O Governo moçambicano manifestou-se ontem preocupado com a eclosão do Covid-19 em países africanos, admitindo a possibilidade de impor novas medidas de prevenção da doença nos próximos dias. "Não há ainda confirmação de um caso de coronavírus no país, mas a situação que está a ocorrer nos países circunvizinhos é preocupante e pode justificar o anúncio de novas medidas nos próximos dias", disse Filimão Suaze, porta-voz do Governo moçambicano.
Filimão Suaze falava durante uma conferência de imprensa em Maputo, após uma sessão do Conselho de Ministros de Moçambique. Segundo o porta-voz, o Plano Quinquenal do Governo, aprovado pelo executivo moçambicano e a ser debatido pelo parlamento no final deste mês, sofreu alterações tendo em conta a propagação da doença, que está a abalar a economia global.
"Nós não somos uma ilha, estamos integrados nesta economia global. Aquilo que acontecer hoje ou amanhã [quanto à evolução da doença] é determinante para alterar alguns documentos programáticos de governação", declarou Filimão Suaze, reiterando o apelo para observância das medidas de prevenção anunciadas pelas autoridades de saúde.
Apesar de não existir ainda um caso confirmado no país, Moçambique elevou o estado de alerta e reforçou as medidas de prevenção ao surto de Covid-19, anunciou, no sábado, o chefe de Estado, Filipe Nyusi. O Governo moçambicano vai suspender "a organização e participação em todo o tipo de eventos com mais de 300 pessoas e desencorajar que os mesmos ocorram em espaços fechados e sem ventilação adequada".
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.
O continente africano tem sido o menos afetado pela pandemia de coronavírus, registando atualmente 418 casos em 30 países. Egito, com 150 casos, a África do Sul, com 62, e a Argélia, com 60, são os países mais afetados. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais 67 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos. A Itália com 2.158 mortos registados até segunda-feira (em 27.980 casos), a Espanha com 491 mortos (11.191 casos) e a França com 148 mortos (6.663 casos) são os países mais afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras. (Lusa)
Nos últimos cinco dias, a região centro do país voltou a ser palco de incursões armadas contra civis e transportadores de passageiros e de mercadorias. Depois dos ataques registados na quinta, sexta e segunda-feira, esta terça-feira, 17 de Março, por volta das 4:00 horas da madrugada, no troço entre o monte siluvo e a localidade de Nharuchonga, no distrito de Nhamatanda, na província de Sofala, homens armados queimaram um camião cisterna de uma empresa zimbabueana, que transportava combustível e atacaram uma mini-bus, tendo, na ocasião, morto uma mulher e ferido outra pessoa que se fazia transportar no mesmo.
Conforme contou uma fonte das Forças de Defesa e Segurança (FDS) presente no teatro das operações, o ataque fez com que todas as viaturas circulassem em coluna, nos dois sentidos. A fonte sublinhou ainda que, desde o dia 12, os homens armados dirigidos por Mariano Nhongo, líder da auto-intitulada Junta Militar da Renamo, têm protagonizado incursões armadas, em diferentes locais ao longo da Estrada Nacional Nº 1.
Acrescentando, a fonte contou que, na segunda-feira, o grupo atacou o autocarro de uma companhia nacional, onde houve quatro feridos, sendo que uma jovem mulher encontra-se gravemente ferida na zona do abdómen.
“Carta” procurou ouvir o Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique, em Sofala, mas sem sucesso. Daniel Macuácua, porta-voz da corporação naquele ponto do país, disse que não podia falar porque estava em licença e remeteu-nos ao seu substituto, mas este não se pronunciou.
No entanto, em entrevista à Deutsche Welle (DW África), na última segunda-feira, o Presidente da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, assumiu a autoria de três ataques, ocorridos na semana finda ao longo da EN1, concretamente na zona de Púnguè, no troço entre os distritos da Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala.
Nhongo afirmou que a Junta Militar “não quer guerra”. “Passa por onde eles passam, não estão a massacrar pessoas, eles só se defendem, quando os militares do Governo vêm atacar a Junta Militar”, afirmou. Aliás, a fonte questionou: “esses militares abatidos, em Púnguè, iam para onde? Saiam donde? Os militares ficam no quartel. Mas eles estão a todo o momento em coluna à busca de matar pessoas, então ‘o salário do pecado é a morte’”, sentenciou.
O líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo acusou a Frelimo, partido no poder, de estar todo o momento “interessado em matar os membros da Renamo”.
Lembre-se que os ataques na região centro já vêm ocorrendo desde Agosto de 2019, tendo, até ao momento, causado mais de duas dezenas de mortos, para além de feridos e propriedades públicas e privadas atacadas, assim como veículos incendiados. A Junta Militar da Renamo tem sido apontada pelo Governo como responsável pelas atrocidades que se verificam naquele ponto do país. (Carta)
O Hospital Privado "Busamed Lowveld", em Mbombela (Nelspruit), Mpumalanga (na África do Sul) foi fechado ao público ontem por causa de um caso de Covid-19. Uma fonte do hospital disse na segunda-feira que limitaria o acesso do público às instalações como medida de precaução para garantir que o protocolo correto fosse implementado. Segundo o gerente do hospital Andre Oosthuizen, todas as pessoas que estiveram em contato próximo com o caso confirmado no hospital foram notificadas e estão em quarentena.
O hospital está trabalhando em estreita colaboração com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD) e o Departamento de Saúde para garantir que as medidas de segurança de pacientes e visitantes estejam em vigor.
O encerramento ocorre após denúncia de uma médica especialista da Mediclinic, confirmando que o cirurgião ortopédico, Dr Khun, operou durante uma semana pacientes no Busamed, depois de retornar recentemente de viagens ao exterior. Ele testou positivo para o Covid-19, e aguarda-se os resultados da sua esposa, que é anestesista.
Todos os que tiveram contacto com o Dr Khun estão agora de quarentena. A doutora que divulgou o caso disse que "não podemos ter um espírito de medo".
O Netcare Hospital Group, por sua vez, disse que implementou medidas rigorosas nas suas instalações para ajudar a conter a propagação da doença. O CEO do Netcare, Dr. Richard Friedland, disse que o grupo está implantando robôs de desinfecção por luz ultravioleta (UV) no seus hospitais. "Esses robôs móveis provaram ser extremamente eficazes na identificação e destruição de vírus, bactérias e esporos de fungos", disse ele.
Nelspruit dista cerca de 200 km de Maputo. E é destino de centenas de pacientes moçambicanos que vão lá em tratamento médico.(Carta)
Afinal a empresa de Arcélio Tivane, o jovem que vive dando lições de como ficar rico “num abrir e fechar de olhos”, operava de forma ilegal no território nacional. Quem assim atesta é o Banco de Moçambique (BM) que, depois de efectuar uma inspecção à instituição financeira por si representada, decidiu suspender imediatamente as suas actividades.
Trata-se de Bank Invest, que de acordo com BM vinha praticando, sem a devida autorização do regulador, “operações reservadas às instituições de crédito e outras instituições autorizadas a captar depósitos e outros fundos reembolsáveis”.
Concretamente, refere o Banco Central, a entidade representada por Arcélio Tivane dedicava-se à recepção de fundos do público, sob forma de investimento em moeda nacional, mediante a celebração de contratos com a promessa de remuneração a taxas de juros que variam de 3 a 50 por cento, para períodos de um a 12 meses.
Diante da gravidade das infracções, o regulador do sistema financeiro nacional assegurou “que participou às autoridades competentes para a tomada de medidas apropriadas, visando proteger os cidadãos e a economia nacional, bem assim a responsabilização dos infractores”.
Afinal quem é Arcélio Tivane? Numa busca rápida às várias páginas por si criadas, Arcélio Tivane auto-intitula-se como sendo Coach (treinador – na língua portuguesa), palestrante e empresário.
Na sua conta do Facebook, com o nome Arcélio Tivane, publica, essencialmente, dicas de como fazer a gestão correcta das finanças, de como dar "KO" à tão odiada pobreza e de como almejar a tão sonhada riqueza.
Arcélio Tivane é o mastermind do “Workshop Fórmula Milionária”, que conta com um website (site de internet). No website corre, actualmente, o anúncio da realização do “9º Workshop da Fórmula Milionária” que, tal como vem descrito, é um workshop de vídeo-aulas totalmente gratuitas dedicado a apresentar “o passo-a-passo usado por pessoas comuns para: alcançar a riqueza, prosperidade e bem-estar; iniciar o seu negócio usando o marketing digital; e para acabar com as dívidas”.
Para os dias 16, 18 e 20 de Março corrente, tal como vem estampado na sua conta do Facebook, está agendado o “FÓRMULA MILIONÁRIA 2.0” cujo principal atractivo é a possibilidade de embolsar “1 MILHÃO EM TRINTA DIAS”. Tivane anota que “Fórmula Milionária 2.0” é “O MAIS COMPLETO CURSO DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA DE MOÇAMBIQUE E EM ÁFRICA”.
A sua página naquela rede social, criada em 2016, conta, actualmente, com 54.147 seguidores e com 44.804 gostos (curtidas).
Ainda na pesquisa rápida efectuada pelo nosso jornal na sua conta do Facebook, encontramos uma recente publicação de Tivane em que explica as “5 razões da Pobreza do Africano”- "Muitos africanos vivem para comer e não comem para viver".
Arcélio Tivane diz que “O africano é esforçado, trabalha afincadamente para ganhar a vida, mas nem com isso alcança”. Sobre as 5 razões aponta “1. Falta de FOCO; 2. Imediatismo; 3. Consumismo; 4. Vício de amantizar; 5. Péssimas companhias”. De seguida, Tivane anota “Essas são as 5 razões que empobrecem o africano, daí que luto para ajudar maior parte deles a saírem do ponto A (pobreza) para o ponto B (Riqueza)”. (Carta)
O Fundo Monetário Internacional (FMI) adiou a vinda a Moçambique de uma equipa técnica para iniciar negociações de retorno ao financiamento directo ao Orçamento do Estado, anunciou ontem (16), em Maputo, o representante da instituição em Maputo, Ari Aisen.
A deslocação duma missão do FMI ao país tinha sido prevista para a segunda quinzena de Março corrente. Contudo, Aisen disse que o início das negociações entre aquela instituição financeira e o Governo fica reprogramado para uma data por anunciar, devido ao agravamento dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
“Essas negociações vão começar realmente, mas os técnicos que viriam agora na segunda quinzena de Março, sua missão teve de ser postergada em função da situação do Covid-19 que impede movimentações internacionais”, afirmou Aisen.
Embora os técnicos do FMI não possam cá vir, o delegado da instituição, em Maputo, disse que as partes vão continuar a dialogar até que as condições da deslocação da equipa sejam criadas.
“Nós estamos presentes aqui. Temos o nosso escritório local do FMI e existem hoje instrumentos obviamente de comunicação à distância e, assim que possível, tenho certeza que a equipa técnica voltará ao país para discutir um novo programa financeiro”, explicou a fonte.
Junto de outras organizações e países, o FMI cancelou, em 2016, o financiamento directo ao Orçamento do Estado após a descoberta do escândalo dívidas ocultas, avaliadas em mais de 2 mil milhões de USD, contraídas entre 2013 a 2014, sem o aval da Assembleia da República.
Após o corte do financiamento directo, os parceiros de cooperação exigiram várias medidas ao Governo, desde austeridades, até responsabilização dos implicados pelo endividamento insustentável que levou o país à crise económica e financeira. No contexto da responsabilização, pelo menos 19 (dos 20) arguidos esperam julgamento encarcerados em diferentes cadeias em Maputo. A estes, junta-se o antigo Ministro da Economia e Finanças, Manuel Chang detido na África do Sul há 13 meses.
Enquanto os arguidos nacionais esperam pelo julgamento, o libanês e negociador da empresa Privinvest, Jean Boustani, também implicado nas dívidas ocultas de Moçambique, foi considerado inocente pelo tribunal de Brooklyn, Estados Unidos da América, em Dezembro do ano passado. (Evaristo Chilingue)
Depois de um período de aparente acalmia ao longo da Estrada Nacional Número um (EN1), eis que um autocarro de transporte interprovincial, em que seguiam 50 pessoas de Maputo a Quelimane, foi atacado na manhã desta segunda-feira no troço Inchope-Gorongosa. No ataque, não houve registo de perdas humanas, apenas de quatro feridos, que se encontram a receber tratamento no Hospital Provincial de Chimoio.
À imprensa, Alfredo Simões, motorista do autocarro, disse que apenas ouviu “tiros e gritos” de passageiros no carro. “Quando me apercebi que eram tiros, acelerei o carro até chegar no centro de saúde distrital da Gorongosa. Tive três passageiros feridos, ficaram com balas no corpo e eu também fiquei com estilhaços na cabeça e no traseiro”, explicou a fonte.
Uma das vítimas, de nome Marta António, contou aos jornalistas, em Chimoio: “perto de Púnguè para Gorongosa começaram a atacar todo o lado, esquerda e direita, não estava a perceber bem, só de repente senti aqui no braço entrou bala”.
O Hospital Provincial de Chimoio, em Manica, confirmou a entrada de quatro pacientes, vítimas de arma de fogo, porém, “neste momento estão fora de perigo”. Entretanto, o Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique ainda não se pronunciou, prometendo fazê-lo nos próximos dias.
Este é o terceiro ataque que ocorre ao longo das EN1 e EN6 nos últimos dias, tendo dois se registado na semana passada. Entretanto, Mariano Nhongo em entrevista a alguns órgãos de comunicação assumiu a autoria dos ataques tendo como justificação o facto de seus homens estarem a ser perseguidos e sequestrados pelas Forças de Defesa e Segurança nas províncias da zona centro. (Carta)