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quarta-feira, 18 dezembro 2019 06:51

Este Moçambique é nosso

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Moçambique está eufórico pela vitória do Clube Ferroviário de Maputo à Taça de Clubes Campeões africanos de basquetebol em seniores femininos. Moçambique está em festa. Estamos em festa sem distinção de clube, raça, religião, gênero, altura, etnia, tamanho do pé, cabelo, escolaridade, etecetera. O Ferroviário uniu-nos. Hoje somos um só Moçambique. Somos todos moçambicanos.

 

Este Moçambique é nosso, e todos nós o queremos bem. Isto a propósito daqueles que acham que quando se exige que o bom nome de Moçambique seja cada vez mais lapidado e promovido é sinónimo de rebeldia. Aqueles compatriotas que pensam que o nome de Moçambique pode ser chamuscado, vulgarizado e qualquerizado sob o olhar impávido e sereno do seu povo. Aqueles concidadãos que pensam que a má fama de Moçambique além fronteiras deve nos agradar. Aqueles moçambicanos que não se indignam com a calhordice, com a canalhice, com a infâmia, com a humilhação, com a baixeza, com a mesquinhez, com a sordidez, com a sacanagem. 

 

Este Moçambique é nosso. Não estamos contra Moçambique nem contra os moçambicanos. Não somos inimigos da nossa própria pátria. Não conspiramos contra nós próprios. A nossa luta pela transparência e pela justiça social é por patriotismo. Não somos apóstolos da desgraça, mas também não queremos celebrar desgraça. Não queremos puxar saco de ninguém.

 

Quando exigimos que os Mambas vençam, não estamos contra a Federação Moçambicana de Futebol nem contra os dirigentes. Não estamos contra a ministra nem contra o seleciona-a-dor. Queremos apenas que a nossa seleção nos dignifique. Queremos estar entre os bem-falados. Queremos estar no pódio também. Tudo ao nosso nível, sem sonhar alto, sem marcar um passo maior que a perna. Queremos sonhar um sonho sonhável. 

 

Quando exigimos justiça sobre as dívidas ocultas, não estamos contra o Presidente da República, nem contra a Procuradoria-Geral da República. Quando exigimos que os gatunos sejam exemplarmente punidos, não estamos com inveja de quem-quer-que-seja. Antes desses gajos serem gatunos a vida deles nunca foi do nosso interesse. Nem os conhecíamos. Nunca estiveram na nossa agenda. 

 

Quando exigimos que Moçambique esteja melhor posicionado nos índices internacionais, é porque gostamos deste país. É porque queremos o melhor para nós. É porque queremos sair da cauda de tudo quanto é tabela classificativa. Não queremos a fama de um país "nhangumelizado". Não queremos ser conhecidos como o país que luta para resgatar "Chopsticks" da vida. Se tivermos que lutar contra a África do Sul ou contra os Estados Unidos que não seja por causa de um ladrão. 

 

Este país é nosso. É verdade que temos as nossas diferenças, mas quando Moçambique está no pódio unimo-nos, porque é esse o nosso desejo como povo. E é isso que cria (digo, devia criar) o belo em nós. É assim que uma dúzia de cores fazem o arco íris. É assim que as cinco cores fazem a nossa bandeira.

 

É assim que o Clube Ferroviário de Maputo faz connosco. Hoje o Ferroviário é o clube de todos nós. E é isso que queremos. Este Moçambique é nosso... muito nosso. Se nós não lutarmos por ele, ninguém o fará por nós. É por amor. Não estamos contra ninguém. Queremos apenas arrumar a casa e nesse processo as vezes temos de sacudir a poeira. E como diz o pai de Boustani, há muita poeira. 

 

Parabéns ao Clube Ferroviário de Maputo pela vitória. Meninas, não é apenas a vossa vitória que nos orgulha, é, acima de tudo, a vossa luta, a vossa persistência e a vossa abnegação em levar o nome de Moçambique ao topo. O que nos orgulha é a vossa negação à qualquerização. É a vossa briga pela NOSSA honra que nos enche de amor-próprio.

 

Obrigado por nos fazerem uma nação! Num momento conturbado como este a UNIÃO faz-nos muita falta. 

 

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