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Redacção

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O Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, anunciou quarta-feira finda (27), em Maputo, que o Governo está prestes a saldar a dívida atrasada do Estado com os fornecedores nacionais de bens e serviços.

 

Falando no lançamento do Terceiro Mercado da Bolsa de Valores de Moçambique, Vuma avançou ainda que o Governo irá saldar inclusive a dívida não reconhecida pelo Tribunal Administrativo. “Oportunamente, ainda esta semana, vamos anunciar como será feito o processo de notificação das empresas abrangidas neste”, avançou o Presidente da CTA.

 

Contraída no período de 2007 a 2017, a dívida total do Estado aos fornecedores de bens e serviços, ascende os 29.7 biliões de Meticais (Mts), mas o Governo apenas assumira pagar 19.5 biliões, dos quais 16.9 biliões de Mts de nível central e 2.4 biliões Mts de nível provincial. 

 

Conforme anunciou, o Presidente da República, Filipe Nyusi, os fundos para o pagamento da dívida dos fornecedores provirá dos 880 milhões de USD das mais-valias que o Estado encaixou no negócio da venda da Anadarko à Occidental e esta à Total.

 

Dados avançados por analistas económicos indicam que o pagamento dessa dívida irá contribuir para a recuperação do crescimento económico que este ano irá baixar devido aos efeitos dos ciclones Idai e Kenneth. (Evaristo Chilingue)

O sector bancário registou, ano passado, um aumento de 8 mil milhões de Mts em empréstimos e adiantamentos, ao passar de 249 mil milhões de Mts, em 2017, para 257 mil milhões de Mts, registados em 2018.

 

A informação vem expressa no relatório da mais recente “Pesquisa Sobre o Sector Bancário”, divulgado na passada terça-feira, referente ao ano de 2018. De acordo com o documento, elaborado pela Associação Moçambicana de Bancos (AMB) em parceria com a auditora KPMG, o facto representa um aumento de 3 por cento, o que, de acordo com a análise, contrasta com a diminuição verificada entre 2016 e 2017, que foi de 16 por cento.

 

Para este resultado, justifica o documento, contribuíram cinco factores, começando pela taxa de crescimento económico moderada (3,5 por cento) verificada em 2018, comparada aos 3,7 por cento e 3.8 por cento registados em 2017 e 2016, respectivamente.

 

Segue-se, de acordo com os analistas da AMB e KPMG, a falta de disponibilidade de crédito de qualidade no mercado, o que significa que os intervenientes do sector bancário não estavam dispostos a conceder créditos às empresas e particulares que os solicitavam.

 

Contribuíram também o alto regime das taxas de juro praticadas no mercado que, embora tendem a baixar, ainda continuam altas; a depreciação do metical em relação ao dólar, o que significa maior exposição para empréstimos que são concedidos em moeda estrangeira (mais de 10 por cento dos empréstimos concedidos no sector bancário são denominados em moeda estrangeira); e o aumento do nível de empréstimos em incumprimento, devido às condições económicas adversas.

 

De acordo com a pesquisa, o rácio médio de empréstimos em relação aos depósitos diminuiu de 63 por cento, em 2017, para 57 por cento, em 2018. “Este decréscimo do rácio de empréstimos aos depósitos indica a mudança do sector no sentido de investimentos financeiros em Bilhetes do Tesouro e Obrigações. Pode ser, igualmente, interpretado como a falta de crédito com qualidade que os intervenientes do sector têm vindo a reclamar nos últimos anos”, defendem os analistas.

 

Relativamente ao desempenho dos intervenientes do sector bancário (bancos), o estudo destaca os Bancos Comercial e de Investimentos (BCI) e Internacional de Moçambique (BIM), que reduziram o tamanho das suas carteiras de crédito em 3.7 mil milhões de Mts e 11.4 mil milhões de Mts, o que equivale a 5 por cento e 17 por cento, respectivamente.

 

Porém, no que respeita aos empréstimos e adiantamentos, o ranking do sector continua o mesmo: o BCI, BIM e Standard Bank ocupam as três primeiras posições, respectivamente. (Carta)

O sector bancário registou, no ano passado, um lucro de 17 mil milhões de Mts, valor contabilizado antes dos impostos. Os dados constam de um relatório intitulado “Pesquisa Sobre o Sector Bancário”, referente ao ano de 2018, publicado na última terça-feira, em Maputo.

 

De acordo com o estudo, levado a cabo pela Associação Moçambicana de Bancos (AMB) e pela auditora KPMG, o valor representa um crescimento de 27 por cento nos lucros da banca moçambicana, relativamente ao ano de 2017, em que os ganhos, antes dos impostos, foram de 13.4 mil milhões de Mts.

 

Segundo a pesquisa, o desempenho deveu-se a três factores, nomeadamente: a redução global do nível de imparidades na demonstração de resultados, a estabilidade da taxa de câmbio e a contenção de custos e iniciativas de redução de custos.

 

Dos 19 bancos analisados pela pesquisa, apenas 14 apresentaram resultados positivos. Desses, destaque vai para o Banco Internacional de Moçambique, vulgo “Millennium BIM”, que teve um lucro de mais de 6.3 mil milhões de Mts, tendo ocupado a primeira posição, em troca com o Standard Bank que, em 2017, ocupara tal posição.

 

Este ano, o Standard Bank teve um lucro de mais de 5.5 mil milhões de Mts, quase idêntico ao de 2017, tendo havido uma diferença de apenas 2.255 Mil Mts (em 2017, o lucro foi de 5.595.286 Mts, enquanto em 2018 foi de 5.597.541 Mts).

 

Já em terceiro lugar manteve-se o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), que obteve um lucro de 4 mil milhões de Mts, depois de, em 2017, ter lucrado 2.4 mil milhões de Mts.

 

Destaque vai ainda para os bancos MyBucks Banking Corporation (MCB) e First Capital Bank (FCB), que conseguiram sair da situação negativa, em que se encontravam, em 2017, para uma positiva, em 2018. O MCB saiu de um prejuízo de mais de 67 milhões de Mts, em 2017, para um lucro de mais de 157 milhões de Mts.

 

Já o FCB tinha registado um prejuízo de mais de 135 milhões de Mts, em 2017, enquanto em 2018 conseguiu fechar as contas com um lucro de mais de 7 milhões de Mts.

 

Quem ainda continua com as contas no vermelho é o “recapitalizado” Moza Banco que, depois de ter tido um prejuízo de 1.4 mil milhões de Mts, em 2017, no ano passado teve um desempenho negativo de mais de 768 milhões de Mts – caso para dizer que ainda continua longo o caminho a ser trilhado por aquele banco, maioritariamente moçambicano.

 

Por seu turno, o Banco Terra, recentemente “anexado” ao Moza Banco, teve um desempenho negativo de mais de 361 milhões de Mts, depois de, em 2017, ter obtido lucros avaliados em mais de 5 milhões de Mts.

 

First National Bank (FNB), Banco MAIS e Société Générale Moçambique são outros bancos, cujos resultados estão no vermelho. (Carta)

Julião João Cumbane, novo Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Parques de Ciências e Tecnologias-EP A cerimónia de tomada de posse do “prof.” Julião João Cumbane, esta quinta-feira, não podia ter terminado da melhor forma. Ao estilo que nos habituou, Cumbane, sem pestanejar, não deixou sem resposta os seus detractores.

 

“São especulações” – assim respondeu o novo Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Parques de Ciências e Tecnologias-EP aos que olham para a sua nomeação para o cargo como uma gratificação por ter demonstrado competências na ciência do “lambebotismo”.

 

Julião Cumbane explicou que tudo não passa de meras especulações dos seus detractores, precisamente porque o cargo para o qual acabara de ser investido é público, sendo que qualquer cidadão moçambicano, independentemente da sua filiação partidária (ligação ao partido Frelimo), com provas de competência dadas, pode perfeitamente ser nomeado para o exercício de função similar.

 

Deste modo, ajuntou Cumbane, a sua indicação não resulta da sua militância fervorosa no partido Frelimo, mas, sim, por se ter constatado que ele detém as competências necessárias para o exercício das funções para as quais foi lhe conferida posse, pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

 

“Bom, essas são especulações porque o cargo para o qual acabo de ser empossado, neste momento, é um cargo público. É um cargo ao qual qualquer cidadão moçambicano independentemente da sua filiação partidária, desde que prove ter competências bastantes para o seu exercício pode ser nomeado, independentemente de ser ou não da Frelimo. Eu não creio que a minha indicação para esta tarefa seja consequência de eu ser um militante da Frelimo. Eu penso que é por ser cidadão moçambicano que foi visto como tendo as competências necessárias para o exercício da função que me é atribuída neste momento”, respondeu Cumbane.

 

Logo após o anúncio da sua nomeação para cargo de PCA da Empresa Nacional de Parques de Ciências e Tecnologias, inúmeras foram as reacções em torno da mesma, com boa parte da opinião pública a questionar, primeiro, a competência do nomeado e, segundo, os critérios tidos em conta para a sua escolha, conhecido que é o seu exacerbado activismo “político-partidário”.

 

Aliás, o professor Julião Cumbane, desde os finais do último mandato de Armando Guebuza até ao presente de Filipe Nyusi, em debates televisivos e através da sua conta na rede social Facebook, tem destilado o ódio contra todos os que pensam diferente e endeusando, nos últimos cinco anos, actual chefe de Estado e o partido Frelimo.

 

“Vamos viver os problemas da empresa”

 

Num outro desenvolvimento, o novo PCA deixou a garantia de tudo fazer para reverter o quadro que a empresa apresenta neste momento. A ideia, anotou o empossado, é tornar produtiva a Empresa Nacional de Parques de Ciências e Tecnologias”

 

“Estamos a assumir a empresa neste momento, vamos inteirar-nos dos seus problemas e na base do diálogo iremos encontrar saídas para os mesmos. Do pouco conhecimento que temos da realidade da empresa está claro que os desafios são aqueles que foram indicados pelo Primeiro-Ministro neste acto e vamos trabalhar para responder a todos estes desafios para que tais problemas não mais existam e haja produtividade na empresa”, garantiu. (Carta)

sexta-feira, 29 novembro 2019 05:12

As nomeações da discórdia

Amorim Bila (a esquerda), Gustavo  Mavie (ao centro) e Julião Cumbane (a direita) são as novas apostas do Governo

Ontem o conhecido (e polémico) Professor Julião João Cumbane tomou posse como PCA de uma empresa pública – a Empresa Nacional de Parques de Ciência e Tecnologia, EP – cuja existência, até há meia dúzia de dias, era apenas do conhecimento exclusivo de alguns privilegiados. Ainda assim, é de notar que se trata de uma empresa criada há largos anos, e cujo Conselho de Administração vinha sendo presidido por Flávia Zimba (ex-Directora do Gabinete da 1ª Dama e também ex-esposa do antigo Ministro Aiuba Cuereneia).

 

Em declarações aos jornalistas, logo a seguir à sua tomada de posse, Cumbane fez questão de garantir o seguinte: «A minha nomeação para PCA da Empresa Nacional de Parques de Ciência e Tecnologia-E.P, tem a ver com as minhas competências. Qualquer cidadão moçambicano pode ser indicado para presidente do Conselho de Administração de uma EP».

 

Mas será que essas palavras convencem a toda a gente?…

 

Nos últimos meses, e ainda antes da nomeação do professor universitário para tão alto cargo numa EP, a indicação de outras duas figuras para lugares de nomeada de instituições públicas também causara algum reboliço: primeiro foi Gustavo Mavie (antigo director da AIM), que para a surpresa de muitos passou a integrar o Conselho de Administração da Stema – Silos e Terminal Graneleiro da Matola e, mais recentemente, Amorim Bila, nomeado Director Adjunto do GIFiM – Gabinete de Informação Financeira de Moçambique.

 

O burburinho a nível da “vox-populi” não é para menos: é que o facto destas figuras serem sobejamente conhecidas como acérrimas defensoras do partido no poder – e particularmente acutilantes no processo de recondução do PR a este novo mandato – abre “brechas” para que se especule, entre outras coisas, que a lista de nomeações (barra “premiações”) não parará por aqui, dado que existem ainda outras personagens que desempenha(ra)m um papel em tudo semelhante ao das três supramencionadas, as quais neste momento ainda se encontram em stand-by, ou seja, “sem pasta(s)”. São personalidades que igualmente pululam na comunicação social, fazendo odes ao sistema.

 

As várias questões que se colocam são: será que é mesmo desse jeito que o estado moçambicano pretende continuar a agir no concernente às empresas públicas? Elas existem para agraciar certas individualidades com “tachos”? Afinal qual é, e com que fins, são criadas as EP´s? Que valor acrescentado poderão efectivamente trazer estes nossos compatriotas, nomeados administrativamente, para tão importantes cargos, sabendo-se que o principal cancro das EP´s em Moçambique reside justamente na péssima qualidade da sua gestão?

 

Por definição, as empresas públicas actuam em áreas e contextos definidos como prioritários, pelo estado, realizando as suas actividades no quadro dos objectivos socioeconómicos deste (Estado).

 

A Lei 3/2018, de 19 de Junho, estabelece o quadro legal para o Sector Empresarial do Estado (SEE). Os seus princípios orientadores regem-se, entre outros, pela prossecução do interesse público; Integridade, ética e boa-fé; e ainda pela Imparcialidade e meritocracia.

 

Ora bem, uma vez que de entre os órgãos estatutários dessas empresas, faz parte o Conselho de Administração (responsável pela gestão da empresa, e presidido por um PCA), designado pelo Conselho de Ministros – e não por concurso público – está claro que este “formato” de nomeação colide frontalmente com a questão da “imparcialidade e da meritocracia”.

 

Pelo menos para o entendimento do cidadão comum.

 

Ademais, é de domínio público que a maioria das empresas públicas controladas pelo Estado apresentara resultados negativos ao longo dos últimos três anos. Aliás, ainda há escassos meses foi reportado que, de um total de 13 das mais emblemáticas EP´s nacionais auditadas, apenas duas apresentaram contas positivas – nomeadamente, os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique e os Correios de Moçambique.

 

De “monstros” como as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), Petróleos de Moçambique (Petromoc), Aeroportos de Moçambique ou Electricidade de Moçambique (EDM), nem se fala: vêm apresentando défices sobejamente conhecidos há já bastante tempo.

 

A própria PCA do Instituto de Gestão das Participações do Estado, IGEPE, Ana Coana, afirmou recentemente que a falta de robustez financeira das empresas públicas e participadas pelo estado – cujo total ascende uma centena – dificulta o processo de restruturação financeira no âmbito da implementação da já aludida Lei do Sector Empresarial do Estado.

 

Assim sendo, facilmente se depreende que os problemas das EP´s têm tudo a ver com a sua gestão duvidosa.

 

Logo, é imperioso que as nomeações para os mais altos cargos das mesmas não pode e nem deve ser apenas por confiança política ou de qualquer outra espécie.

 

A mais recente movimentação na presidência do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Parques de Ciência e Tecnologia afigura-se um caso paradigmático de que os “skills” relativos à gestão empresarial não são prioridade no momento da escolha e nomeação das figuras que devem ocupar lugares de proa no sector empresarial do estado.

 

E a manter-se esta toada de nomeações administrativas, é de prever que o grosso das EP´s continuará com as “contas no vermelho”, ainda que se estabeleçam os tais “novos princípios e regras, visando dotá-las de eficácia, eficiência e maior rigor” – conforme prometeu recentemente o Ministro da Economia e Finanças. (Homero Lobo)

Mais de duas centenas de funcionários do Conselho Municipal da Cidade de Angoche, na província de Nampula (dos 420 integrados no quadro de pessoal), iniciaram uma greve, na manhã desta quinta-feira (28), em reivindicação do não pagamento de três meses de salários deste ano, do 13º vencimento do ano passado, bem como dos cortes salariais de que têm sido vítimas, de forma constante.

 

À “Carta”, os funcionários contaram que as restrições no pagamento de salários verificam-se desde Fevereiro último, quando Ossufo Raja, Edil eleito a 10 de Outubro de 2018, pela lista da Renamo, assumiu as rédeas da terceira maior cidade da província mais populosa do país, Nampula. Os cortes, que consideram inexplicáveis, variam entre os 500 os 1.200 Mts.

 

Para os funcionários, há falta de vontade política, por parte do Edil de Angoche, para resolver este problema que deixa centenas de famílias numa situação de fome e miséria. Acrescentam que já levaram o caso ao conhecimento do Administrador do Distrito e à Direcção Provincial da Economia e Finanças de Nampula, mas sem sucesso.

 

Assim, goradas as tentativas de resolver o problema por via pacífica, os trabalhadores daquele município decidiram abandonar os seus postos de trabalho e saíram às ruas para exigir o pagamento do que lhes é devido. As fontes garantem ainda que sem um “frente-a-frente” com Ossufo Raja, os protestos vão continuar, não havendo data para a sua cessação.

 

Entretanto, o autarca da Cidade de Angoche, Ossufo Raja, desdramatiza a situação e afirma que a greve é ilegal, por ter sido convocada e realizada sem o conhecimento da instituição que dirige, como é de Lei.

 

À “Carta”, Raja negou haver cortes salariais nos funcionários da Edilidade, assim como defendeu não existirem salários em atraso. Garantiu que a única dívida salarial que o Conselho Municipal tem com os funcionários é referente ao mês de Janeiro último, que transitou da anterior gestão, liderada pela Frelimo, para a actual.

 

Porém, diz que já havia assegurado aos trabalhadores que seriam pagos até Dezembro deste ano. “Recebemos a transferência na quarta-feira (27 de Novembro), por parte do Governo, para o pagamento desse salário em atraso”, afirmou, frisando que nunca teve problemas salariais, apesar da demora na canalização do Fundo de Compensação Autárquica, de Estradas e de Investimentos, por parte do Governo.

 

Para o Edil de Angoche, a greve tem motivações políticas e acusa a Frelimo, na pessoa do seu Chefe da Bancada na Assembleia Municipal, de instrumentalizar os funcionários para fins inconfessáveis. (Carta)

O Tribunal Superior sul-africano apreciará a 11 de dezembro o pedido de autorização de Moçambique para recorrer da sentença que ordena ao Governo de Ramaphosa que decida a extradição do ex-ministro moçambicano Manuel Chang, disse à Lusa fonte judicial.

 

"O tribunal marcou para o dia 11 de dezembro a audição do pedido de autorização do Governo de Moçambique para recorrer da sentença para o tribunal de apelação em Bloemfontein", disse a fonte à Lusa.

 

"Eles [Moçambique] querem apelar da decisão, mas precisam de aprovação primeiro", salientou.

 

Segundo a fonte, o pronunciamento final do ministro da Justiça sobre a extradição do antigo ministro das Finanças de Moçambique dependerá da decisão do tribunal no próximo dia 11.

 

Em 1 de novembro, o Tribunal Superior da África do Sul, divisão de Gauteng, em Joanesburgo, ordenou o atual ministro da Justiça da África do Sul, Ronald Lamola, a determinar se o ex-governante moçambicano Manuel Chang deve ser extraditado para o seu país ou para os Estados Unidos.

 

Em 13 de julho, Ronald Lamola solicitou, após a sua nomeação pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que a decisão do anterior ministro Michael Masutha fosse analisada e anulada por ser contrária às disposições da Lei de Extradição sul-africana.

 

Masutha anunciou a decisão de extraditar Manuel Chang para Moçambique no último dia no Governo.

 

No mandato de Masutha, o ex-ministro das Finanças de Moçambique enfrentou dois pedidos de extradição - dos EUA e de Moçambique - onde na altura gozava de imunidade parlamentar.

 

Desde então, o ex-governante Manuel Chang, que é um alto quadro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o partido no poder em Moçambique desde 1975, renunciou ao lugar de deputado à Assembleia da República e perdeu a imunidade inerente ao cargo, anunciou em 24 de julho, em Maputo, a presidente do parlamento moçambicano, Verónica Macamo.

 

Todavia, o Governo sul-africano sustenta que a imunidade do antigo governante moçambicano "ainda persiste" como impedimento para ser processado judicialmente em Moçambique no caso das dívidas ocultas, afirmou à Lusa em 16 de outubro o advogado do Estado sul-africano Johan van Schalkwyk.

 

Manuel Chang, que é aguardado para julgamento num tribunal de Nova Iorque, encontra-se detido na África do Sul desde 29 de dezembro de 2018, a pedido da Justiça dos Estados Unidos, por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro numa burla internacional de 2,2 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros).

 

A detenção e pedido de extradição de Manuel Chang estão relacionados com o seu papel na prestação de avales financeiros do anterior Governo moçambicano, presidido pelo ex-Presidente Armando Guebuza, para criar as empresas públicas moçambicanas Ematum, Proíndicus e MAM, de segurança marítima e pesca, à revelia da Assembleia da República e do Tribunal Administrativo de Moçambique.

 

Jean Boustani, o negociador da empresa Privinvest, que é acusada de subornar governantes e políticos moçambicanos, afirmou recentemente num tribunal de Nova Iorque que a empresa pagou cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros) a Manuel Chang no âmbito das dívidas ocultas.

 

Entre os nomes enumerados na lista de transferências de dinheiro feitas desde 2013 pela Privinvest, estão ainda Lizete Chang, falecida esposa do ex-ministro das Finanças Manuel Chang, o antigo chefe de Estado Armando Guebuza e dois filhos deste.

 

A construtora naval Privinvest era a fornecedora de embarcações e equipamentos para as empresas públicas moçambicanas Ematum, MAM e Proíndicus, que entraram em incumprimento em 2016 no pagamento dos empréstimos internacionais contraídos junto dos bancos Credit Suisse e VTB Bank da Rússia. (Lusa)

Foi inaugurada, na manhã desta quinta-feira, 28 de Novembro, a Estação de Tratamento de Água Compacta (ETA), na Barragem de Corumana, no distrito de Moamba, província de Maputo, com capacidade para tratar 30.000 m³/dia e que irá permitir o acesso à água potável a cerca de 25 mil pessoas da região do Grande Maputo.

 

Financiado pelo governo moçambicano, no valor de 530 milhões de meticais, a ETA de Corumana começa a funcionar no próximo dia 20 de Dezembro. Segundo João Machatine, Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, neste momento, decorrem os procedimentos de limpeza dos filtros de água e a colocação da conduta adutora de 95 Km em carga, para detectar eventuais fugas de água.

 

Para o Presidente da República, Filipe Nyusi, que presidiu o acto, a ampliação dos sistemas, infra-estruturas de abastecimento de água e preservação do património já existente visa aumentar a oferta e melhorar a qualidade dos serviços de fornecimento de água potável.

 

De acordo com o Chefe de Estado, o desafio com o abastecimento de água e saneamento constitui uma das acções prioritárias da sua governação por entender que está ligada ao desenvolvimento do capital rural.

 

No seu discurso, Nyusi defendeu que a seca que se tem verificado na zona sul, desde 2014, tem limitado a principal fonte de abastecimento de água na área metropolitana de Maputo – a Barragem dos Pequenos Libombos – afectando cerca de 1.3 milhão de habitantes de Boane, Matola e Cidade de Maputo.

 

Filipe Nyusi afirmou ainda que, para melhorar o abastecimento de água na região do Grande Maputo, está em obra outra ETA, no Posto Administrativo de Sabié, com capacidade de 60.000 m³/dia. As obras irão terminar durante o quarto trimestre de 2020. (Marta Afonso)

A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) lançou, na última quarta-feira (27), em Maputo, o Terceiro Mercado de Bolsa. De acordo com informações colhidas no local, o novo mercado é um segmento alternativo da BVM, com um único objectivo de incubar ou preparar as empresas para ingressar no Segundo Mercado, devido a dificuldades que muitas delas enfrentam no momento do pedido de admissão ao mercado bolsista.

 

De entre os vários desafios, destaca-se a apresentação de contas não auditadas e a ausência de dispersão das acções pelo público.

 

De acordo com a BVM, o novo mercado destina-se a transaccionar acções em relação às quais não se verifica o cumprimento total de requisitos no momento do pedido de admissão à cotação, devendo a empresa (a cotar-se) reunir, cumulativamente, todos esses requisitos, num horizonte temporal não superior a dois anos.

 

Na ocasião, “Carta” apurou ainda que o Terceiro Mercado funciona como um espaço de indução, preparação e até mesmo de praça transitória para o acesso aos mercados oficiais da BVM, nomeadamente, o Mercado de Cotações Oficiais para as grandes empresas e o Segundo Mercado com foco às Pequenas e Médias Empresas (PME).

 

Com este segmento de mercado, a BVM pretende disponibilizar ainda mais um mecanismo de inclusão e universalização dos serviços públicos prestados pela instituição, visando, simultaneamente, potenciar a boa governação corporativa e emponderar as empresas e os investidores.

 

Intervindo na ocasião, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da BVM, Salim Valá, enalteceu que a introdução deste segmento de mercado (o Terceiro) resultou da demanda concreta do sector privado. Acrescentou ainda que o lançamento do referido mercado foi antecedido por um estudo realizado entre 2018 e 2019, alinhado com as boas práticas internacionais e tem enquadramento na regulamentação vigente atinente ao assunto.

 

Por sua vez, o Presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), Agostinho Vuma, destacou a importância do novo mercado, por apresentar soluções que constituem alternativa de financiamento (principalmente às PME que constituem 98 por cento da matriz empresarial nacional), através do mercado de capitais que capta poupança para o investimento produtivo.

 

“Como parceiros da Bolsa de Valores, reiteramos aqui o nosso cometimento para que esta iniciativa contribua para o sucesso das empresas moçambicanas, através da facilitação do acesso ao financiamento pelas PME e promoção da adesão de empresas ao mercado de capitais”, apelou Vuma. (Evaristo Chilingue)    

A 83ª edição da tradicional Feira do Livro da Minerva abre hoje no novo espaço Minerva/Continental, com o lançamento de três livros que vão desde a poesia à ficção narrativa, passando pela literatura académica. Concretamente, a programação cultural compreende o lançamento do livro “Salpicos de Água e Sóis”, da deputada na Assembleia da República, Ivone Soares; das obras “CONSTITUIÇÃO PARA A PEQUENADA” e “A amarrada chuva de Kamutxhukêti” (ficção narrativa), ambas da autoria do Professor Doutor Teodoro Waty; e do livro “Olhão à Constituição da República”, da autoria do advogado Simeão Cuamba. 

 

A feira prolongar-se-á por 18 dias, com debates, apresentações, lançamentos, exposições, encontros com escritores, sessões de autógrafos, e outras celebrações em torno do livro e para todos os públicos. Todos os livros serão oferecidos a um preço promocional com descontos até 20%, um dos grandes motivos para a afluência de visitantes à feira.

 

A abertura da tradicional feira este ano coincide com a inauguração das novas instalações da Minerva, na avenida 25 de Setembro. Depois de mais de um século a funcionar na Avenida Consiglieri Pedroso, a mais antiga livraria do país (111 anos) passa para as instalações que durante muitos anos abrigaram o restaurante Continental.

 

Sob a designação MINERVA & CONTINENTAL, o novo espaço vai conciliar o conceito de livraria com o de restaurante, estando destinado à comercialização de livros, material informático, aparelhagem de som e TV’s, além de propor experiências gastronómicas num espaço agradável e confortável. A Minerva&Continental teve um investimento global de 160 milhões além da criar 50 postos de trabalho permanentes. (Carta)