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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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Dois funcionários do sector da saúde, afectos ao Depósito Provincial de Medicamentos de Cabo Delgado, e mais dois agentes económicos estão a contas com a justiça, acusados de roubar medicamentos no maior armazém de fármacos da província.

 

O caso deu-se, recentemente, naquela província do norte do país, onde os quatro indivíduos subtraíram, ilegalmente, 14 caixas com diversos medicamentos. Porém, segundo a Polícia, que deu esta novidade recentemente, duas caixas foram recuperadas e entregues à Direcção Provincial de Saúde de Cabo Delgado, na cidade de Pemba.

 

Entretanto, a falta de transparência, na gestão de medicamentos, aliada ao fraco envolvimento dos comités de co-gestão, criados junto de todas as unidades sanitárias, na província de Cabo Delgado, está a provocar polémica. Tudo se deve ao facto de, em menos de um mês, as autoridades sanitárias, naquela província, terem sido confrontadas com a informação segundo a qual Cabo Delgado debate-se com problemas sérios de medicamentos, sobretudo, dos anti-maláricos.

 

Primeiro, foi a Directora Provincial da Saúde, naquela parcela do país, Anastácia Lidimba, que, no dia 11 de Maio, foi confrontada com a situação, tendo desmentido a informação, admitindo apenas que tem havido problemas na requisição dos medicamentos, por parte dos responsáveis das farmácias, junto do Depósito Provincial de Medicamentos.

 

Vinte e três dias depois, a polémica veio à ribalta e quem apareceu para desmentir os rumores sobre a falta de medicamentos nas unidades sanitárias foi o Chefe da Repartição da Saúde Pública, na Direcção Provincial, Leonildo Nhampossa.

 

Nhampossa explicou que o stock de medicamentos era suficiente para suprir as necessidades da província pelos próximos quatro meses. Tal como a Directora Provincial, assegurou que Cabo Delgado não regista problemas na distribuição de medicamentos.

 

“Estão disponíveis 389.833 tratamentos de malária, além de outros recomendados para injecção, em caso de doentes graves”, garantiu a fonte, falando a jornalistas, há dias, na capital provincial de Cabo Delgado.Contudo, 365 mil casos de malária, com 51 óbitos, foram registados de Janeiro a Maio deste ano, nas unidades sanitárias da província de Cabo Delgado, sendo que, tal como noutros pontos do país, a doença continua a ser a que mais leva cidadãos às unidades sanitárias. (Carta)

As fronteiras moçambicanas registaram, de Janeiro a Maio deste ano, o repatriamento de 7.619 cidadãos nacionais, vindos da África do Sul, Malawi, Tanzânia e Zimbabwe. A cifra representa uma redução na ordem de 41 por cento, comparativamente ao igual período do ano passado, em que foram repatriados 12.956 moçambicanos.

 

Os dados foram partilhados, esta quinta-feira (20 de Junho), pelo porta-voz do Serviço Nacional de Migração (SENAMI), Celestino Matsinhe, durante o habitual briefing semanal com a imprensa. Na ocasião, a fonte avançou que a permanência ilegal naqueles países vizinhos foi o principal motivo que levou ao repatriamento daqueles cidadãos moçambicanos.

 

A África do Sul lidera a lista dos países que deportaram os nossos concidadãos, tendo “devolvido” ao país 7.367 moçambicanos, contra 248 vindos do Malawi. Da Tanzânia foram repatriados três e Zimbabwe deportou um moçambicano.

 

No mesmo período, revela Matsinhe, mais de 800 cidadãos estrageiros foram interpelados, a nível nacional, em situação migratória irregular, sendo que 366 conseguiram regularizar a sua situação e 495 foram repatriados para os seus países de proveniência.

 

A fonte afirmou, ainda, que as infracções migratórias mais detectadas, desde o início de 2019, são a imigração ilegal de 226 cidadãos, a permanência Ilegal de 165 cidadãos estrangeiros e, por último, a falta de comunicação de mudança de domicílio de 81 forasteiros.

 

Entre os estrangeiros em situação ilegal, no país, estão os malawianos (281), seguidos de chineses (113) e, por fim, nigerianos (61). (Marta Afonso)

Os produtores de bananas à volta do rio Umbeluzi, na província de Maputo, melhoraram as expectativas de produção daquela fruta, dado o incremento de água para irrigar cerca de três mil hectares das suas plantações.

 

Em concreto, os agricultores à volta daquele rio, que nasce no vizinho Reino de eSwatine, recebem, neste momento, 0.30 metros cúbicos de água por segundo, contra os anteriores 0.15, que eram abastecidos por causa da seca, que afecta a zona sul há cinco anos. Tecnicamente, o incremento significa satisfazer as necessidades dos agricultores em 30 por cento em relação aos anteriores 15 por cento por causa das restrições.

 

A maior disponibilidade de água aos agricultores à volta do Umbeluzi resulta do aumento da capacidade de armazenamento daquele líquido, na Barragem dos Pequenos Libombos, no distrito de Boane, estimada, neste momento, em cerca de 120 milhões de metros cúbicos, tendo 18 milhões vindo de eSwatine em Março passado.

 

“Quanto mais água tivermos, melhor será a produção e qualidade da banana”, disse, esta quinta-feira (20) à “Carta”, o Presidente do Conselho Directivo da Associação dos Produtores de Banana de Moçambique, Arnaldo Ribeiro.

 

Mesmo sem avançar números do impacto da maior disponibilidade de água, aliado ao impacto da seca, que reduziu rendimento da classe em 30 por cento, Ribeiro afirmou que aquele líquido vai ajudar muito neste inverno.

 

“Mas, em Setembro e Outubro, vamos precisar de muito mais, por causa da evapotranspiração que é maior por causa do calor. E gostaríamos de ver pelo menos 50 por cento das nossas necessidades satisfeitas, até à próxima época chuvosa”, afirmou a fonte.

 

Segundo Ribeiro, em três mil hectares, as 13 firmas que operam naquela região, produzem, por ano, entre 120 a 130 mil toneladas e exportam, para a vizinha África do Sul, 90 a 110 toneladas em cada ano.

 

Dados fornecidos por Ribeiro, que além de presidente é sócio de uma das firmas que produzem banana à volta do Umbeluzi, indicam que, em 2018, a exportação da banana rendeu ao Estado moçambicano 35 milhões de USD. (Evaristo Chilingue)

Um em cada cinco rapazes e homens casou antes dos 15 anos, em todo o mundo. A conclusão é do mais recente estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), divulgado, este mês, em Nova Iorque, Estados Unidos da América.

 

O documento, que reflecte uma pesquisa realizada em 82 países, da África Subsaariana, América Latina e Caraíbas, Ásia Oriental e Austral e a região do Pacífico, abrangendo 23 milhões de indivíduos do sexo masculino que começaram a viver maritalmente antes dos 15 anos de idade, coloca a República Centro Africana em primeiro lugar, com uma prevalência de 28 por cento, seguida pela Nicarágua, com 19 por cento e Madagáscar com 13 por cento.

 

De acordo com o UNICEF, em todo o mundo, cerca de 115 milhões de rapazes e homens casaram, quando ainda crianças.

 

O documento, intitulado “O casamento prematuro entre os adolescentes varões”, não avança nenhum dado sobre Moçambique, que também enfrenta a problemática dos casamentos prematuros, afectando, sobretudo, raparigas.

 

Segundo a Directora Executiva do UNICEF, Henrietta Fore, os casamentos prematuros “deixam as crianças sem infância”, pois, os adolescentes casados vêem-se obrigados a assumir responsabilidades de adultos, para as quais, talvez, não estejam preparados.

 

A dirigente afirmou ainda que os casamentos prematuros trazem consigo a paternidade precoce e isso cria uma pressão adicional para manter a família, reduzindo as oportunidades de educação e emprego.

 

O estudo do UNICEF avança que as novas estimativas elevam para 765 milhões, o número total de crianças, rapazes e raparigas, casadas. Sublinha, igualmente, que as raparigas continuam afectadas de uma maneira desproporcionada, já que uma de cada cinco mulheres jovens, de 20 a 24 anos de idade, casou antes de completar 18 anos, em comparação com um em cada 30 homens jovens, que casou antes dos 15 anos de idade.

 

O Relatório, em alusão, vai mais longe, afirmando: “se bem que se tenha estudado amplamente a prevalência, as causas e os efeitos do casamento prematuro entre as meninas, poucas investigações se realizaram sobre o casamento prematuro entre os rapazes”.

 

De acordo com o UNICEF, não existem dúvidas que as raparigas e os rapazes que contraem casamentos prematuros são provenientes de lugares mais pobres e vivem em zonas rurais e têm pouca ou nenhuma educação. (Omardine Omar)

Um estudo, conduzido pelo Observatório do Meio Rural (OMR), uma organização da sociedade civil, defende existir entidades internacionais que tornaram a província de Cabo Delgado num lugar apropriado para o “enriquecimento ilícito”, para além do ambiente que se enfrenta naquele ponto do país demonstrar ser um autêntico “Far West”.

 

A constatação está expressa no documento que apresenta os primeiros resultados da pesquisa, dos quatro que compõem o estudo que analisa as diferentes situações, que caracterizam a província de Cabo Delgado e a região norte do país, no geral.

 

Para o OMR, a situação que se vive, em Cabo Delgado, é motivada pelo facto de, nos últimos 15 anos, ter-se desenvolvido uma grande euforia em torno da exploração dos recursos naturais, nomeadamente, madeira, marfim e pedras preciosas.

 

Assim, refere a primeira parte do estudo, constituíram-se complexas redes internacionais, em parceria com inúmeros indivíduos locais, em que se destacaram elementos próximos do poder central e local, frequentemente envolvidos em esquemas rendeiros.

 

Segundo a pesquisa, na província de Cabo Delgado desenvolveu-se um ambiente de “Far West”, marcado pela incapacidade do Estado em promover a fiscalização das actividades, assim como pela prática de corrupção e pelo oportunismo generalizado.

 

Paralelamente, destaca a pesquisa, a região norte do país, no geral, passou a constituir o palco de actuação de uma rede de tráfico global de heroína, proveniente do Afeganistão, que percorre a costa oriental africana, com destino à África do Sul, naquilo que se denomina “Rota do Sul”.

 

Os pesquisadores explicam que a referida rede goza de uma protecção política de “alto nível” para aceder às infra-estruturas portuárias e rodoviárias, tendo os lucros do tráfico da heroína desempenhado um papel discreto, mas notável, no financiamento de campanhas políticas do partido no poder.

 

Outro aspecto detalhado no estudo do OMR é referente à construção de estabelecimentos hoteleiros, naquela região do país (na sua maioria nunca chegam a atingir a sua capacidade máxima de ocupação), que, segundo os pesquisadores, lança a suspeição destes investimentos constituírem uma forma de lavagem de dinheiro.

 

Portanto, entendem os pesquisadores: “a realidade que existe em Cabo Delgado é uma narrativa local, que realça o enriquecimento de importantes figuras políticas nacionais, em resultado do envolvimento em negócios de madeira, marfim, pedras preciosas ou mesmo tráfico de drogas, num cenário de pobreza generalizada, despoletando a convicção de que os dirigentes se servem da proximidade do Estado em prol dos seus interesses, ao invés do benefício da população”. (Omardine Omar)

sexta-feira, 21 junho 2019 06:57

Companhias aéreas deixaram de ter restrições

Companhias aéreas de Moçambique e do Zimbábwè já podem realizar voos sem restrições de capacidade ou de frequência entre os dois países, mercê de um acordo bilateral sobre o transporte aéreo rubricado na quinta-feira, 20 de Junho, na cidade de Maputo. O acordo insere-se no âmbito da Decisão de Yamoussoukro, bem como do Mercado Único de Transporte Aéreo Africano (SAATM, sigla em inglês), lançado formalmente pela União Africana em 2018, em Adis Abeba, Etiópia, com vista ao aumento da conectividade entre os países africanos, à redução dos preços das passagens e ao desenvolvimento sustentável do sector.

 

De acordo com o presidente do Conselho de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), João Abreu, este acordo, assinado pelos ministros dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Carlos Mesquita, e dos Transportes, Comunicações e Desenvolvimento Infra-estrutural do Zimbábwè, Joel Matiza, abre, ainda, espaço para que as companhias aéreas possam voar para os pontos que pretenderem, entre os aeroportos internacionais de Maputo, Beira e Nacala, que são os pontos de entrada e saída do País.

 

“Os acordos sempre existiram, o que estamos a fazer é actualizá-los em resposta às novas exigências e orientações com vista à abertura do espaço aéreo, bem como ao livre mercado. Ainda este ano vamos rever o acordo com a África do Sul relativamente à mesma matéria”, explicou João Abreu. Importa realçar que Moçambique faz parte dos 19 países que aderiram e ractificaram a Decisão de Yamoussoukro, em 2017, tendo, inclusive, assinado o respectivo memorando de implementação. A assinatura do acordo bilateral sobre o transporte aéreo foi feita à margem da visita do Chefe do Estado zimbabueano, Emmerson Mnangagwa, ao Porto de Maputo. (Carta)

Uma cidadã de nacionalidade moçambicana, que responde pelo nome de Felizarda Alberto Bendane, de 36 anos de idade, foi detida, na passada sexta-feira (14 de Junho), na cidade de Mumbai, a maior e mais importante cidade da Índia.

 

A informação foi avançada, esta quarta-feira (19 de Junho), pelo matutino Notícias. De acordo com o jornal, a moçambicana foi detida na posse de 3,4 Kg de anfetaminas, nos arredores daquela cidade indiana e numa zona próxima do hotel em que se encontrava hospedada.

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que Moçambique poderá registar um crescimento económico de dois dígitos a partir de 2023, ano em que se deverá iniciar a produção de gás natural liquefeito (LNG) do consórcio liderado pela multinacional petrolífera ENI, na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, na região norte.

 

O representante, do FMI avançou que o crescimento a médio prazo de Moçambique vai dar um salto significativo tendo em conta as receitas resultantes da exploração do gás natural.

 

“É importante gerir as expectativas, porque a arrecadação de receitas para os cofres do Estado ainda vai levar algum tempo, daí a necessidade de um exercício de paciência”, disse Aisen, que falava durante a Cimeira Estados Unidos-África, um encontro de três dias que se iniciou quarta-feira em Maputo.

 

Aisen defendeu também a transparência na gestão dos recursos de forma a evitar a eclosão de conflitos e, para o efeito, recomendou um maior envolvimento de todas as partes interessadas, incluindo a sociedade civil e as instituições financeiras do Estado, tais como o Banco Central e o Ministério da Economia e Finanças.

 

“Esses recursos são muito elevados e, por isso, podem trazer volatilidade à economia local se não forem bem administrados. É também importante garantir a independência política para não influenciar os critérios técnicos na gestão dos recursos”, sublinhou. (Carta)

O maior projecto de pesca e aquacultura em Moçambique, liderado pela empresa chinesa Stonechen Comercial – Produtos de Pesca de Moma, avaliado em US$ 100 milhões ficará concluído até ao final do corrente ano, segundo escreve a agência de notícias AIM. O porta-voz da empresa, Mussa Sarajabo, explicou que a empresa, que dista cerca de 250 quilómetros da cidade de Nampula, capital provincial, está instalada em Moma há nove anos e que 75 por cento das obras já foram concluídas.

 

Segundo Sarajabo, a empresa irá operar com 85 embarcações, sendo 60 de pesca semi-industrial e as restantes de pesca industrial. Cerca de 70 por cento do pescado destina-se ao mercado internacional e o remanescente para consumo nacional.

 

“Estamos em Moma há nove anos e, para além desta fábrica de processamento, o complexo inclui um porto de pesca e uma fábrica de rações”, disse. O projecto, que empresa duas mil pessoas e processa camarão, lagosta e caranguejo, foi visitado terça-feira pelo governador da província de Nampula Victor Borges. Quando iniciar a produção, em Outubro, a empresa chinesa que possui estaleiros na cidade da Beira, espera produzir diariamente cerca de 20 toneladas de diferentes frutos do mar. (Carta)

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reuniu-se esta quinta-feira em Maputo com o seu homólogo do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, que participa na Cimeira Empresarial África-Estados Unidos. Falando aos repórteres depois do encontro, Mnangagwa deixou claro que o principal objetivo do encontro era solicitar mais eletricidade a Moçambique. Actualmente, o Zimbabwe importa 50 megawatts da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).

 

Mnangagwa disse que há uma escassez crítica de energia no Zimbábwe. O país sofreu uma seca severa, que reduziu o nível de água na albufeira da barragem de Kariba, reduzindo assim a capacidade da represa de gerar energia. O nível da água na albufeira de Kariba caiu para cerca de 33% da sua capacidade, colocando severas restrições à quantidade de energia que a represa pode gerar.

 

Mas Mnangagwa observou que a albufeira de Cahora Bassa “está cerca de 95 por cento cheio e, portanto, a geração de eletricidade não foi afetada”. Ele disse que com Nyusi discutiram como é que o Zimbabwe poderia ter acesso a mais electricidade de Cahora Bassa. Se todas as cinco turbinas em Cahora Bassa estiverem em funcionamento, a barragem pode produzir um máximo de 2.075 megawatts. Grande parte dessa energia é vendida à companhia de eletricidade sul-africana Eskom, sob um contrato de longo prazo, e à própria distribuidora de energia elétrica de Moçambique, a EDM.

 

A economia do Zimbábwe está certamente numa situação de desespero. Uma fonte em Harare contatada pela AIM na quinta-feira disse que os cortes de energia na capital do Zimbábwe acontecem 18 horas por dia. Não apenas Kariba é capaz de produzir energia suficiente. Também a gigantesca usina a carvão de Hwange está operando bem abaixo da capacidade. O baixo nível de água na albufeira de Kariba significa que a represa está gerando somente 358 megawatts, comparado muito mesmo do que a capacidade normal de 1.050 megawatts. Existem seis unidades em Hwange, mas apenas três estão operando. No início deste mês, havia apenas carvão suficiente em Hwange para manter a usina em funcionamento por mais 20 dias. (AIM)