O supermercado “Recheio” agravou na última sexta-feira (22) o preço do purificador de água “Certeza” (a vertente comercial do produto), passando dos anteriores 25,00 Mts para 55,00 Mts. A nossa reportagem deslocou-se ao “Recheio” para se inteirar do que estava a passar-se. Muita gente comprava o produto em grandes quantidades com o propósito de doá-lo às vítimas do IDAI nas províncias afectadas pelo ciclone. Tentámos ouvir um representante do “Recheio”, mas ninguém se predispôs a prestar declarações sobre o assunto. Em conversa com alguns vendedores, foi-nos dito que a subida do preço do “Certeza” em mais de 100% deveu-se à uma grande procura nos últimos dias.
A cidadã Júlia Rafael contou que, na última quinta-feira (21), deslocou-se ao “Recheio” para comprar o produto em grandes quantidades para mandar para a família no Dondo. Nesse dia, comprou grandes quantidades de “Certeza” ao preço de 25,00 Mts. No sábado de manhã, ela quis aumentar a quantidade mas, quando lá chegou, o preço do produto tinha duplicado! Mesmo assim não deixou de comprá-lo, ainda que desta vez em pequenas quantidades. “Não tive muitas escolhas, tendo em conta que, neste momento, é o que podemos fazer pelas vítimas do IDAI. A especulação é uma realidade, não só na Beira mas também em vários outros pontos do país. Há oportunistas em todo o lado”, lamentou.
Ainda sobre a especulação do preço da “Certeza”, o nosso jornal contactou Virgínia Muianga, porta-voz da Inspeção Nacional das Actividades Entómicas (INAE). Ela não escondeu a sua indignação e surpresa ao receber a informação, tendo garantido à nossa reportagem que iria mandar uma equipa ao “Recheio” para averiguar o assunto.
O purificador “Certeza”, que pode ser adquirido em comprimidos ou na forma líquida em recipientes de 150,00 Ml, é recomendado pelo Ministério da Saúde por possuir propriedades que permitem a eliminação de bactérias existentes na água, que podem ser prejudiciais ao ser humano.
Uma das vantagens da “Certeza” é facilitar a conservação da água, principalmente nas zonas rurais, onde as condições de transporte e armazenamento do precioso líquido são precárias. É por essa razão que tem havido muita procura do “Certeza”, pois depois das chuvas a água torna-se muitas vezes imprópria para o consumo humano. (Marta Afonso)
Há mais de dois meses que os funcionários do Município de Nampula, dirigido por Paulo Vahanle, da Renamo, não recebem os seus honorários. Tal cenário não só se deve às dificuldades financeiras que aquela Autarquia continua a enfrentar, mas também devido ao aumento do número dos seus trabalhadores nos últimos meses.
O efectivo de funcionários no Conselho Autárquico de Nampula começou a registar um estranho aumento quando aquela Autarquia ficou "desgovernada" na sequência da morte do então edil Mahamudo Amurane. O malogrado deixara um efectivo de 1.187 trabalhadores, que no global ‘consumiam’ mais de 12 milhões de Meticais em salários.
Mas durante o período de gestão da transição, sob administração interina do presidente Américo Iemenle, do Movimento Democrático de Moçambique, o número de trabalhadores aumentou para 1200. Nessa fase registou-se uma admissão alegadamente estranha e pouco clara de trabalhadores.
Já com a eleição de Paulo Vahanle nas eleições intercalares de Março de 2018, e respectiva investidura a 18 de Abril do mesmo ano, o número de trabalhadores passou para cerca de 2500. E a factura em salários chegou a atingir pouco mais de 22 milhões de Meticais, de acordo com fontes da “Carta”. Com esta situação, a capacidade financeira do Conselho Autárquico de Nampula reduziu, apesar de conseguir colectar mensalmente pouco mais de 12 milhões de Meticais em diversos sectores de actividade, principalmente nos mercados e estabelecimentos comerciais.
Alguns funcionários da edilidade nampulense que falaram na condição de anonimato consideram ‘preocupante’ a situação do Município da terceira maior cidade moçambicana, e dizem não saber como sustentar-se e às respectivas famílias.
O Conselho Autárquico de Nampula já havia anunciado em Fevereiro passado que estava a enfrentar problemas financeiros para pagar salários, na sequência da falta de canalização dos Fundo de Compensação Autárquica (FCA) e de Investimento por parte do Governo Central. Nessa altura, o vereador do pelouro de Finanças disse que a sua instituição possui verbas insuficientes das receitas locais, e que não podia pagar a uns e deixar outros de fora, daí ter optado por esperar pelo desembolso dos fundos em causa.
Hoje inicia pagamento de salários
Entretanto, contactado pela “Carta” o director do departamento de Comunicação e Imagem do Conselho Autárquico de Nampula, Nelson Carvalho, afirmou que o executivo municipal vai começar a pagar salários dos dois meses em atraso a partir desta segunda-feira (25). De acordo com a fonte, a edilidade pediu apoio aos seus “parceiros de cooperação”, que já responderam positivamente.
“Job for the boys”
Depois que Paulo Vahanle venceu as eleições de Outubro do ano passado, ele tratou de dispensar mais de 200 trabalhadores, maioritariamente varredores de rua do sector de Salubridade e Gestão Funerária. Quando já se pensava que a medida era uma forma de contenção de despesas por causa do elevado número de funcionários, a edilidade começou a contratar pessoas ligadas ao partido Renamo. Actualmente, o efectivo ultrapassa os 2500 trabalhadores. Até Janeiro deste ano, o vereador do pelouro de Cooperação e Desenvolvimento Institucional, Alfredo Alexandre, havia garantido que a edilidade não iria contratar novos funcionários, e que dali em diante tudo seria feito mediante concurso público.
Marginalização de antigos vereadores do MDM
Actualmente, há funcionários com nomeação definitiva, mas desde que tomou posse o novo Conselho Autárquico de Nampula eles não foram afectados em qualquer posto de trabalho. Um desses funcionários é o antigo vereador da Polícia Municipal e Fiscalização, Assane Raja. O outro é Reginaldo Pinto, antigo vereador da Obras e Manutenção. Ambos pertenceram ao elenco do falecido Mahamudo Amurane. Conforme apurou o nosso jornal, Assane Raja não recebe salários desde Dezembro do ano passado, quando a equipa governamental de Paulo Vahanle decidiu cortá-los.
O antigo vereador da Polícia Municipal e Fiscalização continua à espera que lhe sejam atribuídas novas funções. Há outros na mesma situação, cuja identidade não conseguimos apurar, mas seguramente trata-se dos poucos antigos chefes do reinado de Mahamudo Amurane, agora marginalizados.
A título de exemplo, o ex-director do Departamento de Transporte, que também já desempenhou as funções de director de Salubridade e Gestão Funerária, Gamito Carlos, foi colocado como controlador de lixo (um agente sensibilizador e orientador de boas práticas no depósito de lixo), numa das lixeiras algures em Nampula.
Por sua vez, um antigo administrador da Empresa Municipal de Água e Saneamento de Nampula (EMUSANA) foi transferido para a morgue do Hospital Central de Nampula (HCN), onde faz registo de óbitos. Entretanto, Faizal Ibramugy Abdul Raimo, antigo chefe do gabinete do edil, escapou da lixeira e foi colocado na Secretaria do Posto Administrativo Municipal de Namicopo. (Rodrigues Rosa)
A Beira está aos poucos a soerguer-se dos escombros. Dez dias depois de ter sido interrompida a circulação rodoviária, devido aos estragos provocados pelo Ciclone IDAI, a cidade da Beira voltou a estar acessível ao país e a região austral por terra, após a reabertura, esta tarde, da Estrada Nacional nº 06, que liga aquela cidade ao resto do país e ao hinterland. A ligação ficou completa esta tarde, depois de ontem, ter-se aberto o desvio de Lamego, onde uma das quatro pontes ficou destruída.
Ontem, nove dias depois ter ficado completamente às escuras, a capital provincial de Sofala voltou a ficar iluminada com energia eléctrica da rede nacional. Para além de ter ceifado, até ao momento, 446 vidas humanas, o IDAI arrasou infra-estruturas, incluindo postes de energia, Postos de Transformação (PT) e a Subestação da Munhava.
O Hospital Central da Beira (HCB) foi dos primeiros beneficiários da energia eléctrica, ficando assim aliviado da pesada factura de 100 mil Meticais diários na aquisição de “diesel” para alimentar o gerador eléctrico que era a fonte da electricidade de que aquela unidade hospitalar necessitava. Falando aos jornalistas por ocasião da visita do Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, ao HCB, o director daquele Hospital disse que foram gastos quase 1 milhão de Meticais na compra de combustível para alimentar o gerador eléctrico.
É verdade que está ainda longe de estar normalizada a situação na Beira, mas quem nela circule à noite poderá notar o resultado do esforço e trabalho das equipas da Electricidade de Moçambique (EDM), que neste momento não têm tido mãos a medir para que a segunda cidade moçambicana volte ao que era dantes, pelo menos em termos de iluminação artificial. Para além do HCB, o Centro de Tratamento e Bombeamento de Água, a Maternidade da Munhava, o Aeroporto Internacional da Beira, bem como outros edifícios públicos e privados e algumas residências da cidade voltaram a estar ligados à energia eléctrica da rede nacional.
Fonte da EDM disse que tudo está sendo feito para que o mais rapidamente possível seja reposto o fornecimento de energia aos seus clientes. O maior desafio, segundo a mesma fonte, não passa apenas pelo restabelecimento da corrente eléctrica, mas também, e sobretudo, por evitar mortes por electrocução. Durante a sua visita ao HCB, Tonela sublinhou que a reposição da corrente eléctrica à cidade da Beira deve ter em conta a segurança das pessoas e das instalações, “para evitarmos situações indesejáveis”.
Com o restabelecimento da corrente eléctrica, as cidades da Beira e Dondo voltaram a ter água potável, conforme anunciou o FIPAG (Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água) na sexta-feira. Apesar de o sistema de abastecimento registar zonas com baixas pressões, a verdade é que Beira voltou a ter água potável, nove dias depois. O regresso à normalidade naquela urbe não se verifica apenas nas acções a que se fez referência.
Dinheiro do BCI de volta, comunicações repostas
Na quinta-feira (21), o Banco Comercial e de Investimento (BCI) anunciou a reabertura dos seus balcões na cidade da Beira, assim como o restabelecimento do funcionamento da maioria das ATMs (das 38 existentes, na província, 21 estavam operacionais). No mesmo dia, as operadoras de telefonia móvel ‘Moçambique Telecom’ e ‘Vodacom’ restabeleceram completamente o tráfego de voz e dados. A Movitel foi a primeira a repor, em alguns bairros daquela cidade, o sistema de comunicações.
O retorno paulatino da cidade da Beira à normalidade começou no passado domingo (17), dois dias após o Ciclone, com a reabertura do tráfego aéreo.
Os números que ainda assustam!
Enquanto a vida vai lentamente regressando à normalidade, não deixa de haver más notícias que ainda assustam o país e o mundo. A pior dessas notícias é o constante aumento do número de mortos que o Ciclone IDAI deixou atrás. Até este domingo de manhã falava-se de 446 óbitos no total. Nos centros de acolhimento ainda existem 110 mil pessoas, e o número de afectados pelo IDAI é de 531 mil. O número de mortos tende a subir exponencialmente, devendo ultrapassar mil dentro de pouco tempo. Em algumas regiões costeiras de Sofala há corpos que estão a ser ‘devolvidos’ pelo mar. Só em Nhamatanda, o administrador deste distrito disse que até este sábado tinham sido contabilizados 114 mortos e 69 desaparecidos.
Cargueiro da Força Aérea Portuguesa na Beira
Na tarde da passada sexta-feira (22) aterrou na Beira um cargueiro da Força Aérea Portuguesa com 40 homens e dois cães para operações de salvamento. A equipa lusa incluía dois médicos, idêntico número de enfermeiros, um farmacêutico, 25 fuzileiros, engenheiros e outro pessoal de diferentes ramos. Na ocasião, o Governador de Sofala, Alberto Mondlane, manifestou a sua satisfação pelo gesto de Portugal, considerando-o demonstrativo de que as relações entre aquele país europeu e Moçambique são boas. Através de um avião fretado pelo Estado português, Portugal vai repatriar seis cidadãos lusos que viviam na Beira, que manifestaram o desejo de regressar ao seu país. (Carta)
É estimado em 150 mil o número de novos casos de tuberculose diagnosticados anualmente em todo o território nacional. Esta situação coloca Moçambique na lista dos 30 países com maior incidência de tuberculose no mundo. Em termos de mortalidade por causa daquela doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde OMS), o nosso país ocupa o sexto lugar. Moçambique também é um dos poucos países cujos níveis de tuberculose não estagnaram nem reduziram, nos últimos anos.
Dados da OMS indicam que a incidência da tuberculose em todo o país é de 552 por 100 mil habitantes. Dos casos notificados de tuberculose, 58% são também HIV positivos. A taxa de deteção é de apenas 37%, o que implica um grau de incerteza enorme sobre a real carga da tuberculose em Moçambique.
Também no nosso país, estima-se que os números de casos da tuberculose estejam associados a cinco principais factores de risco que incluem álcool e diabete, com aproximadamente 10 mil casos cada, tabagismo (30 mil), HIV (cerca de 60 mil), e desnutrição (aproximadamente 58 mil). No entanto, ainda segundo dados da OMS, anualmente verifica-se que o número de pessoas com tuberculose tende a reduzir. A nível mundial, a média de redução era de 1.8% entre 2016 e 2017, mas espera-se que até 2020 aquela percentagem suba para 4% a 5%, e 10% até 2025.
Ana Magaia (nome fictício) foi diagnosticada com tuberculose no ano passado. Conforme ela própria conta, foi contaminada na fila de um hospital enquanto fazia um exame pré-natal perto de uma jovem que tossia sem parar. Magaia diz que em nenhum momento teve a preocupação de tapar a boca. Contou ainda que depois do parto teve de se separar da filha para fazer tratamento.
“Descobri que tinha tuberculose em Fevereiro do ano passado, dois meses após ter tido o parto. Contei com o apoio da minha família para cuidar da minha filha enquanto fazia o tratamento, que cumpri à risca. No princípio não foi fácil mas, nove meses depois, quando fui fazer controlo, a emoção foi tanta quando o médico me disse que já estava curada. Hoje tenho tomado cuidados a dobrar para que ninguém da minha família passe pelo mesmo sufoco. A tuberculose tem cura, basta alguém, que ficou contaminado, cumprir com o tratamento”.
Por ocasião do Dia Mundial da Tuberculose, que se comemorou este domingo (24), o Presidente da República, Filipe Nhusy, participou no passado sábado (18) num Diálogo Nacional sobre a Tuberculose, organizado pelo Ministério da Saúde e parceiros. No encontro, o Chefe do Estado reiterou a importância do empenho de todos os moçambicanos no acesso à saúde para a erradicação da tuberculose até 2030. (Marta Afonso)
No âmbito da operacionalização dos furos de Intaka, a Águas da Região de Maputo (AdeM) em parceria com o FIPAG-Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água, está a efectuar obras de aumento da capacidade de transporte, com a conexão à linha principal em Dn500, na Avenida de Moçambique, com vista ao reforço do abastecimento de água à zona norte da cidade de Maputo, que parte da Missão Roque até ao bairro do Jardim.
As obras, que estão a decorrer na zona da Missão Roque, consistem na ligação da conduta proveniente do Intaka à linha principal, bem como no aumento do diâmetro da tubagem de Dn250 para Dn500, o que vai permitir o incremento do caudal e, consequentemente, uma maior área de abastecimento.
O impacto directo destas obras, de acordo com director de projectos da Águas da Região de Maputo, José Barata, é o aumento do volume de água para o abastecimento aos bairros da zona norte da capital do País, em mais seis mil metros cúbicos, que vai beneficiar cerca de oito mil clientes destes bairros.
“O que vai acontecer é que, ao invés de estes bairros serem abastecidos pelo Centro Distribuidor de Chamanculo, a água vai fazer o sentido inverso, de Intaka para Chamanculo, mas porque o volume de água produzida só nos permite abastecer uma parte de clientes, avaliando pelo volume produzido, criámos uma forma de seccionar e abastecer onde ela satisfaz a demanda, que vai até ao bairro do Jardim”, explicou o director de projectos da AdeM.
Mais adiante, José Barata acrescentou que, com a conexão da conduta à linha principal e o consequente alargamento da área de influência do Centro Distribuidor de Intaka, vai reduzir o volume de água abastecida aos bairros da zona norte da cidade, a partir do sistema principal da ETA de Umbelúzi.
O volume, que tem sido destinado àqueles bairros, vai servir para reforçar o abastecimento nas áreas críticas, como é o caso das áreas operacionais de Maxaquene e Laulane.
"Este projecto de furos visa suprir o défice que temos na fonte, na Estação de Tratamento do Umbelúzi”, enfatizou.
A filosofia da Águas da Região de Maputo é, segundo José Barata, potenciar os furos como alternativa e trazer mais água para uma parte do norte da cidade, e realocar a água proveniente do Umbelúzi para outros bairros.
Importa realçar que, apesar da realização das obras, cujo término está previsto para fim do mês em curso, a empresa AdeM continua a abastecer água aos bairros alimentados pela linha principal.(Carta)