Os escritórios da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) no distrito de Mogovolas, na província de Nampula, foram alvo de ataque, na última sexta-feira (29), por parte da população, resultando em vários danos. A situação forçou a paralisação das actividades.
Mais uma vez, a desinformação sobre a cólera foi a principal causa da destruição. Os atacantes acusam os funcionários da MSF de alegadamente estarem a propagar micróbios que causam a cólera, que assola aquela região de Nampula.
Uma fonte revelou à "Carta" que, antes do ataque aos escritórios da organização, os populares haviam deixado uma carta na qual alertavam que, caso as mortes por cólera não cessassem, as instalações e os contentores alocados para serviços de cirurgia seriam destruídos.
A mesma fonte acrescentou que, nos últimos dias, as autoridades têm enfrentado dificuldades para manter uma boa convivência com a população. Recentemente, os operadores de táxi-mota de uma praça local se recusaram a manter um encontro com o administrador local.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula confirmou a destruição dos escritórios da MSF, resultante da desinformação sobre a origem da cólera, propalada por indivíduos ainda desconhecidos. A porta-voz da PRM, Rosa Chaúque, confirmou o ataque às instalações da organização Médicos Sem Fronteiras.
“Um grupo de indivíduos desconhecidos invadiu as residências dos Médicos Sem Fronteiras, munido de bombas caseiras e instrumentos contundentes. Amarraram o guarda do local, incendiaram um veículo e uma motorizada e subtraíram um telemóvel, alegadamente por estes estarem a distribuir medicamentos contra a cólera naquele distrito”, disse em conferência de imprensa esta segunda-feira (2), na cidade de Nampula.
A fonte garantiu que "decorrem, neste momento, diligências para a neutralização dos autores deste acto. Refira-se que o distrito de Mogovolas é o único que, neste momento, regista casos de cólera ao nível da província de Nampula, com sete óbitos confirmados até ao momento. (Carta)