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No passado mês de Setembro, o jornalista de “Carta”, Omardine Omar percorreu os atalhos lamacentos da criminalidade ambiental, em Manica e Tete. Farejou a mineração informal (não necessariamente ilegal) e vasculhou evidências e percepções sobre o contrabando de madeira. No caso do contrabando de madeira, ele descobriu uma evidência aterradora: Moçambique está promovendo o contrabando transnacional de madeira. Toneladas de toros de kula entram em Tete, provenientes da Zâmbia. A kula é proibida em Moçambique por domesticação de convenção internacional. 

 

Por outro lado, o contrabando interno de madeira continua na ordem do dia. Durante a tutela do Ministro Celso Correia sobre o sector (nomeadamente, no MITADER), criou-se, e bem, a percepção de que o contrabando tinha sido vencido. Ele abraçou o confisco de madeira ilegal e viabilizou o “enforcement” da legislação que proíbe a comercialização internacional de determinadas espécies.

 

Essa situação óptima de gestão florestal foi temporária. Vingou apenas no consulado do Ministro. Aliás, durou poucos meses. O “lobby” do contrabando, algum promovido no quadro de uma cooperação perniciosa com a China, conseguiu impor-se. Já não há “enforcement”. A mão de ferro de Celso Correia foi sol de pouca dura. O retrato actual do sector é caótico. E isso leva-nos a uma questão: de que vale uma situação óptima de gestão pública se ela não é duradoura e depende de uma liderança temporária?

 

O caso do contrabando transnacional mostra a calamidade da gestão pública neste sector. A corrupção impera. Tornou-se modo de vida, uma forma “desigualitária” de redistribuição da riqueza, com enormes bolsas de rendas, uma economia de rapina do erário público. Isto mostra que uma “liderança” sozinha de nada vale se ela não for complementada por outros ingredientes de gestão e “enforcement”. Eis que nos falta! Em suma, uma liderança vale se ela for douradoura. Sem outros condimentos, um novo “set up” organizacional, ela é efémera. Vale o que vale!

sexta-feira, 30 outubro 2020 06:29

Os fantasmas da Cê-Tê-A

Antes mesmo de nos dizer quem é Salimo, o camarada Agostinho Vuma já indicou o Pê-Cê-A do I-Ene-Esse-Esse e o governo já o empossou. Portanto, a partir desta semana, as nossas poupanças estão a ser geridas diretamente pelos amigos do Vuma do Cê-Tê-A. Repito em voz alta: ainda não conhecemos o Salimo nem o que o motivou a britar os maxilares do Vuma com recurso a fuzil. Inveja é que não foi. 

 

Estamos a falar daquela mesma Cê-Tê-A que, em 2014, protagonizou a novela da oferenda da Mercedes Benz, avaliada em 200 mil Euros, ao Chefe do Estado, estranhamente num momento em que a própria Cê-Tê-A recebia dinheiros do Estado para funcionar. 

 

Estamos a falar daquela mesma Cê-Tê-A cujo presidente, Agostinho Vuma, teve uma eleição extremamente problemática. Lembrando que o concorrente Quessanias Matsombe acusou a comissão eleitoral de ser ilegal e parcial a favor de Vuma. Dizia ele que Vuma entrou em conflito de interesse ao participar da deliberação da nomeação da comissão eleitoral.

 

Estamos a falar daquele mesmo Vuma que, desde que tomou posse como presidente da Cê-Tê-A, mandou um manguito para a malta. Lembrando que, em 2017, Vuma apareceu a atacar os trabalhadores, propondo ao governo o congelamento dos aumentos salarias, do décimo terceiro e das promoções nas carreiras dos agentes e funcionários do Estado. 

 

Temos motivos bastantes para estarmos preocupados com as nomeações da Cê-Tê-A. Estamos a falar daquela mesma Cê-Tê-A que enviou um dos seus amigos ao I-Ene-Esse-Esse para pagar viagens turísticas para a sua esposa com as nossas misérias poupanças. 

 

Então, é urgente que a Cê-Tê-A sente e faça uma introspecção profunda. Que avalie a sua missão, visão e valores. Que se organize. Que resgate a confiança dos trabalhadores. Que aproxime o máximo que puder o discurso à prática. Que a Cê-Tê-A se reconcilie com a moral e a ética... antes que o próprio Salimo assuma a presidência da agremiação. Porque esta Cê-Tê-A atual não é de fiar... é cheia de fantasmas. 

 

Aliás, mesmo a propósito da presidência, será que o camarada Vuma vai concorrer para um segundo mandato? Há vontade da sua parte? Que avaliação os membros fazem deste mandato? Para mim, vendo daqui de fora, parece que neste mandato o Vuma é quem foi o principal protagonista. O Vuma foi manchete mais do que a própria Cê-Tê-A. O único trabalho da Cê-Tê-A neste mandato foi limpar a imagem do Vuma. A Cê-Tê-A se transformou num estúdio de produção de filmes do ator Vuma. A maior parte dos comunicados e das conferências de imprensa foram sobre a vida pessoal do Vuma. Foi o que eu vi daqui... não sei daí dentro!

 

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No entanto, seu conteúdo não vincula a empresa.

 

O comandante Assane Amisse Gavana tem uma história de vida semelhante a de tio António (cantada pelo músico ango-congolês Sam Mangwana). Gavana nasceu em 1951, no distrito de Muidumbe, na martizada província de Cabo Delgado. Com uma infância marcada por sofrimento e cavalgadas coloniais. Em 1968, Assane Amisse Gavana, foi incorporado nas fileiras das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), tendo passado a sua mocidade nas matas a lutar pela independência nacional.

 

Com a independência alcançada em 1975, um ano depois teve que voltar ao teatro operacional combatendo na Guerra... No calor intenso provocado pela guerra, em 1989 Gavana, com o objectivo de proteger a sua família, não resistiu e foi refugiar-se na Tanzânia; onde ficou por uma década.

 

Em Moçambique, o "comandante" Assane Gavana, passou a viver na aldeia 1º de Maio, no distrito de Nangade. Na busca pelo reconhecimento dos seus feitos, nos 10 anos de luta de libertação nacional e 13 da Guerra Civil, o comandante Assane Gavana, apresentou-se às autoridades para que passasse a gozar do estatuto de antigo combatente como os outros compatriotas; ele submeteu documentos para o efeito na Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN) de Nangade, na ocasião foi orientado a dirigir-se para Mueda, donde foi dito para seguir para Pemba.

 

O "comandante" viveu diversos ping-pongs; a isso acrescente-se a falta de assistência e acompanhamento que o fizeram desistir de fazer parte da prestigiosa lista de antigos combatentes que mensalmente aufere algumas somas graciosas e em datas festivas caminham em grupo todos devidamente uniformizados. O "comandante" Gavana durante o seu percurso militar chegou a operar em diferentes frentes: Ilha de Moçambique (Nampula), Chitengo, Canda e Sakuzo (Sofala), Manica, Inhambane e Boane (Maputo).

 

Nas longas conversas lamuriosas do "comandante" com os jovens que combatem os terroristas nos distritos de centro e norte de Cabo Delgado, Gavana conta a sua epopeia heróica mas com dor de quem se sente excluído da marca de herói nacional oficial, vivendo na clandestinidade; e a juventude toma-o como um simples compilador de historietas, um velho lunático e embriagado. 

 

Quando o "comandante" Gavana conta que já zarpou de emboscadas do inimigo como um "fantasma" e viu a sua vida por um fio, os jovens com a farda e uma espingarda rasgam-se de risos. A verdade é que ele, é um combatente esquecido e deixado para trás pelos seus. O "comandante" Gavana até tem dado dicas aos jovens como combater os al-shababs que aterrorizam a província há três anos. 

 

Gavana dá educação patriótica aos jovens militares que defendem a soberania nacional e alguns militares que passaram acreditar nele imaginam como seria a motivação e a dedicação do mesmo, caso fosse reconhecido e não esquecido.

terça-feira, 27 outubro 2020 14:54

AFINAL: nem tudo o vento levou

Ficamos sempre surpresos e até indignados quando alguém diz, repetidamente, em voz alta e bom som, inverdades. É a natureza humana e ainda bem. Nenhum povo é perfeito e nenhuma ideologia política, económica, religiosa também o é. O normal é assumirem-se os erros e corrigi-los. 

 

CARÁCTER define-se como um conjunto de peças inerentes a uma pessoa, grupo ou sociedade que formulam a sua moralidade. Sem julgamento irei constatar alguns factos:                                                                           

 

Século III (3)

 

O imperador Romano Constantino (pagão que também adorava o deus sol) fez um acordo de fusão entre o Império Romano e a Igreja Cristã do Ocidente criando a Igreja Católica Apostólica Romana.

 

Desta fusão os signatários (Império Romano e a Igreja Cristã do Ocidente) fizeram cedências nomeadamente: O dia de nascimento de Jesus Cristo passou de 17 Outubro para 25 de Dezembro que foi fixado DIA DE NATAL. Este novo dia de Natal viria a substituir a maior festa anual pagã Romana, que celebrava o regresso do deus Mitra (deus sol originário do Império Persa).     

 

Século IV (4)

 

Inicia-se um movimento com vista a proibir o casamento dos líderes religiosos católicos que culmina com o estabelecimento do CELIBATO, no ano 1123. Até à data da sua fusão com o Império Romano, a Igreja Cristã Ocidental permitia casamentos, incluindo os poligâmicos ̶ vários Papas tiveram, simultaneamente, mais do que uma esposa e várias concubinas ̶  S. Pedro, Félix III, Hornisdas, Adrian II, João XVII, Clement IV, e Honorius IV, entre outros.  

 

A Igreja Católica Apostólica Romana obriga os seus representantes Papas, Bispos, Padres e Freiras a romperem os seus casamentos FORÇANDO DIVÓRCIOS entre inúmeras famílias.

 

Século XI (11)

 

O início das CRUZADAS ̶ guerra entre alianças de países ocidentais ordenadas pelo Papa Urbano II para retirar Jerusalém da gestão dos Palestinos Judeus, Cristãos Orientais (Ortodoxos) e Muçulmanos. Estas guerras prolongaram-se, sucessivamente, por 300 anos, sem sucessos para os Romano-Católicos até 1946  ̶  período em que o Império Britânico divide a Palestina em duas partes, criando o Estado de Israel que ocupa a Palestina até hoje, através de terrorismo de Estado.                  

 

Século XV (15)

 

Ficou marcado pela INTOLERÂNCIA RELIGIOSA contra crentes de outras religiões, intelectuais, artistas, cientistas, escritores, destruição de escolas e bibliotecas, pilhagem de bens das vítimas, conversões religiosas forçadas, ORDENADAS PELO VATICANO, que foi apelidada de INQUISIÇÃO. 

 

Ainda no século XV (15) inicia-se um MOVIMENTO DE PROTESTO à irracionalidade Romano-Católica, liderado pelo missionário MARTINHO LUTERO que ficou conhecido por “OS EVANGÉLICOS” e, mais tarde, LUTERANOS.

 

Ainda no século ‘’’’’’’XV (15) outros movimentos religiosos Romanos-Católicos manifestaram-se contra o radicalismo da Igreja Católica e criam as IGREJAS CALVINISTAS E ANGLICANAS.

 

SÉCULO XVI (16)

 

A GUERRA dos 30 ANOS foi uma das MAIS DEVASTADORAS no MUNDO  ̶  fez da Europa um CONTINENTE ABSOLUTAMENTE EMPOBRECIDO  ̶ causada pela intolerância religiosa entre ROMANOS CATÓLICOS E OS PROTESTANTES. Nela participaram, directamente, que  conhecemos hoje: ESPANHA, FRANÇA, ITÁLIA, ALEMANHA, ÁUSTRIA, HUNGRIA, HOLANDA, REPÚBLICA CHECA, SUÉCIA, NORUEGA E DINAMARCA. Toda a Europa esteve envolvida de forma indirecta.

 

SÉCULO XVII E XVIII (17 e 18)

 

Seguiram-se inúmeras guerras Espanha-Portugal, Espanha-Holanda, Anglo-Marata, Otomano-Venezianas, Anglo-espanhola, guerra da Orelha de Jenkins, da Quadrupla Aliança, de Luxemburgo, Guerra da Sucessão Austríaca, da Sucessão Polaca.

 

Guerras das Revoluções:

 

Francesa, Haitiana, Bateva e Barbantina.

 

SÉCULO XIX (19)

 

Conferência de Berlim

 

 ̶ formalização da colonização africana.
Guerras Napoleónicas, Guerras das Revoluções:   Francesa, Húngara, Alemã e Vormaz. Como Consequência da conferência de Berlim, a França inicia Terrorismo de estado contra Argélia cometendo um GENOCÍDIO assassinando 10 MILHÕES de ARGELINOS.

 

SÉCULO XX

 

Primeira Guerra Mundial (europeia), Segunda Guerra Mundial (europeia), Holocausto  ̶ ASSASSINATO DE 6 MILHÕES DE JUDEUS CIVIS  ̶  um misto de racismo, xenofobismo e nacionalismo esquizofrénico.

 

SÉCULO XXI

 

TERRORISMO PROLIFERAVA NA EUROPA:  Irlanda – IRA; Espanha – ETA; Itália – BRIGADAS VERMELHAS; Alemanha – BAADER-MEINHOF; Portugal – FP25. Porém, foi de FRANÇA que veio a MÃE dos TERRORISTAS EUROPEUS – JACOBINOS.

 

Ficam por manifestar os crimes da COLONIZAÇÃO, as inúmeras guerras, golpes de estado, assassinatos de líderes, interferência em fraudes eleitorais, vigarices e roubos aos tesouros, terrorismo para melhor delapidar os recursos naturais Africanos e da América do Sul.

 

Mais recentemente:

 

Guerra para destruição da Somália, Congo, Angola, Iraque, Afeganistão, Síria, Líbia, Iémen, Líbano, Sudão, Zimbabwe, Mali, Cuba, Venezuela, Colômbia e Moçambique .

 

CIVILIZAÇÃO é a fase de desenvolvimento com respeito à ética e cultura de um povo, nomeadamente no domínio de técnicas, das relações sociais privilegiadas, na tolerância religiosa e diversidade, suas artes, justiça justa, reciprocidade, economia desenvolvida e sustentável.

 

HÁ AINDA QUEM FALE EM CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES?

 

Será que os Judeus, Cristãos Ortodoxos, Calvinistas, Luteranos, Anglicanos, Hindus, Budistas, Animistas e Muçulmanos estavam errados  e/ou são incivilizados?

 

A LUTA CONTINUA!

Principio este texto, citando o saudosíssimo Samora Machel, num excerto do seu extenso discurso proferido a 18 de Março de 1980, aquando do lançamento da “Ofensiva Política e Organizacional” (sic): «quando conquistamos a independência, dissemos em cada parede em cada palmo de terra, está o sangue e o suor de um moçambicano; mas fomos entregar a defesa das nossas conquistas àqueles que queriam se banhar com o sangue e suor do povo».

 

Quem são esses que pretendem «banhar-se com o sangue e suor dos moçambicanos»?

 

Resposta: São moçambicanos.

 

Não irrompeu nenhuma força externa que nos veio subjugar. Nós próprios estabelecemos, entre nós, gatos, de um lado, e ratos, doutro. E comemo-nos que nem canibais.

 

O caricato, mas esperançoso, nisto tudo, é que não precisamos enveredar por lucubrações complexas e exaustivas para “identificar o inimigo”. É só nos olharmos ao espelho que ele está automaticamente identificado.

 

Mas essa coisa de nos culparmos à nós mesmos de algo, costuma ser um exercício massacrante e de extrema dolência. Não há juiz mais severo do que a nossa própria consciência.

 

É necessário encontrar alguém (ou algo) em quem colocar a culpa.

 

Culpar o governo ou governantes é um exercício fácil(itado). Vitimizar-nos ao invés de nos responsabilizarmos, é sempre um ensaio que não requer dificuldades. É algo que não se aprende na escola. É uma tentação perante à qual todos estamos sujeitos a tropeçar e, por ser cômoda, optamos, sem hesitação, por nela investir.

 

Mas o governo é corporizado por pessoas. São elas que cristalizam o modus cogitandi, modus operandi e modus faciendi nos quais se cristaliza a acção governativa. Tudo isto é labor do ser psico-físico, com capacidade de saber o que faz e que consequências se extrairão do que faz (mesmo naqueles casos em que os actos são inconsequentes, há capacidade de intuir que, na eventualidade de haver consequências, estas seriam, sempre, assustadoras aos olhos dos próprios autores dos referidos actos).

 

O problema não é o governo. O problema é o moçambicano que, sabe-se lá a partir de que momento, canibalizou-se e introduziu no seu intelecto insaciadamente voraz que, enquanto viver, tem de matar. O governo não é culpado pelo facto de uma comissão de moradores de um condomínio surripiar os valores dos contribuintes/condóminos; o governo não á culpado pelo facto de as empresas privadas comercializarem vagas de emprego em troca de actos sexuais; o governo não é culpado pelo facto de os nossos WhatsApp’s servirem de autênticos centros difusores de boatos sobre a vida dos nossos melhores amigos com os quais nos rimos e aos quais abraçamos todos os dias.

 

Hoje em dia o cidadão já nem sabe onde efectuar uma queixa. É bem provável que, se se atrever a efectuá-la junto à Esquadra policial, corra o risco de, pasme-se, sair de lá na qualidade de indiciado, pois está instalada uma patética doutrina segundo a qual é proibido fazer queixa contra indivíduos aos quais foi atribuída a categoria de “intocáveis”, sob pena de o denunciante ir, ele próprio, preso. O jornalismo investigativo é desencorajado através do terrorismo, no qual se lhes incendeiam as instalações e [se lhes] destroem os equipamentos de trabalho, como forma de lhes “chamar atenção” para não enveredarem pelo correcto e aconselhável pergaminho do exercício do direito de informar e da liberdade de imprensa.

 

É falacioso apregoar-se que a culpa pela ocorrência destas distopias sociais é propriedade exclusiva do governo.

 

A culpa, como doutrinaram os neologistas Bockelman e Mezger, está na «formação da personalidade» de cada um de nós.

 

É que, em boa verdade, não se sabe ao certo se nos deixamos corromper inadvertidamente pela degenerescência ou se, antes, fomos nós que criamos conscientemente a degenerescência como preferencial instrumento de conduta, visando satisfazer anseios que, propositadamente, preferimos nos esquecer que são moralmente impúdicos.

segunda-feira, 26 outubro 2020 06:03

Chang 'foreva'!

A Esse-Tê-Vê perfilou, ontem, os momentos mais marcantes dos 18 anos da sua existência e Chang está lá. Chang está entre as piores coisas que fustigaram o país nessas últimas duas décadas. Está na lista das piores referências históricas deste país, a par das cheias, do ciclone Idai, da explosão do paiol de Maxlhazine, dos ataques xenófobos na África do Sul, dos ataques dos Al-Shabaab, entre outros. Se esticarmos o espaço temporal para 'desde a independência', Chang estará lá também como uma praga que assolou e marcou negativamente o país para todo o sempre. 

 

Olha, quando se chega a esse extremo, é para se lhe tirar o chapéu. Quando se coloca um ser humano ao lado de catástrofes naturais, como cheias e ciclones, é porque já não há mais nada de 'humano' no tal ser. Quando se atribui alguém a mesma quota que se dá à xenofobia e ao terrorismo, é porque já não se é mais 'alguém'. Quando se fala de uma pessoa como se fala da explosão de um armazém de armas, então, já não há alma nem espírito.

 

Ontem a Esse-Tê-Vê lembrou-nos, mais uma vez, que Chang é um marco histórico. É uma referência pejorativa incontornável da nossa história. Não podemos negar que Chang mudou os paradigmas de roubar, filosoficamente falando. Trouxe, literalmente, um novo protótipo de gatuno. Uma versão mais actualizada e moderna de carrasco. 

 

Mas também o povo moçambicano, no geral, devia ser uma referência histórica. Nós também somos um fenómeno a parte. Provavelmente, nós somos a pior calamidade que nos assolou nos últimos anos. Nós temos um prazer incrível pelo nosso próprio sofrimento. É mais do que simples masoquismo. Apesar de tudo, continuamos a gramar dos Changs. Continuamos a bater continências. Temos um prazer doentio de nos curvarmos aos Changs desta vida. Um caso de estudo. Somos uma espécie de uma gangue patriótica de Changs. Uma espécie de 'Chang 'foreva''. É síndrome de Estocolmo ou quê?!

 

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