Familiares de detidos em Maputo durante as manifestações contra os resultados das eleições autárquicas reclamaram ontem, à porta de um tribunal, das “condições desumanas” nas celas da polícia moçambicana, implorando pela libertação dos manifestantes.
“Estamos a assistir em alguns pontos, porque as balas são verdadeiras e orientadas de forma indiscriminada”, disse Bitone, em declarações aos jornalistas.
Os agentes da polícia devem ser “capacitados” para o uso de meios alternativos a balas reais, para não colocarem em risco a vida e a integridade física dos manifestantes, prosseguiu.
O presidente da CNDH também apelou aos simpatizantes dos partidos da oposição que contestam os resultados das eleições autárquicas de 11 de outubro para respeitarem a lei.
“A manifestação é um direito, mas deve estar alinhada com o quadro legal”, enfatizou Luís Bitone.
O exercício de um direito, continuou, não deve colocar em causa os direitos dos outros cidadãos, provocando danos ao património e lesões aos cidadãos.
Dados avançados pelas autoridades indicam que há mais 100 pessoas detidas em vários pontos do país, sobretudo nas cidades de Nampula, Nacala-Porto e Maputo, onde decorreram as manifestações e escaramuças, e estão em curso processos-crime “pelos danos causados e pela desestabilização da ordem pública” naqueles municípios.
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), uma Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que observa as eleições, um agente da polícia e um jovem morreram durante manifestações ocorridas em Nampula e em Nacala contra os resultados das eleições autárquicas.
Estas mortes não foram ainda confirmadas pelas autoridades, que têm admitido, no entanto, que houve feridos e detidos durante as escaramuças.
A polícia moçambicana acusou hoje a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, de fabricar e usar bombas caseiras nas manifestações contra os resultados das eleições em Nampula, que feriram e levaram à amputação de um braço a um agente.
“Sabe-se muito bem que a nível do partido Renamo existem militantes que têm conhecimento sobre o uso de material bélico e aproveitaram-se desse conhecimento para fabricar bombas caseiras para usar contra a polícia no momento em que estivesse a fazer a reposição da ordem e segurança pública”, disse Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, norte do país, durante uma conferência de imprensa.
O principal partido da oposição tem promovido marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada “megafraude” no escrutínio.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.
Os resultados apresentados pela CNE de Moçambique indicam uma vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o MDM, terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira.
De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados do escrutínio ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), máximo órgão judicial.(Lusa)
O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) Luís Bitone, criticou o uso “indiscriminado” da força pela polícia no contexto das manifestações promovidas pela oposição contra os resultados das eleições autárquicas do dia 11 deste mês.
“Estamos a assistir em alguns pontos, porque as balas são verdadeiras e orientadas de forma indiscriminada”, disse Bitone, em declarações aos jornalistas.
Os agentes da polícia devem ser “capacitados” para o uso de meios alternativos a balas reais, para não colocarem em risco a vida e a integridade física dos manifestantes, prosseguiu.
O presidente da CNDH também apelou aos simpatizantes dos partidos da oposição que contestam os resultados das eleições autárquicas de 11 de outubro para respeitarem a lei.
“A manifestação é um direito, mas deve estar alinhada com o quadro legal”, enfatizou Luís Bitone.
O exercício de um direito, continuou, não deve colocar em causa os direitos dos outros cidadãos, provocando danos ao património e lesões aos cidadãos.
Dados avançados pelas autoridades indicam que há mais 100 pessoas detidas em vários pontos do país, sobretudo nas cidades de Nampula, Nacala-Porto e Maputo, onde decorreram as manifestações e escaramuças, e estão em curso processos-crime “pelos danos causados e pela desestabilização da ordem pública” naqueles municípios.
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), uma Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que observa as eleições, um agente da polícia e um jovem morreram durante manifestações ocorridas em Nampula e em Nacala contra os resultados das eleições autárquicas.
Estas mortes não foram ainda confirmadas pelas autoridades, que têm admitido, no entanto, que houve feridos e detidos durante as escaramuças.
A polícia moçambicana acusou hoje a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, de fabricar e usar bombas caseiras nas manifestações contra os resultados das eleições em Nampula, que feriram e levaram à amputação de um braço a um agente.
“Sabe-se muito bem que a nível do partido Renamo existem militantes que têm conhecimento sobre o uso de material bélico e aproveitaram-se desse conhecimento para fabricar bombas caseiras para usar contra a polícia no momento em que estivesse a fazer a reposição da ordem e segurança pública”, disse Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, norte do país, durante uma conferência de imprensa.
O principal partido da oposição tem promovido marchas de contestação aos resultados das eleições de 11 de outubro, juntando milhares de pessoas que denunciam uma alegada “megafraude” no escrutínio.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.
Os resultados apresentados pela CNE de Moçambique indicam uma vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o MDM, terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira.
De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados do escrutínio ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), máximo órgão judicial.(Lusa)
Moçambique prevê bater um novo recorde de produção de ouro em 2024, com mais de 1,5 toneladas, o que representará um aumento de 3% face às estimativas para este ano, segundo projeções do Governo recentemente reveladas.
“O plano de produção do ouro indica um crescimento de 3% comparativamente às projeções para o ano 2023”, lê-se nos documentos de suporte da proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024.
O documento acrescenta que esse crescimento esperado resulta “do maior controlo da mineração artesanal”, mas também face ao “desempenho positivo das empresas produtoras” do país.
“Com maior enfoque para a empresa Explorator, Lda., pelo facto de, numa das frentes de exploração, a empresa contar com a Mutapa Mining Processing, Lda. Por outro lado, temos a retoma das atividades da empresa KD Prospero”, lê-se ainda no documento.
Para o próximo ano é apontada uma previsão de produção de 1.583 quilogramas de ouro, contra 1.537 quilogramas este ano e 1.087 quilogramas em 2022. Segundo dados do Governo, em 2021 a produção oficial de ouro em Moçambique foi de 764,4 quilogramas e em 2020 de 487,9 quilogramas.
Globalmente, o Governo moçambicano espera para o setor da indústria extrativa um crescimento de 18,6% em 2024, “que conta com o aumento da produção da maioria dos minerais com grande peso na estrutura global, nomeadamente o ouro, as areias pesadas, a grafite e o carvão térmico”.
A produção de ouro em Moçambique aumentou 53% no primeiro trimestre do ano, face ao mesmo período de 2022, para 346,3 quilogramas, segundo dados oficiais noticiados anteriormente pela Lusa.
Segundo o balanço económico e social da execução do Orçamento do Estado de janeiro a março de 2023, essa produção representa 26% do total esperado para este ano e compara ainda com 226 quilogramas de ouro produzidos em Moçambique no primeiro trimestre de 2022.(Lusa)
Os confrontos entre a Polícia da República de Moçambique (PRM) e os membros e simpatizantes da RENAMO em repúdio aos resultados eleitorais e a PRM na cidade de Nampula resultaram em três (3) mortos e vários feridos.
Os protestos levaram à intervenção brutal da polícia na manhã de sexta-feira, tendo obrigado a paralisação das principais actividades económicas e dos serviços públicos ao nível da cidade. Os três mortos, segundo relatos não oficiais, foram registados no bairro Namicopo, que foi o epicentro da violência entre os manifestantes e a Polícia da República de Moçambique na tarde de sexta-feira.
No mesmo bairro, foram destruídas pelo menos 170 bancas no centro comercial informal, conhecido por "mercadinho", um poste de energia eléctrica e algumas residências, segundo um vídeo amador posto a circular nas redes sociais desde a tarde daquele dia.
Além de mostrar os prejuízos, o autor do vídeo aponta que a culpa é da Polícia da República de Moçambique, que usou balas reais e gás lacrimogéneo para expulsar os manifestantes, na sua maioria jovens.
Até ao meio-dia de sexta-feira, o Hospital Central de Nampula tinha atendido nove (9) indivíduos com ferimentos graves e ligeiros, dentre os quais, uma menor de 12 anos e um membro da Unidade de Intervenção Rápida (UIR). O director do Serviço de Urgências, Suleimane Isidoro, disse a jornalistas que alguns pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico.
Em conferência de imprensa, o Comando-Geral da Polícia da República Moçambique tinha avançado a detenção de 60 pessoas na cidade de Nampula e as restantes em Maputo, Nacala e Quelimane, totalizando 70.
Noutro desenvolvimento, o porta-voz da PRM em Nampula, Zacarias Nacute, avisou que a corporação está pronta para responder a qualquer situação que põe em causa a ordem e segurança pública. Contudo, desde sábado, a situação tende a regressar à normalidade na cidade de Nampula. (Carta)
Dois (2) grupos terroristas escalaram, no último fim-de-semana, as aldeias dos distritos de Mocímboa da Praia e Meluco, respectivamente, no norte e centro da província de Cabo Delgado, mas sem causar actos de violência contra a população. Trata-se da aldeia Ulo, a sul de Mocímboa da Praia, onde, segundo relatos, os terroristas compraram diversos produtos alimentares e forçaram alguns marinheiros acompanhá-los de barco até ao local onde pretendiam descarregar a mercadoria.
Ainda no distrito de Mocímboa da Praia, os terroristas escalaram igualmente a aldeia Calugo, onde, sem violência, que os caracteriza, conversaram com os pescadores e mais tarde abandonaram a região.
Já no distrito de Meluco, um outro grupo de terroristas escalou a aldeia Iba, cerca de sete quilómetros de Nangololo que fica ao longo da estrada N 380. Segundo relatos na posse da "Carta", o grupo não protagonizou actos de violência, tendo estado por algumas horas, onde pediu panelas e depois seguiu para o lado oeste da aldeia.
Refira-se que, na semana passada, depois de terem estado nas aldeias da zona costeira do Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, os terroristas escalaram algumas aldeias Namaluco e Cagembe, em Quissanga. Nestas comunidades, os terroristas lançaram mensagens sobre a paz e aconselharam a população regressada a respeitar a Deus de acordo com o Islão. (Carta)
A União Europeia (UE) lamenta a morte de duas pessoas durante as manifestações de sexta-feira em Moçambique e apela às autoridades a assegurarem o exercício do direito à liberdade das pessoas. O bloco europeu também aponta relatos de irregularidades durante as eleições autárquicas de 11 de Outubro, juntando-se assim ao Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Suíça e Noruega que já se tinham pronunciado.
Num comunicado publicado no seu site no sábado, 28, a UE diz ter tomado "nota com preocupação dos relatos de irregularidades e confia que serão adequadamente tratadas para garantir um resultado pacífico e satisfatório do processo eleitoral, no pleno respeito pelo Estado de Direito e pelos princípios democráticos”.
Por isso, o bloco europeu “lamenta a morte de duas pessoas durante as manifestações de 27 de Outubro e apela “a todas as partes envolvidas para que actuem de forma pacífica”, enquanto pede “às autoridades para assegurar o exercício seguro do direito à liberdade de associação e expressão".
O comunicado sublinha que “a União Europeia está a acompanhar de perto o rescaldo das eleições autárquicas, que tiveram lugar em 11 de Outubro”, e nas quais “a sociedade moçambicana demonstrou empenho e participou amplamente no processo”.
Reino Unido lamenta mortes e violência em protestos
Este posicionamento da UE foi tornado público um dia depois de manifestações convocadas pela Renamo, na oposição, terem sido reprimidas pela polícia em Maputo, Nampula, Nacala Porto e Quelimane, e nas quais pelo menos nove pessoas ficaram feridas e cerca de 70 foram detidas, segundo a corporação.
O porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique confirmou os nove feridos e que um total de 70 pessoas foram detidas, sendo 60 em Nampula, quatro em Nacala-Porto, quatro em Maputo e duas em Quelimane.
"Os indiciados foram devidamente processados e as respectivas peças de expediente remetidas ao Ministério Público para os posteriores trâmites legais que culminarão com a responsabilização criminal dos respectivos autores morais, que, das provas dos factos no terreno e segundo os relatos dos detidos, são os respectivos cabeças-de-lista da Renamo nas autarquias já mencionadas”, disse Orlando Mudumane em conferência de imprensa em Maputo.
O Reino Unido também emitiu um comunicado a lamentar a onda de violência pós-votação e preocupação com a confirmação de resultados preliminarmente contestados. “Lamentamos profundamente os actos de violência que ocorreram desde então e continuamos a colaborar com todas as partes e com as autoridades para apelar a uma resposta calma e ponderada”, lê-se na nota em que o Alto Comissariado Britânico em Maputo “apresenta as suas sinceras condolências às famílias enlutadas e deseja uma rápida recuperação aos feridos”.
A representação diplomática afirma, igualmente, ter tomado “nota das alegações de que o processo eleitoral foi caraterizado por graves irregularidades” e diz ser “preocupante o facto de, apesar de existirem evidências que conduziram a processos judiciais em curso, os resultados finais terem sido confirmados na sua totalidade pelas autoridades eleitorais”.
A nota enfatiza que o Governo britânico reconhece a independência das autoridades judiciais moçambicanas na resolução do contencioso eleitoral, defendendo o Estado de Direito e o compromisso de Moçambique com eleições credíveis e pacíficas.
O Reino Unido exorta todas as partes e autoridades a colaborarem para prevenir a violência relacionada com as eleições e a continuarem a construir a paz de Moçambique, duramente conquistada, com base no diálogo, compreensão e negociação”, conclui o comunicado.
EUA e outros países também preocupados
Antes, a Embaixada dos Estados Unidos e as representações diplomáticas do Canadá, Noruega e Suíça deram a voz a relatos “credíveis” de irregularidades e pediram que o quadro jurídico dê resposta aos processos entretanto apresentados.
Na quarta-feira (25), a Comissão Nacional de Eleições confirmou os resultados intermédios que deram a vitória à Frelimo em 64 das 65 autarquias do país, com o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) a manter a governação na Beira.
A Renamo, o maior partido da oposição, perdeu os sete municípios que tinha em seu poder. Tanto a Renamo como o MDM submeteram vários recursos aos tribunais distritais e há processos enviados ao Conselho Constitucional que ainda não foram julgados.
Frelimo celebra e sociedade civil posiciona-se
A Frelimo congratulou-se com a vitória e disse que respeitará as decisões judiciais. As plataformas de observação eleitoral Mais Integridade e Sala da Paz disseram que as eleições não foram nem justas nem transparentes e denunciaram muitas irregularidades.
A Ordem dos Advogados também se pronunciou em nota na sexta-feira (27), na qual fala em “descrédito” das eleições que é “sustentado pelo número, por demais elevado, de irregularidades apontadas ao processo eleitoral pelos Tribunais Distritais, que passam uma mensagem de que o crime e a manipulação compensam em Moçambique”.
A organização pediu ao Presidente da República que “faça valer os seus poderes constitucionais, demonstrando, ainda e inequivocamente, que é um elemento agregador para os moçambicanos, nestes momentos cruciais e difíceis que se vivem”. (VOA)
As exportações de carvão mineral, barras de alumínio e energia eléctrica caíram drasticamente no segundo trimestre de 2023, por causa da queda de preços das commodities no mercado internacional. Ainda assim, o valor de exportações totais registou ligeiro crescimento no período em análise.
Dados compilados pelo Banco de Moçambique referem que os preços das principais commodities mantêm-se em queda, a reflectir as perspectivas de refreamento do crescimento da economia mundial. Como consequência, as exportações internas verificaram uma redução devido à queda de preços do carvão térmico e do alumínio.
As exportações de carvão mineral, barras de alumínio e energia eléctrica caíram para 583, 310 e 131.7 milhões de USD em relação ao segundo trimestre de 2022 em que as exportações daqueles produtos atingiram 817, 550 e 145,4 milhões de USD, respectivamente.
Apesar da queda do preço no mercado internacional, o Banco Central revela em Relatório do Segundo Trimestre de Balança de Pagamentos, publicado há dias, que o total de exportações registou ligeiro crescimento, influenciado pela exportação de gás natural.
“Com a exportação de gás natural, o país conseguiu cerca de USD 336 milhões (USD 238,1 milhões mais face ao período homólogo de 2022), explicado, essencialmente, pelo incremento do volume exportado em 80,9%, a justificar o início da exploração e exportação do gás da área 4 da bacia do Rovuma”, explica o Relatório.
Além de gás natural, as exportações de areias pesadas renderam ao país 151,4 milhões de USD em receitas, contra os 93,6 milhões de USD registados em igual período de 2022, facto que se deveu, principalmente, ao crescimento do volume exportado em cerca de 48,1%. De acordo com o Relatório do Segundo Trimestre de Balança de Pagamentos, o aumento de receitas com as areias pesadas está relacionado com o incremento da capacidade instalada, contra a queda registada no preço médio no mercado internacional em 2,3%.
Por consequência da queda de exportações de grandes projectos, no cômputo geral, o Banco de Moçambique concluiu que as vendas de bens realizadas pela economia moçambicana para o resto do mundo renderam ao país 2 012,1 milhões de USD, menos 179 milhões de USD, quando comparado a igual período de 2022.
“Excluindo os Grandes Projectos, os ganhos com a venda de produtos da economia moçambicana para o exterior cresceram em 2,6%, tendo-se fixado em USD 499,8 milhões, com destaque para os rubis, safiras e esmeraldas. Refira-se que os produtos agrícolas arrecadaram para o País receitas no valor de USD 74,3 milhões, mais USD 18,8 milhões em relação ao período homólogo de 2022, salientando-se o algodão, o tabaco e a amêndoa de caju”, salienta o Relatório do Banco Central.
Em termos de destinos, a nossa fonte aponta a Índia que ocupou a primeira posição como principal destino das exportações, com um peso de 15,3% no total das exportações, correspondente a 308,2 milhões de USD, destacando-se o carvão mineral, soja, legumes secos ou em grão, entre outros.
A África do Sul somou 267,7 milhões de USD, o que lhe conferiu a segunda posição, com um peso de 13,3% sobre o total das exportações, apresentando-se como o principal consumidor de gás natural, energia eléctrica, carvão, perucas e banana.
Já a China, com uma participação de 10,3% do total das exportações, somou 206,8 milhões de USD, evidenciando-se a exportação de areias pesadas, combustíveis, gás natural, outras sementes e frutos oleaginosos e areias naturais.
Os Países Baixos, com um peso de 8,7% do total de exportações, renderam ao nosso país receitas de 176,1 milhões de USD, destacando-se o alumínio bruto, gás natural, carvão mineral, entre outros.
A Coreia do Sul, com uma porção de 5,9% do total de exportações, conferiu ao país receitas de 118,7 milhões de USD, tendo como principais produtos o carvão, crustáceos, entre outros e a Itália, com um peso de 5,3% do total das exportações, rendeu receitas na ordem de USD 105,9 milhões, salientando-se a exportação de alumínio e gás natural. (Evaristo Chilingue)
O Conselho Constitucional voltou a anular uma sentença de um Tribunal distrital, por entender que este julgou matéria da sua exclusiva competência. Desta vez, trata-se da sentença proferida pela 4ª Secção Criminal do Tribunal Judicial do Distrito Municipal de Kapfumo, na capital do país, que havia anulado a votação do dia 11 de Outubro naquele ponto do país pela “falsidade dos editais nas Mesas da Assembleia de Voto”.
Tal como avançou em outros acórdãos, o órgão liderado por Lúcia Ribeiro defende que o Tribunal distrital é incompetente para anular a votação, sobretudo porque “o juiz distrital não tem os resultados dos outros distritos municipais” para avaliar se tais irregularidades podem influenciar substancialmente o resultado geral da eleição.
O Conselho Constitucional diz ainda que o Tribunal de Kapfumo se equivocou na sua decisão ao anular a eleição no distrito, enquanto julgou apenas 42 editais (dos 61 em disputa judicial) falsos, pois devia ter separado a parte afectada da parte incólume.
Contudo, o Conselho Constitucional subscreveu a decisão do Tribunal de Kapfumo de remeter ao Ministério Público os indícios de prática de actos passíveis de configurar ilícitos eleitorais, tal como fê-lo em outros acórdãos. (Carta)
A Polícia da República de Moçambique (PRM), nas suas diversas especialidades, voltou a mostrar estar pronta e devidamente equipada para reprimir qualquer acto de manifestação pacífica. A última prova foi dada na sexta-feira, quando membros e simpatizantes da Renamo voltaram a sair à rua para protestar os resultados das VI Eleições Autárquicas, que dão vitória à Frelimo em 64 autarquias.
Moralizada com o pagamento, na semana finda, de todos os salários em atraso, a Polícia partiu para cima dos manifestantes, lançando gás lacrimogéneo e disparando balas de borracha. Em algumas ocasiões, disparou balas reais, alegadamente com intenção de dispersar os manifestantes. Cenas idênticas, lembre-se, assistiram-se no dia 18 de Março passado, quando diversos cidadãos saíram à rua para homenagear o falecido músico Azagaia, que perdeu a vida a 9 Março.
Para o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, o que se assistiu um pouco por todo o país na sexta-feira foi um “autêntico terrorismo da Polícia contra os cidadãos”, representando um “total desespero de um Governo em decadência e sem legitimidade”.
Em conferência de imprensa concedida neste domingo, Momade manifestou preocupação com o facto de estarem envolvidos, na repressão aos cidadãos indefesos, “cidadãos vestidos a civil, empunhando e disparando armas de fogo como se de mercenários se tratasse”.
“É também inacreditável que as perseguições e matanças de cidadãos não mereçam nenhuma preocupação da PGR [Procuradoria-Geral da República, que continua em silêncio em relação aos actos assistidos em Março] e muito menos do Presidente da República que disse «o povo é o meu patrão»”, defendeu Momade, questionando a prontidão da Polícia em combater os cidadãos em detrimento dos raptos.
“Como se explica o uso de tanto material bélico contra cidadãos civis e indefesos, quando a mesma Polícia queixa-se de não ter meios para combater os raptos e igualmente queixa-se de não ter logística para combater o terrorismo”, indaga-se, garantindo que a entidade liderada por Bernardino Rafael “não vai matar a vontade dos moçambicanos”.
Refira-se que quatro cidades moçambicanas (Maputo, Quelimane, Nampula e Nacala-Porto) viveram momentos de agitação na sexta-feira, na sequência das manifestações convocadas pela Renamo em contestação aos resultados eleitorais divulgados na quinta-feira pela CNE.
Das manifestações, duas pessoas perderam a vida na província de Nampula, sendo um agente da Polícia na cidade de Nampula e um cidadão civil na cidade de Nacala-Porto. Para além de danos humanos, também houve registo de danos patrimoniais, com destaque para o saque de lojas e vandalização de viaturas. (Carta)
De conferência de imprensa em conferência de imprensa, o maior partido da oposição no xadrez político moçambicano vai jogando os seus últimos trunfos antes do Conselho Constitucional (CC), também dominado pela Frelimo (tal como os órgãos eleitorais), chancelar a morte da democracia e o regresso ao monopartidarismo.
Só neste fim-de-semana, a Renamo orientou duas conferências de imprensa, uma concedida pela Secretária-Geral, na sexta-feira, e outra pelo Presidente do partido, neste domingo. Aliás, desde 11 de Outubro, Ossufo Momade já concedeu cinco conferências de imprensa, todas a contestar os resultados das VI Eleições Autárquicas, que dão vitória à Frelimo em 64 autarquias, sendo que a Cidade da Beira é a única que continuará nas mãos da oposição.
Neste domingo, Ossufo Momade elevou o tom discursivo e acusou o seu parceiro na celebração do terceiro Acordo de Paz, Filipe Jacinto Nyusi, de ser o responsável pela fraude eleitoral, com objectivo único de querer empurrar o país para guerra, algo que a “perdiz” diz que não fará.
“O único responsável de tudo quanto está a acontecer é o cidadão Filipe Jacinto Nyusi, que está escondido (…). Foi ele quem provocou esta situação, com os seus comparsas. Nós queremos a justiça eleitoral, porque não estamos a dizer aleatoriamente que ganhamos, temos evidências, temos editais, que saíram das Mesas”, defendeu o Presidente da Renamo.
Momade diz não ter receio e nem medo da Polícia, pelo que os membros e simpatizantes do seu partido continuarão com as marchas pacíficas, que vêm realizando desde 17 de Outubro de 2023. “Não tenho receios, não tenho medo, não é um ditador que vai fazer calar a vontade popular. Já tivemos, neste mundo, ditadores, mas saíram envergonhados e é o que vai acontecer com Moçambique”.
“Se Nyusi quer repetir o seu mandato, não será através da Renamo, não pode usar a Renamo como suporte. Eu não vou à guerra e a Renamo não vai à guerra, mas vamos ganhar a causa. O que está a acontecer é uma pequena tempestade e nós não abanamos com as tempestades”, afirmou o Presidente da Renamo, apelando ao Presidente da Frelimo a aceitar os resultados eleitorais, tal como recomendara aos outros no passado dia 11 de Outubro.
“Todos os partidos já apareceram a dizer que os editais que têm dão a vitória à Renamo. Porquê não aceita os resultados?”, questiona Momade, denunciando a reactivação, nas autarquias de Maputo e Nampula, dos famosos esquadrões de morte, que, desde 2015, têm sido responsáveis pelo rapto, espancamento e assassinato de diversos críticos da actual governação.
“Há perseguição e detenções arbitrárias de cidadãos, bem como invasão e cerco às delegações políticas do Partido Renamo, como são os casos das cidades de Nampula e Maputo, nesta última onde inclusivamente houve vasculha no terraço do edifício”, narra a fonte.
Lembre-se que os resultados divulgados na quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições dão vitória à Frelimo em todas as autarquias do país, excepto o município da Beira, que continua nas mãos do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). No entanto, uma contagem paralela do Consórcio Eleitoral Mais Integridade dá vitória à Renamo em pelo menos quatro autarquias: Chiúre, Quelimane, Matola e Maputo Cidade. (A. Maolela)