Incompreensível a razão de rasgos de felicidade e histeria em torno do desfecho do julgamento de Jean Boustani.
É claro que o júri ilibou o homem. Nada fora dos cânones.
Retenha-se que, à partida, o homem não negou o seu envolvimento na tramóia e até usurpou, do Governo moçambicano de então, qualquer autoria criativa no “plano de protecção costeira", contrariamente ao que os “terráqueos” aqui do burgo, fervorosamente, apregoavam.
Essencialmente, o homem disse que tais governantes, e seus rebentos, não tinham ideia nenhuma sobre "protecção costeira”, ficavam a disputar a prerrogativa de "família economicamente mais proeminente", pediam dinheiro para alimentar paixões e amores fátuos, para financiar projectos imobiliários privados, patrocínio político partidário e carreira eleitoral e/ou... alimentar sonhos de homens que se atribuem "pecados únicos” e aspirações à banqueiros.
Mais do que isso, no que poderia interessar aos moçambicanos, tal julgamento trouxe ao de cima e decodificou nomes. Forneceu evidências documentadas que todo o “apriorismo patriótico" não conseguiu encobrir de poeira, relaxamento e descaso, entre o fechar de portas em nome da “soberania privada” e o deslegitimar das decisões e prerrogativas do Conselho Constitucional. Qual país de letra morta!
O resto, não passa disso. Velhos e novos soldados da guarda pretoriana competindo por visibilidade na dança do fumo, do "capim raso" e no manietar da opinião pública em torno de assuntos que, mais do que envergonhar-nos, como "Estado periférico” que somos, concorrem para a exacerbação de tensões e conflitos sistemicamente disruptivos das possibilidades de reencontro como sociedade, entre nós mesmo.
O recrudescer de ameaças e ataques à organizações da sociedade civil e a indivíduos que questionam o falseamento de narrativas, à história, acrescenta apenas isso: barbárie ao imbróglio das dívidas e engodo dos peixes.
Parafraseando o Ministro das Finanças, saudoso e implicado Maleiane, mesmo antes de “Mazamera”, apertem os cintos moçambicanos, ainda vamos sofrer, especialmente com estas atitudes de negação e de proteção canina de actos lesa pátria.
A meio de tal sofrimento, que fique claro: A sorte de Jean Boustani, recém-revelado “filho da pátria", importa menos do que o seguimento do fio da meada por ele denunciado em tribunal para o destrinçar das (in)verdades do imbróglio e, ao assim fazer-se, iniciarmos a catarse e os passos para a reconciliação em torno de tão fracturantes eventos.