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segunda-feira, 09 dezembro 2019 06:04

Histeria pós-Boustani

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Incompreensível a razão de rasgos de felicidade e  histeria em torno do desfecho do julgamento de Jean Boustani. 
 
 
É claro que o júri ilibou o homem. Nada fora dos cânones. 
 
 
Retenha-se que, à partida, o homem não negou o seu envolvimento na tramóia e até usurpou, do Governo moçambicano de então,  qualquer autoria criativa no “plano de protecção costeira", contrariamente ao que os “terráqueos” aqui do burgo, fervorosamente, apregoavam. 
 
 
Essencialmente, o homem disse que tais governantes,  e seus rebentos, não tinham ideia nenhuma sobre "protecção costeira”, ficavam a  disputar a prerrogativa de "família economicamente mais proeminente", pediam dinheiro para alimentar paixões e amores fátuos, para financiar projectos imobiliários privados, patrocínio político partidário e carreira eleitoral  e/ou...  alimentar sonhos de homens que se atribuem "pecados únicos” e aspirações à banqueiros.  
 
 
Mais do que isso, no que poderia interessar aos moçambicanos, tal  julgamento trouxe ao de cima e decodificou nomes. Forneceu evidências documentadas que todo o “apriorismo patriótico" não conseguiu encobrir de poeira, relaxamento e descaso, entre o fechar de portas em nome da “soberania privada” e o deslegitimar das decisões e prerrogativas do Conselho Constitucional. Qual país de letra morta!
 
 
O resto, não passa disso. Velhos e novos soldados da guarda pretoriana competindo por visibilidade na dança do fumo,  do "capim raso" e no manietar da opinião pública em torno de assuntos que, mais do que envergonhar-nos, como "Estado periférico” que somos, concorrem para a exacerbação de tensões e conflitos sistemicamente disruptivos das possibilidades de reencontro como sociedade, entre nós mesmo.
 
 
O recrudescer de ameaças e ataques à organizações da sociedade civil e a indivíduos que questionam o falseamento de narrativas, à história,  acrescenta apenas isso: barbárie ao imbróglio das dívidas e engodo dos peixes.
 
 
Parafraseando o Ministro das Finanças, saudoso e implicado  Maleiane, mesmo antes de “Mazamera”, apertem os cintos moçambicanos,  ainda vamos sofrer, especialmente com estas atitudes de negação e de proteção canina de actos lesa pátria. 
 
 
A meio de tal sofrimento, que fique claro: A sorte de Jean Boustani, recém-revelado “filho da pátria", importa menos do que o seguimento do fio da meada por ele denunciado em tribunal para o destrinçar das (in)verdades do imbróglio e, ao assim fazer-se, iniciarmos a catarse e os passos para a reconciliação em torno de tão fracturantes eventos.

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