recluso só pode permanecer de três a seis meses em regime de segurança máxima”.
Algumas organizações religiosas juntamente com a direcção máxima do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP) terão influenciado para que os reclusos grevistas decretassem esta trégua. No entanto, as “reservas” persistem, uma vez que o grupo afirma que ainda não viu as suas reivindicações completamente satisfeitas. Segundo Serôdio Towo, “o desafio agora consiste em investigar mais a fundo quem tem razão e quem está equivocado”.
Como se disse acima, esta é a segunda greve que acontece no presente ano, envolvendo os mesmos actores, tendo a primeira ocorrido em Outubro. Desta vez, o período foi mais longo. “Carta” procurou ouvir Luís Bitone, Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), a respeito deste assunto. Apenas nos garantiu que se irá pronunciar oportunamente. (O.O.)