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segunda-feira, 16 dezembro 2019 06:57

Gatunos de bom coração

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Na semana passada ficamos a saber que um cota amoroso e bem educado ofereceu ao seu sobrinho uns três carrões de alta cilindrada e uma alta vivenda na "Djuz". No princípio deste ano também ficamos a saber que um jovem bondoso e de bons costumes comprou meia dúzia de carros topo de gama e ofereceu aos seus bradas. O mesmo puto ofereceu um "senhor-carro" à namorada e ainda quis amavelmente oferecer uma mansão à uma amiga que acabava de conhecer há uns dias lá "nazeropas".

 

Isso - sim - é amor ao próximo. Valorizar quem te valoriza. Os "Indivíduos" estão a dar boas lições de moral a sociedade e nós estamos a fingir que não estamos a ver nada. As últimas referências de bondade que este país ainda guardava com muito sacrifício foram recolhidas à cadeia. E isso é muito feio. Já não se pode praticar um gesto de bondade neste país. Já não se pode nutrir afecto por um ente querido.

 

No fundo no fundo esses nossos gatunos são boas pessoas. Esse amor é demais. É muita ternura, muita fofura. Já estou a desconfiar que talvez nem são gatunos. As tantas nem roubaram, só levaram emprestado por tempo indeterminado sem autorização prévia.

 

Não podemo-nos esquecer desses irmãos nas próximas campanhas de solidariedade. Os gajos podiam acabar com os problemas do Idai em dois tempos. No futuro vão assessorar malta I-Ene-Gê-Cê e Cruz Vermelha. Essa cena de desviar donativos vai acabar. São muito sérios os gajos. Vão transformar aquele xilindró numa faculdade onde se desenvolvem competências para oferecer bens alheios.

 

É preciso desenvolver muita coragem e demasiada cara-de-pau para sair por aí fazendo beneficência com dinheiro roubado aos pobres. Muito diferente do Robin dos Bosques que roubava da nobreza para dar aos pobres. "Eni-wey", pelo menos tentaram. Os gatunos devem ter um conceito de caridade diferente do tradicional.

 

Mas é muito amor, gente. É muita bondade. Com aqueles "Indivíduos" na cadeia é país que perde. São os únicos protótipos de "bondade" que ainda restam no mundo. "Indivíduos" que resistiram às intempéries do egoísmo e da ganância. Gajos em vias de extinção. Bons samaritanos. Antes que desapareçam de vez deviam lançar livros e dar palestras sobre benevolência. Oferecer carros de luxo a um menino folgado e mimado é muita ousadia. É obra.

 

- Co'licença!

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