A cidade de Inhambane nunca antes teve tanta restrição no fornecimento de água, agora tem. Já não se sabe exactamente a que horas vão interromper o fluxo do precioso líquido, ou vão retomar após a interrupção. O próprio FIPAG parece não ter certeza do que poderá acontecer nos próximos tempos e, provavelmente, não sabe também – porque determinadas decisões não serão da sua alçada - o que vai fazer em caso de chegarmos ao ponto dos piores dias. Há sinais que estamos a receber da natureza, perante os quais não se pode esperar mais, o rio Guiúa está a tremer.
O tempo existente já não nos permite vir a terreiro com justificativas de que há um aumento demográfico que pressiona o sistema. Lembro-me desses discursos e de outros que apontavam os lugares geograficamente elevados para que a água perdesse pressão e não chegasse lá. Mas é claro que era um problema com solução, e o FIPAG quando tomou a responsabilidade de agir - montando moto-bombas nas bases - a água subiu, para gáudio dos moradores. Mesmo assim ainda há muito trabalho que deve ser feito, e eu não sei se a abertura massiva de furos pode resolver o problema.
O rio Guiúa está a emagrecer, como já dissemos. Porém, por enquanto não será o fim, pois há alternativas que nos parecem viáveis, em caso de o caudal vir a minguar para níveis de desespero. Temos o rio Mutamba, cuja água ainda abundante é copiosamente despercebida para o oceano Índico, e Mutamba não fica longe da cidade. E se não fica longe, então pode-se fazer algo para que esse líquido precioso não se perca assim como está a perder-se.
O tempo ruge e as mãos dos engenheiros, comandadas pelo cérebro e pela ciência e pela vontade, são convocadas para pensarem na necessidade urgente de fazer alguma coisa com profundidade, incluindo a instalação de represas.
Não chove, não tem chovido nos últimos tempos e essa realidade é assustadoramente sentida pelo Guiúa, que ainda despeja em pequenos fiapos – mesmo com a crise - a sua água na baía de Inhambane. O rio Mutamba também tem tido momentos de periclitância, mas nunca caiu. Consegue manter o caudal subaproveitado, e que podia alimentar o município da cidade de Inhambane, incluindo as ilhas que recorrem aos poços com água que não dá para beber. Sabem a sal.
E esta situação do arquipélago precisa de arrojo e seriedade, e Benedito Guimino - presidente da edilidade - pode subir à proa e enfrentar os mares. Por exemplo, Arnold Schwarzenegger, quando concorreu ao cargo de governador da Califórnia, a sua prioridade era levar água àquele estado árido. Era esse o propósito fundamental que movia a sua corrida, e conseguiu. Então, porque é que Guimino não pode conseguir levar água àqueles lugares necessitados?
Guimino pode também mover montes e montanhas para que o rio Mutamba abasteça o município e suas ilhas. Seria um grande feito para o edil, um orgulho para a sua carreira, e todos nós iriamos ovacioná-lo. Estrondosamente!