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terça-feira, 18 julho 2023 08:09

A coragem que não estamos a ter

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Celebrámos, semana passada, o Dia Mundial da População, o 11 de Julho. Conforme refere a Wikipedia, trata-se de um evento celebrado anualmente, com o objectivo de “alertar para as questões de planeamento e desenvolvimento populacional, quando parte significativa da humanidade não tem acesso a recursos e serviços básicos como saúde, educação, saneamento e alimentação, entre outros.” O evento foi criado pelo Conselho de Governo do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas em 1989, inspirado pelo interesse público no Dia dos Cinco Biliões, em 11 de Julho de 1987, data aproximada em que a população mundial atingiu cinco biliões de pessoas. Hoje por hoje, estamos acima dos oito biliões de pessoas. Entre nós, os dados indicam que estamos à volta dos 32 milhões e, em dez anos, deveremos atingir quase o dobro.

 

Este ano, ao contrário dos anos passados, não houve cerimônias pomposas, nem intervenções oficiais contundentes, salvo se nos tiverem passado despercebidas. Do muito que ouvimos dos discursos das nossas autoridades, incluindo as chefias supremas, a única mensagem é que “o crescimento exponencial da população constitui um grande desafio” às nossas políticas de desenvolvimento.

 

Com efeito, a alta taxa de natalidade que grassa em Moçambique e não só, mas também um pouco por todos os países menos desenvolvidos é, sim, um grande desafio. Um grande constrangimento. Um travão muito grande ao desenvolvimento; um factor que retrocede os ganhos que vão sendo conseguidos. Se não, vejamos!

 

As Nações Unidas falam de alertar para as questões de planeamento e desenvolvimento populacional, quando parte significativa da humanidade não tem acesso a recursos e serviços básicos como saúde, educação, saneamento e alimentação, entre outros. Este é o busílis da questão. Cá entre nós, ainda não conseguimos providenciar serviços básicos de saúde a todos os compatriotas; estamos a lutar sem tréguas para termos centros de saúde para os concidadãos ou casas de mãe-espera em grande parte das regiões do nosso Moçambique; ou a construir hospitais de referência nos distritos e hospitais provinciais nas capitais de províncias… Estamos empenhandíssimos em tirar as crianças do chão e ao relento para salas de aulas com carteiras - infelizmente, não temos estado a conseguir faz tempo; ademais, em muitas partes do país ainda não temos ou o ensino básico, ou o secundário, ou o médio, ou os três e ainda estamos a lutar desesperadamente para conseguir… Em Moçambique, grande parte da nossa população não tem água potável e não estamos a conseguir  providenciar-lhe a ritmo satisfatório… Em termos alimentares, todos nós nos lembramos da revolta nacional suscitada pelo ministro Celso Correia quando disse, a plenos pulmões, que os moçambicanos já tinham três refeições diárias…

 

Estamos com este quadro cinzento e ainda somos 32 milhões de habitantes e continuamos a crescer 400 a 600 mil por ano. E nada nos diz que este quadro se vai alterar nos próximos cinco a dez anos. Não sei se alguém põe a cabeça a prêmio em como em dez anos teremos escolas condignas para todas as nossas crianças; ou que teremos hospitais (não digo centros de saúde, que são de menor graduação) para todos os nossos compatriotas; ou que teremos água potável para todos os moçambicanos e três refeições diárias de verdade e não as celsocorreanas!… a não ser que seja um… ragendra aí!

 

Estamos mesmo a imaginar o que será quando tivermos 40 ou 60 milhões de habitantes? Hoje, estamos 32 milhões e não conseguimos oferecer o básico condigno. E nós só vamos dizendo é um desafio, é um desafio… e não estamos a fazer nada. Absolutamente nada. Senhores, vamos ter uma política de população concreta. Desafiante, tamanho é o desafio que temos pela frente. Costuma-se dizer que para grandes males, grandes remédios. É obrigação nossa termos um instrumento que nos ajude a moderar o crescimento populacional. É imperioso controlarmos a taxa de natalidade! Tenhamos a coragem que nos falta por um país agradável, razoável, saudável e em desenvolvimento - e não em regressão aritmética. Eu proporia que aconselhássemos aos nossos concidadãos a terem até quatro, cinco filhos… para podermos lhes proporcionar um futuro melhor!

 

ME Mabunda

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