É estimado em 150 mil o número de novos casos de tuberculose diagnosticados anualmente em todo o território nacional. Esta situação coloca Moçambique na lista dos 30 países com maior incidência de tuberculose no mundo. Em termos de mortalidade por causa daquela doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde OMS), o nosso país ocupa o sexto lugar. Moçambique também é um dos poucos países cujos níveis de tuberculose não estagnaram nem reduziram, nos últimos anos.
Dados da OMS indicam que a incidência da tuberculose em todo o país é de 552 por 100 mil habitantes. Dos casos notificados de tuberculose, 58% são também HIV positivos. A taxa de deteção é de apenas 37%, o que implica um grau de incerteza enorme sobre a real carga da tuberculose em Moçambique.
Também no nosso país, estima-se que os números de casos da tuberculose estejam associados a cinco principais factores de risco que incluem álcool e diabete, com aproximadamente 10 mil casos cada, tabagismo (30 mil), HIV (cerca de 60 mil), e desnutrição (aproximadamente 58 mil). No entanto, ainda segundo dados da OMS, anualmente verifica-se que o número de pessoas com tuberculose tende a reduzir. A nível mundial, a média de redução era de 1.8% entre 2016 e 2017, mas espera-se que até 2020 aquela percentagem suba para 4% a 5%, e 10% até 2025.
Ana Magaia (nome fictício) foi diagnosticada com tuberculose no ano passado. Conforme ela própria conta, foi contaminada na fila de um hospital enquanto fazia um exame pré-natal perto de uma jovem que tossia sem parar. Magaia diz que em nenhum momento teve a preocupação de tapar a boca. Contou ainda que depois do parto teve de se separar da filha para fazer tratamento.
“Descobri que tinha tuberculose em Fevereiro do ano passado, dois meses após ter tido o parto. Contei com o apoio da minha família para cuidar da minha filha enquanto fazia o tratamento, que cumpri à risca. No princípio não foi fácil mas, nove meses depois, quando fui fazer controlo, a emoção foi tanta quando o médico me disse que já estava curada. Hoje tenho tomado cuidados a dobrar para que ninguém da minha família passe pelo mesmo sufoco. A tuberculose tem cura, basta alguém, que ficou contaminado, cumprir com o tratamento”.
Por ocasião do Dia Mundial da Tuberculose, que se comemorou este domingo (24), o Presidente da República, Filipe Nhusy, participou no passado sábado (18) num Diálogo Nacional sobre a Tuberculose, organizado pelo Ministério da Saúde e parceiros. No encontro, o Chefe do Estado reiterou a importância do empenho de todos os moçambicanos no acesso à saúde para a erradicação da tuberculose até 2030. (Marta Afonso)