Hoje é mais um daqueles dias em que se assina mais um daqueles habituais acordos de paz efectiva, fim das hostilidades militares, cessar fogo e afins. Iremos todos jubilar de alegria e amanhã passa. Depois vamos fazer uma nova lei eleitoral, vamos pôr uma vírgula na Constituição, vamos sentar num tronco em Satungira, vamos tirar mais uma foto abraçados com aquele sorriso administrativo e, por fim, vamos assinar mais acordo de paz efectiva. E vamos acreditar que a tal paz é mais efectiva que as outras. Vamos dizer também que desta vez é de vez.
Com um pouco de azar, o nosso calendário não terá mais espaço para comemorar nada mais que seja útil. Com esta moda de hoje em dia de se comemorar dia da cerveja, da prostituta, do idiota, do parvo, da rabuda, do zamwamwa, do invejoso, etecetera, já não haverá mais dia para trabalhar a vontade.
Mais do que assinar mais um acordo, talvez fosse importante saber o que deu errado com os anteriores acordos e aprender com eles. Se o problema dos anteriores acordos foi o seu cumprimento, então estamos perante mais um fracasso apriorístico. O problema de cumprimento não afecta apenas os acordos de paz ou de fim de hostilidades militares ou de cessar fogo. Nós temos problemas sérios em cumprir com a nossa palavra. A violação desses acordos é apenas a ponta do "aiciberg". Nós nem respeitamos a nossa própria Constituição da República.
Nós temos problemas sérios em cumprir. Aliás, é por causa disso que hoje estamos endividados até à goela e estamos a nos apontar um ao outro. Foi por não ter-se respeitado a lei que um grupinho de concidadãos foi buscar dinheiro à revelia do órgão competente. E foi também por causa da falta de seriedade com responsabilidades atribuídas que um grupinho de infelizes introduziu esta dívida no orçamento do Estado.
Se os acordos têm fracassado por falta de seriedade no seu cumprimento, então, hoje é só para passar o dia. Será mais um tratado fracassado. O problema, por acaso, nem são os acordos, somos nós. O problema é ético.
- Co'licença!