A entrega de donativos na zona de cabotagem do Porto de Maputo, para as vítimas do IDAI, foi alargada impreterivelmente até hoje as 16 horas. Depois disso, os contentores serão selados e carregados no MV Border, que amanhã pelas 12 horas zarpa para a Beira, numa viagem de aproximadamente 36 horas. As estimativas apontam que o navio deverá levar 25 contentores recheados de bens diversos doados por diferentes entidades singulares e colectivas. A carga é constituída maioritariamente por produtos alimentares não perecíveis, entre outros, como material de construção, roupas e muito mais.
Em Maputo, os donativos dão entrada em dois armazéns colocados à disposição pelo Porto de Maputo (MPDC), antes de serem acondicionados nos contentores também por aquela infraestrutura portuária. A recepção das doações e subsequente acondicionamento nos contentores está a cargo de 420 voluntários, que começaram por ser um pequeno movimento denominado “Unidos por Beira”. Aos poucos foi crescendo, com a adesão de outros grupos com o mesmo propósito.
Bruno Huca, coordenador dos 420 voluntários, que trabalham ininterruptamente das 07h00 às 20h00, disse que são necessários mais contentores para acondicionar uma cada vez maior quantidade de donativos que vão chegando. Sobre os bens cuja necessidade mais se faz sentir, Huca nomeiou bacias, baldes para conservação da água, pratos, canecas plásticas, “kits” de primeiros socorros, desinfectantes, pastas dentífricas, escovas de dentes, lonas, redes mosquiteiras, tendas, entre outros. (Marta Afonso)
Após a cedência do MV Border, um navio porta-contentores, para realizar uma viagem de emergência humanitária de Maputo à Beira e o enorme apoio de toda a sociedade moçambicana para enviar ajuda às vítimas do ciclone de Idai, a MPDC fez uma parceria com a KPMG para auditar todo o processo de doação.
De acordo com uma nota recebida na "Carta", uma equipa da KPMG está destacada para auditar o processo de doação e embalagem de mercadoras em contentores, no Terminal de Cabotagem do Porto de Maputo, o embarque no MV Border, bem como a sua chegada ao Porto da Beira e distribuição ao INGC, instituições da ONU e outras agências e associações humanitárias.
Esta parceria garantirá a total transparência deste processo. A MPDC e seus parceiros dizem-se "sensibilizados com a solidariedade e a resposta de todos os seus parceiros de negócio, partes interessadas e sociedade em geral e continuarão a fazer tudo ao seu alcance para apoiar as vítimas deste terrível desastre natural". (Carta)
Foi encontrado morto na sua residência, na manhã de hoje, espumando pela boca, o Procurador-Geral Adjunto, Januário dos Santos Necas, membro do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público (CSMMP) e porta-voz do mesmo órgão. Ele havia tomado posse em 2017. Estava casado com uma irmã do antigo Primeiro-Ministro Aires Aly. Natural de Inhambane, Januário Necas, desempenhava também as funções de Secretário-Geral dos Procuradores de África (APA) e era o representante do Ministério Público junto ao Cofre dos Tribunais. Ele ingressou na magistratura do Ministério Público, como Procurador Distrital de Magude, a 25 de Novembro de 1996. Uma fonte de “Carta” disse que o procurador não investigava qualquer processo complicado, uma vez que estava a trabalhar no departamento civil. (Carta)
Corpos mal conservados, alguns deles espalhados pelo chão, parturientes que perdem a vida na sala de espera, bebés recém-nascidos que só sobrevivem poucas horas, eis o chocante cenário que se assiste no Hospital Central da Beira (HCB), desde a madrugada do dia 14 de Março. E parte do seu laboratório está danificada. O número de doentes continua a disparar. Uma solução de atendimento alternativo que o HCB encontrou foi a de disponibilizar ‘kits’ com material para primeiros socorros, permitindo que os feridos tratem das mazelas por si mesmos, descongestionando o hospital.
A penosa situação a que estão sujeitos os pacientes no Hospital Central da Beira, é caracterizada por Felipe Danúbio, Director do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), como um “um verdadeiro caos”. Acrescentou que isso deve-se ao elevado número de feridos que chegam a cada minuto, razão por que neste momento o HCB está a ‘rebentar pelas costuras’.
No tocante à conservação de corpos, Felipe referiu que o CICV solicitou a colaboração de um especialista sul-africano em medicina forense, para trazer uma quantidade considerável de medicamentos usados para conservar corpos, apoiando assim as equipas dos Médicos Sem-Fronteiras que se encontram na Beira.
Quanto à quantidade de óbitos, ele disse que essa era uma situação inevitável por causa da fase de agitação em que o Hospital se encontra. Com os centros de saúde fechados, todos os doentes confluem ao HCB, praticamente a única unidade hospitalar em funcionamento, com a ajuda de um gerador. O ciclone IDAI deixou sequelas profundas na estrutura física do Hospital Central da Beira.
E a moral do pessoal médico que lá trabalha está em baixa, disse-nos um funcionário. Eles também foram vítimas e precisam de apoio psicológico. Danúbio diz que no Hospital Central da Beira faltam recursos humanos e medicamentos. O HCB é único capaz de dar resposta aos milhares de afectados, nomeadamente um excessivo número de feridos, para além dos doentes lá internados sofrendo das mais diversificadas enfermidades. (Marta Afonso)
A Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH) alerta para uma eventual ocorrência, a partir de hoje, de chuvas moderadas a fortes durante as próximas 48 horas, nas cidades de Maputo e Matola.
No comunicado de imprensa emitido, esta quarta-feira (20), a DNGRH faz referência aos bairros onde, a nível da cidade de Maputo, poderá haver inundações urbanas moderadas devido à acumulação de águas pluviais. Os bairros, em causa, são 25 de Junho A e B, Acordos de Lusaka, Luís Cabral, Chamaculo B e C, Xipamanine, Aeroporto A e B, Munhuana, Mafalala, Urbanização, Costa do Sol, Magoanine, Mutanhane e, na Matola, os bairros da Machava, Matola Gare, Ndlavela, São Damanso, Unidade D, Vale do Infulene, Singatela, Tsalala, Trevo, Matijbuane, Patrice Lumumba A, D, J, H, F, Fomento, Liberdade, Muhalaze e Nkobe.
Assim, a DNGRH recomenda à população que vive nos bairros acima identificados para tomar medidas de precaução e conservar, devidamente, os seus bens em locais mais elevados da casa. Também recomenda-se a observância dos necessários cuidados aos que estiverem na estrada, crianças em particular, sob o risco de serem arrastados pelas correntes das águas. (Marta Afonso)