O maior avião do mundo em envergadura voou neste sábado (13) pela primeira vez sobre o deserto de Mojave, na Califórnia (EUA). A máquina, baptizada de Stratolaunch, tem 117 metros de uma ponta da asa à outra - maior que um campo de futebol oficial (até 110 metros). O avião foi desenvolvido pela empresa de mesmo nome e quebra um recorde de 71 anos, que pertencia anteriormente ao hidroavião Hughes H-4 Hercules. Este possuía 98 metros de envergadura, e voou pela primeira vez em 1947.
O Stratolaunch possui um comprimento de 73 metros, do nariz à cauda. A Stratolaunch é uma empresa criada em 2011 por um co-fundador da Microsoft, Paul Allen (1953-2018). Segundo a empresa, o objetivo é que o avião funcione como uma plataforma móvel para o lançamento de satélites. A ideia é baratear o lançamento, reduzindo custos em relação aos foguetes lançados do solo.
O aparelho consiste em duas máquinas gêmeas, sustentadas por seis motores a jato. Neste sábado, ele voou durante duas horas e meia sobre o deserto, atingindo velocidades de 274 km/h e a altitude de 4.572 metros. O piloto, Evan Thomas, disse a jornalistas que a experiência foi "fantástica" e que "na maior parte do tempo, o avião voou como previsto". Neste voo inaugural, a equipa avaliou a performance do aparelho e sua manobrabilidade. O pouso ocorreu sem incidentes, segundo a empresa. No seu site, a Stratolaunch diz que o objetivo é tornar "o acesso à órbita terrestre tão rotineiro quanto pegar um voo comercial é hoje".
"A asa central reforçada suporta múltiplos veículos de lançamento de satélites, cujo peso pode chegar a mais de 220 toneladas", diz uma nota publicada pela empresa. O bilionário britânico Richard Branson, dono da companhia Virgin Galactic, também está desenvolvendo um veículo parecido, cujo objetivo é lançar satélites a partir de uma grande altitude. (Carta)
Momad Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar, será julgado esta terça-feira (16) por crimes de falsificação de documentos, uso de nome falso e corrupção. O julgamento vai decorrer nas instalações da Penitenciária de Máxima Segurança (vulgo BO), onde encontra-se detido e será conduzido pelo Tribunal Judicial do Distrito Municipal de KaMpfumo. De acordo com o jornal “Notícias”, deste sábado, a escolha daquele local, que já foi palco, em 2002 e 2003, dos julgamentos dos casos “Carlos Cardoso” e “ex-BCM”, respectivamente, prende-se com “medidas de segurança”.
No mesmo processo também serão julgados Sahime Mohammad Aslam, sobrinho de Nini Satar e verdadeiro dono do nome constante no passaporte que aquele arguido usava no estrangeiro, e Cidália dos Santos, funcionária do Serviço Nacional de Migração, que emitiu, de forma fraudulenta, o documento. Os dois respondem o processo pelos crimes de falsificação de documentos e corrupção. Nini Satar e Cidália dos Santos encontram-se detidos nas Penitenciárias de Máxima Segurança e Preventiva de Maputo (ex-cadeia Civil), respectivamente, enquanto Sahime Aslam beneficiou de caução. Lembre-se que Nini Satar foi detido, a 25 de Junho do ano passado, na Tailândia, onde residia há três anos, com um passaporte falso emitido em Maputo. (Carta)
A Chevron, uma das maiores petrolíferas dos EUA, “engoliu” a Anadarko na quinta-feira, mas a imprensa norte-americana enfatiza que a operação foi decidida principalmente para ela adquirir os interesses da Anadarko no gás de xisto e no petróleo do Golfo do México. Os interesses da Anadarko no gigantesco campo de gás do Rovuma são apenas uma pequena parte do acordo. Apesar deste facto, o CEO da Chevron, Michael Wirth, disse à CNBC que "a Anadarko tem um grande projeto de GNL (Gás Natural Liquefeito) em Moçambique, que se encaixa perfeitamente no nosso portefólio. Acreditamos que o GNL é um bom negócio a longo prazo, pois procura por um ‘mix’ energético mais limpo, particularmente para a geração de energia".
O acordo da compra da Anadarko pela Chevron deverá ser fechado no segundo semestre do ano, mas ainda precisa da aprovação dos acionistas da Anadarko. Na quinta-feira, a Chevron comprou toda a empresa por 65 dólares por acção, 39% acima do valor de mercado. Também tomou mais de 15 bilhões de USD da dívida da Anadarko. Mas, apesar de o preço de oferta exceder o valor do mercado de cada acção, muitos comentaristas disseram que, dado que a Anadarko estava tão subvalorizada, foi uma “pechincha”. As acções da Anadarko caíram de 75 USD no ano passado para 42 este ano. Portanto, lances alternativos agora são possíveis. A Bloomberg informou que a Occidental Petroleum havia oferecido mais de 70 USD por acção pela Anadarko e poderia fazer lances novamente.
Michael Wirth, que assumiu a chefia executiva da Chevron há 14 meses, anunciou uma expansão agressiva no gás de xisto no Texas e no Novo México. Assim, a razão principal da compra da Anadarko é adquirir grandes áreas de gás de xisto desta empresa. Aliás, a Anadarko estava entre as maiores operadoras de gás de xisto do Texas e desenvolveu uma capacidade de processamento na região que, segundo Wirth, era particularmente atraente. Além de ter terras de gás de xisto adjacentes, as duas empresas têm áreas adjacentes de produção de petróleo no Golfo do México.
A perfuração de xisto - extração de petróleo e gás de formações rochosas - transformou os EUA num exportador daqueles dois hidrocarbonetos. Pequenos perfuradores independentes foram pioneiros na produção de xisto nos EUA. Mas a indústria refinou tecnologias como fraturamento hidráulico (“fracking”) e perfuração horizontal, e agora pode extrair petróleo e gás de áreas enormes de um único ponto central, fazendo com que seja sensato fundir blocos de concessão. O acordo faz da Chevron uma das três grandes gigantes do petróleo, atrás apenas da Exxon Mobil e da Shell.
"Nós gostamos de Moçambique", diz o chefe da Chevron
Com o negócio consumado, Moçambique espera um encaixe substancial em impostos sobre ganhos de capital (as chamadas mais-valias), mas deve aguardar uma longa negociação. Basicamente, a Chevron avançou no negócio por causa de interesses na América; será preciso determinar quanto dos 33 biliões de USD correspondem aos interesses da Anadarko em Moçambique e quanto da dívida de 15 bilhões está ligada ao projecto de liquefação do gás do Rovuma. Dado que a aprovação da transação entre a Chevron e a Anadarko ainda vai levar meses, o encaixe do imposto sobre ganhos de capital só poderá acontecer em 2020 ou 2021.
A Anadarko é a operadora da Área Offshore 1 da Bacia do Rovuma e planeia construir uma fábrica gigante de liquefação de gás. Para o efeito, a Anadarko assinou recentemente grandes contratos com compradores asiáticos e esperava-se que anunciasse sua decisão final de investimento (FID) ainda este mês.
Comentadores nos EUA ofereceram pontos de vista diferentes sobre o impacto da compra da Chevron em Moçambique. Wirth disse ao Wall Street Journal: "Nós gostamos do recurso de Moçambique". Isso sugere que a Chevron vai querer garantir o início da produção de GNL em 2024, como planeado, para ter o gás no mercado antes da concorrente Exxon Mobil, que também terá as suas próprias instalações de liquefação de gás na península de Afungi.
Outros comentaristas apontam para possíveis problemas com a rival Exxon Mobil, que também compartilha um dos campos de gás com a Anadarko. Isto é conhecido como "straddle": as licenças de exploração foram emitidas para offshore de Cabo Delgado numa altura em que, por definição, nada era conhecido sobre o que existia. Verificou-se que um único campo de gás abrangia as áreas de exploração da Anadarko (Área 1) e ENI (Área 4). Foi necessária uma longa negociação para definir como o gás será compartilhado. A Exxon Mobil assumiu a função de operadora da Área 4 da ENI. (Joe Hanlon)
A Cornelder de Moçambique (CdM) encerrou, semana passada, a primeira fase do programa de assistência humanitária às vítimas do cicloneIdai, que consistiu numa mega-operação de salvamento de cerca de 2.500 vítimas das cheias que assolaram o distrito do Búzi, na província de Sofala.
Em resposta ao apelo lançado pelo Governo de Moçambique, a operação - realizada em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), entidades de Saúde, Polícia lacustre, Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e Pescamar - consistiu na mobilização de embarcações para o resgate das vítimas, fornecimento de combustível, montagem de um posto transitório para assistência às vítimas e prestação de serviços de primeiros socorros, bem como fornecimento de refeições e vestuário.
A CdM, nesta fase, também garantiu o transporte das vítimas para os vários centros de acolhimento. Uma vez interrompidas as operações de resgate, devido à diminuição das águas fluviais no distrito de Búzi e a instalação de centros de acolhimento em zonas seguras, tendo em conta que as vias de acesso permaneciam intransitáveis, a CdM em coordenação com as outras entidades envolvidas na operação, com destaque para o INGC e o Programa Mundial Alimentar (PMA), mobilizou mais embarcações para o transporte de produtos de primeira necessidade, medicamentos, suplementos, cobertores, e fardos de roupa. Para o sucesso desta operação, foram gratuitamente disponibilizados os serviçosde manuseamento e de estiva do Porto da Beira, para garantir que os produtos chegassem a tempo útil aos beneficiários.
De destacar que as operações de ajuda humanitária da CdM não se traduziram apenas à assistência directa às vítimas, mas também na concessão de descontos ou isenções de taxas de manuseamento e armazenagem, aos navios com carga humanitária que demandassem o Porto da Beira.
Para assegurar o rápido restabelecimento do abastecimento de água à Cidade da Beira, a CdM cedeu ao FIPAG-Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água, um gerador com capacidade de 1.500 KVA´s. No geral, no quadro do programa de emergência, a CdM desenvolveu acções estimadas em cerca de 50 mil dólares norte-americanos (equivalente a mais de três milhões de meticais), como suacontribuição solidária directa na ajuda aos afectados pelo ciclone Idai.
Actualmente e como forma de dar seguimento à mitigação dos efeitos nefastos do ciclone, a direcção da CdM está a equacionar outras formas de abordagem solidária que emergem da necessidade de contribuir para a normalização da vida das populações. (FDS)
O regulamento da Inspeção Geral de Recursos Minerais e Energia (IGREME), criada oficialmente através da aprovação de um decreto pelo Conselho de Ministros na sua sessão ordinária da passada terça-feira (09), será aplicado em todos os locais do território nacional onde estejam a desenvolver-se actividades relacionadas com exploração mineira, operações petrolíferas, infra-estruturas energéticas, produção, recepção, armazenagem, manuseamento, distribuição, comercialização, transporte, exportação e reexportação de produtos petrolíferos.
O regulamento da IGREME também incidirá sobre pessoas singulares ou colectivas não titulares que intervenham em actividades mineiras, petrolíferas e energéticas. Entre outras acções, caberá à IGREME controlar e fiscalizar o cumprimento das leis, regulamentos e demais dispositivos legais aplicáveis às actividades que tenham como finalidade assegurar o uso racional e sustentável dos recursos minerais do País. Entre essas actividades incluem-se as de exploração mineira, petrolíferas, energéticas, normas de segurança técnica e meio-ambiente, salvamento e resgate.
As actividades inspectivas e de fiscalização serão realizadas em todos os locais de prospeção, pesquisa, produção, tratamento, processamento, comercialização, trânsito e circulação. Igualmente serão abrangidos pelas actividades inspectivas outros locais onde haja suspeitas de haver posse, comercialização ilegal de minerais, produtos petrolíferos e energéticos. Sempre que uma acção se justificar, a IGREME fiscalizará os locais em causa em coordenação com outras entidades.
Qualquer acto administrativo que resulte da acção inspectiva carece de fundamentação que qualifica um facto como infracção, a sua consequência legal, o indeferimento da reclamação e recurso sobre as multas aplicadas, apreensão de produtos mineiros, petrolíferos e confisco de equipamentos e meios utilizados em actividades ilegais, bem como da decisão sobre a reversão a favor Estado. A IGREME e seus agentes deverão actuar obedecendo estritamente à lei e regulamentos que regem as suas actividades, dentro das ‘balizas’ dos poderes que lhes estejam atribuídos por lei. (Marta Afonso)
O Banco Comercial de Investimentos (BCI) lançou, esta semana, no Município de Vilanculos, província de Inhambane, o “Saldo POSitivo”, uma nova solução para as Pequenas e Médias Empresas (PME's).
Segundo o Presidente da Comissão Executiva do BCI, Paulo Sousa, o novo serviço serve para todos os clientes daquele banco, espalhados por todos o país, que tenham um POS daki que agora inclui, para além de todas as funcionalidades que já existiam, a solução “Saldo POSitivo”.
Na sua intervenção, Paulo Sousa explicou que o “Saldo POSitivo” é a possibilidade que confere aos comerciantes clientes do BCI, titulares de um POS daki, terem uma linha de crédito associada ao POS, em que o Banco disponibiliza até 20% da média mensal da sua facturação. O reembolso, segundo este, será efectuado diariamente, através da dedução de uma parcela do valor facturado, a uma taxa de juro fixa de 20%.
Ainda de acordo com o PCE, esta é uma forma “muito fácil, simples e muito prática” de obter uma linha de crédito de apoio à tesouraria e de apoio à recomposição de stocks.
“Quando um comerciante tem alguma alteração sazonal das suas vendas, tem uma solução no BCI que pode ajudar a ultrapassar essa fase de menor receita, ou maior necessidade em termos de ‘cash flow’”, disse Sousa, acrescentando que “os nossos clientes podem contactar o seu gestor ou gerente junto ao BCI e aderir ao nosso novo produto mediante cumprimento de requisitos básicos e de forma fácil”.
Por sua vez, o Governador de Inhambane, Daniel Chapo, saudou o BCI por proporcionar aquela província “cada vez mais serviços de qualidade, eficientes e competitivos” que vão ajudar a classe empresarial a satisfazer as suas necessidades financeiras.
Num outro desenvolvimento, o governante disse que os pequenos negócios e PME's dos seguimentos BCI Universal e BCI exclusivo de Vilankulo, Mabote, Inhassoro e Govuro, vão beneficiar destes serviços e das várias oportunidades de crédito e ou de apoio à tesouraria no fortalecimento de um bom ambiente de negócios na província. Salientou ainda que “um dos nossos grandes objectivos é fazer de Inhambane uma província de referência”. (Carta)
O Millennium bim promoveu, nesta quinta-feira (11), a segunda edição da palestra “As Mulheres deste Milénio”, evento integrado nas comemorações alusivas ao mês da mulher e, em particular, ao Dia da Mulher Moçambicana, celebrado no passado dia 07 (domingo), em todo o país.
O encontro juntou diversas individualidades e teve como tema principal a liderança no feminino e o papel da mulher no desenvolvimento socioeconómico e cultural e na transformação social do país.
Moderado pela prestigiada apresentadora de televisão Anabela Adrianoupolos, o debate contou com a presença de Paula Matsinhe, Co-Fundadora da UZURI, Sara Fakir, Co-Fundadora e Directora Executiva da ideiaLab, Cecília Simbine, Membro do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público, Paula Monjane, Directora Executiva do Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), e Liliana Catoja, administradora do Millennium bim. Contou também com a presença da prestigiada artista musical, Mingas, actualmente, Presidente da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento e Sustentabilidade Humana - A VUKKA, com foco em crianças e mulheres.
A iniciativa teve o apoio da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que, através de um sorteio, presenteou o vencedor com duas passagens aéreas de ida e volta, para um percurso doméstico ou regional à escolha dos passageiros.
Na sua intervenção, Liliana Catoja, Administradora do Millennium bim, garantiu que a iniciativa “dá-nos a oportunidade de debatermos temas que dizem respeito a todas as mulheres”. Explicou que a mulher desempenha um papel de grande protagonismo na sociedade e, no caso do nosso país, é ainda mais significativo.
“Somos resilientes, estamos habituadas a esbarrar em muitos obstáculos, que encaramos como desafios a vencer e isso dá-nos ainda mais força”, disse, sublinhando que 52% dos funcionários daquele banco são mulheres.
O evento “Mulheres deste Milénio” insere-se nos festejos do Millennium bim a propósito do mês da mulher, tendo como objectivo valorizar o seu papel e contributo para a construção de uma sociedade mais justa e com igualdade de oportunidades para todos.
Referir que, na semana passada, o Banco brindou as suas clientes com uma rosa, em solidariedade com as vítimas do Ciclone IDAI, nos balcões das províncias de Inhambane, Manica, Tete, Zambézia, Nampula, Niassa, Cabo Delgado e em diversos pontos das Cidades de Maputo e Matola. (Carta)
O Banco de Moçambique (BM) alterou sua forma de comunicar com a opinião pública, através da comunicação social. No passado, o BM convocava os jornalistas para uma conferência de imprensa onde, na presença de um ou dois administradores (ou mesmo do Governador), era possível uma discussão acalorada sobre várias temáticas decorrentes das suas atribuições. Este ano, o banco introduziu uma nova fórmula: convida os jornalistas a remeterem questões com antecedência, as quais são posteriormente respondidas, não pelo Governador nem por um administrador, mas pela Directora de Comunicação e Imagem, Silvina de Abreu.
O famoso criminalista Albano Silva é o advogado com procuração junto do Ministério Público para defender o antigo Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gouveia Gove. “Carta” sabe que Albano Silva foi a terceira escolha de Gove. Na passada sexta-feira, os dois entraram de “mãos dadas” no edifício da Procuradoria-Geral da República (PGR), na Vladimir Lenine, em Maputo. No processo das “dívidas ocultas”, Gove é acusado de abuso de cargo ou função e associação para delinquir.
O criminalista é uma velha raposa da advocacia moçambicana, um investigador nato, trabalhador incansável, como caracterizou um colega que lhe é chegado. Mas, reza outra descrição, Albano Silva é um advogado que sempre se valeu das suas influências extra-processuais para defender clientes, num registo de justicialismo imposto a todo o custo. Ao abraçar Ernesto Gove, o advogado regressa às barras, firmando-se como o mais experiente dos causídicos das “dívidas ocultas”. Para além dele, e de Abdul Gani Hassan, todos os outros pertencem a uma fornada de geração recente, que vai ganhando cada vez mais espaço nas lides.
Na segunda-feira, desta semana, perguntámos a albano se tinha aceite Gove como cliente. “Não sou advogado de ninguém”, disse ele. Mas, a procuração constante no processo desmente essa recusa. Nos últimos anos, Albano Silva esteve afastado das barras. Associou-se a um jovem jurista e criou a Albano Silva e Guilaze, uma firma que faz um pouco de tudo. Na sua página na internet, pode-se ler uma mini-biografia do advogado. Ela reza assim:
“António Albano Silva é sócio sénior e fundador da sociedade. É licenciado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane, em 1981, é advogado e membro fundador da Ordem dos Advogados de Moçambique e está inscrito na mesma (Ordem dos Advogados de Moçambique) desde o ano de 1994 (ano da sua fundação): Tem mais de 37 anos de experiência profissional e é responsável pelos serviços de assistência jurídica em várias áreas, com especial enfoque para o Direito Fiscal, Direito Bancário, Concessões e Licenciamento, Arbitragem, Mediação e Conciliação, Contencioso, Direito Administrativo e Contratação Pública”.
O retrato, breve como um cartão-de-visita, é muito lacónico. Não capta o percurso intenso de um dos mais mediáticos e controversos advogados do pós-independência. Entre meados dos anos 90 a cerca de 2010, Albano Silva tornou-se no advogado com mais parangonas nos “media” nacionais, tanto por motivos de bravura como de chacota. O primeiro grande caso foi de tráfico de droga. Em 1995, a Polícia apreendeu 40 toneladas de haxixe que circulavam na cidade de Maputo, em dois camiões.
A Polícia deteve preventivamente o empresário Mahomed Ikbal Gafar, do Grupo AGT de Nampula. Albano Silva foi contratado como advogado, naquele que foi o primeiro grande caso criminal após a transição para a democracia. O advogado meteu-se no terreno como um exímio detective e cedo desmontou a narrativa incriminatória da Polícia. Ikbal acabou sendo libertado provisoriamente, mas morreu pouco depois de hepatite num hospital no estrangeiro. A única pessoa verdadeiramente presa em conexão com esta apreensão foi o condutor de camião Samssudine Satar.
Depois veio Robert Macbride, na altura funcionário de alto escalão do Departamento de Relações Exteriores da África do Sul. Foi preso pela polícia moçambicana, em Ressano Garcia, com várias AK47 na sua bagageira. Alegou-se que McBride estava em missão de investigação sobre alegações de contrabando de armas de Moçambique para a África do Sul. Está-se em 1998. O Tribunal Supremo mandou soltar McBride após a intervenção do advogado Albano Silva. O sul-africano acabou fugindo do país sem sequer ser julgado.
E por fim a saga do caso da fraude ao antigo BCM (que se desenrolou em várias dimensões e episódios). A fraude (14 milhões de USD) foi descoberta entre 1996/1997. O BCM, maior banco comercial do pais, contratou Albano Silva, que trabalhou incansavelmente para levar o caso do BCM ao tribunal, apesar de obstáculos de vária ordem. Esbarrou com agentes da Polícia corruptos e entrou em rota de colisão com dois procuradores encarregues de investigar o caso, nomeadamente, Diamantino dos Santos e Rui Seuane (marido da Procuradora Geral Beatriz Buchili). A investigação recaía sobre um antigo gerente do BCM, Vicente Ramaya, e sobre os irmãos Satar (Ayob e Nini, na Unicâmbios).
Os dois lados, nomeadamente, o grupo investigado e o advogado, tornaram-se inimigos figadais. O advogado tinha descoberto evidências que levavam ao grupo como sendo o mentor da fraude. Mas, o grupo começou a alegar que Albano estava a “persegui-lo” para esconder os verdadeiros mentores do rombo. Albano Silva percebeu, então, que uma aliança com o jornalista Carlos Cardoso era fundamental para ele ganhar uma causa que já não era apenas do foro da justiça; jogava-se também no extenso palco da opinião pública. Carlos Cardoso viria a ser assassinado quando investigava, entre outros, o caso BCM, numa colaboração profícua com o advogado. O caso da fraude ao BCM viria a ser julgado, em 2003, e a tese de Albano Silva acabou vingando: Vicente Ramaya e os irmãos Satar viriam a ser condenados.
Foi uma vitória de Albano arrancada a ferros. Seus detractores não lhe vêem brilhantismo nenhum, mas apenas uma habilidosa capacidade de mover influências. Agora que ele regressa às barras há quem prefira recordar um caso que parece vexatório para o causídico. Em 1999, um ano antes do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, Albano Silva reportou uma tentativa de assassinato contra si, apontando para os irmãos Satar. O caso só foi julgado em 2008 mas ninguém foi condenado. Porquê? Sabe-se hoje que a trama não passara de uma inventona. Albano Silva é considerado um exímio manhoso, um lobo matreiro. Mas na inventona, ele falhou redondamente. E agora? Que trunfos usará para safar Gove? (Marcelo Mosse)
Em Março último, os preços de produtos e serviços aumentaram drasticamente na cidade da Beira, conforme indicam dados do Índice de Preços no Consumidor (IPC), do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
O IPC diz que a capital de Sofala registou no mês passado uma inflação (desagregada) de 2,87%, seguida de Maputo (0,18%) e Nampula (0,17%). Em termos gerais, no mês de Março, o país registou um aumento do nível de preços na ordem de 0,67%, contra 0,32% no mês anterior.
De acordo com o IPC, as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas, bem como de habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, foram as que maior agravamento de preços registaram, tendo contribuído com 0,36% e 0,23% positivos, respectivamente.
O IPC refere também que “na análise da inflação mensal por produto destaca-se a subida de preços do tomate (10,6%), consumo de electricidade (21,7%), carvão (6,3%), cebola (6,5%), feijão manteiga (4,4%), couve (4,6%) e consultas em clínicas (5,1%) que no total da inflação contribuíram com cerca de 0,55% positivos”.
No mesmo período de 2018, o IPC diz que o país registou um aumento de preços na ordem de 3,41%, e que as divisões de transportes, assim como da saúde, em termos homólogos tiveram maior variação de preços, com 6,42% e 6,39%, respectivamente.
Quanto à inflação acumulada, os dados do IPC indicam que no primeiro trimestre de 2019 o país registou um aumento de preços na ordem de 1,63%. Desagregando, a cidade da Beira foi a que teve o maior aumento do respectivo nível geral de preços, com 4,13%, seguida das cidades de Maputo (1,26%) e Nampula (0,65%). (Evaristo Chilingue)