Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

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Economia e Negócios

O Grupo Elevo, uma empresa de construção civil presente em vários países do mundo, acaba de fechar as portas dos seus escritórios em Maputo, abandonando 700 trabalhadores com vários meses de salário em atraso e sem dar nenhuma satisfação.

 

De acordo com os trabalhadores daquela empresa, a Elevo vinha demonstrando sinais de falência em Moçambique, desde a eclosão da pandemia do novo coronavírus no país. Como resultado, contam as “vítimas”, os proprietários da empresa foram deixando o país um por um, com destino à sua terra natal, Portugal, alegando que estavam a tentar resolver o problema junto da sede. Porém, nunca mais voltavam.

 

“Quando o patronato começou a desaparecer sem dar satisfação aos funcionários, pararam de nos pagar os salários no mês de Setembro do ano passado e, em Março deste ano, acabaram por mandar fechar as portas da instituição e deram uma ordem aos que trabalhavam no escritório para trabalharem a partir de casa, deixando os técnicos das obras e os operários que trabalhavam no terreno largados à sua própria sorte”, conta um dos trabalhadores da empresa.

 

“Temos colegas que se encontram em situações críticas em Massingir [Gaza], Cabo Delgado, Matutuine [Maputo], entre outros pontos do país, a prestarem serviços e que não têm nem condições de regressar às suas zonas de origem, aguardando que a empresa lhes pague seus salários ou lhes diga o que fazer daqui em diante, mas sem nenhuma resposta até aqui”, explica outra fonte.

 

As fontes dizem ainda terem tentado contactar o patronato, mas este alegou que deviam tratar o assunto com o Director Financeiro da empresa, de nome Nuno Amorim, que, depois de ser pressionado pelos trabalhadores, optou em não atender mais as chamadas. Aliás, este acabou abandonando o país, encontrando-se, neste momento, na vizinha África do Sul.

 

“Tudo o que ficamos a saber é que a empresa está com muitos problemas, têm dívidas com vários bancos. Pedimos a quem é de direito para que resolva o nosso problema e nos dê uma solução, porque nos sentimos abandonados”, acrescentam.

 

Conforme contam, em Janeiro último submeteram uma queixa junto do Ministério do Trabalho e Segurança Social, tendo sido encaminhada ao Tribunal, porém, até aqui não há qualquer informação.“Carta” contactou o Director Financeiro, Nuno Amorim, porém, sem sucesso. (Marta Afonso)

Apesar de o saco de cimento 32,5N da Dugongo (295,00 Mts) estar bem abaixo do preço da África do Sul (76 Randes, ou seja, 340,00 Mts), há pouco menos de duas semanas o preço teve uma subida de 15 Meticais, abalando os sectores mais jovens da sociedade: o cimento da marca tinha sido “milagreiro”, quando em meados de Abril entrou no mercado, quebrando os preços especulativos que alimentavam os chorudos lucros de um pequeno cartel que vendia o saco de 50kg a cerca de 500 Meticais); a Dugongo baixara radicalmente o custo do produto, tornando-o mais acessível às bolsas carentes de milhares de moçambicanos que procuram construir habitação própria.

 

O aumento de 15 meticais no preço do cimento causou calafrios. Será que a Dugongo havia ludibriado os moçambicanos, “vendendo” uma baixa de preços que era afinal sol de pouca dura? Parece que não, de acordo o que “Carta” apurou.

 

Antes da entrada da Dugongo no mercado, o saco de cimento custava 480.00 Mts, sendo na altura 1USD =75.00, o que significava que um saco custava 6.4 USD. Com a entrada em funcionamento da Dugongo, o cimento baixou até 280.00 Mts, e tendo em conta que 1 USD = 60, o saco de cimento está USD 4.6.Objectivamente, a redução é de USD 1.8, ou seja 108.00 Mts.

 

Mas, em finais de Agosto, a Moçambique Dugongo Cimentos emitiu um comunicado anunciando a revisão em alta do preço do cimento 32,5N a partir de 01 de Setembro. O saco de 50 kg passou a custar mais 15 Meticais e o cimento 32,5N a granel mais 300 Meticais por tonelada.

 

As razões por trás do aumento são várias. A principal tem que ver com o custo de importação de carvão de queima (o carvão térmico usado usado para seus fornos; a Dugongo não usa eletricidade da EDM). O custo por tonelada passou em pouco tempo de 40 para 88 USD. A Dugongo havia começado a operar num contexto em que a pandemia da Covid estava em alta e a produção e procura do carvão de queima baixaram consideravelmente o seu preço.

 

Mas à medida que a condição global da Covid melhora, o preço do carvão de queima tem vindo a aumentar. Foi isso o que aconteceu recentemente. Mas não foi apenas o preço do carvão a ter impacto negativo no custo de produção do cimento. O gesso, uma matéria fundamental, também subiu, este de 26 para 39.5 USD por tonelada/CIF (colocado no destino, com seguro e frete pagos). Também a limalha de ferro, ou seja, o ferro em pó, outro ingrediente do cimento, tem vindo a subir.

 

“O preço do cimento em Moçambique nunca voltará aos níveis especulativos de antes”

 

Ou seja, o preço do cimento da Dugongo poderá vir, ainda, a ter no futuro pequenas subidas de ajuste consoante a oscilação do custo das matérias-primas. Um dos desafios da empresa é garantir que o custo do calcário se mantenha a um nível estável. O calcário é a principal matéria-prima para a produção de clínquer, responsável por 90% da composição do cimento.

 

Em Matutuíne, onde a Dugongo está instalada, há enormes reservas de calcário, e foi por isso que a fábrica assentou os arraiais naquele lugar. E visto de longe, até pode parecer que o calcário no local é extraído de mão beijada. Mas não. Há desafios inerentes. Um deles é o calcário disponível para a empresa, uma concessão limitada de 600 hectares. Por outro lado, há milhares e milhares de hectares concessionados a gente que não produz e que está sentada por cima do recurso à espera de uma oportunidade de renda.

 

Neste momento, a fábrica está extraindo calcário numa área onde o recurso a uma encontra-se a uma profundidade de 20 metros. Nesta situação, a extração tem o seu custo…5 USD por Toneladas. E quando mais fundo mais oneroso.

 

Seja como for, a recente subida de 15 meticais no saco de cimento é um sinal de que a formação do preço final do produto dependerá de factores, incluindo exógenos, como o custo da matéria-prima. Mas, uma coisa é certa, garante Sa Qi, o Director Geral da Dugongo, em breve conversa com Carta: “O preço do cimento em Moçambique nunca voltará aos níveis especulativos de antes”.

 

Aliás, neste momento, o preço da Dugongo bate toda a região, a começar pela África do Sul, com quem gostamos de nos comparar, a referência regional para boa oferta. Enquanto o saco do cimento Dugongo 32.5 N continua abaixo dos 300 Meticais na região de Maputo, na África do Sul as várias marcas custam não menos que 75 Randes, o equivalente a 343 Meticais. (Marcelo Mosse)

A Puma Energy Moçambique, Lda., protesta a violação do contrato de importação de combustíveis ao país: IMOPETRO/CACL/01/2021, em vigor, por parte do fornecedor Vitol Bahrain E.C. Perante essa realidade, a empresa diz ainda se estar perante uma situação de concorrência desleal, o que está a prejudicar os concorrentes.

 

Numa carta a que tivemos acesso, a empresa afirma que a Vitol Bahrain E.C. tem desde a sua adjudicação, em início deste semestre, pautado pela violação da cláusula número 6.10., segundo a qual: “Todos os navios, sem excepções, devem transportar apenas cargas para entrega ao abrigo do Contrato, sendo interdito o carregamento de cargas em trânsito, ainda que destinadas ao mercado interno”.

 

Por outras palavras, a Puma Energy protesta que os navios com carga da Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO) não misturem cargas em trânsito. “No entanto, a Vitol Bahrain E.C, tem violado esta cláusula de forma sucessiva”, lê-se na carta encaminhada ao Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela.

 

Neste contexto, a Puma Energy relata que, no dia 27 de Agosto de 2021, a Comissão de Aquisição de Combustíveis Líquidos (CALC) realizou uma reunião para apreciar o pedido formulado pela Vitol Bahrain E.C. sobre a necessidade da flexibilização da cláusula 6.10.

 

Entretanto, “para o nosso espanto, este pedido foi aprovado por unanimidade pelos membros da CACL. Com esta aprovação, a CACL não só premeia a violação sistemática da cláusula 6.10 por parte da Vitol Bahrain E.C, como também retira a transparência que acarretou o processo, porque as propostas técnicas e financeiras submetidas pelos concorrentes pressupunham a existência desta mesma cláusula daí condicionando os preços apresentados”, proposta a Puma Energy.

 

Com estes factos, a empresa afirma estar-se “perante uma situação de concorrência desleal, prejudicando os concorrentes e descredibilizando um processo que pressupõe transparência”. (Carta)

Há mais de duas semanas que a província de Cabo Delgado, em particular a sua capital provincial Pemba, regista uma crise no abastecimento do cimento de construção, facto que fez disparar o preço deste produto.

 

Numa ronda efectuada pelos principais pontos de venda do cimento de construção, “Carta” constatou que o saco de 50 Kg está sendo comercializado entre 700 e 800 Meticais, contra os anteriores 500 a 520 Meticais que eram praticados. A situação está a deixar diversos cidadãos preocupados, pois, vêem-se na contingência de reprogramar os seus planos, sobretudo, no que tange à construção das suas moradias.

 

Entretanto, em comunicado de imprensa, a Direcção Provincial de Indústria e Comércio de Cabo Delgado informou que a crise está sendo causada pela ruptura de stock da principal matéria-prima para a produção do cimento, neste caso, o clínquer. O facto fez com que a fábrica de cimento localizada em Mieze, distrito de Metuge, interrompesse as actividades por um período de 30 dias, sendo que irá retomá-las no próximo dia 26 de Setembro.

 

A ruptura, diz a fonte, está aliada a dificuldades na navegação marítima internacional, que tem condicionado a importação e reposição da matéria-prima na província e na região norte em geral. Porém, a instituição assegura ter criado uma unidade conjunta, coordenada pela Inspecção Nacional da Actividades Económicas (INAE), para monitorar a situação de especulação do preço, que se verifica na província. (Carta)

segunda-feira, 13 setembro 2021 07:08

Preços voltam a disparar após quatro meses em queda

Os preços de produtos e serviços subiram em Agosto último, após queda verificada desde Abril passado. Dados recolhidos no mês passado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nas Cidades de Maputo, Beira e Nampula, indicam que o país registou uma inflação na ordem de 0,19%, em relação a Julho.

 

A autoridade estatística observou que as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de restaurantes, hotéis, cafés e similares, foram as de maior destaque, ao contribuírem no total da inflação mensal com cerca de 0,09 e 0,06 pontos percentuais (pp) positivos, respectivamente.

 

Quanto à variação mensal por produto, o INE destacou o aumento dos preços do carapau (4,1%), do vinho (3,6%), da cerveja para consumo fora de casa (0,6%), do peixe fresco (0,4%), do limão (19,7%), de motorizadas (0,8%) e materiais diversos para manutenção e reparação da habitação (0,7%). Estes contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,19 pp positivos.

 

“No entanto, alguns produtos com destaque para o repolho (7,7%), a galinha viva (1,1%), a farinha de mandioca (7,7%) e a alface (2,8%), contrariam a tendência de aumento, ao contribuírem com cerca de 0,04 pp negativos”, lê-se num comunicado do INE.

 

A nossa fonte calculou que, de Janeiro a Agosto do ano em curso, o país registou um aumento de preços na ordem de 2,48%, influenciado pela divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas, ao contribuir para a subida de preços com cerca de 1,03pp positivos.

 

Comparativamente a igual período do ano anterior, o INE lembra que o país registou, no mês em análise, um aumento de preços na ordem de 5,61%, influenciado pelas divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e de restaurantes, hotéis, cafés e similares que registaram maior variação de preços com cerca de 10,72% e 5,95%, respectivamente.

 

Analisando a variação mensal pelos três centros de recolha, que servem de referência para a variação de preços do país, a autoridade estatística constatou que, em Agosto findo, todas as cidades registaram um relativo aumento de preços, com a Cidade de Nampula a destacar-se com cerca de 0,36%, seguida da Cidade de Maputo com 0,15% e, por fim, a Cidade da Beira com aproximadamente 0,02%. (Carta)

O indicador de confiança no sector da produção industrial, que inclui os serviços de distribuição de electricidade, gás e água, aumentou ligeiramente, entre os meses de Abril e Junho, facto que acontece após uma queda no trimestre anterior. A constatação está vertida nos Indicadores de Confiança e de Clima Económico (ICCE), boletim elaborado mensalmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). 

 

A autoridade estatística nacional justifica a conjuntura favorável do sector com o contributo positivo de todas as componentes do indicador síntese do sector com maior destaque para a perspectiva da procura e a actividade actual que aumentaram substancialmente, relativamente ao trimestre anterior. “Em linha com o indicador síntese do sector, o volume de negócios da actividade em análise aumentou substancialmente, facto que levou à queda dos stocks nos armazéns industriais. Os preços futuros foram avaliados em alta se comparados com o trimestre anterior”, acrescenta o ICCE.

 

Durante o trimestre em análise, a nossa fonte revela que cerca de 61% das empresas deste sector enfrentou algum obstáculo, o que correspondeu a um incremento de 9% de empresas com constrangimentos face ao trimestre anterior. O INE diz que, para o incremento de empresas em constrangimentos, continuaram a afectar o sector industrial, a falta de matéria-prima (28%), a falta de acesso ao crédito (16%), a concorrência (16%) e os outros factores não especificados (28%) como principais obstáculos que dificultaram o desempenho óptimo do sector. (Carta)