O Chefe do Projecto Eleitoral do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), André Castilho, defende que a fraca participação da mulher, no processo eleitoral e na política, no geral, deve-se a questões sócio-culturais, visto que o nosso país é mais dominado pela sociedade patrilinear (encontra-se a sul do rio Zambeze), onde a participação dos homens é muito mais forte, tradicionalmente.
O especialista defendeu esta tese, esta terça-feira (02 de Julho), à margem da realização do workshop sobre o engajamento das mulheres no processo eleitoral, quando questionado pelos jornalistas sobre as razões que estão por detrás da fraca participação da mulher nas eleições, tendo em conta a aproximação da época eleitoral.
Segundo dados do último recenseamento eleitoral, 54 por cento dos inscritos nos cadernos eleitorais são mulheres, mas o que tem acontecido é que, na hora da votação, as mulheres não têm participado em maior número.
Entretanto, Castilho entende que Moçambique ainda pode reverter esta situação nas próximas eleições, candidatando mais mulheres às Assembleias Provinciais, Assembleia da República, assim como ao cargo de Governador da Província, tendo em conta que representam mais da metade dos recenseados no país.
Para Castilho, o voto é uma das formas que a mulher tem de participar na vida política do país, escolhendo os candidatos certos que possam defender com maior eficácia os seus direitos. (Marta Afonso)
A polémica à volta do número de eleitores registados, na província de Gaza, também conhecida como “Frelimistão”, usado para cálculo do número de mandatos, divulgados, no passado dia 24 de Junho, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), ainda vai fazer correr muita tinta.
É que, depois de contestar, na praça pública, imediatamente a seguir à sua divulgação, a Renamo avançou, desta feita, para um novo estágio, no caso para uma batalha jurídica.
O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visita Moçambique, próxima semana, para avaliar os esforços de recuperação do nosso país, após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth, que fustigaram o centro e norte do país, entre os meses de Março e Abril, respectivamente. A visita enquadra-se no périplo que o diplomata irá fazer pelo continente africano, no âmbito da sua participação numa conferência, a ter lugar no Quénia.
Segundo o porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, citado pela RTP, António Guterres vai chegar a Nairobi, no Quénia, no dia 09 de Julho, e é esperado que faça uma intervenção numa conferência regional africana de alto nível sobre contra-terrorismo e prevenção do extremismo.
O Secretário-Geral da ONU vai também reunir-se com o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, para além de participar numa reunião com jovens envolvidos em programas para evitar o extremismo violento.
De acordo com a RTP, Guterres depois irá voar para a capital moçambicana, Maputo, no dia 10 de Julho, onde vai manter reuniões com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e outros responsáveis moçambicanos.
No dia 12 de Julho, afirma a estação portuguesa, o Secretário-Geral da ONU vai escalar a cidade da Beira, a mais afectada pelo Ciclone Idai, para conversar com os sobreviventes deste ciclone e outros elementos envolvidos nos esforços de recuperação.
Refira-se que o ciclone Idai atingiu a zona centro do país, com maior destaque para a capital provincial de Sofala, em Março último, provocando 604 vítimas mortais e afectando cerca de 1,8 milhão de pessoas.
Um mês depois, Moçambique voltou a ser atingido por um ciclone, o Kenneth, que se abateu sobre o norte do país, sobretudo na província de Cabo Delgado, matando 45 pessoas e afectando outras 250.000. (Carta)
A Procuradora-chefe da Província de Maputo, Evelina Gomane, disse, esta terça-feira, em entrevista à Radio Moçambique (RM), que os contornos da morte da antiga Vereadora de Plano e Finanças, no Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Célia Cumbe, poderão ser esclarecidos nos próximos 40 dias.
Falando à rádio pública, Evelina Gomane disse que, no momento, decorrem procedimentos de investigação, concretamente, a recolha de dados que irão permitir o esclarecimento das circunstâncias exactas que levaram à morte da titular da pasta das Finanças naquela autarquia, durante o mandato de David Simango.
Refira-se que Célia Cumbe perdeu a vida, no passado dia 05 de Março, em circunstâncias estranhas, na sua residência, no bairro da Matola C, no Município da Matola. O seu corpo foi encontrado com sinais de queimaduras, alegadamente provocadas por um incêndio, que consumiu parte da cama, onde se encontrava.
À RM, Evelina Gomane voltou a realçar ainda que os resultados da autópsia afastam, na plenitude, a hipótese de ter sido suicídio, um facto que a magistrada já havia avançado no passado dia 02 de Abril, aquando da divulgação dos resultados preliminares dos exames.
Assim, a Procuradora pede colaboração do então sector laboral da finada, assim como de outro tipo de informação, de modo a apurar quais terão sido os movimentos da vítima, a sua comunicação, pois, segundo suas palavras, acreditam os investigadores que só assim se encontrará os suspeitos do crime.
Salientar que, na altura dos factos, decorria uma auditoria às contas do Conselho Municipal da capital do país, sendo que a finada era uma das peças-chave para o esclarecimento de algumas nuances financeiras e da gestão “danosa”, que se considera ter sido a administração de David Simango. (Omardine Omar)
Os malfeitores, que atacam alguns distritos da província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, continuam a desafiar as autoridades e, a cada dia, incrementam as suas acções macabras, sob olhar impávido das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Sem piedade, os insurgentes realizaram, na última quinta-feira (27 de Junho), mais um ataque, no distrito de Palma, concretamente na comunidade de Ntoli, tendo resultado na decapitação de 10 pessoas.
Cerca de 2 meses depois de um julgamento relâmpago centrado nos pedidos de “habeas corpus” de três arguidos do caso das “Dívidas Ocultas”, nomeadamente Ndambi Guebuza, António Carlos Rosário e Gregório Leão, o Tribunal Supremo (TS) continua sem dizer nada. O julgamento do caso deu-se numa terça-feira de Abril. Depois da discussão, o Tribunal prometeu deliberar dentro de dias.
A decisão sobre se os três iriam ser libertos ou não seria comunicada por ofício do Tribunal aos advogados mesmo antes de um acórdão estar pronto. Aliás, de acordo com as normas processuais em vigor, a decisão sobre um pedido de “habeas corpus” deve ser tomada no prazo máximo de 8 dias. Cerca de dois meses depois, o Supremo ainda não comunicou por ofício do Tribunal aos advogados nem elaborou o acórdão relevante.
Os arguidos do caso Embraer, nomeadamente José Zuzarte Viegas, Mateus Gentil Zimba e Paulo Zucula, acabam de conquistar uma “meia vitória” no Tribunal Superior de Recurso (TSR), que decidiu reduzir o leque de crimes de que o tridente era acusado.
Eis a acusação inicial do Ministério Publico para cada um:
Cerca de 1.4 milhão de crianças vítimas dos ciclones Idai e Kenneth necessitam de ajuda humanitária com urgência. A informação foi revelada, recentemente, em Maputo, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
No comunicado que enviou à nossa Redacção, aquela agência das Nações Unidas sublinha que, até 30 de Maio, os dois ciclones tinham provocado a morte de 648 pessoas, sendo 603 óbitos pelo ciclone Idai e os restantes pelo ciclone Kenneth.
No documento, consta ainda que o ciclone Idai, que fustigou a zona centro do país, em Março último, afectou 50 distritos das províncias da Zambézia, Sofala (a mais afectada), Manica, Tete e Inhambane, enquanto o ciclone Kenneth afectou, com maior impacto, cinco distritos, das províncias de Cabo Delgado e Nampula.
Para a UNICEF, depois da passagem dos dois ciclones, aproximadamente 400 mil alunos ficaram afectados, 3.977 salas de aulas danificadas, 760.285 hectares de colheitas destruídas, 284.589 casas destruídas e mais de 70 centros de saúdes danificados.
De acordo com o documento, a UNICEF lançou um apelo de 122 milhões de USD para apoiar a sua resposta humanitária às crianças e famílias devastadas pela tempestade e as suas consequências, em Moçambique, Zimbabwe e Malawi, os três países afectados pelo ciclone Idai. (Marta Afonso)
“Não há nenhuma obrigatoriedade para se cumprir aquilo que o Banco Mundial teve como conclusão do seu estudo”, defende o Director Geral das Alfândegas, Aly Mallá, quando solicitado pela “Carta” para comentar sobre a advertência do estudo realizado e, recentemente, publicado pelo Banco Mundial, que recomenda a eliminação da obrigatoriedade do uso do despachante aduaneiro.
Intitulado “Doing Busness em Moçambique 2019”, o estudo refere que para o país melhorar a posição no “Doing Busness” internacional, no respeitante ao comércio internacional, deve de entre várias acções “eliminar o uso obrigatório de despachantes aduaneiros e fomentar a concorrência na profissão”.
O estudo acrescenta ainda que, em economias onde os serviços dos despachantes aduaneiros não são obrigatórios, custos na importação e exportação de bens “são 40 por cento mais baixos do que em economias onde o seu uso é necessário”.
Contudo, perante a recomendação, Mallá afirmou: “Não quer dizer que todos os estudos que o Banco Mundial faz têm de ser acatados. Isso já depende da política nacional de cada país. Se o país achar que tem de acatar, tudo bem”.
Questionado sobre que seriam as implicações da eliminação da obrigatoriedade do recurso àquele profissional, Mallá declinou-se a responder alegadamente porque ainda não tinha lido o estudo.
As alfândegas não são as únicas que se mostram contra a eliminação da obrigatoriedade do uso do despachante aduaneiro, mas também a Câmara dos Despachantes Aduaneiros (CDA).
De acordo com a CDA, para se eliminar a obrigatoriedade do uso daquela figura, em Moçambique, é preciso antes reformas internas, sob risco de o facto causar efeitos negativos aos agentes económicos e à sociedade em geral.
Falando, há dias, ao nosso jornal, o presidente da CDA, Dixon Chongo, disse que um dos impactos da eliminação do uso do profissional é o “embaraço”, na hora de importar ou exportar bens, por parte do cidadão, que sem domínio das tecnologias de informação e comunicação não poderá saber proceder para exportar ou importar, recorrendo à Janela Única Electrónica (JÚE).
Outro efeito que Chongo avançou centra-se na vulnerabilidade das receitas geradas pela JÚE, quando mais agentes económicos (e a população em geral) tiverem acesso à plataforma, conforme recomenda o estudo do Banco Mundial.
“Se hoje a plataforma não consegue controlar 248 despachantes (deixando margem de fugas), quando forem efectivamente 28 milhões de moçambicanos com acesso, não teremos dinheiro do Estado a desaparecer como aconteceu no passado?” questionou Chongo.
Para evitar-se essas consequências com a eliminação do uso daquela figura, o presidente da CDA sugere a melhoria da JÚE, bem como a criação de leis específicas que garantam a segurança cibernética no país. (Evaristo Chilingue)
Os trabalhos da IX Sessão Ordinária da Assembleia República, a penúltima sessão ordinária da Oitava Legislatura, já não retomam esta quarta-feira (03), tal como, inicialmente, estava previsto.
Por via de uma nota de imprensa, recebida pela nossa Redacção, na manhã desta segunda-feira, o mais alto e importante órgão legislativo do país avança que os deputados só retomarão os trabalhos no próximo dia 10 do presente mês de Julho.