Os professores prometeram e cumpriram com o boicote aos exames, especialmente na província de Maputo. "Carta" contabilizou cerca de nove escolas, onde os alunos foram retirados das salas de aula pelos professores, sob a alegação de que o Governo não pagou as horas extras em atraso, que se verifica desde 2022.
A paralisação dos exames aconteceu em várias escolas secundárias, tais como da Liberdade, de Matlemele, da Matola, Malagatana Nguenha, Eng. Filipe Nyusi, Nelson Mandela, do Bili, da Massaca e Unidade 2, todas na província de Maputo.
“Já bebemos água o suficiente, inclusive tivemos várias reuniões com as direcções provinciais e com o próprio Governo, sendo que nenhuma conversa surtiu efeito. Todos os dias só fazem promessas que nunca cumprem”, disseram os professores da Escola Secundária Eng. Filipe Nyusi que, por sinal, foram os primeiros a contactar a Redacção da “Carta” na manhã desta segunda-feira, informando que estavam a mandar embora os alunos porque o Governo não cumpriu com a sua promessa.
Na Escola Secundária Unidade 2, por exemplo, a direcção da escola deu batas aos vizinhos, que tiveram de pular o muro para controlar o único exame de português que foi realizado, enquanto os professores se manifestavam do lado de fora, exigindo pagamento das horas extras. "Não estamos a pedir nenhum favor, estamos a exigir aquilo que são os nossos direitos e não vamos entrar nas salas de aula enquanto não formos pagos", afirmaram os professores.
Na Escola Secundária da Liberdade, a direcção tentou negociar com os professores, horas antes do início dos exames, mas sem sucesso. Os professores mantiveram-se firmes na sua decisão de não entrar nas salas de aula.
No caso da Escola Secundária da Matola, os professores entraram nas salas e dispersaram os alunos, que saíram aos cânticos e ao som de apitos, em apoio à causa da classe. Em Boane, depois de os professores mandarem os alunos da 12ª classe saírem das salas e irem para casa, estes decidiram juntar-se e iniciar uma marcha ao som de “vuvuzelas” e apitos.
Quanto à capital do país, apesar do boicote de alguns professores, na maioria das escolas os alunos realizaram os exames normalmente. Vale ressaltar que nesta segunda-feira haviam sido agendados os exames de Português e Biologia para a 10ª e Português e Filosofia para a 12ª classe, mas, em algumas escolas, só foi possível realizar um único exame devido ao boicote.
"Carta" soube que alguns funcionários do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), destacados para o terreno para acompanhar a situação de perto, prometeram que o pagamento das horas extras seria efectuado até ao fim do mês corrente. (Carta)