A Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH) alerta para uma eventual ocorrência, a partir de hoje, de chuvas moderadas a fortes durante as próximas 48 horas, nas cidades de Maputo e Matola.
No comunicado de imprensa emitido, esta quarta-feira (20), a DNGRH faz referência aos bairros onde, a nível da cidade de Maputo, poderá haver inundações urbanas moderadas devido à acumulação de águas pluviais. Os bairros, em causa, são 25 de Junho A e B, Acordos de Lusaka, Luís Cabral, Chamaculo B e C, Xipamanine, Aeroporto A e B, Munhuana, Mafalala, Urbanização, Costa do Sol, Magoanine, Mutanhane e, na Matola, os bairros da Machava, Matola Gare, Ndlavela, São Damanso, Unidade D, Vale do Infulene, Singatela, Tsalala, Trevo, Matijbuane, Patrice Lumumba A, D, J, H, F, Fomento, Liberdade, Muhalaze e Nkobe.
Assim, a DNGRH recomenda à população que vive nos bairros acima identificados para tomar medidas de precaução e conservar, devidamente, os seus bens em locais mais elevados da casa. Também recomenda-se a observância dos necessários cuidados aos que estiverem na estrada, crianças em particular, sob o risco de serem arrastados pelas correntes das águas. (Marta Afonso)
Não há previsão de abertura de comportas do lado do Zimbabwe nas próximas 72 horas porquanto não existe indicação de chuvas fora do normal, segundo disse um representante da Direcção Nacional de Recursos Hídricos nas habituais reuniões de balanço que acontecem no final do dia.
"Contactamos nossos colegas do Zimbabwe e o que nos disseram é que não há previsão de abertura de barragens no Zimbabwe", disse.
A mesma fonte disse no encontro dirigido pelo ministro da Terra e Ambiente, Celso Correia, que o Rio Búzi registou uma redução do nível do seu caudal.
A estação de monitoria de Gonda, localizada no Búzi, aponta para uma baixa de um nível de acima de 11 metros para 6 metros, um dado registado na última segunda-feira.
Em relação ao Pungue, a fonte referiu uma redução de 9,55 metros para 9,10 metros.(Carta)
Em Moçambique assiste-se a um cada vez maior movimento de solidariedade local para com os que no centro do país sofreram e continuam a sofrer os efeitos do ciclone tropical IDAI. Dos mais variados cantos do mundo também continuam a chegar apoios sob as mais diversificadas formas, provenientes de diferentes governos e organizações multilaterais.
Solidariedade interna
Internamente, a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) anunciou na segunda-feira (18) que já canalizou ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) 4 milhões de Mts para apoio às vítimas do IDAI. Com a mesma finalidade, o Banco Nacional de Investimento (BNI) disponibilizou ontem (19) em Maputo 3 milhões de Mts, também dinheiro enviado ao INGC.
Outra contribuição é a do Comité Internacional da Cruz Vermelha, que nesta terça-feira (19) comprometeu-se a entregar 100 litros de “diesel” para alimentar o gerador do Hospital Central da Beira (HCB). Esta unidade hospitalar teve de encerrar o seu bloco operatório por falta de energia eléctrica na capital provincial de Sofala, devido aos danos causados pelo IDAI no sistema da empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM). Por sua vez, a empresa de logística DHL efereceu sua disponibilidade de entregar gratuitamente aos destinatários os apoios oferecidos em diferentes pontos do país.
Apoios vindos de fora
A União Europeia (UE) anunciou um pacote de ajuda de emergência inicial de 3.5 milhões de Euros para Moçambique, Malawi e Zimbabwe, os três países da África Austral afectados pelo ciclo tropical IDAI. Daquele montante, apenas 2 milhões de Euros destinam-se ao nosso país. Um comunicado da UE refere que o financiamento será usado no apoio logístico às pessoas afectadas nas componentes de abrigos, higiene, saneamento e cuidados médicos. A UE diz ter enviado uma equipa de especialistas técnicos para o terreno. “O nosso sistema de satélites do Programa Copérnico foi activado para identificar necessidades e assistir os nossos parceiros humanitários, bem como as autoridades locais, nas suas respostas”, lê-se num comunicado enviado por aquela organização continental.
Por sua vez, o Reino Unido doou 6 milhões de libras às vítimas do IDAI em Moçambique e Malawi. Citada num comunicado, Penny Mordaunt, Ministra de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, afirmou que este país tem especialistas humanitários que estão agora no terreno ajudando na coordenação da resposta ao desastre provocado pelo IDAI. Mordaunt acrescenta que se for necessário a ajuda será aumentada. (Evaristo Chilingue)
Foi lançada nesta segunda-feira (18) no país uma plataforma cuja finalidade é partilhar informação facilitando o reencontro entre familiares desaparecidos. A plataforma, criada em Genebra, opera pelo movimento internacional da Cruz Vermelha, pode ser acedida em https://familylinks.icrc.org/Pages/online-tracing.aspx
Os usuários poderão colocar nela informações como: “procura-se, ou estou aqui”. As vítimas que se encontram nos centros de acomodação instalados em diferentes pontos das províncias afectadas poderão beneficiar do apoio facultado por voluntários que se encontram nesses locais, para passar informação aos seus parentes que estão longe deles.
Durante uma conferência de imprensa realizada ontem em Maputo, Titos Queirós, Director de Programas na Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), divulgou outros dados sobre os estragos do ciclone IDAI. Segundo ele, na capital provincial do Niassa, Lichinga, para além de 12 escolas que ficaram sem tecto, há 181 famílias espalhadas em três pontos de acomodação instalados naquela cidade, que precisam urgentemente de apoio em material de higiene, mantas e outros bens de primeira necessidade.
Titos Queirós realçou o facto de Beira ser a grande prioridade, acrescentando que naquela segunda maior cidade do país agora quase totalmente ‘desfigurada’ foram activados 122 voluntários. Titos disse que, ao nível do Movimento Internacional da Cruz Vermelha, estão a ser envidados todos os esforços para manter em funcionamento o Hospital Central da Beira, neste momento a única unidade sanitária que acolhe maior número de pacientes. (Marta Afonso)
Dez mil pessoas encontram-se neste exacto momento sitiadas, umas sobre casas e outras no cimo árvores, na sede do distrito de Búzi, e estão em risco de vida se medidas urgentes drásticas não forem tomadas, disse o Ministro da Terra e Coordenação Ambiental, Celso Correia, no decurso de uma reunião de balanço na última noite na cidade da Beira, província de Sofala, no centro de Moçambique.
“Estamos num momento crítico, num momento em que o relógio conta, os minutos contam para conseguirmos tirar as pessoas que estão nas ilhas, as equipes estão a trabalhar para salvar mais vidas”, disse. Ele defende uma intervenção urgente para evitar o que designou de desastre humanitário. “Temos que agir rápido, milhares de pessoas estão em risco de vida, precisamos de barcos, helicópteros, tendas, água, alimentos para os afectados”, disse. (Carta)
No Porto de Maputo, começa a crescer um movimento de solidariedade de pessoas e empresas da capital de Moçambique para com as vítimas do IDAI no centro do país. Contentores estão a ser enchidos de víveres e roupas para doar a quem está sofrendo. O “Border”, um navio para 400 contentores e que também carrega viaturas, um “combo vessel” como se chama na gíria, propriedade da African Ocean Conteiner Line, foi mobilizado para vir a Maputo carregar tudo o que estiver disponível para levar à Beira. O “Border” está neste momento na Beira, mas deve chegar a Maputo entre quinta e sexta-feiras para fazer a operação de ajuda humanitária.
No Porto da Beira houve instruções para que lhe fosse dada prioridade no descarregamento. O plano é que ele regresse à Beira o mais cedo possível. Para isso, foi estabelecido que a embarcação permanecerá em Maputo apenas 24 horas. No porto de Maputo, 2 armazéns foram preparados para receber a ajuda que seguirá para a Beira. Já há fardos com apoios da Cruz Vermelha, da Comunidade Mahometana e do Programa Mundial de Alimentos. São também muitas as pessoas e entidades colectivas oferecendo ajuda. As operações estão a ser coordenadas pelo Porto de Maputo em estreita ligação com o INGC. (Carta)