A Feira do Livro ler é uma festa acontece pela segunda vez na Fundação acolhendo sessões de conversa, lançamentos de livros e venda de mais de 50 títulos de escritores como Fernando Leite Couto, João Paulo Borges Coelho, Mia Couto, Licínio de Azevedo, Sónia Sultuane, Albino Magaia, Melita Matsinhe, Hirondina Joshua, Macvildo Pedro Bonde, Bento Baloi, Edmilson Mavie e vários outros, com até 30% de desconto.
(Até 13 de Dezembro, na Fundação Fernando Leite Couto)
A Procuradoria Provincial de Maputo e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) reuniram-se semana finda, no distrito de Magude, com diferentes intervenientes no processo de combate à caça ilegal e abate de espécies protegidas, com o intuito de redesenhar as “estratégias de luta” contra este crime.
O evento, que durou três dias e teve como lema “Justiça Comprometida Com o Combate à Caça Furtiva e Fauna Bravia”, tornou-se num espaço fértil para que os órgãos da justiça, organizações da sociedade civil e o governo apresentassem as dificuldades que enfrentam no combate à caça furtiva, assim como as respectivas de propostas solução.
Falando na abertura do evento, o Administrador de Magude, Lázaro Mbambamba, afirmou que a caça furtiva já levou muitos jovens à morte naquele distrito, sendo que alguns contam com a protecção familiar.
Na sua intervenção, Mbambamba partilhou uma estória que aconteceu no princípio do ano, em que um jovem foi assassinado durante uma incursão furtiva e, quando as autoridades procuraram saber quem teria contratado o jovem para fazer o “trabalho”, a família não cooperou. Contou ainda Mbambamba que, em Magude, as cerimónias fúnebres são realizadas com apoio das autoridades governamentais, devido à falta de condições, mas que a referida família realizou a cerimónia sem necessitar de ajuda, o que levantou suspeitas de que esta conhecia os mandantes.
Por seu turno, Edna Tembe, Procuradora da 6ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Província de Maputo (TJPM) avançou que, de Janeiro a Outubro, foram registados 14 casos de caça furtiva, nesta parcela do país, sendo que alguns já foram julgados e outros ainda estão em fase instrução.
De acordo com a fonte, a falta de coordenação entre os actores judiciários tem dificultado, grandemente, a luta contra este tipo de crime.
Já o Gestor de Programas de Fauna na WWF-Moçambique, Marcelino Foloma, disse que o encontro visava aprimorar os elementos legais que permitem o combate cerrado à caça furtiva, pois, os actores nacionais que fazem parte do projecto transfronteiriço entre Moçambique e África do Sul precisam de conhecer todos os elementos legais, de modo a garantir uma luta eficaz e eficiente contra este crime.
Por sua vez, os participantes do evento foram unânimes em apontar Massingir como local onde a caça ilegal continua em alta. Afirmaram ainda que a impossibilidade de se realizarem exames de balística dificulta algumas investigações desenvolvidas pelos magistrados do Ministério Público. Mostraram-se também preocupados com o facto de as armas apreendidas nas mãos dos furtivos voltarem às suas mãos.
Aliás, em relação ao último ponto, Rosa Langa, Procuradora Distrital de Moamba, revelou que chegou a solicitar a investigação de todos os membros do Comando Distrital da PRM, naquele distrito, incluindo o Chefe da Polícia, que só aceitou falar após três solicitações.
No entanto, Evelina Gomane, Procuradora-Chefe da Província de Maputo, defendeu a necessidade de as equipas a nível dos distritos, fazerem um acompanhamento dos processos que dão entrada nos Tribunais, por um lado, e de intensificarem a coordenação, por outro.
Para Gomane, os serviços distritais deveriam “pautar” pela actualização constante dos números das incursões nas reservas e fazendas, assim como os respectivos casos de crimes contra a fauna bravia.
A Procuradora-Chefe da Província de Maputo afirmou ser de vital importância que as armas apreendidas nas mãos de furtivos passem a acompanhar os processos que estejam sob a égide do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e que aquelas que não constem em nenhum processo sejam destruídas para se evitar que voltem novamente a cair nas mãos dos caçadores furtivos. (Omardine Omar)
Com vista a atrair mais e maiores investimentos para o país, o representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Moçambique, Ari Aisen, defendeu sexta-feira última (29 de Novembro) a aposta em acções que visem a estabilidade macroeconómica do país.
O desafio que Aisen coloca ao Governo e, principalmente, ao regulador do sistema financeiro nacional, surge após o Ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, defender benefícios fiscais para a atracção de investimentos, durante as II Jornadas Científicas da Autoridade Tributária de Moçambique (AT).
Como orador principal nesse evento que decorreu sob lema “Implicações dos Benefícios Fiscais na Mobilização das Receitas do Estado”, De Sousa disse em linhas gerais que a política fiscal tem de facilitar o investimento empresarial.
Durante a apresentação, o Ministro recorreu ao exemplo da cervejeira multinacional Heineken que veio ao país graças aos benefícios fiscais concedidos pelo Governo. Aquele Governante reconheceu ainda na ocasião que, embora o Estado não encaixe muitas receitas, devido a benefícios concedidos, a empresa opera no país, oferece postos de trabalho e não só.
Um dado não menos importante, frisou De Sousa, é que a Heineken veio estimular a concorrência e qualidade da cerveja, face ao monopólio que era detido pela Cervejas de Moçambique. No entanto, para o representante do FMI, não basta conceder os benefícios fiscais: o Governo deve trabalhar no sentido de manter a economia do país estável, reduzindo a inflação.
“Para além desses incentivos [benefícios fiscais], uma coisa que nós sabemos que os investidores privados olham é a estabilidade macroeconómica do país; é, por exemplo, uma inflação baixa, pois quando ela é alta os preços ficam voláteis e torna-se difícil planificar um investimento”, afirmou Aisen.
Perante um auditório de quase uma centena de participantes, desde gestores públicos, agentes económicos e estudantes, o representante do FMI no país justificou o seu posicionamento pela importância e relação do tema em debate com a estabilidade macroeconómica.
“A estabilidade macroeconómica implica estabilidade fiscal e esta implica uma receita tributária forte. Ora, Moçambique tem hoje poucos contribuintes, por isso é importante alargar a base tributária”, continuou Aisen em reforço da sua opinião.
Em última análise, aquele responsável do FMI em Moçambique defendeu a necessidade de o Governo apoiar um processo transparente e bem feito de incentivos que vão dar resultados e ao mesmo tempo fazer com que a base tributária seja alargada. (Evaristo Chilingue)
A cabotagem marítima vai arrancar no primeiro trimestre de 2020, anunciou, na sexta-feira, 29 de Novembro, o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita. Neste momento, foi já criada, para o efeito, uma empresa detida pela Transmarítima, em parceria com investidores franceses, decorrendo o processo de identificação das embarcações que vão operar este serviço.
A revitalização da cabotagem marítima no Pais (transporte de mercadorias via marítima ao longo da costa moçambicana) visa diversificar as modalidades de transporte, devendo ter como impacto imediato a redução do custo de transporte das mercadorias e a consequente queda de preços ao consumidor final.
Espera-se igualmente melhorar a comercialização agrícola, a aceleração do processo de industrialização das zonas próximas dos portos secundários e terciários, a criação de oportunidades de negócio para os empreendedores locais, entre outras vantagens.
Carlos Mesquita falava na primeira cerimónia de graduação da Escola Superior de Ciências Náuticas, uma instituição de ensino superior tutelada pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, que lançou para o mercado um total de 115 quadros formados em Navegação Marítima, Direito Marítimo, Programação em Sistemas Informáticos e de Telecomunicações, Engenharia Mecânica, Controlo de Sistemas, Engenharia Electrónica e de Telecomunicações, Engenharia de Máquinas Marítimas, e Economia e Gestão de Portos.
Na ocasião, Carlos Mesquita instou à instituição a relançar a formação completa de oficiais da Marinha Mercante para atender aos desafios que o País terá de enfrentar e vencer nos próximos tempos, tais como o fornecimento de mão-de-obra para operar navios de cabotagem marítima e dos grandes projectos. “Investir na formação é um passo fundamental para a sustentabilidade dos grandes projectos que vão demandar oficiais da marinha”.
De acordo com o governante, a modernização dos portos, a intensificação das actividades petrolíferas offshore, a exportação de carvão e areias pesadas, entre outros empreendimentos vão intensificar a necessidade da logística do reabastecimento e gestão das operações nas instalações de produção e transporte destas mercadorias, e demais operações, aumentando exponencialmente a procura por profissionais da marinha altamente qualificados.
“Estes projectos que o País está a implementar, de forma decisiva, devem ser vistos pela direcção desta escola e por todos os intervenientes no processo de formação de marítimos como uma oportunidade para o estabelecimento de parcerias para superar os constrangimentos com que a instituição se depara actualmente, nomeadamente a problemática da disponibilidade de equipamentos como simuladores e unidades flutuantes para completar a formação dos cadetes da Escola Náutica”, referiu Carlos Mesquita.
O ministro dos Transportes e Comunicações manifestou a vontade de ver a Escola Superior de Ciências Náuticas a “formar oficiais da Marinha prontos para embarcar e trabalhar como tripulantes de navios nacionais, regionais e internacionais, tendo em atenção que a indústria marítima rege-se por convenções internacionais emanadas pela Organização Marítima Internacional”.
Por sua vez, a directora-geral da Escola Superior de Ciências Náuticas, Ana Maria Alfredo, frisou que a instituição está, actualmente, focada na busca de oportunidades com vista à obtenção de tempo de mar requerido à certificação, através de parcerias estratégicas com instituições que operam no sector dos Transportes e Comunicações”.
O Governo já está a movimentar-se no sentido de resolver definitivamente o problema das elevadas taxas de fronteira impostas aos camiões estrangeiros que entram no país através de E-swatine (antes Swazilândia). É caso para dizer: Finalmente!
É que no início, a 01 de Novembro passado, quando o reino de E-swatine agravou a taxa de entrada naquele país para 100 USD/ viatura (tendo depois baixado para 20.4 USD), em retaliação à mesma imposta por Moçambique, o Governo, através do Ministério dos Transportes e Comunicações e dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, não deu o devido apoio aos transportadores de passageiros – que são, no fundo, os principais afectados pela medida daquele país vizinho.
Desamparados pelo Governo, os transportadores nacionais decidiram, através da Associação Moçambique, África do Sul e Associados (MOSATA), com auxílio da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), negociar a redução da taxa com a homóloga do E-swatine a INTERSTAT. Após esta influenciar o Executivo do seu país, a taxa baixou para 300 Rands (ou seja 20.4 USD), mas para os operadores nacionais o valor continuava alto e por isso pediam que a mesma baixasse para um máximo de 100 Rands.
Sem resposta (mesmo com promessas por parte da INTERSTAT), os transportadores nacionais apontavam como solução agravar o preço de bilhete de passagem, dos actuais 100 Rands para 120 Rands, para evitar prejuízos decorrentes de altos custos operacionais, com destaque para a taxa de travessia. A nova taxa estava prevista para entrar em vigor a partir de 01 de Dezembro corrente.
Contudo, parece que os transportadores nacionais não terão de chegar a esse extremo, graças à intervenção da imprensa nacional, tendo a “Carta” assumido um papel de vanguarda na “multiplicação” da queixa daqueles operadores. Para além de reportar o agravamento pelo E-swatine, por retaliação, noticiamos (na última quarta-feira, 27 de Novembro), que o Governo negava ter agravado a taxa.
“Quem agravou a taxa foi a Swazilândia, já que o nosso governo continua (desde 2010) a cobrar os 50 USD, conforme reza o Decreto 26/2010 de 14 de Julho”, afirmou o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundos de Estradas, Ângelo Macuácua.
No entanto, no dia seguinte (quinta-feira, 28 de Novembro) o Governo, através do Ministro das Obras Públicas, Habitações e Recursos Hídricos, João Machatine, convocou uma reunião com a FEMATRO.
Entretanto, em conversa ontem com a “Carta” o Presidente da MOSATA, Ambrósio Lopes, avançou que Machatine terá garantido, no referido encontro, que o Governo está a negociar com E-swatine na perspectiva de resolver o problema e que até amanhã se pronunciará sobre o assunto.
“Fomos chamados pelo Ministro das Obras Públicas. Na ocasião, ele disse que já tinha falado com o Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquitas e que já se havia formado uma equipa para trabalhar no assunto, juntamente com o Governo de E-swatine", disse Lopes.
A alta taxa para entrar ou sair de E-swatine é um problema que afecta dezenas de transportadores nacionais, há um mês. Para além da MOSATA com 18 membros, existe a Associação de Taxis Tuva composta por 16 integrantes, mais seis associações. (Carta)
Quarenta e seis dias depois, os chamados presos políticos foram restituídos à liberdade mediante o pagamento de 720 mil meticais de caução. A este montante são acrescidos 17 mil meticais referentes às custas judiciárias.
Aos 18 delegados de candidatura do partido Nova Democracia (ND) foi concedida a liberdade, pela juíza do Tribunal Judicial do distrito de Chókwè, na tarde do passado sábado (30). A saída das celas estava prevista para as 8 horas e 30 minutos, mas só veio a efectivar-se por vota das 14 horas. Questões burocráticas estiveram na origem da demora na soltura.
São os seguintes os delegados agora livres e suas respectivas idades: Adelino da Silve (25 anos de idade); Jeremias Ngovene (25); Nelson Tivane (25), Joaquim Mula (25); Moisés Ubisse (19); Isac Mapsanhanhe (28); Castro Mafundza (23); Chaulídio Buque (21); Efigénia Monjane (20); Hélio Cuinica (20); Sousa Casteano (20); Requisson Sitoe (33); Zaida Sitoe (37); Ivone Chovene (23); Sónia Chovele (29); Nelson Cucunha (25); Assumina Nhazimo (22) e Quelda Chivambo (35).
Os chamados "presos políticos" encontravam-se detidos desde 15 de Outubro, dia em que o país foi a votos para escolher o Presidente da República, os deputados da Assembleia da República e os membros das Assembleias Provinciais.
Inicialmente, os 18 delegados da ND estavam encarcerados na cadeia distrital de Guijá, província de Gaza e, mais tarde, ao arrepio das normas, foram transferidos para a cadeia na cidade de Xai-Xai, igualmente, na mesma província.
Recorde-se que estes militantes foram presos por terem pretendido controlar eleições na qualidade de delegados de candidatura em Chókwè, distrito tradicionalmente apoiante do partido no poder, a Frelimo.
Quitéria Guirrengane, mandatária nacional do partido Nova Democracia, contou à “Carta” que a restituição dos jovens à liberdade foi conseguida graças a valiosas contribuições de cidadãos anónimos, bem como de organizações nacionais e internacionais. Os valores, disse Guirrengane, foram arrecadados no âmbito da campanha “Gaza 18”.
A mandatária da ND avançou que, na próxima terça-feira (03), vão publicar um relatório pormenorizado das ajudas recebidas e de como as mesmas foram aplicadas, isto no âmbito da transparência. (Carta)
Eram precisamente seis horas quando um grupo de homens armados desconhecidos atacou, na passada sexta-feira, um autocarro da companhia de transporte interprovincial Etrago, na zona de Muda-Serração, no distrito de Gondola, em Manica. O ataque ocorreu a aproximadamente 75 quilómetros da cidade de Chimoio, a capital provincial, tendo resultado em um ferido grave e três ligeiros.
De acordo com fontes hospitalares, o cidadão que estava gravemente ferido teve de ser transferido para o Hospital Provincial de Chimoio. O cenário de segurança inibiu que fossem recolhidos mais dados sobre o ataque. Refira-se que os ataques a autocarros de transporte interprovincial têm sido frequentes, ao longo das Estradas Nacional Nº 1 e 6 e já causaram mais de 10 mortes, entre civis e membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
O autocarro da companhia Etrago fazia o percurso Maputo-Quelimane e acabou sendo atacado por desconhecidos que, segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM), através do seu Porta-Voz, Orlando Mudumane, são elementos pertencentes à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo. (O.O.)
Após uma retirada estratégica em meados do mês passado, visando analisar as táticas e formas de actuação na repreensão contra os “terroristas sem rostos” que há dois anos vêm decapitando civis e militares, incendiando e saqueando propriedades privadas e públicas, o grupo de mercenários russos Wagner voltou às zonas de conflitos em Cabo Delgado na semana finda.
A informação foi confirmada pelo especialista Alex Vines, baseado em Moçambique, que lidera o Programa da África no Royal Institute of International Affairs de Londres, em entrevista na semana finda, ao jornal sul-africano The Globe and Mail.
Alex Vines disse: “eu estive recentemente em Moscovo conversando com autoridades russas e elas hoje admitem a complexidade da situação em Cabo Delgado, que no início subestimaram”.
Vines contou que, até agora, as táticas contra os insurgentes em Cabo Delgado são uma reminiscência das táticas “desajeitadas autoritárias” das primeiras campanhas contra a milícia islâmica conhecida como Boko Haram, na Nigéria.
Na mesma entrevista, Vines alertou que as autoridades de Moçambique devem perceber que o destacamento de militares privados pode afigurar-se como “um tiro a sair pela culatra” e " piorar a crise”. Disse ainda que a retirada estratégica do Wagner Group, no mês passado, demonstra a complexidade de combater a sombria insurgência islâmica em Cabo Delgado, uma Província rica em gás e cujo projecto de investimento ronda nos 60 biliões de USD.
Alex Vines afirmou que os mercenários do Wagner Group “ficaram chocados” com a realidade no terreno, o que lhes levou a tal retirada estratégica para repensarem o seu plano operacional, principalmente depois de várias notícias avançadas pela “Carta” e outros órgãos de comunicação nacionais e estrangeiros, dando conta da morte de alguns dos seus elementos, emboscados em distritos como Muidumbe, Macomia e Mocímboa da Praia.
De acordo com Alex Vines, alguns corpos foram levados para Rússia onde foram realizadas as respectivas cerimónias fúnebres. Aliás, a estação norte-americana CNN avançou igualmente que dois jovens contratados (de 28 e 31 anos de idade) terão sido mortos durante confrontos contra os insurgentes. Entretanto, nem as autoridades governamentais de Maputo e muito menos as de Moscovo confirmaram esta ocorrência.
Na peça da CNN publicada na última sexta-feira (29 de Novembro), Yevgeny Shabayev, que actua como porta-voz não oficial dos mercenários do Wagner Group, disse: “os corpos dos dois homens já haviam sido devolvidos de Moçambique para sua região natal, Vladimir, a leste de Moscovo”.
O entrevistado pela CNN não especificou o papel dos mercenários em Moçambique, mas confirmou que os caças e equipamentos russos terão chegado na cidade portuária de Pemba e que os mercenários estão baseados mais ao norte, na cidade costeira de Mocímboa da Praia tendo estado envolvidos em várias operações ao longo da fronteira com a Tanzânia, onde a “insurgência islâmica” está crescendo em força.
Entretanto, a CNN cita fontes militares que afirmam que os russos estão mal equipados para o combate no mato denso e que a sua relação com o exército de Moçambique é tensa. Conforme avança a CNN, um militar moçambicano terá confidenciado que “os russos não estão fazendo nada em termos de redução do impacto dos ataques” e que as tropas moçambicanas se recusaram a participar de algumas operações.
De acordo com dados recolhidos pela organização liderada por Alex Vines, estima-se que cerca de 500 pessoas morreram em centenas de ataques dos insurgentes em Cabo Delgado nos últimos dois anos. Uma informação que contraria a versão de algumas fontes oficiais que estimam que, até ao momento, tenham perdido pouco mais de 300 pessoas.
Os ataques em Cabo Delgado ganharam outra dimensão nos últimos meses, passando a acontecer diariamente em distritos como Nangade, Macomia, Muidumbe, Mocímboa da Praia e Palma, onde, para além de matar civis, os terroristas queimam propriedades de produção agrária e vários investimentos de empresários nacionais.
A situação em Cabo Delgado já levou mais de 68 mil pessoas a deslocarem-se para distritos “vistos como seguros” e outras a procurarem refúgio na Tanzânia, facto que as autoridades de Dar-Es-Salam não estão a aceitar.
Refira-se que, há duas semanas, o Presidente da República, Filipe Nyusi, pediu à população, num comício em Mueda, para que esta passasse a denunciar e a coordenar a vigilância com as Forças de Defesa e Segurança (FDS). Aliás, em todos os comícios que dirige, Nyusi tem exortado a população para não aderir aos grupos de recrutamento, seja para o conflito de Cabo Delgado, seja para o do centro do país. (O.O. /adaptado de The Globe and Mail e CNN)
A Televisão Miramar iniciou com pompa e circunstância a edição de sábado do “Fala Moçambique” – seu jornal informativo em “prime time” – com uma espécie de “breaking news”: um Comunicado Oficial da Igreja Universal do Reino de Deus em reacção a uma “rebelião” que acabava de se desencadear em Angola, onde mais de três centenas de pastores (angolanos) anunciaram o seu rompimento com a cúpula (brasileira) da IURD naquele país, liderada pelo bispo Gonçalves da Costa – o mesmo, aliás, que dirige superiormente os destinos da congregação em Moçambique e nos restantes países africanos de expressão portuguesa.
Os 330 pastores, subscritores de um abaixo-assinado, acusam a cúpula de – entre outras coisas – ter arquitectado um “esquema mafioso” visando transaccionar todo o património que a igreja possui naquele país, para pessoas ligadas à política e à alta finança angolana.
Segundo os revoltosos, os bispos (brasileiros) Honorilton Gonçalves da Costa e Carlos Alberto – respectivamente nºs 1 e 2 da hierarquia em Angola – foram os cabecilhas da dita “tramoia” que teve a aprovação superior do Bispo Edir Macedo.
De acordo com o documento assinado pelos 330 pastores desavindos, todo o património da IURD Angola – que inclui catedrais, igrejas de média e pequena dimensão, terrenos para construção de futuras catedrais e empreendimentos sociais – foi secretamente colocado à venda. Dizem os acusadores que se trata de um “esquema mafioso” posto em marcha há já algum tempo, porém só muito recentemente descoberto. Mais precisamente, tudo veio à tona após a realização de uma reunião secreta, em Luanda, para a qual foram convidados apenas bispos e pastores brasileiros, e onde foi decidida a tal venda do património da IURD Angola.
Em concreto, terá sido elaborado um Plano de Negócios para convencer os potenciais compradores (ministros, deputados, governadores, empresários e outros) que “existe uma grande procura daquele tipo de património por parte de outras congregações religiosas neopentecostais, tais como as Assembleias de Deus Pentecostal, Igreja Josafat, Bom Deus, Igreja do Deus Vivo Shekinah, Igreja Hospital da Fé, entre outras”…
Nesse contexto, a principal directriz emanada da suprareferida “reunião secreta” foi a de que os participantes deveriam “intensificar os contactos com ministros, deputados, empresários, governadores provinciais de modo a convencê-los que comprando os bens patrimoniais da IURD poderiam depois capitalizá-los”.
Entretanto, como uma operação de “lobbing” dessa natureza, além de levar o seu tempo, pode ou não alcançar os resultados almejados, os revoltosos alegam que já terá sido elaborado um “plano B”, pronto para ser posto em prática, caso falhem as intenções iniciais.
E esse passou pela criação de uma série de empresas pertencentes aos bispos brasileiros, junto do Guiché Único de Angola (uma espécie de BAU de Moçambique).
Pois então, serão essas mesmas empresas que comprarão e colocarão a arrendar o património da IURD, caso os potenciais compradores, contactados e a contactar, não se decidam nas próximas semanas.
Ou seja: as empresas dos bispos e pastores estarão elas próprias a lucrar com o arrendamento do património que a IURD vem edificando há cerca de 28 anos, e agora terá alegadamente decidido colocar à venda.
“É tudo fake news” – garante a IURD
Conforme referido acima, a cúpula “universalista” desmentiu tudo.
Em Comunicado Oficial (o tal passado em destaque no Tj da TV Miramar) assinado pelo bispo António Pedro Correia da Silva, Presidente do Conselho de Direcção, a IURD afirma que se trata de uma “rede de mentiras arquitectada por ex-pastores desvinculados da instituição por desvio moral, e de condutas até criminosas com o único objectivo de terem sua ganância saciada”.
E diz mais: “A IURD está tomando medidas judiciais cabíveis para responsabilizar os autores dessa rede difamatória”.
Além desta nota oficial, a IURD publicou ainda, no seu site oficial, um vídeo no qual o bispo Gonçalves da Costa, conversa com (outros) bispos e pastores angolanos, os quais desmentem as “fake news” e explicam que se trata de uma trama dos ex-oficiais contra a Igreja e seu corpo eclesiástico.
No entanto, uma coisa é certa: 330 signatários é muita “fruta” para ser ignorada… Portanto, não pode ser encarado como simples “fake news”
Outras “makas” em Moçambique
Diferendos entre a cúpula brasileira e pastores nacionais (dos países onde a igreja opera) não são apenas assunto em Angola.
Em Moçambique esse choque vem sendo reportado há já algum tempo. Só para recordar, em finais do ano passado deu entrada na Comissão de Petições, Queixas e Reclamações (CPQR) da Assembleia da República (AR), um documento subscrito por vários pastores nacionais que acusavam a liderança de IURD de vários desmandos – principalmente depois da chegada do (mesmo) bispo Honorilton Gonçalves da Costa, em 2017.
No documento lê-se, entre outras, que “o bispo Gonçalves da Costa trata os pastores moçambicanos de forma opressiva, ante o olhar impávido e sereno do presidente da Igreja, José Guerra, que nada faz em defesa dos seus compatriotas”.
Do rol de queixas apresentadas à AR, consta que os pastores moçambicanos se sentem revoltados, na medida em que são forçados a fazer vasectomia – para não poderem gerar filhos biológicos – e caso não cumpram com essa directriz são automaticamente expulsos sem apelo nem agravo.
Além disso, e de acordo com o relatório da CPQR da AR, depois de atingirem um certo número de anos de trabalho (ou então uma certa idade), os pastores correm igualmente o risco de serem expulsos. Os que têm a sorte de permanecer ligados à instituição, não poucas vezes acabam assumindo outro tipo de ocupações que passam pela realização do chamado “trabalho sujo” da igreja – o qual inclui tarefas como: invadir casas e desalojar (ex) pastores expulsos; corromper agentes policiais para ajudá-los a desalojar quem se recuse a sair das casas onde vivem após o seu despedimento; influenciar os proprietários dos imóveis a usarem da violência para expulsar os ditos pastores despedidos; amedrontar os obreiros socorrendo-se de passagens bíblicas de modo que estes jamais se relacionem com pastores que tenham sido despedidos e/ou expulsos”.
Tudo isto – reiteramos – vem incluído no relatório da Comissão de Petições, Queixas e Reclamações da Assembleia da República, de finais do ano passado.
Já no início deste ano, outro assunto gerou polémica na IURD Moçambique: foi emitido um apêndice aos regulamentos internos da instituição, onde ficou expressamente proibido aos pastores, e outros voluntários que servem aquela confissão, de criar e publicar informações em plataformas digitais, designadamente nas redes sociais, sob risco de cessação imediata do trabalho em caso de incumprimento.
Em quinhentas: ninguém pode criar e publicar o seu próprio conteúdo que inclua fotografias, testemunhos, apelos à oração, notificações, painéis publicitários ou cartazes para qualquer evento, encontro ou serviço da igreja. O pastor da igreja também não pode divulgar nada relacionado com ofertas, dízimos, sacrifícios, promessas de campanha ou outras manifestações de fé; nada sobre os objectos ou elementos dados durante um encontro, como por exemplo um pedaço de pano, óleo ou sal ungidos, uma cruz, etc.
“Somente conteúdos preparados e publicados em plataformas oficiais (Ex: site da IURD, página do Facebook da igreja, “blog” do líder do país, FB da esposa do líder, comunicados de imprensa publicados pelo gabinete de comunicação da IURD) podem ser partilhados em redes sociais” – determina o regulamento, frisando que “somente os líderes da IURD e porta-vozes oficiais podem falar em nome da Igreja”.
O caso das adopções ilegais em Portugal
De recordar que também em Portugal aconteceu um outro escândalo envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus.
Na sequência de uma reportagem da TVI que denunciava a alegada existência de uma rede ilegal de adopção de crianças, que teria sido montada pela IURD na década de 1990, foi aberto um inquérito-crime, em finais de 2017.
Entretanto, o Ministério Público (MP) português acabou determinando o arquivamento do processo, em Maio deste ano, alegando que todos os crimes que estavam em investigação já prescreveram.
O procurador fez, ainda assim, questão de revelar que as alegações dos pais biológicos foram desmentidas pela investigação, nomeadamente pelas perícias da PJ às assinaturas de duas mães que garantiram à TVI nunca ter assinado qualquer documento relacionado com a adopção dos filhos, o que fizeram.
Segundo o MP luso, “foi igualmente desmentido por parte das restantes diligências de prova” que o único pai que aparecia na reportagem “desconhecia que a filha tivesse sido entregue” a um bispo da IURD.
O procurador salientou ainda que nunca os pais biológicos apresentaram queixa pela alegada retirada ilegal dos filhos, até à reportagem da TVI, sendo que a queixa que esteve na origem do inquérito-crime foi apresentada pela própria Alexandra Borges, a jornalista que conduziu a reportagem. (Homero Lobo)
Thetahealing é uma técnica de cura energética que ensina a identificar e a transformar crenças limitantes, sentimentos, traumas, culpas, medos e programas que muitas vezes impedem o desenvolvimento e a manifestação do potencial máximo, na construção da felicidade. Através desta técnica criada nos anos 90 para ensinar a identificar o sistema de crenças que está na base de bloqueios na vida, seja numa relação, uma doença, medos, traumas, retirando assim os padrões negativos e depois ensinando a reencontrar e a viver a partir da essência.
(02 de Dezembro, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite-Couto)