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sexta-feira, 20 setembro 2019 07:14

Somos puros moralistas convencionais

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Se a violência, a chamada xenofobia, que está a acontecer na vizinha África do Sul - em que os donos da terra matam estrangeiros - é veementemente condenável, imagina, então, esta nossa "irmãofobia" - em que irmão mata irmão por causa da cor partidária! Se incendiar loja é um acto vil, imagina, então, casa - onde se vive... onde se dorme! 
 
 
O que vale a pena: matar por causa da fome ou matar por causa do partido? Alguma coisa vale a pena!? 
 
 
Não sei se temos alguma moral de condenarmos a xenofobia. Se temos, não sei até que nível. Tudo o que se pode dizer é que a nossa indignação é convencional. Indignação de ocasião. As vezes para inglês ver. 
 
 
Enquanto tentamos entender os incêndios de Cabo Delgado, vêm os de Quelimane, os de Gaza, os de Manica, os de Sofala, os de Tete, os de Nampula, os de etecetera. Enquanto apelidamos uns de insurgentes ou Al-Shabab, outros são simpatizantes ou militantes. Então, "vale a pena" os vizinhos que são xenófobos. 
 
 
Existe alguma explicação para isso!? Até parece que o tal dia 15 de Outubro é último dia das nossas vidas. Esquecemo-nos que depois virão outros quinzes de outros Outubros e outros de não-de-Outubros. Esquecemo-nos que virão outros quinzes de outros Outubros, dias de aniversário da mana Veró, do tio Sualei, da cunha Lili, da vó Saquina, do vizinho Amisse, que pereceram nas sinzas das suas habitações de pau-à-pique algures. Esquecemo-nos que virá o 16 de Outubro, o dia em que todos vamos celebrar o embarque do Chang. Todos abraçados como irmãos porque o Chang é de todos nós. 
 
 
Não sei se ainda temos moral suficiente para nos indignarmos, ou nos indignamos a toa. 
 
 
- Co'licença!

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