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BCI
domingo, 24 março 2019 17:34

Beira renasce lentamente dos escombros

A Beira está aos poucos a soerguer-se dos escombros. Dez dias depois de ter sido interrompida a circulação rodoviária, devido aos estragos provocados pelo Ciclone IDAI, a cidade da Beira voltou a estar acessível ao país e a região austral por terra, após a reabertura, esta tarde, da Estrada Nacional nº 06, que liga aquela cidade ao resto do país e ao hinterland. A ligação ficou completa esta tarde, depois de ontem, ter-se aberto o desvio de Lamego, onde uma das quatro pontes ficou destruída.

 

Ontem, nove dias depois ter ficado completamente às escuras, a capital provincial de Sofala voltou a ficar iluminada com energia eléctrica da rede nacional. Para além de ter ceifado, até ao momento, 446 vidas humanas, o IDAI arrasou infra-estruturas, incluindo postes de energia, Postos de Transformação (PT) e a Subestação da Munhava.

 

O Hospital Central da Beira (HCB) foi dos primeiros beneficiários da energia eléctrica, ficando assim aliviado da pesada factura de 100 mil Meticais diários na aquisição de “diesel” para alimentar o gerador eléctrico que era a fonte da electricidade de que aquela unidade hospitalar necessitava. Falando aos jornalistas por ocasião da visita do Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, ao HCB, o director daquele Hospital disse que foram gastos quase 1 milhão de Meticais na compra de combustível para alimentar o gerador eléctrico.

 

É verdade que está ainda longe de estar normalizada a situação na Beira, mas quem nela circule à noite poderá notar o resultado do esforço e trabalho das equipas da Electricidade de Moçambique (EDM), que neste momento não têm tido mãos a medir para que a segunda cidade moçambicana volte ao que era dantes, pelo menos em termos de iluminação artificial. Para além do HCB, o Centro de Tratamento e Bombeamento de Água, a Maternidade da Munhava, o Aeroporto Internacional da Beira, bem como outros edifícios públicos e privados e algumas residências da cidade voltaram a estar ligados à energia eléctrica da rede nacional.

 

Fonte da EDM disse que tudo está sendo feito para que o mais rapidamente possível seja reposto o fornecimento de energia aos seus clientes. O maior desafio, segundo a mesma fonte, não passa apenas pelo restabelecimento da corrente eléctrica, mas também, e sobretudo, por evitar mortes por electrocução. Durante a sua visita ao HCB, Tonela sublinhou que a reposição da corrente eléctrica à cidade da Beira deve ter em conta a segurança das pessoas e das instalações, “para evitarmos situações indesejáveis”.

 

Com o restabelecimento da corrente eléctrica, as cidades da Beira e Dondo voltaram a ter água potável, conforme anunciou o FIPAG (Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água) na sexta-feira. Apesar de o sistema de abastecimento registar zonas com baixas pressões, a verdade é que Beira voltou a ter água potável, nove dias depois. O regresso à normalidade naquela urbe não se verifica apenas nas acções a que se fez referência.

 

Dinheiro do BCI de volta, comunicações repostas

 

Na quinta-feira (21), o Banco Comercial e de Investimento (BCI) anunciou a reabertura dos seus balcões na cidade da Beira, assim como o restabelecimento do funcionamento da maioria das ATMs (das 38 existentes, na província, 21 estavam operacionais). No mesmo dia, as operadoras de telefonia móvel ‘Moçambique Telecom’ e ‘Vodacom’ restabeleceram completamente o tráfego de voz e dados. A Movitel foi a primeira a repor, em alguns bairros daquela cidade, o sistema de comunicações.

 

O retorno paulatino da cidade da Beira à normalidade começou no passado domingo (17), dois dias após o Ciclone, com a reabertura do tráfego aéreo.

 

Os números que ainda assustam!

 

Enquanto a vida vai lentamente regressando à normalidade, não deixa de haver más notícias que ainda assustam o país e o mundo. A pior dessas notícias é o constante aumento do número de mortos que o Ciclone IDAI deixou atrás. Até este domingo de manhã falava-se de 446 óbitos no total. Nos centros de acolhimento ainda existem 110 mil pessoas, e o número de afectados pelo IDAI é de 531 mil. O número de mortos tende a subir exponencialmente, devendo ultrapassar mil dentro de pouco tempo. Em algumas regiões costeiras de Sofala há corpos que estão a ser ‘devolvidos’ pelo mar. Só em Nhamatanda, o administrador deste distrito disse que até este sábado tinham sido contabilizados 114 mortos e 69 desaparecidos.

 

Cargueiro da Força Aérea Portuguesa na Beira

 

Na tarde da passada sexta-feira (22) aterrou na Beira um cargueiro da Força Aérea Portuguesa com 40 homens e dois cães para operações de salvamento. A equipa lusa incluía dois médicos, idêntico número de enfermeiros, um farmacêutico, 25 fuzileiros, engenheiros e outro pessoal de diferentes ramos. Na ocasião, o Governador de Sofala, Alberto Mondlane, manifestou a sua satisfação pelo gesto de Portugal, considerando-o demonstrativo de que as relações entre aquele país europeu e Moçambique são boas. Através de um avião fretado pelo Estado português, Portugal vai repatriar seis cidadãos lusos que viviam na Beira, que manifestaram o desejo de regressar ao seu país. (Carta)

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