Em Dezembro de 2017, Rafael foi a Cabo Delgado tratar dos insurgentes que, em poucas semanas, já tinham feito dezenas de mortos, incluindo assaltos a unidades policiais em Mocímboa da Praia. E o que ele fez? Incrustou-se nesse registo que em tão pouco tempo habituara à opinião pública: uma musculada mas esvaziada retórica. A habitual declaração do ultimato. Ele disse assim: todos os insurgentes tinha 7 dias para se entregarem à PRM. Quem não se entregasse haveria de ser caçado e preso.
A ameaça teve o efeito contrário. Ao invés de dissuadir os atacantes, eles recrudesceram sua sanha assassina. Mais civis foram mortos, alguns decapitados. Centenas de casas foram queimadas. Nas últimas semanas, os ataques acontecem quase todos os dias. E onde está Bernardino Rafael? Ele encafuou-se num silêncio tedioso. Mas os mortos se amontoam em Cabo Delgado. E ele nesse silêncio. Não pode ser! Quase um ano depois de ter feito aquela ameaça, é urgente que ele venha a público prestar contas sobre suas promessas vãs, sobretudo agora que as coisas se agravaram no terreno e a população decidiu fazer justiça por mãos próprias. Mas, é preciso que fique registado, Bernardino Rafael gosta de promessas vãs. Há poucos meses, ele prometeu acabar com os raptos, mas nada! O drama continua afetando famílias. Pior: cada vez mais o fluxo de informação é exíguo, sugerindo que os raptores controlam a gestão da comunicação da corporação.
O Estado parece ter cedido ao terror. Capturado por dentro pelas gangs do rapto. E o comandante encostado à parede. Ninguém sabe o que se passa com os mais recentes raptos. Há quem ache que o silêncio é de ouro e só isso protege as vitimas. Em suma, cedemos ao terrorismo dos raptores em Moçambique. Mas Bernardino Rafael deve dizer o que se passa. (M.M.)