O Fundo Monetário Internacional (FMI) adiou a vinda a Moçambique de uma equipa técnica para iniciar negociações de retorno ao financiamento directo ao Orçamento do Estado, anunciou ontem (16), em Maputo, o representante da instituição em Maputo, Ari Aisen.
A deslocação duma missão do FMI ao país tinha sido prevista para a segunda quinzena de Março corrente. Contudo, Aisen disse que o início das negociações entre aquela instituição financeira e o Governo fica reprogramado para uma data por anunciar, devido ao agravamento dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
“Essas negociações vão começar realmente, mas os técnicos que viriam agora na segunda quinzena de Março, sua missão teve de ser postergada em função da situação do Covid-19 que impede movimentações internacionais”, afirmou Aisen.
Embora os técnicos do FMI não possam cá vir, o delegado da instituição, em Maputo, disse que as partes vão continuar a dialogar até que as condições da deslocação da equipa sejam criadas.
“Nós estamos presentes aqui. Temos o nosso escritório local do FMI e existem hoje instrumentos obviamente de comunicação à distância e, assim que possível, tenho certeza que a equipa técnica voltará ao país para discutir um novo programa financeiro”, explicou a fonte.
Junto de outras organizações e países, o FMI cancelou, em 2016, o financiamento directo ao Orçamento do Estado após a descoberta do escândalo dívidas ocultas, avaliadas em mais de 2 mil milhões de USD, contraídas entre 2013 a 2014, sem o aval da Assembleia da República.
Após o corte do financiamento directo, os parceiros de cooperação exigiram várias medidas ao Governo, desde austeridades, até responsabilização dos implicados pelo endividamento insustentável que levou o país à crise económica e financeira. No contexto da responsabilização, pelo menos 19 (dos 20) arguidos esperam julgamento encarcerados em diferentes cadeias em Maputo. A estes, junta-se o antigo Ministro da Economia e Finanças, Manuel Chang detido na África do Sul há 13 meses.
Enquanto os arguidos nacionais esperam pelo julgamento, o libanês e negociador da empresa Privinvest, Jean Boustani, também implicado nas dívidas ocultas de Moçambique, foi considerado inocente pelo tribunal de Brooklyn, Estados Unidos da América, em Dezembro do ano passado. (Evaristo Chilingue)