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Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

Adelino Buque

Adelino Buque

terça-feira, 19 setembro 2023 09:21

Debate Eleitoral na STV

“Sem muito rigor técnico, o “Debate Eleitoral” promovido pelo Grupo SOICO, através da STV, STV Notícias e STV Play, a ter de se classificar os seus intervenientes, em primeiro lugar estaria Augusto Banzo do MDM, seguido de Eunice Andrade da ND, em terceiro lugar Armindo Chembane da ASTIMO e, no último lugar, Venâncio Mondlane da Renamo. Note que Venâncio Mondlane não conseguiu, nos dois momentos, esgotar o seu raciocínio e, na minha opinião, o cronómetro e a natureza das perguntas não lhe foram favoráveis. Para todos, há muito TPC por fazer”

 

AB

 

A televisão privada do grupo SOICO organizou e difundiu para o mundo o que se chama de “Debate Eleitoral”. Na minha opinião, foi uma oportunidade para os cabeças-de-lista fazerem-se conhecer ao grande público e à Cidade de Maputo, em particular. Com este programa, o grupo SOICO mostrou, claramente, estar atento à agenda nacional e, mais do que isso, mostrou que é possível trazer, de forma atempada, as ideias dos partidos políticos sobre a governação autárquica.

 

O moderador esteve à altura, o sistema de contagem de tempo mostrou, de forma objectiva, que é possível fazer-se um trabalho sério sem recurso à “batota”, embora alguns dos representantes dos partidos políticos se tenham mostrado um pouco desconfortados com o sistema, habituados a falar de forma interminável. Mais uma vez, o grupo SOICO mostrou que, para o debate público, com vários intervenientes, é importante o controlo do tempo de forma a não praticar “injustiça” contra alguns e “favorecer” outros. Neste particular, devo manifestar a minha gratidão ao grupo SOICO e seus colaboradores que estão atentos à vida nacional.

 

Eu acompanhei o programa através da STV Generalista e quando passou para a STV Notícias e STV Play não mais acompanhei, devido à necessidade que tenho de descansar um pouco mais cedo. Contudo, até onde assisti, notei o à-vontade do cabeça-de-Lista do MDM, Augusto Banzo. Na sua primeira intervenção, facilitou o moderador, elencando exclusivamente as três grandes prioridades que nortearão a sua governação, caso ganhe as Autárquicas. Já não se pode dizer o mesmo em relação ao cabeça-de-lista da Renamo, Venâncio Mondlane, que, mostrando o domínio de alguns problemas de Maputo, não estava preparado para o tipo de perguntas do jornalista. Na sua primeira intervenção, divagou sobre a actual Gestão Municipal e, diga-se, não era a pergunta do jornalista.

 

A representante da ND, Eunice Andrade, também se mostrou à altura das perguntas e respondeu em tempo útil, tendo poupado alguns segundos que não chegou a usá-los. Já Armindo Chembane, cabeça-de-lista da ASTIMO, mostrou que a actividade informal tem futuro e o futuro reside na evolução do comércio informal na perspectiva de formalização, contudo, a formalização que se pretende nada tem que ver com a governação actual. Foi interessante ouvir este membro da Sociedade Civil, vindo do negócio informal, a falar com a eloquência com que o fez, mostrando, de forma clara e objectiva que se pode buscar a solução do mercado informal nos seus actores.

 

Na abordagem feita pelos cabeças-de-lista do MDM, Renamo, ND e ASTIMO, se fosse a avaliar, daria como nota mais alta ao representante do MDM, de seguida à representante da ND e da ASTIMO e, finalmente, com o valor mais baixo o representante da Renamo. Devo ressalvar aqui e agora que o representante da Renamo pode ter sido traído por dois aspectos essenciais: primeiro, excesso de confiança e, segundo, a natureza das perguntas e o tempo cronometrado. Entretanto, de acordo com o grupo SOICO, haverá muito mais!

 

Adelino Buque

sexta-feira, 15 setembro 2023 10:56

Juventude: Dados do INE assustadores!

“População jovem cresce rápido e analfabeta, tendo passado de 5.3 milhões para 9.4 milhões entre 1997 e 2017. Trata-se de pessoas entre os 15 e 35 anos de idade e as províncias de Nampula e Zambézia são as que contribuem com maior natalidade e, no sentido oposto, encontram-se Niassa e Província de Maputo”.

Fonte: Carta de Moçambique, estudo do INE – Instituto Nacional de Estatística

“O estudo publicado pelo INE – Instituto Nacional de Estatística, sendo oportuno, revela o quanto não se tem pensado no país real, hoje. Moçambique importa desde a caixilharia para os imoveis, mobiliário de casa e de escritório, produtos de origem agrícola, carteiras para os estudantes, num país com potencialidades agrícolas de invejar, com a silvicultura e florestas nativas para a produção de madeira a dar com o “pau”. Ainda que houvesse formação profissional massiva, quem seria o comprador dessa produção dos jovens, se tudo importamos sem nos preocuparmos com a produção nacional. Importamos até roupa interior usada! Meu Deus, Moçambique precisa de ultrapassar certas atitudes e pensar no bem-estar do seu povo, em especial para a Juventude”.

AB

O estudo publicado, recentemente, pelo INE – Instituto Nacional de Estatística é bastante assustador. Avisa que, nos últimos 20 anos, a população jovem moçambicana cresceu na ordem de 4.1 milhões de pessoas, saindo de 5.3 milhões em 1997 para 9.4 milhões em 2017. Trata-se de jovens com idade entre 15 a 35 anos e, destes números, 9.4 milhões de jovens, 5 milhões são mulheres, ou seja, a população feminina continua a crescer de forma desproporcional em relação à masculina. O estudo indica que as províncias com maior fertilidade são as de Nampula e Zambézia e, de seguida, alerta:

“Esta situação sugere que existe um contingente de jovens com potencial, que não tem sido aproveitado através de investimentos na sua educação, formação e enquadramento profissional. Dado que uma parte considerável dos jovens são pouco educados, não estão envolvidos em nenhum tipo de formação profissional e nem enquadrados em nenhum sector produtivo da sociedade, estes têm o potencial elevado para se tornar numa fonte de instabilidade social”.

Estudo do INE. Publicado no Jornal electrónico “Carta de Moçambique”

Segundo o mesmo estudo, as províncias de Maputo e Niassa são menos férteis em termos de crescimento da Juventude, passaram de 200 mil em 1997 para 600 mil em 2017. Ora, os números, embora não se comparem com as províncias de Nampula e Zambézia, em termos quantitativos, são, na minha opinião, bastante elevados quando comparados com os investimentos necessários nas áreas de Educação no geral e na formação profissional em particular. Mas se os números são assustadores, a realidade é pior ainda porque, em abono da verdade, o inquérito refere-se a 2017, sendo que passam cinco anos e a realidade piorou. Espero estar errado.

Por outro lado, os dados aqui publicados pelo INE vêm mostrar que as escolas de formação profissional existentes em Moçambique, sobretudo, as tuteladas pela Secretaria de Estado da Juventude e Emprego, não têm estado à altura da demanda juvenil. Mostram ainda que o ingresso a essas formações constitui um grande privilégio aos beneficiários, sendo urgente a mudança desse estado de coisas. Este estudo foi feito em 2017, sendo que passam cinco anos e não me parece que tenha mudado muita coisa no terreno. Ou seja, não me parece que o estudo tenha colocado à reflexão o sector de educação e formação profissional, pois, deveria ter melhorado alguma coisa.

É urgente a massificação da formação profissional, mas, acima de tudo, é urgente a mudança do nosso mercado de economia, que privilegia muita importação de bens que podem ser produzidos localmente. Por exemplo, importamos carteiras, num país produtor de madeira, as caixilharias para a construção civil, hoje, são predominantemente importadas, as mobílias de casa e de escritórios são importadas e, diga-se, com belos acabamentos, mas de consistência duvidosa. Trata-se de mercadorias que poderiam ser produzidas em Moçambique.

Ainda que se abram muitas escolas de formação profissional para as pessoas cursarem, se não puderem produzir para abastecer o mercado, o paradigma não irá mudar. A importação de bens agrícolas, da vizinha África do Sul, é também exemplo de que, mesmo formando técnicos agrícolas em quantidade, se a concorrência continuar desleal com a importação de bens do vizinho, essa gente ficará sem trabalho.

O anúncio do estudo é oportuno, mas as coisas não podem ser vistas na perspectiva de educação e formação profissional apenas, a análise deve ser vista na perspectiva de mudança do nosso paradigma económico, o que deve vir de fora e o que devemos produzir internamente. Muito recentemente, por ocasião da CASP – Conferência Anual do Sector Privado, o lema foi sobre a Industrialização, mas foi uma corrente de lamentações, com destaque para a Indústria Gráfica, em que o livro é importado com isenção e a matéria-prima para alimentar a indústria gráfica local tem impostos a pagar. É urgente pensar-se na economia como um todo, incluindo o processamento de parte das commodities produzidas na agricultura, na indústria extractiva e outros sectores da economia.

Adelino Buque

Há um sinal inequívoco de que a África Austral não está alheia aos acontecimentos do resto da África, que os eleitores de hoje são, maioritariamente, jovens que não viveram o colonialismo e que nada justifica a penúria económica dos seus países na actualidade. A maioria desses jovens que vivem na penúria terão sido colegas de alguns que vivem na abundância e fartura hoje e eles se questionam, porque para alguns o colonialismo continua marcante e para os outros as coisas são bem diferentes. O punhado de compatriotas que vivem na fartura e exibem sem se coibirem pode ser a gota de água que fará transbordar o copo. Moçambique que se prepare e crie um discurso de reconciliação e de partilha convincente.

 

Mas a rejeição por parte dos observadores da SADC dos resultados que dão vitória ao candidato da Zanu-PF, Emmerson Mnangagwa, com 52,6% contra 44% do seu opositor mostra, igualmente, que a fraude não é a melhor forma de se conseguir a vitória. O grau de vigilância eleitoral, quer através dos partidos nacionais quer por observadores internacionais e da região, cresceu e todos clamam por resultados justos. Moçambique deve tirar lições das eleições do Zimbabwe, sobretudo, no que diz respeito ao manifesto eleitoral para jovens e mulheres, duas classes determinantes, na minha opinião, para se fazer eleger.

 

Zimbabwe merece sair da crise em que se encontra!

 

“África Austral parece caminhar rumo à Democracia, não se deve parar o vento com as mãos, pois não é todos os dias que observadores das eleições da SADC chumbam eleições da própria região, uma vez que a maior parte deles são os libertadores que governam e são eles que determinam quem deve ser observador. No caso do Zimbabwe, mais do que observadores, são os Chefes de Estado que não quiseram testemunhar a investidura de um “Golpista” eleitoral, como considera Siphosami Malunga, advogado e activista dos Direitos Humanos zimbabueano.

 

A perpetuação do poder de Emmerson Mnangagwa fará com que o Zimbabwe continue na linha de pobreza, com mais de 18 mil milhões de USD de dívida externa e 175% de inflação no mês de Junho. A probabilidade de negociação da dívida parece estar gorada com a declaração de eleições não justas e nem transparentes, pela quase totalidade de observadores das eleições, desde a SADC, a UA, EU e outros observadores. Obrigado presidentes da zona Austral, que boicotaram a investidura com ausência no Estádio Nacional do Zimbabwe”.

 

AB

 

“As eleições foram usurpadas pelo partido no poder com interesses próprios e não resolvem a crise de legitimidade nem fornecem um roteiro para salvar a economia devastada. Os resultados anunciados unilateralmente sábado à noite, dando ao Presidente Emmerson Mnangagwa 52,6% dos votos, foram possíveis devido ao seu domínio sobre o poder judicial, agências de segurança e, acima de tudo, uma Comissão Eleitoral repleta de apparatchiks do partido no poder.”

 

In Siphosami Malunga, no CDD: Siphosami Malunga é um advogado constitucional e de direitos humanos do Zimbabwe que trabalhou em eleições em África e no mundo.

 

Ontem, 11 de Setembro de 2023, na página do CDD, dirigido pelo Prof. Dr. Adriano Nuvunga, vem inserido um longo artigo sobre as eleições de 23 de Agosto de 2023, no território vizinho e amigo do Zimbabwe. Igualmente, o Jornal electrónico “Carta de Moçambique” faz a publicação sobre a vitória de Emmerson Mnangagwa que servirá de sufoco à população sofrida do Zimbabwe, com mais de 10 milhões de habitantes procurando a vida em territórios fora do Zimbabwe.

 

Nas publicações acima referidas, considera-se gorado o esforço do Antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano, que, junto com o BAD – Banco Africano de Desenvolvimento, liderou ou lidera esforços para a negociação da dívida externa do Zimbabwe, estimada em mais de 18 mil milhões de USD. Uma das condições para o efeito eram eleições “livres e justas”, o que certamente não aconteceu. O nível de desorganização, para alguns “organizado”, das eleições do Zimbabwe foi tal que a votação, no lugar de 12 horas estipuladas, levou dois dias.

 

A presença do Presidente Filipe Jacinto Nyusi deve ser vista em contexto histórico nas relações Moçambique – Zimbabwe. Para os mais novos pode não ser compreensível, mas o Zimbabwe é um país que ascendeu à independência com o apoio de Moçambique, através dos soldados internacionais, da aplicação de sanções à Rodésia de Ian Smith, entre outros sacrifícios, conscientemente consentidos. Na actualidade, o antigo Presidente Joaquim Alberto Chissano está a procurar mediar o retorno da economia daquele país à normalidade e seria inglório virar as costas hoje e na situação em que está o país.

 

Na verdade, a não participação dos 13 Chefes de Estado na tomada de posse de Emmerson Mnangagwa pode ter sido concertada entre os Chefes de Estado da região, mas não deixa de mostrar que as más práticas no que concerne às eleições deve pertencer ao passado. Zimbabwe continuará a precisar da África Austral para prosseguir e, mais do que o presidente, a população Zimbabueana precisará muito mais, por isso a presença de Moçambique, África do Sul e a República do Congo deve ser vista como um sinal de apoio aos esforços de reforço da amizade e cooperação, até porque estes são os países que mais acolhem refugiados do Zimbabwe.

 

Zimbabwe não é Moçambique, é verdade!

 

Neste momento, os políticos moçambicanos, sobretudo no seio do Partido Frelimo, não podem ficar indiferentes aos acontecimentos no Zimbabwe, sobretudo porque, como escrevi acima, a Zanu-PF é um Partido que recebeu e recebe um forte apoio de Moçambique. Tirando a questão da dívida externa e da inflação de Junho, num país que já não possui moeda nacional, a base de agricultura do Zimbabwe é mais robusta que a nossa, a recuperação na produção agrícola depois da crise das terras é uma realidade. Então, que lições se deve tirar daquela votação!? Eis a questão!

 

A primeira lição é que há ventos de mudança em quase toda a África, que a época dos Partidos de Libertação, que não souberem se adaptar está prestes a terminar e a nova era de libertação económica está em marcha. Na verdade, o grande mal dos territórios africanos é de não possuir ideias novas sobre como se sair do marasmo económico em que nos encontramos. A questão é a capacidade de rotura entre a antiga estrutura económica criada pelo sistema colonial que prevalece e a criação de uma nova estrutura económica que beneficie os africanos.

 

As antigas colónias da França em África estão a liderar pelo exemplo. São jovens de 30 a 40 anos que rompem com os acordos de 1960, que permitiam a França beneficiar-se dos recursos dos seus países sem contrapartidas. São estes jovens dirigentes emergentes e não comprometidos com o antigo colono que pretendem libertar a África da dependência económica. Moçambique, por exemplo, com a exploração de Gás natural em Cabo-Delgado e Inhambane, as populações locais não sentem nenhuma mudança nas suas vidas. Em Cabo-Delgado, as contas falam de uma percentagem ínfima de exploração para Moçambique e estamos satisfeitos!

 

Finalmente, o eleitor de ontem e de hoje são total e completamente diferentes. Os jovens eleitores de hoje não conheceram o colonialismo, por isso falar de pobreza originada pelo colonialismo, para eles, soa à piada, pese embora algumas situações sejam justificadas. Mas para a juventude não faz sentido, exactamente, porque consegue ver um punhado de cidadãos nacionais, alguns com quem certos jovens estudaram, com uma vida melhor e sucedida. No entanto, não eram melhores na escola, porque será! Creio que não preciso de dar resposta, todos têm ideia das razões.

 

Adelino Buque

terça-feira, 29 agosto 2023 08:02

Os terroristas também morrem!

Adelino Buqueeeee min

“O anúncio, a 22 de Agosto de 2023, pelo Chefe do Estado Major-General, Joaquim Mangrasse, do abate do Líder dos Terroristas em Cabo-Delgado mostra, de forma clara, que os terroristas também morrem e, muitas vezes, morrem da mesma forma como têm estado a patrocinar a morte alheia. Bonomade Machude Omar é um cidadão nacional, segundo informação disponível nas várias plataformas. Ele nasceu exactamente em Palma e independentemente das razões que o levaram a aliar-se ao terrorismo internacional, seus patrocinadores, ele é a causa da desgraça de muitos moçambicanos, com destaque aos concidadãos da terra que o viu nascer. Será que se orgulha disso! Os jovens devem reflectir sobre este episódio. Mais do que serem mobilizados para não aderirem ao terrorismo, eles próprios devem ter noção de que se mata e se morre, independentemente das razões do terrorismo. Pense nisso, não sirva de “carne para canhão, ou seja, não alimente o terrorismo.”


AB


“Transmitimos essa mensagem, que continuávamos a lutar, e acabei ficando a saber que o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, Joaquim Mangrasse, comunicou aos sargentos, aos soldados, aos oficiais, que no dia 22 de Agosto de 2023 foi colocado fora de combate o líder dos terroristas em Moçambique, Bonomade Machude Omar ou Ibin Omar. Dissemos aquilo que temos dito, que às vezes precisa de ser bem entendido, que o terrorismo não se termina, nem se pode afirmar que acabou. Mas temos dito que aquelas vilas que estiveram nas mãos dos terroristas até 2021, todas elas, digo as capitais distritais, foram recuperadas pelas Forças de Defesa e Segurança, com o apoio dos nossos parceiros do Ruanda e da SAMIM [missão em Moçambique], da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] ”



In Redactor de 25 de Agosto de 2023



O conflito que assola o norte de Cabo-Delgado teve o seu início a 05 de Outubro de 2017 no Distrito costeiro de Mocímboa da Praia, passam mais de cinco anos, contudo, de 2021 a esta parte, tem-se registado grandes progressos da parte das Forças de Defesa de Moçambique, com o apoio do Ruanda e da SAMIM, Forças da SADC, com recuperação das Sedes Distritais até então ocupadas pelos terroristas.



Das informações publicadas, quer pelo INGD – Instituto Nacional de Gestão de Desastres e instituições internacionais, interessadas no conflito em Cabo-Delgado, consta que foram mortas mais de 4.000 mil pessoas, deslocadas até agora 819.004 pessoas, distribuídas pelas seguintes Províncias: Cabo-Delgado com 764.332, Niassa com 4.533, Nampula com 39.875, Manica com 5.552, Sofala com 3.376 e, finalmente, a Província da Zambézia com 1.191 pessoas. Notar que 409.087 já regressaram as suas zonas de origem.



Nisto tudo, há um dado curioso sobre o Líder ou do então Líder terrorista em Cabo-Delgado, o homem que iniciou com os ataques Terroristas naquela parcela de Moçambique. Informações disponíveis indicam que o mesmo nasceu em Palma a 15 de Junho de 1988, passou parte da sua infância em Mocímboa da Praia, mas foi exactamente no Distrito de Palma onde se registou o maior ataque em Cabo-Delgado, onde se reportou várias mortes e feridos, com a destruição de bens privados e públicos e fez maior número de deslocados. Os estrangeiros afectos naquela região tiveram que retornar as suas origens de emergência, ou seja, Bonomade Machude Omar é filho de Cabo-Delgado, exactamente a região que através dos seus aliados extremistas ajudou a destruir!


Como vai a ajuda aos deslocados em Cabo-Delgado!



"Não há complementaridade dos actores dos esforços na resposta à crise humanitária e de segurança que se vive em Cabo Delgado", defende Adriano Nuvunga.



A Sociedade Civil Moçambicana mostra-se preocupada com os níveis de apoio e respectiva coordenação dos vários actores em Cabo-Delgado. A organização do Professor Adriano Nuvunga diz: “o Governo de Moçambique está mais preocupado com o regresso das Multinacionais que exploram os recursos naturais naquela parcela do País que propriamente com o retorno das pessoas”. Contudo, na minha opinião, as operações militares levadas a cabo pelas Forças de Defesa e Segurança tanto podem trazer de volta as Multinacionais como as populações que se sentirão seguras. Aliás, o retorno de 409.087 pessoas mostra que, efectivamente, no local de guerra, a estabilidade é o condimento convidativo para se restabelecer.



Mas é preciso notar também que o programa do Governo, designado Sustenta, tem estado activo naquela parcela de Moçambique. As Autoridades do Fisco têm estado a desenhar pacotes específicos para alavancar a economia da Província e ajudar a criar empregos para a população daquela parcela do País e especial destaque para jovens e mulheres, ou seja, mesmo com parcos recursos, não nos esqueçamos da retirada dos parceiros de cooperação no apoio ao Orçamento do Estado desde 2016, muitas coisas acontecem e, nesse quesito, devemos enaltecer os esforços do executivo.



Chegados aqui, é preciso notar que Bonomade Machude Omar foi autor moral e material de muitas mortes em Cabo-Delgado, de muitos deslocados e da precaridade da vida que muitos cidadãos vivem naquela parcela de Moçambique. No dia 22 de Agosto de 2023, ele mesmo foi morto pelas Forças de Defesa e Segurança segundo comunicou o Chefe do Estado Major-General e, provavelmente, morreu como matou ou mandou matar muitos nossos concidadãos, caso para dizer que, afinal, os terroristas também morrem, eles não são e jamais serão eternos!


Adelino Buque

segunda-feira, 14 agosto 2023 06:30

Relações África-Europa e seus alicerces!

Adelino Buqueeeee min

“(Item 1): Governar o mundo e controlar as riquezas do planeta - nossa política é dividir e conquistar, dominar, explorar e saquear para encher nossos Bancos e torná-los os mais poderosos do mundo; (Item 2): nenhum país do terceiro mundo é um estado soberano e independente; (Item 3): todo o poder nos países do terceiro mundo emana de nós, que o exercemos pressionando os líderes que são apenas nossos fantoches. Nenhum corpo no terceiro mundo pode assumir o seu exercício; (Item 4): todos os países do terceiro mundo são divisíveis e suas fronteiras móveis de acordo com nossa vontade. O respeito pela integridade territorial não existe para o terceiro mundo; (Item 5): todos os ditadores devem colocar suas fortunas em nossos Bancos para a segurança de nossos interesses. Esta fortuna será usada para doações e créditos concedidos por nós como crédito e ajuda ao desenvolvimento de países do terceiro mundo”.

 

In Carta do Imperialismo, Provisão Geral, Museu Real da África Central em Tervuren, Bélgica.

 

Na minha opinião, os problemas de África e de Moçambique devem ser vistos com base na chamada “Carta do Imperialismo”, concebida em Washington durante o comércio de escravos e negociada na Conferência de Berlim em 1885, aquando da partilha da África, uma partilha, como reza a história, sem os próprios africanos. Desde então, África tem sido aquilo que os europeus querem que seja e a eliminação de dirigentes lúcidos e comprometidos com os seus povos faz parte da estratégia traçada em Washington antes da partilha da África.

 

Quando no Item 5 se diz taxativamente: “todos os ditadores devem colocar suas fortunas em nossos Bancos para a segurança de nossos interesses. Esta fortuna será usada para doações e créditos concedidos por nós como crédito e ajuda ao desenvolvimento dos países do terceiro mundo”, isso espelha a realidade de hoje, em que quase todos os dirigentes africanos têm as suas fortunas nas antigas metrópoles ou em outros paraísos fiscais. A história recente mostra-nos, por exemplo, o destino da elite política de Angola em Portugal. O que lhe aconteceu? E nos outros países do mundo, incluindo Moçambique, a “novela” das dívidas ocultas mostra, igualmente, onde a fortuna de alguns moçambicanos se encontra domiciliada.

 

Também encontramos nessa “Carta do Imperialismo”, no Capítulo do “Regime Político”, Item 6, o seguinte: “todo o Governo e o Poder estabelecido por nós é legal, legítimo e democrático. Mas qualquer outro poder ou Governo que não emane de nós é ilegal, ilegítimo e ditatorial, qualquer que seja sua forma e legitimidade. Já no Item 7: qualquer poder que oponha a menos resistência às nossas injunções perde assim a sua legitimidade e a sua credibilidade. Ele deve desaparecer”. Ora, se dúvidas existiam, com este item sobre a Governação Política da “Carta do Imperialismo”, creio que foram dissipadas.

 

O caso do Níger é o exemplo paradigmático neste momento. Se o Golpe de Estado é legítimo ou não, não deve ser o ocidente a dizer ou a avalizar, é o povo do Níger que se deve pronunciar. Por aquilo que é o carinho que os golpistas recebem do seu povo, pode se assumir que este povo se revê nos militares do Níger. Contudo, tendo em conta o princípio segundo o qual “qualquer outro poder ou Governo que não emane em nós é ilegal, ilegítimo e ditatorial”, aqui temos a prova da aplicação à risca da chamada “Carta do Imperialismo”.

 

Os países africanos mobilizam-se para atacar os militares do Níger com o apoio, claro, da Europa e dizem de boca cheia que o “Golpe é ilegal”. Falta dizer que “não emana da Europa”. Os golpistas pretendem, desde já, verem-se livres das relações neocoloniais da França, seu antigo colonizador, que se retirou das colónias com base no acordo que oferece vantagem à França em detrimento dos cidadãos do Níger.

 

Muitos meus concidadãos não irão concordar, decerto, tal é a forma alienada em que estamos, mas as chamadas “dívidas ocultas”, segundo os contratantes, tinham um fim nobre, que colocava em causa os interesses ocidentais, em particular os que exploram a Bacia do Rovuma.

 

Moçambique queria se ver livre do sistema de monitoria de segurança montado por eles, que, segundo suas declarações, drenava milhares de USD semanalmente.

 

Também é verdade que usaram a parte fraca de nós moçambicanos, nomeadamente a vontade do enriquecimento fácil e de viver fora dos padrões dos nossos próprios rendimentos e puseram-se a facilitar tudo.

 

Se é verdade que, para a contratação da dívida por um Estado, é imperioso que a sua Assembleia aprove e que essa aprovação faça parte dos documentos a apresentar aos Bancos Europeus, por que razão eles aceitaram fazer a entrega do dinheiro sem que esse requisito fosse preenchido. Mas, no lugar de questionarmos isso, ficamos com vozes roucas, acusando em exclusivo os nossos de corruptos. Onde andam os corruptores? Esta equação tem os dois lados, os corruptos e os corruptores. Entretanto, aqui, mais uma vez, como a segurança marítima a aplicar não era do interesse europeu, teria de cair de qualquer jeito, por bem ou por mal e estamos nós aqui presos e dependentes deles.

 

As companhias que exploram a Bacia do Rovuma retiraram-se num momento crucial para Moçambique, quando tudo indicava que, mais dias menos dias, iria iniciar a exploração de Gás e tudo indicava um encaixe financeiro que pudesse livrar Moçambique da dependência Orçamental. E o que fizeram? Retiraram-nos o financiamento directo ao Orçamento do Estado. Pensavam que Moçambique iria “baquear” através da dívida interna. É verdade que falamos de esgotamento da capacidade de endividamento, mas isso também é normal.

 

Este bloqueio europeu e das instituições das Nações Unidas fez com que o desenvolvimento de Moçambique estagnasse, devido ao elevado custo do dinheiro. As instituições bancárias e outras de carácter de financeiro deram privilégio ao endividamento do Estado no lugar de injectar dinheiro à economia. Duas razões levaram a esta decisão, a garantia de que o Estado mais cedo ou tarde iria pagar os juros altos cobrados aos Bilhetes de Tesouro. Tudo isto foi feito de caso pensado, mas, internamente, aqueles que deveriam raciocinar através do olho de nação parece que ficam do outro lado, do lado dos subscritores da “Carta do Imperialismo”.

 

Como se não bastasse o acima exposto, a “Carta do Imperialismo” tem na sua terceira parte o capítulo que diz: “Tratados e Acordos (Item 8) - não negociamos acordos e tratados com países do terceiro mundo, impomos o que queremos e eles se submetem à nossa vontade”. (Item 9): “qualquer acordo concluído com outro país ou negociação sem o nosso aval é nulo e sem efeito”. No capítulo sobre Direitos Fundamentais, no seu Item 10, diz assim: “onde existem nossos interesses, os países do terceiro mundo não têm direitos, nos países do Sul, os nossos interesses vêm antes da Lei e do direito internacional”.

 

Ora irmãos africanos e moçambicanos em particular! Depois desta leitura, quais são as ilações a tirar desta “Carta do Imperialismo”? Continuamos à procura dos culpados do nosso insucesso ou devemos nos concentrar na fórmula para sair deste ciclo vicioso criado por essa famosa Carta! Continuamos a pensar que a morte de dirigentes africanos é outro infortúnio ou é algo pensado há bastante tempo!? No caso de Moçambique, a Agricultura definida constitucionalmente como sendo a “base do desenvolvimento” não sai do papel por incapacidade ou porque efectivamente estamos manietados. O ocidente, com destaque nos europeus, não quer o nosso desenvolvimento, por isso nos bloqueiam em tudo!

Adelino Buqueeeee min

“As declarações do Embaixador da União Europeia em Moçambique são, na minha opinião, uma autêntica “brutalização” da consciência colectiva dos africanos. Desde quando a União Europeia se preocupa com as relações humanas e culturais com os países africanos? Uma coisa é reunir com os dirigentes africanos, oferecer-lhes boa estadia e tirarem fotos de família e, de regresso à África, prometer mundos e fundos que nunca chegam. Por acaso a União Europeia tem algum acordo com a União Africana para a circulação de pessoas e bens? Quando existe um acordo de circulação de bens é quando há carência desses bens na Europa e, quando a situação se normaliza, accionam a cláusula de “barreiras técnicas” para impedir a entrada destes.



Fala de 7 mil milhões de euros para melhorar a segurança alimentar em África até 2024, sendo que já foram desembolsados 3 mil milhões. Estou com uma “lupa” procurando onde foram usados esses tantos milhões e não consigo ver. Senhor Embaixador, o assunto Rússia - Ucrânia é vosso, não procurem meter os africanos nesse barulho. Por acaso ouviu a reacção da Ucrânia quando África se ofereceu para mediar o conflito? Chega! África é habitada por homens e mulheres e não por crianças grandes.”



AB



“Trabalhamos todos os dias para tornar a parceria União Europeia – União Africana (EU – UA) mais forte e mais próxima dos Povos de África e da Europa. O nosso contacto diário é prova de que a relação entre Europa e África é feita de laços humanos, culturais, geográficos e económicos, sem paralelo e não de encantamentos, promessas e afirmações. Na 6ª Cimeira União Europeia – União Africana, em Fevereiro de 2022, mais de 80 líderes de África e da Europa reuniram-se em Bruxelas para adoptar uma agenda ambiciosa e reforçar uma parceria de paz, segurança, solidariedade e prosperidade baseada na igualdade, no respeito e na compreensão mútua.”



Antonino Maggiore, in Carta de Moçambique, Edição 1175 de 01 de Agosto de 2023.



Caro Embaixador da União Europeia em Moçambique, quando diz: “As acções dizem mais que as palavras, exemplo da parceria União Europeia – União Africana e, sobretudo, quando evoca que as relações são feitas de “ laços humanos, culturais, geográficos e económicos” me parece dizer meia verdade. Por aquilo que tenho apreciado através dos vários órgãos de comunicação, quer nacionais quer internacionais, a União Europeia pretende, de forma unilateral, beneficiar dos recursos de África. A União Europeia serve-se do servilismo dos dirigentes africanos para continuar a espoliar seus recursos naturais de que Europa é carente.


As últimas “dissidências” de Países Francófonos, que mantiveram uma relação de carácter umbilical com a França, é o exemplo de um despertar de áfrica para a realidade que nos pode levar a uma nova “Colonização” por via económica. Essa procura de “ruptura” dos países africanos com a França mostra, de forma clara e cristalina, que a França continuou a subjugar os interesses desses países africanos, interessando-se, de forma exclusiva, pelos seus recursos naturais, tanto que até alguns países europeus não se identificaram com tamanha barbaridade Francesa. Este é um exemplo e, pelo que sei, a França é um dos países da UE mais activos.



Senhor Embaixador da União Europeia em Moçambique, Antonino Maggiore, quando se refere a relações humanas, quer dizer exactamente o quê?! Pretende dizer que os espanhóis estão bastante felizes com a presença de pretos no seu território, que os trata bem como tratam os seus próprios concidadãos? Está a dizer que a “Xenofobia” que se vive em alguns países da União Europeia é pura ficção! Que mensagem exactamente nos pretende deixar porque, pessoalmente, vejo e sinto o quanto as pessoas não europeias são tratadas naquele continente, com destaque aos pretos.



O senhor Embaixador vai longe, ao falar de relações culturais. Admitir a ida de uma banda africana para algumas sessões na Europa significa necessariamente relações culturais enraizadas ou simples acções de natureza comercial que beneficiam os organizadores? Sim, porque essa ida tem-se regido por prévios acordos comerciais. Ainda não ouvi, pode ser que esteja ultrapassado, um grupo cultural, sem cunho comercial, ser convidado para divulgar a cultura africana na Europa. Não ouvi até então uma feira de gastronomia em qualquer que seja País da União Europeia. Tratemos as coisas pelos nomes Senhor Embaixador.



A União Europeia precisa de África para espoliar seus recursos e, para tal, injecta alguns dolarzitos, de longe, ínfimos em relação ao proveito que pretende tirar da África. Qual é o País africano que beneficiou dos valores da “quota de poluição?” Quem polui o mundo através da exploração industrial? Já não estamos no tempo de ouvir “sandices” e ficarmos calados e ou agradecer porque a União Europeia aprovou 400 milhões de Euros para o Orçamento do Estado para 2024. De 2016 a esta parte, o que acha que os sectores sociais em Moçambique viviam? Pena porque os nossos governantes mantêm uma distância no seu relacionamento com os governados porque seria o Governo a dialogar com o seu povo e a encontrar formas de sair dos problemas existentes. Em parte, Senhor Embaixador, a vossa estratégia está a funcionar bem, isolar o Governo do seu povo e tirar benefícios dessa situação. Mas tenham cuidado porque África está a despertar para a actual realidade. Não aceitaremos a nova “Colonização” Senhor Antonino Maggiore. Basta!



Adelino Buque

sexta-feira, 21 julho 2023 06:59

Celso Correia ameaçado em Nampula!

Adelino Buqueeeee min

O inimigo, entenda-se adversário, quando te elogia, deves rever as tuas posições, quando te ataca, significa que estás no bom caminho”

 

Adaptado das frases de Samora Moisés Machel, 1º Presidente de Moçambique.

 

“As palavras proferidas por Carlos Fernando, membro da Renamo e Presidente da Comissão da Polícia Municipal e Fiscalização de Nampula, constituem uma ameaça à integridade física do cidadão Celso Correia e, por conseguinte, merecem intervenção da PGR para se aclarar o que pretende dizer com aquelas palavras e, por via disso, prevenir-se um mal maior. A Renamo é um partido político relevante no xadrez político nacional. A Renamo tem história e responsabilidades neste país e, por isso, não deve ser representada por pessoas juniores na Política. Carlos Fernando deve “crescer” internamente, depois é que virá fazer pronunciamentos públicos, do contrário, a Renamo estará perdida”.

 

AB

Se dúvidas existiam, é altura de sossegar os membros do partido Frelimo, quanto à escolha, para a Província de Nampula, do membro da Comissão Política do Partido, Celso Correia. Os pronunciamentos do senhor Carlos Fernando, membro do Partido Renamo e Presidente da Comissão da Polícia Municipal e Fiscalização, revelam falta de sossego daquele partido na Província de Nampula. Estou em crer que Carlos Fernando terá sido o porta-voz do mal-estar interno na Província.

 

Até porque devo recordar que Celso Correia disse de viva voz que, nas eleições autárquicas de 11 de Outubro de 2023, a Frelimo pretende ganhar em todas as Autarquias e, sobretudo, recuperar as Autarquias que estão a ser governadas pela oposição. Aliás, para um destacado membro sénior de um partido político, se traçasse objectivos abaixo desse, não mereceria confiança dos seus colegas do partido. Ouviu-se isso da senhora Margarida Talapa na Beira muito recentemente, pelo que esse objectivo é, acima de tudo, da Frelimo no dia 11 de Outubro de 2023.

 

Mas também é preciso que se diga que, ao fazer esse pronunciamento, Carlos Fernando se revelou um júnior em política e, se a ideia é do partido, então a Renamo está numa situação em que precisa de um “marinheiro” profissional, porque se revela amadora, o que não é admissível para um partido da dimensão da Renamo, com histórico e capital interno que possui. Num caso destes, seria aconselhável que alguém com maior credibilidade interna, local ou nacional, aparecesse a desculpar-se do amadorismo político manifestado nesta intervenção de Carlos Fernando.

 

Para piorar, Carlos Fernando faz uma campanha antecipada, quando profetiza que o cabeça-de-lista da Frelimo não irá passar em Nampula. Mais ainda, apela para um voto “tribal” esquecendo que o senhor também é natural de Nampula e, por conseguinte, é Macua, salvo se Carlos Fernando pretende classificar os Macuas por categorias de originalidade, o que, certamente, não só seria sujeito à intervenção de instituições de direito, como poderia colocar a Renamo numa situação embaraçosa. Afinal, a Lei não permite o uso da tribo por estes momentos e tão pouco apelo a um voto “tribal”.

 

A Renamo, na Cidade de Nampula, ajudou a elevar a fasquia popular do senhor Celso Correia, se bem que não precisava disso. Mas hoje é inegável que Celso Correia é o nome mais falado por ocasião das Autarquias de 11 de Outubro de 2023, fruto do amadorismo político do senhor Carlos Fernando e da cúpula local da Renamo em Nampula. A constituir-se ameaça para o círculo eleitoral mais populoso do País, Celso Correia mostra-se relevante no xadrez político nacional e, provavelmente, a própria Frelimo não tivesse consciência desse capital político do Correia. Afinal, diz-se que “os olhos de fora vê melhor que os de dentro”.

 

Resvalando para os aspectos de legalidade, eu penso que a Procuradoria Provincial de Nampula, senão mesmo a Procuradoria-Geral da República, deveria já ter ouvido Carlos Fernando para aclarar as suas declarações sobre como chegaria a deixar o senhor Celso Correia “sem dentes” e ou “encaixotado”. A PGR não deve entrar no jogo político, deve agir em função de defesa de legalidade. Se a ameaça à morte é um crime, então, o que espera para compreender melhor sobre as palavras proferidas por Carlos Fernando, sabido que comanda uma Força Paramilitar naquele pedaço geográfico!

 

Adelino Buque

Adelino Buqueeeee min

Felicitar a PGR pela publicação dos “alegados” nomes dos terroristas e as instituições que apoiam financeiramente o terrorismo em Moçambique é, sem dúvidas, o primeiro passo para que outros actores, interessados em Paz em Moçambique, possam intervir. Não deixemos tudo nas mãos do Estado Moçambicano. Como cidadãos, temos uma palavra a dizer.

 

“A questão que se coloca é: “quem põe o guizo no gato”? O terrorismo em Moçambique teve início em Outubro de 2017, com o ataque à vila de Mocímboa da Praia e, na altura, não se sabia nada sobre os objectivos, causas e os envolvidos. Passados cinco anos de terror, a PGR publica nomes e instituições que estão por detrás do terror em Cabo-Delgado e a primeira impressão que fica é de que, provavelmente, estamos a um passo do fim destas matanças no nosso território. A questão é: quem toma a iniciativa?”

 

AB

 

O Jornal “Carta de Moçambique” publica, na sua edição nº 1166, de 19 de Julho de 2023, a notícia sobre o Terrorismo em Cabo Delgado, intitulando na primeira página o seguinte: “PGR divulga nomes de 43 alegados terroristas, entre os quais Bonomade Machude Omar, que tem seis nomes de Guerra”. Mais adiante indica os seguintes nomes como sendo de guerra do Bonomade Omar: “Omar Saíde, Ibin Omar, Sheik Omar, Nuro Saíde, Abu Shuraka e Abu Sulayka Muhammad”.

 

Outra novidade sobre o terrorismo em Cabo-Delgado é o facto de se saber através da PGR que Bonomade Machude Omar é cidadão de nacionalidade moçambicana, nascido em Cabo-Delgado, Distrito de Palma. É o líder do terrorismo em Moçambique, tem três esposas e filhos menores em diferentes lugares e é igualmente o elo de ligação com o exterior. Trata-se de um homem “hábil” que o Departamento de Estado norte-americano apelidou de “Terrorista Global” em 2021.

 

Caso para dizer que vale o ditado que reza que “o corneado é o último a saber”. No caso, os estrangeiros identificaram os executores e mandantes do terrorismo em Moçambique antes de nós os moçambicanos sabermos e os actos sobre os terroristas tomados no estrangeiro vão mais longe e sabe-se que o Conselho da União Europeia, a 23 de Abril do corrente ano, incluiu o nome de Bonomade Machude Omar na lista de sanções da UE, pela responsabilidade nos ataques e violação e abuso dos Direitos Humanos.

 

Ora, sabe-se que as três instituições colectivas que se supõe financiarem o terrorismo em Moçambique são: “Ansar Al- Sunna, EL-PAC e Estado Islâmico do Iraque e Levante”. Desta feita, conhecidos os terroristas locais, seus líderes e financiadores, podemos estar a um passo do diálogo para se colocar um fim a mortes em Moçambique. Na minha opinião, já não temos motivos para que se perpetue esta guerra fratricida contra cidadãos indefesos em Moçambique, com maior destaque ao Norte de Cabo-Delgado envolvendo, no fundo, todo o Moçambique, já que se recruta em quase todo o território!

 

Com a informação publicada pela PGR, não cabe somente às instituições do Estado procurar as soluções para o fim deste terrorismo. Cidadãos de bem, instituições de boa-fé e tantos outros interessados na paz no País, incluindo estrangeiros, podem ajudar-nos na promoção do diálogo para a Paz em Moçambique. Em abono da verdade, é mais fácil aos cidadãos de bem promover o diálogo entre os terroristas e o Estado moçambicano que propriamente o Estado moçambicano, devido a desconfianças adjacentes. Por isso, caros moçambicanos e estrangeiros amigos de Moçambique, está aqui a oportunidade de Paz definitiva!

 

Experiência de Moçambique na busca da Paz

 

Moçambique possui experiência para “dar e vender” sobre a busca de Paz ao mundo. A Guerra entre o Governo de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana que durou dezasseis anos culminou num diálogo e assinatura do Acordo Geral de Paz em Outubro de 1992, em Roma, Itália. Contudo, a história conta-nos que os Acordos de Roma foram o culminar de todo um processo que escalou vários países africanos, com destaque para o Quénia, sob patrocínio das instituições religiosas. Ora, são essas as experiências que devem ser accionadas com maior brevidade de modo a acabar com as mortes em Cabo-Delgado.

 

Muitos dos passos dados para a Paz em Moçambique encontram-se documentados e alguns actores religiosos estão vivos. Infelizmente, alguns já não estão entre nós, mas, certamente, isso não nos deve impedir de avançar rumo à Paz em Moçambique. No documento da PGR, diz-se que os “alegados” terroristas estão em lugar incerto, o que julgo ser normal, pois a PGR não pode, numa situação de guerra, notificar essas pessoas. Mas tratando-se de moçambicanos, certamente, possuem amigos, familiares e outros parentes capazes de ajudar na aproximação e diálogo entre as partes. Espero, com toda a franqueza, ouvir, nos próximos dias, que já há diálogo para colocar o fim a estes actos de terror em Moçambique.

“Nas eleições autárquicas, a opção deve ser pelos melhores, independentemente da sua filiação partidária, se o melhor cabeça-de-lista é da Renamo, não importa que eu seja da Frelimo, a bem do meu Município, devo votar naquele, se o melhor é da Frelimo e eu sou da Renamo idem. Está em causa a governação local, do meu bairro, minha autarquia, conheço as pessoas nele residentes e sei quem pode trazer solução para os problemas. Se os partidos políticos não propõem pessoas que nos convençam, como residentes, podemos nos organizar para nos candidatarmos para a liderança do nosso Município. Deve se dar primazia à decisão dos governados sem amarras políticas.”

 

AB

 

Como princípio consagrado, regra geral, quando falamos das eleições das Autarquias Locais, estamos a dizer que as pessoas escolhem, de entre si, aqueles que são os melhores para a Governação Local. É verdade que, segundo o nosso sistema de organização, os partidos políticos têm o privilégio de indicar candidatos, mas nada obsta que grupos de cidadãos se organizem para perseguirem esse interesse. Se os residentes de uma determinada Autarquia fossem bem organizados, até poderiam dar uma “boa lição” aos partidos políticos e não alinharem com o “nepotismo, amiguismo” na indicação do candidato.

 

Essa “boa lição” dá-se através da orientação do voto. É preciso notar que uma coisa é eleger alguém para a Assembleia Nacional e outra, bem diferente, é eleger alguém que vai dirigir o meu bairro, o meu quarteirão e as nossas dez casas. Essas pessoas são nossos vizinhos, vivem connosco e possuem mesmos problemas que todos nós. A questão é de olhar para o vizinho e/ou amigo e dizer “tudo bem, você avança para nos ajudar a resolver este e outro problema que nos afecta e te afecta também”. Aqui, caros compatriotas, a mensagem partidária não deve ser aquela que orienta o voto, se não aquilo que é a sensibilidade e conhecimento de cada um sobre os problemas do Município.

 

Se o seu partido X ou Y escolheu alguém que à partida sabe-se que não é capaz de levar o barco a bom porto, então, porque votar nele! Ainda que seja do seu partido? É que, ao agir assim, estarás a perpetuar os problemas locais e, quando se der conta, será tarde de mais para a reversão dos problemas. Sejamos objectivos e esclarecidos sobre o que queremos para as nossas autarquias. Não nos devemos deixar influenciar pela nossa filiação partidária, salvo se pudermos influenciar o partido a indicar aquele que para nos é o melhor dos melhores.

 

Na curta vivência que tive com o falecido António Simbine, Ex-Primeiro Secretário da Cidade de Maputo, ele dizia: “olha Buque, se a Frelimo teve problemas de Quadros entre 1975 a 1990, esse problema já não se coloca, o grande problema da Frelimo hoje é gerir Quadros pela quantidade e qualidade que tem” cito de memória. Para dizer que existem muitos Quadros nos Municípios com quem, por várias razões, os partidos não contam, mesmo por questões de gestão. São muitos, mas se o Município acha que aquele Quadro que foi preterido pelo partido é o melhor, porque não se organizar para candidata-lo!

 

Eu sei que a experiência não é boa e não abona a pessoas filiadas na Frelimo a ousar nisso. O exemplo vem da tentativa de candidatura do Samora Moisés Machel Júnior pelo PODEMOS, mas temos que ter fé. É importante mostrar ao partido que está a preterir os melhores Quadros em determinadas ocasiões e isso não significa, de forma alguma, estar contra o seu partido do “coração”. Nestas eleições autárquicas de 2023, parece-me que a sociedade civil está parcialmente “domada”, não aparece e nem sequer se sabe do seu pensamento nas diferentes Cidades e ou Vilas Autarcizadas. Dirão que foram impedidos, o tempo não espera!

 

Mulheres pouco visíveis a cabeça-de-lista!

 

Aqui, subscrevo a opinião da minha amiga Ana Maria Albino, quando diz: “as mulheres são a maioria neste país, mas são poucas as caras que aparecem como cabeças-de-lista”. É verdade, é preciso desmistificar isto e válido para todos os partidos políticos. As caras femininas são cada vez mais raras, mas as próprias mulheres são campeãs em “combaterem-se”, o que não abona em nada para a sua ascensão política de uma forma geral. Aqui, também, seria de aconselhar que as mulheres se fizessem ouvir nos seus partidos políticos e ou que se façam ouvir através das organizações locais para “atacarem” o poder.

 

A minha reflexão acima não deve deixar o partido Renamo e MDM sossegados, até porque, na minha opinião, estes dois partidos com assento parlamentar são os piores quando se trata de indicação de pessoas para lugares de destaque. Tanto na Renamo como no MDM existem pessoas sem nenhum histórico de militância político-partidário que chegam e ocupam lugares de destaque em detrimento dos que militam faz muito tempo. E para agravar a situação, nestes dois partidos não se fazem eleições sequer, é tudo ao “gosto” do chefe, isto, também, não nos levará a nenhum lugar.

 

Por isso repito, no seu Município, se a Frelimo acertou no candidato, se estás filiado à Renamo ou MDM, mas sabes que o candidato da Frelimo é o melhor no Município junte-se a ele, o mesmo pensamento é válido para quem é membro da Frelimo ou MDM, se o melhor candidato para o seu Município foi indicado pela Renamo, junte-se a ele e vote nele, MDM idem. O que pode piorar esta forma de eleição é o modelo de cabeça-de-lista, pois não permite que o seu partido esteja devidamente representado. Mas quem decidiu assim? Alguma vez te ouviram para a tomada dessa importante decisão no quadro eleitoral! Nada.

 

Adelino Buque

Adelino Buqueeeee min

“Hoje, o Governo desaconselha viagens à África do Sul: Quando os sul-africanos se manifestaram xenófobos, matando, queimando e saqueando os cidadãos moçambicanos, quando o regime sul-africano treinava seus Cães de Raça caçando ilegais moçambicanos, quando os transportadores moçambicanos se manifestaram contra a queima das suas viaturas e saque de bens dos transportados, quando cidadãos que por várias razões iam à África do Sul eram interpelados, roubados e as suas viaturas queimadas, Moçambique, através do seu Governo, usou a célebre palavra “estamos a trabalhar”, quando deveria ter tomado uma atitude enérgica. Mas nunca é tarde.”



AB



Desde a independência nacional, Moçambique abraçou causas internacionais e, muitas vezes, em detrimento das causas nacionais. Lembramo-nos da aplicação das sanções contra o regime do Apartheid, do regime de Smith e a guerra contra o Apartheid na África do Sul, a luta da Palestina de entre outras causas que Moçambique assumiu como suas, muitas vezes, acredito, ciente de que não teria ganhos para o país.



Na luta contra o Apartheid, Moçambique não só sofreu agressões da África do Sul, como foi severamente afectado em termos económicos, para simbolizar a nossa solidariedade para com a luta do ANC, que é a luta dos sul-africanos. Temos, na Cidade da Matola, o monumento erguido para o efeito, denominado Centro de Interpretação, riquíssimo em informação sobre a solidariedade de Moçambique para com a causa da África do Sul.



Mesmo ciente de que a sua economia é subdesenvolvida, Moçambique embarcou no protocolo da SADC, com vista à liberalização do mercado regional, assumiu as etapas e, muitas vezes, não teve o discernimento de colocar interesses nacionais aos da região. A indústria moçambicana precisava e precisa de acarinhamento para dar salto, mas, por causa dos compromissos da SADC, no seu protocolo de liberalização do mercado, Moçambique é penalizado e, neste momento, assume-se como o mercado de refugo dos produtos produzidos na África do Sul.



A questão que se coloca é: o que a África do Sul tem que ver com os problemas de Moçambique! Provavelmente nada, provavelmente tudo, mas, acima de tudo, na minha opinião, o problema é geral. Os países da SADC, na sua cooperação, privilegiam os Governos no lugar dos povos, os povos são simples seguidistas e os Governos os actores principais. Isto resulta em que os compromissos assumidos entre Estados não vinculem as pessoas desses Estados, aliás, isto acontece com a CPLP, acontece com PALOPs, se a cooperação existente com esses Estados é benéfica, provavelmente para os Estados e os Governantes do dia!

 

Moçambique desaconselha viagens à África do Sul!



Esta é, na minha opinião, a decisão tomada em favor da sociedade moçambicana, uma decisão que deveria ter sido tomada faz muito tempo, desde o período em que os sul-africanos manifestaram a XENOFOBIA, matando, saqueando os cidadãos moçambicanos. O Governo deveria ter-se manifestado de forma enérgica contra a atitude dos sul-africanos, quando, de forma recorrente, cidadãos moçambicanos eram interpelados e seus bens saqueados e as suas viaturas queimadas. Moçambique, digo o Governo de Moçambique, pura e simplesmente, manteve-se mudo e surdo perante toda essa barbaridade, mas porque será!



Moçambique, neste momento, tem condições de fazer boicote ao comércio com a África do Sul, desaconselhando os seus concidadãos a fazerem importação dos produtos daquele País. Moçambique pode, através do sistema de cooperação económica, produzir localmente aquilo que tanto demanda na África do Sul. Por exemplo, o Distrito de Moamba, Magude e parte de Chókwè, que são produtores de Batata Reno, têm as terras em pousio faz muito tempo. No lugar de deixar ao critério de portadores de DUAT, o Estado pode confiscar essas terras e repassá-las aos cidadãos sul-africanos, que não são poucos que querem terras para trabalharem.



O exemplo de Boane e Namaacha na produção de Banana mostra que, com um pouco de abertura, as coisas podem acontecer localmente. Nos casos em apreço, acredito que a contraparte sul-africana encontrou gente, do lado de cá, esclarecida sobre o que pretende e fez-se a cooperação, mas existem casos de gente com extensas áreas de solos aráveis que pura e simplesmente são ociosas à espera da especulação. Essas pessoas, quando contactadas, aplicam a renda/mês, o que torna as coisas inviáveis.



Moçambique deu o primeiro passo, com a chamada de atenção aos seus concidadãos para não se fazerem à África do Sul, devendo fazê-lo em caso de extrema necessidade, mas deve tomar mais medidas ousadas, até que o Governo da África do Sul compreenda que a sua alta taxa de desemprego não se resolve soltando os desempregados para saquearem visitantes daquele País. Acredito que piores dias nos esperam no país vizinho e medidas estruturantes da nossa economia devem ser tomadas já!



Adelino Buque

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