Agora que a RAS descriminalizou o consumo privado de cannabis para fins terapêuticos, Moçambique pode Frelimo pode promover um debate franco sobre o assunto. Há na nossa classe médica quem estaria interessado em explicar os pros e os cons sobre a matéria. O Governo também poderia aproveitar o embalo para criar uma “task force” com a missão de estudar o assunto. E a opção que poderia ser discutida não é a da legalização da cannabis para uso recreativo, como fez a RAS. Moçambique podia se inspirar um bocado na experiência do Lesotho.
Em Fevereiro deste ano, uma mensagem alarmista viralizou nas redes sociais: o viaduto da Ponta Vermelha, nomeado em homenagem ao Eng. Alcântara Santos, um ferroviário perecido com Samora Machel em Mbuzini em 1986, estava ruindo. A razão do alarme tinha uma base, movediça: uma chapa metálica de revestimento da junta de dilatação cimeira, ali onde um dos tabuleiros se une à massa de betão incrustada na terra, tinha sido removida. A chapa metálica escondia uma “fissura” no topo da estrutura, um espaçamento de cerca de 10 cm deixado propositadamente aquando da construção da obra (entre 1971 e 1974) para permitir o movimento esperado das peças do tabuleiro (6 peças).
Na semana passada, aquando da “exposé” sobre a selva (ou paraíso) fiscal no sector privado da Educação em Moçambique prometi trazer também os contornos da “mafia” curricular vigente. A revelação carecia ainda de um trabalho de campo, para evitar mencionar escolas em concreto sem dar-lhes a oportunidade soberana do contraditório. Não queria apontar o dedo acusador sem que elas se pronunciassem. Esse trabalho de campo estava a ser feito.
Agora que Nini Satar foi detido na Tailândia, de acordo com relatos da comunicação social citando um comunicado de imprensa da Procuradoria Geral da República (PGR), é esperado que ele pague a indemnização a que todos os condenados da autoria moral do assassinato do jornalista Carlos Cardoso em 2000 foram obrigados solidariamente por sentença judicial transitada em julgado em 2003. Nini tem-se furtado em pagar essa dívida, equivalente a pouco mais de 500 mil USD. Mas ele tem exibido no seu perfil de Facebook uma vasta riqueza patrimonial, incluindo carros de luxo.
O despacho de pronúncia do caso Embraer apresenta uma incorrecção gravosa sob a qual assenta toda a acusação do Ministério Público, conforme escrevi ontem. O argumento central é o de que os três arguidos (José Viegas, Paulo Zucula e Mateus Zimba) se uniram na solicitação de um suborno à Embraer, que originou o agravamento da oferta inicial de 30.850.000 para 31.100.000 USD para cada uma das duas aeronaves. De acordo com a pronúncia, os arguidos exigiram um “gesto” de 400 mil USD à Embraer para cada unidade.
A 22 de Maio de 2008, a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer SA) enviava às Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) sua proposta final de venda de duas aeronaves da marca Embraer 190 LR, com sugestão inicial de entrega em Julho e Agosto do ano seguinte. Na proposta, a Embraer deixou claro que o preço de oferta de cada aeronave seria em “condições económicas de Janeiro de 2008”. Cada uma custaria à LAM 30.850.000 USD, incluindo equipamento opcional. A Embraer alertava ainda à LAM que esta devia manifestar seu interesse e assinar o contrato até 30 de Junho de 2008.