Durante o segundo trimestre deste ano, a Vale Moçambique esteve perto de duplicar os níveis de produção de carvão, comparativamente aos primeiros três meses de 2021. A produção do segundo trimestre registou um incremento de 92% em relação ao trimestre anterior, situando-se em 2,1 milhões de toneladas. No transporte de carvão, a empresa movimentou 1.9 mil milhões de toneladas, o correspondente um crescimento de 83%, em relação ao trimestre anterior, refere o Relatório Financeiro e de Produção da Vale Moçambique.
A produção e transporte de carvão foram afectados pela conclusão tardia do processo de manutenção das plantas de processamento na Mina de Moatize e o regimento de confinamento, por conta da pandemia da Covid-19.
Por seu turno, o transporte de carga geral atingiu a marca de 126 mil toneladas, o que representa um crescimento de 65%, em relação aos primeiros 3 meses de 2021, mesmo tendo sido impactado pelas obras de manutenção da linha férrea ligando Nkaya e Blantyre (no Malawi) e pela redução do comércio internacional associado ao coronavírus.
No período em análise, a empresa transportou cerca de 55 mil passageiros, representando um crescimento de 17%, em relação ao primeiro trimestre deste ano. O aumento do volume de passageiros está relacionado com a retoma gradual da actividade económica, face aos receios da covid-19.
De acordo com o Relatório Financeiro e de Produção da Vale Moçambique, com a venda do carvão, no segundo trimestre, a empresa arrecadou 168 milhões de dólares, que correspondem a um aumento de mais 56 milhões, em comparação com o primeiro trimestre.
Refira-se que a Vale está empenhada em deixar uma operação competitiva ao mesmo tempo em que trabalha para assegurar uma saída responsável em Moçambique, procurando um investidor que possa salvaguardar os interesses de todas as partes.
A saída da Vale do negócio de carvão em Moçambique, está em linha com o foco da empresa em tornar-se carbono neutro até 2050 e em reduzir em 33% as suas emissões até 2030. (Carta)
A economia do sector privado moçambicano sofreu um declínio no mês de Agosto, devido às maiores restrições provocadas pelo aumento dos casos de Covid-19, revela relatório de um inquérito feito no referido mês aos gestores das empresas privadas no país.
“A produção, novas encomendas e aquisições sofreram quedas abruptas desde Janeiro, enquanto os níveis de emprego subiram a um ritmo muito menos acentuado. Apesar do abrandamento para o nível mais baixo nos últimos cinco meses, a confiança nas empresas manteve-se forte devido à respectiva antecipação da melhoria das condições económicas”, refere o documento.
Produzido pelo Standard Bank, o inquérito tem como principal valor calculado, o Purchasing Managers’ Index (PMI). Determina que valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração. “Em Agosto, o PMI desceu para 47,9, o valor mais baixo dos últimos sete meses, uma queda do valor de 51,8 registado em Julho e a primeira vez que este valor se cifra abaixo dos 50,0 nos últimos cinco meses”, relata a fonte.
De acordo com o relatório do inquérito, as empresas inquiridas associaram predominantemente o declínio à restrição das medidas de combate à Covid-19, incluindo o recolher obrigatório, encerramento temporário das empresas e a proibição de ajuntamentos sociais. Estas medidas originaram uma forte queda da procura por parte dos clientes e um declínio na capacidade das empresas, com os índices de produção e de novas encomendas a registarem os valores mais baixos desde Janeiro.
“Os dados do sector indicam que as áreas do fabrico e dos serviços foram as mais afectadas, sendo que as empresas de agricultura também notaram uma quebra na procura. Em sentido contrário, o sector da construção foi o único a conhecer aumentos constantes em termos de produção e do número de novas encomendas”, detalha o documento.
O relatório do inquérito assinala ainda que, durante o mês de Agosto, os fornecedores praticaram preços mais baixos, com a reduzida procura de meios de produção, o que resultou na primeira descida dos custos de aquisição desde Novembro de 2020.
Relata ainda que os custos com pessoal também sofreram uma redução no período do último inquérito. Como resultado, o aumento geral dos custos dos meios de produção abrandou para o nível mais baixo dos últimos três meses, com a pressão ascendente a dever-se maioritariamente ao aumento dos preços do transporte.
Apesar da perda acentuada do impulso no mês de Agosto, a nossa fonte assegura que as empresas continuam a apostar na mão-de-obra, embora a taxa de criação de emprego tenha suavizado consideravelmente desde Julho. Assegura ainda que os empresários permanecem confiantes de que a produção irá voltar a crescer nos próximos 12 meses, pois, vários gestores entrevistados acreditam que as interrupções causadas pelas restrições da Covid-19 serão de curta duração.
O PMI do Standard Bank Moçambique é compilado a partir das respostas aos questionários enviados aos directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o Produto Interno Bruto (PIB). Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufactureiro, a construção, o comércio por grosso, o comércio a retalho e os serviços. (Carta)
A empresa Vitol Bahrain E.C., recentemente adjudicada os serviços de importação de combustíveis ao país até Dezembro próximo, violou o contrato: REF-IMOPETRO/CALC/01/2021, ao importar quantidades de combustíveis para o hinterland, além dos destinados ao país.
“Carta” está na posse de documentos que protestam a violação do contrato. De acordo com as fontes, tudo começa em finais de Julho e inícios de Agosto últimos. A 31 de Julho, o navio Vendome Street, fretado pela Vitol, atracou no terminal de combustíveis da Beira para descarregar 10,886 Toneladas Métricas (TM) de gasóleo. Entretanto, em vez da referida quantidade, o navio descarregou mais 28.771 m3 de gasóleo não pertencente à IMOPETRO para trânsito.
Esta atitude viola a cláusula 6.10 do Contrato entre a Vitol e IMOPETRO, segundo a qual: “Todos os navios, sem excepções, devem transportar apenas cargas para entrega ao abrigo do Contrato, sendo interdito o carregamento de cargas em trânsito, ainda que destinadas ao mercado interno”.
A IMOPETRO remeteu, no âmbito das suas atribuições, uma carta ao fornecedor advertindo sobre a necessidade do cumprimento da referida cláusula em carregamentos futuros. Em resposta, a Vitol disse que o país não tira vantagens com a cláusula 6.10.
Questionado sobre o assunto, o Director Nacional de Hidrocarbonetos, Moisés Paulino, respondeu nesse mesmo diapasão. Explicou que a cláusula foi mal elaborada porque, como tem acontecido nos anos anteriores, os navios trazem não só combustíveis para o país, mas também para o hinterland e, com isto, o Estado tira dividendos.
Perante esse caso, Paulino, que também é Presidente da Comissão (interministerial) de Aquisição de Combustíveis Líquidos (CALC), avançou que a referida cláusula deverá ser corrigida em adenda ao contrato, porque prejudica o país. (Evaristo Chilingue)
Um ano após financiar quase 300 mil agricultores em oito províncias e aumentar a produção das principais culturas alimentares em Moçambique começaram esta semana as candidaturas ao Programa Nacional de Integração da Agricultura Familiar em Cadeias de Valor, o Sustenta, na campanha agrária 2021/2022.
A produção de comida no país aumentou de 14 milhões de toneladas para 16 milhões durante a campanha agrária 2020/2021, segundo dados preliminares do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, como resultado dos financiamentos de pacotes tecnológicos a 291.241 Pequenos Agricultores Comerciais Emergentes (PACE´s) e Pequenos Agricultores (PA´s) conjugado como assistência técnica de extensão rural.
O aumento da produção alimentar, e também das culturas de rendimento, resultaram ainda no aumento significativo dos rendimentos de 59.040 agregados familiares. Na cultura do arroz, por exemplo, os rendimentos dos agricultores aumentaram 650 por cento, os produtores de milho viram os seus rendimentos crescerem 292 por cento e na cultura do Girassol os ganhos aumentaram 248 por cento.
Depois de chegar a 103 distritos nas províncias do Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Tete, Manica, Sofala e Gaza o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar perspectiva alargar os financiamentos do Sustenta para todo o país e por isso deu início, nesta segunda-feira(30), às chamadas públicas para os moçambicanos que pretendam dinamizar a produção agrícola.
O Pequeno Agricultor, que tenha vontade de produzir uma área entre 1,5 a 9 hectares, deve apresentar a sua candidatura ao Agente de Extensão na sua localidade ou através do PACE, Empresa Fomentadora ou Indústria da sua região. O candidato à PACE deve apresentar a sua candidatura no Serviço Distrital de Actividade Económica da região onde reside e já cultiva uma área igual ou superior a 10 hectares.
As indústrias e empresas que pretendam financiamento para dinamizar o fomento agrário que ja realizaram apresentam as suas candidaturas nos Serviços Provinciais de Actividade Económica onde operam ou nas delegações do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável. (Carta)
O Banco de Moçambique relata em Relatório de Estabilidade Financeira, publicado recentemente, que o sector bancário que domina a provisão de produtos e serviços financeiros continuou com níveis de capital e liquidez acima dos requisitos regulamentares e, por conseguinte, os riscos de rendibilidade e solvência e de liquidez mantiveram-se baixos.
“No entanto, o risco de crédito continua a ser uma preocupação, devido ao alto índice de incumprimento do crédito, contribuindo para a deterioração da qualidade dos activos”, refere o documento.
Segundo o Banco Central, o rácio do crédito em incumprimento (NPL) permaneceu em torno de 10,0%, correspondente ao nível de risco alto e continuou muito acima do nível máximo recomendado pelas boas práticas internacionais de 5,00%.
Ainda assim, o regulador do sistema financeiro nacional constatou que, no período em análise, o crédito evoluiu positivamente, ao registar uma aceleração de 8,90 pp, passando de um crescimento de 5,14%, em Dezembro de 2019, para 14,04%, em Dezembro de 2020, não obstante as adversidades verificadas durante o período em referência.
Num informe anual em que descreve a estabilidade do sistema financeiro nacional, o Banco de Moçambique relata também que o sector moçambicano de seguros apresenta uma evolução positiva, tanto para o “ramo vida” como para o “não vida”, num contexto em que a estrutura dos investimentos representativos de provisões técnicas é dominada pelos investimentos financeiros, com evidente desaceleração de investimentos em edifícios.
“A produção global das empresas de seguros registou, em 2020, um crescimento anual na ordem de 4,9% (após 21%, em igual período do ano anterior), performance que reflecte a conjuntura económica acima descrita”, acrescenta o documento.
No que tange à capitalização bolsista, o Banco Central relata que o principal indicador do Mercado de Valores Mobiliários (MVM) registou um incremento decorrente, fundamentalmente, da dinâmica das obrigações do Tesouro, que representaram 77,3% deste índice. Este cenário eleva o risco soberano a que estão sujeitos os detentores destes títulos, com particular destaque para os integrantes dos sectores bancário e de seguros, influenciando, de igual modo, o risco sistémico e a estabilidade financeira no geral. (Evaristo Chilingue)
O reajuste de salário mínimo tendeu, em geral, a reduzir de 2016 a 2021 corrente. Uma análise feita pela “Carta” concluiu que, de 2016 para o ano seguinte, o Estado e empresas privadas reajustaram os salários mínimos em 817 Meticais em média.
Do reajuste feito entre 2017 a 2018, o jornal constatou, com base nos 16 sectores analisados, que a média continuou em queda, tendo-se fixado em 650 Meticais.
Nos anos seguintes (2018 a 2019), a situação prevaleceu. Em vez de crescer, em geral, o reajuste registou uma queda. A média situou-se 463.4 Meticais.
Entre 2019 e 2021 corrente, a situação deteriorou-se ainda mais, devido principalmente à pandemia da Covid-19, entre outras crises que o país enfrenta. Aqui o reajuste foi de 377.7 Meticais em média dos 15 sectores analisados.
Mesmo perante a tendência geral de queda, há sectores que se destacaram no aumento salarial. Trata-se de Bancos e Seguradoras, cujo salário mínimo saiu, em 2016, de 8.750 Meticais para 13.409,18 Meticais em 2021, um aumento acumulado de 4.659,18 Meticais.
Destaca-se também a Indústria de Extracção Mineira (Grandes Empresas), em que o salário mínimo saiu de 6.213,67 Meticais (em 2016) para 9.846,89 Meticais em 2021, um aumento (em cinco anos) de 3.633,22 Meticais.
O realce dos sectores que mais aumentaram salários nos últimos anos vai, igualmente, para as Microfinanças que elevaram os seus ordenados mínimos de 8.400,00 Meticais em 2016, para 11.913,93 Meticais em 2021, um aumento de 3.513,00 Meticais.
Há sectores, porém, que reajustaram menos em comparação aos três acima aludidos. O foco vai para a Pesca de Kapenta que, nos últimos cinco anos, amealhou 1.026,68 Meticais de reajuste acumulado, tendo saído de 3.375,00 Meticais de salário mínimo em 2016 para 4.401,68 Meticais em 2021.
Está também a indústria hoteleira, cujo reajuste acumulado nos últimos quatro anos fixou-se em 1.250,00 Meticais. O salário mínimo saiu de 5.328,00 Meticais em 2017 (não obtivemos dados de 2016), para 6.578,00 Meticais em 2021.
Por fim, destaca-se o sector da Agricultura, Pecuária, Caça e Silvicultura. Aqui o reajuste acumulado atingiu 1.531,00 Meticais nos últimos anos. O salário mínimo saiu de 3.298,00 Meticais em 2016, para 4.829,00 Meticais em 2021.
Em contrapartida, se por um lado, o reajuste salarial tendeu a cair em geral, por outro, o custo de vida continuou a disparar, sufocando ainda mais a grande maioria das famílias asfixiadas pela conjuntura económica desfavorável do país nos últimos anos. (Evaristo Chilingue)