Já que tem data comemorativa para tudo nesta vida, que tal celebrarmos o dia 29 de Dezembro como o Dia dos Gatunos Moçambicanos? Esta data coincide com o dia da captura do nosso brada Chang na África do Sul no ano passado. Sei lá, é apenas uma ideia. Se não for "naice", podemos deixar. Assim tipo malta dia dos heróis moçambicanos ou dia da mulher moçambicana, antes que esta data seja atribuída a um desses pseudo-acordos de paz ou de cessar fogo que viraram moda nos dias que correm. Eu acho que deviamos celebrar, de alguma forma, a audácia e a aventura desses nossos irmãos. Nossos gatunos de estimação. Legítimos e genuínos. A nossa eterna seleção olímpica de larápios.
Vamos evitar homenagens post mortem, vamos reconhecê-los ainda em vida. Fomos roubados - sim - mas, convenhamos, foi um roubo artístico. Este nível de despudor não se pratica aos montes, não se encontra por aí de qualquer maneira. É preciso valorizarmos isso. São gatunos - sim - mas, diga-se, são gatunos heroicos. Portanto, precisamos de arranjar uma data para o país fazer uma auto-reflexão. Precisamos de fazer uma introspecção sobre o ananás que levamos.
Que dói, dói, mas também temos que reconhecer que foi graças a esses filhos destemidos desta pátria que entramos no Mapa Mundo. Graças a eles, hoje somos assunto no Banco Mundial e no Efe-Eme-I. Somos manchete na Bê-Bê-Cê e na Cê-Ene-Ene. No tribunal de Nova Iorque estamos em voga. Nem os Mambas elevaram tanto a nossa fasquia. Nem Massuko, nem Mutola, nem Ghorwane, nem Malangatana, nem Ungulani, nem Eusébio, nem Mia Couto, nem Marrabenta, nem Craveirinha, nem ninguém e nem nada.
Estes compatriotas merecem uma data especial e uma estátua ali na entrada do Ministério das Finanças. Pode ser uma escultura de um atum fugindo de uma rede furada, ou um pançudo de balalaica exibindo um anzol na mão, sem atum, com cachimbo na boca e aquele sorriso patriótico fosco, ou então um ananás em forma de atum sendo enfiado Moçambique adentro. Que seja em bronze puro, material de primeira.
Gatunagem epopeica não é para qualquer povo. Somos o único país no mundo com um acervo de pilantras codificados em ordem alfabética. Então valorizemos o que é originalmente nosso.
Enfim, está lançado o debate. A proposta está na mesa: 29 de Dezembro - Dia dos Gatunos Moçambicanos. Um feriado nacional. O povo merece. Será aquele dia em que cada moçambicano estará no seu cantinho, bem lúcido, perguntando-se a si mesmo como os gajos ousaram tal desfaçatez. Tipo, não usaram vaselina, ao menos, porquê?
- Co'licença!