As receitas de exportação de produtos agrícolas fixaram-se em 301.8 milhões de USD, em 2018, um decréscimo de 10.1 por cento face ano anterior, em que foram encaixados 335.7 milhões de USD, referem dados da Balança de Pagamentos (BoP), recentemente, publicada pelo Banco de Moçambique (BM).
De acordo com o documento, o decréscimo da receita total do sector pode ser explicado pela queda das receitas de exportações de castanha de caju e algodão em 68.8 por cento e 68.1 por cento, respectivamente.
Do lado do algodão, a BoP explica que a contracção na exportação foi resultado de incêndios em duas empresas de fomento, que afectaram parte da produção e, consequentemente, as quantidades exportadas.
“Em sentido contrário, destaca-se a exportação de tabaco, justificada pelo aumento do preço médio internacional em cerca de dois por cento”, observa o relatório.
No geral, em 2018, o país gerou receitas de exportações totais de 5,195.6 milhões de USD, equivalentes a 37.7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), um crescimento de 10 por cento face aos 4,725.3 milhões de USD, registados no ano anterior.
Segundo o BM, no período em análise, a evolução das exportações foi, maioritariamente, influenciada pelo desempenho dos Grandes Projectos (GP), que foram responsáveis por um total de 75.3 por cento das receitas, num montante equivalente a 3,913.2 milhões de USD (28.4 por cento do PIB), aparecendo o carvão mineral (USD 1719.1 milhões) e o alumínio (USD 1234.2 milhões) na dianteira, como produtos de maior fonte de captação de receitas de exportação.
Contudo, “dados dos últimos oito anos indicam que, apesar de se registar um crescimento relativo das receitas das exportações tradicionais, em termos absolutos, o seu peso tem vindo a decrescer, sobretudo, a partir de 2015, com o peso a passar de cerca de 39 por cento, em 2013, por sinal o valor mais alto dos últimos oito anos, para 15.7 por cento, em 2018, situação resultante do forte dinamismo imposto pelos GP, traduzido num rápido aumento da receita de exportação deste grupo, sobretudo do carvão, quando comparado com as exportações dos sectores tradicionais”, lê-se na BoP.
Ainda no domínio das exportações, o documento salienta, porém, a evolução dos produtos da indústria extractiva (com destaque para o carvão mineral), que tiveram um peso de 46.6 por cento do total das exportações, contribuindo com USD 2,421.8 milhões, um crescimento de 3.2 por cento face ao ano de 2017, em que o sector contribuiu para a receita total em 2346.8 milhões de USD.
A BoP destaca também o crescimento das receitas dos produtos da indústria transformadora (com enfoque para o alumínio) que, no ano passado, se fixaram em 1,551.4 milhões de USD, um incremento de 26.5 por cento face aos 1,226.5 milhões de USD registados, em 2017.
De acordo com a fonte, das evoluções há ainda a destacar o crescimento de 66.1 por cento nas receitas de exportação do açúcar, para 88.2 milhões de USD, perante os 53 milhões de USD registados no ano anterior, como resultado do aumento da capacidade produtiva nacional, nomeadamente, por via da expansão de campos de cultivo de cana e investimentos nas unidades fabris.
“O destaque vai também para a evolução das receitas da exportação de energia eléctrica que, no ano passado, registaram uma melhoria de 6.8 por cento, tendo atingido o montante de 385.5 milhões de USD, justificada, fundamentalmente, pela aceleração do preço”, acrescenta a BoP.
Principais destinos das exportações
No que tange ao destino das exportações, no ano de 2018, a BoP destaca a Índia, com um peso no total das exportações de 27.6 por cento, seguido dos Países Baixos, da África do Sul, da China e da Itália, com 22.2 por cento, 17.2 por cento, 5.8 por cento e 1.4 por cento, respectivamente. (Evaristo Chilingue)
Depois de ter denunciado o recrudescimento do tribalismo, na sua formação política, a Frelimo, o ex-Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, voltou a defender a necessidade da união e auto-estima entre os moçambicanos, como condição sine qua non para um futuro melhor.
A tese foi defendida, esta terça-feira, à margem das comemorações dos 44 anos da independência nacional, quando questionado pelos jornalistas sobre o futuro do país, tendo em conta a actual situação política, social e económica do país.
Tal como estava previsto, o partido Renamo formalizou, esta quarta-feira, a candidatura de Ossufo Momade, presidente do partido, à Presidência da República, nas eleições de 15 de Outubro próximo. E como avançara “Carta”, na manhã de ontem, o novo timoneiro da “Perdiz” não se fez presente no Conselho Constitucional (CC) para, de perto, assistir à entrega da sua candidatura para a eleição presidencial, na qual, até aqui, vai disputar a corrida com Filipe Nyusi (Frelimo) e Daviz Simango (Movimento Democrático de Moçambique).
E porque a vinda de Ossufo Momade a Maputo para assistir ao processo de entrega do expediente, ao CC, era vista como de vital importância para dissipar todas as dúvidas que pairam à volta da “solidez” da sua liderança, a sua ausência, praticamente, dominou toda a cerimónia.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, anunciou ontem ter identificado "possíveis" centros de acantonamento para os membros do seu braço armado, como sinal de compromisso com o processo de paz.
"O grupo [da Renamo] encarregue do DDR [Desarmamento, Desmobilização e Reintegração] rodou por todas as províncias a fazer a identificação das bases da Renamo e a identificar os possíveis locas para o acantonamento", declarou o secretário-geral da Renamo, André Majibire.
A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) deverá conseguir o financiamento necessário para garantir a sua participação nos projectos de gás natural da bacia do Rovuma, escreveu a Economist Intelligence Unit (EIU). O projecto Área 1, liderado pelo grupo americano Anadarko Petroleum Corporation, exige que cada parceiro angarie os fundos necessários para garantir a sua participação, sendo que no caso da ENH, que detém 15% do consórcio, esse montante ascende a dois mil milhões de dólares.
A EIU afirma que a estatal não deverá ter dificuldade em angariar aquela soma de dinheiro, não obstante todos os problemas relacionados com as dívidas contraídas por empresas públicas com avais do Estado cujos juros nunca foram pagos nem o capital começou a ser amortizado. O mais recente relatório da EIU sobre Moçambique recorda que o projecto Área 1 é sólido em termos financeiros, envolve empresas estrangeiras credíveis, que o processo é transparente e que foi aprovado pelo parlamento do país, o que não aconteceu com a emissão de euro-obrigações e os dois empréstimos contraídos por três empresas públicas.
O início do processo de exploração dos depósitos de gás natural, cuja decisão final de investimento do bloco Área1 foi anunciado no passado dia 18 de Junho corrente, irá desempenhar um papel importante na evolução do Produto Interno Bruto do país, que a EIU prevê venha a crescer à taxa de 7,5% em 2023.
Este ano a economia de Moçambique deverá registar uma contracção de 2,2%, para voltar a terreno positivo em 2020, com uma taxa de 2,7% e de 5,6% nos anos de 2021 e 2022. A EIU recorda, no entanto, que o mercado mundial de gás natural regista neste momento uma oferta que excede a procura, se bem que a decisão final de investimento do bloco Área 1 tenha sido tomada depois de o consórcio ter conseguido contratos de longo para o fornecimento de 11,18 milhões de toneladas de gás natural por ano, nomeadamente nos mercados da Ásia. A contracção económica prevista para este ano deriva dos prejuízos de grande dimensão causados em infra-estruturas, edifícios, portos e campos agrícolas com a passagem dos ciclones Idai e Kenneth. (Macauhub)
"Concerto Étnico: Tradição e Transformação"- é resultado de uma residência artística de cerca de duas semanas, com artistas de Moçambique, África do Sul e eSwatini, TRKZ, Rhodália Silvestre, Nkhosenathi Koela, NBC, Edna Jaime, Thobile Makhoyane, Texito Langa, Madala Matusse e Orlanda da Conceição.
(28 de Junho, às 20:30Min no Centro Cultural Franco-Moçambicano)
As cicatrizes representam os combates. Tanto dos heróis, como dos covardes. Em cena, dois artistas (Actor e Bailarino) guiados pela poesia do escritor Mia Couto, narram dramaturgicamente a história de África e de Moçambique em particular numa perspectiva contemporânea. Uma visão completamente africanista do antes e pós-colonização, através da tradição oral e expressão corporal (dança) daqueles que sentiram na pele a discriminação e rejeição dos seus valores pessoais, morais e culturais perdidos na conjuntura do ocidentalismo. Esta peça procura dar voz aos que permanecem calados, como forma de içar a bandeira da liberdade de ser e estar numa África unida e livre de preconceitos.
(27 de Junho, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)
Este debate conta com a participação das empreendedoras Paula Cuna, Patrícia Vasco, Carmen Miral e Dilayla Romeu e tem como principal objectivo promover a troca de conhecimentos a respeito do estado da tradição e a arte no seu todo, da ciência e da tecnologia desenvolvidas por meio da produção científica nacional e internacional no campo da Música Tradicional. Com uma periodicidade anual, os debates do Festival Raiz sobre tradição e transformação consolidam-se como o maior espaço de intercâmbio académico, artístico e científico entre pesquisadores, líderes e membros de grupos de pesquisa, docentes e estudantes oriundos de diferentes programas de formação.
A preservação da tradição na memória colectiva pelas mulheres irá ser o principal ponto de discussão e desenvolvimento durante esta iniciativa. O Festival Raiz pretende promover a diversidade cultural enraizada em Moçambique e promover ainda a valorização, reflexão e discussão das artes em torno da tradição, património sociocultural moçambicano e as suas transformações. Além disso, visa criar uma rede entre artistas a fim de desenvolver indústrias culturais criativas para a promoção local e internacional.
A presente edição do Festival Raiz iniciou dia 23 de Maio com a exibição de Filmes Etnográficos filmados por Margot Dias nos anos 1958 – 61, mostrando instrumentos tradicionais Moçambicanos. O Festival terá continuidade ao longo do mês de Junho.
(27 de Junho, às 18Hrs no Centro Cultural Português)
O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, disse, nesta terça-feira (25 de Junho), durante as cerimónias centrais do 44º aniversário da independência nacional, que os ataques dos malfeitores, em Cabo Delgado, constituem “um atentado frontal contra a soberania e o povo moçambicano”.
De acordo com Nyusi, os jovens daquela província são aliciados por pessoas para atacarem aldeias, destruindo propriedades, machambas, furtando medicamentos, armamentos e matando barbaramente seus concidadãos.
A descoberta de pedras preciosas e semi-preciosas, no caso rubis, quartzo e granada, nos povoados de Napaco, no Posto Administrativo de Namanhumbir, no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, em 2008, mudou a realidade daquele distrito e da província, em geral, tendo emergido a “febre dos rubis” e o cenário “Far West”.
A informação consta de um estudo intitulado “A maldição dos recursos naturais: mineração artesanal e conflitualidade em Namanhumbir”, divulgado, este mês, pelo Observatório do Meio Rural (OMR), uma organização da sociedade civil, que se dedica a pesquisas sobre políticas e outras temáticas relativas ao desenvolvimento rural.