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Redacção

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Numa altura em que a comunidade portuguesa residente em Moçambique já assistiu a raptos e assassinatos de alguns dos seus concidadãos (aqui residentes) – principalmente a partir de 2014 – diferentes órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros procuraram saber do Ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que se encontra no país a acompanhar a visita do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, qual a posição do seu governo, relativamente a um conjunto de casos: o (1) de Américo Sebastião, raptado em 2016, numa estação de abastecimento em Marínguè, e que até agora – tanto quanto se sabe – as investigações resultaram em “nem água vem e nem água vai”; o (2) de José Paulo Antunes Caetano, de 51 anos de idade, que vivia em Moçambique havia oito anos, operava no ramo da construção civil alugando máquinas a interessados e foi morto em 2018, após ter sido raptado; e o (3) de Inês Botas, que em 2017, com 28 anos de idade, foi assaltada, maltratada, violentada, amarrada e atirada no rio Púnguè, a pouco mais de 70 km da cidade da Beira, perdendo a vida.

 

Augusto Santos Silva respondeu: “as questões da segurança e justiça de casos ligados a cidadãos portugueses em Moçambique têm sido tratadas a nível dos governos, da boa relação entre os presidentes e ao nível das autoridades judiciárias”.

 

Santos Silva acrescentou ainda: “através da cooperação a nível dos governos e também da boa relação entre os presidentes e da cooperação a nível das autoridades judiciárias, esperamos que tudo se resolva”.(Carta)

Durante a cerimónia de investidura do segundo mandato do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, cidadãos ouvidos pela ‘’Carta’’ foram unânimes em afirmar que, no novo mandato que inicia, o PR deve apostar na criação de mais emprego e fazer os possíveis para que haja paz no país.

 

José Patrício, jovem, residente na cidade de Maputo, diz que para o próximo mandato espera que a economia moçambicana cresça para que tenha capacidade de competir com o resto dos países do mundo.

 

“Acredito que Moçambique tem potencial para ser uma das maiores e melhores nações do mundo, então tem tudo para chegar lá”, acrescentou.

 

Patrício explicou ainda que o mandato anterior foi de bastantes dificuldades visto que, durante os cinco anos, muitas coisas negativas aconteceram como a ocorrência dos ciclones Idai e Kenneth, os ataques na zona centro e dos malfeitores que têm feito das suas.

 

Por sua vez, Juvêncio José Júlio, também jovem, diz que para o próximo mandato espera que haja muitos avanços, apesar da tensão política e dos ataques que têm sido perpetrados na província de Cabo Delgado.

 

“Antes de mais nada, o elemento chave que precisa de ser revisto no início deste novo mandato é a paz para que tudo entre nos eixos. Este é um grande desafio para o Presidente da República”.

 

Paula Jakude, por sua vez, considera que o presidente deve pautar pela continuidade da boa governação. “Deve haver continuidade para a consolidação da paz efectiva e deve haver mais aposta no empoderamento da mulher para que mais mulheres possam estar em altura de responder pelo país.

 

“Sinto-me muito feliz em saber que mais uma vez uma mulher tomou posse como presidente da Assembleia da República, o que demonstra que o PR está a dar espaço às mulheres’’, referiu.

 

Catarina Sousa Baloi, de 42 anos de idade, mãe de sete filhos, apela ao Presidente da República que olhe para as estradas de modo que as mesmas estejam em melhores condições de transitabilidade.

 

“Nesta nova fase que se inicia, não queremos morrer de fome, por isso pedimos que os preços dos produtos nas lojas estabilizem e os salários melhorem e sejam mais dignos, para que os nossos filhos não morram de fome”.

 

Por seu turno, Isabel Vasco Janelane, de 47 anos de idade, apela para a criação de mais postos de trabalho, sobretudo para os jovens, como forma de reduzir o consumo de drogas e a bandidagem.

 

“Neste novo mandato, o Presidente da República deve ter apoio para trabalhar com os chefes de quarteirões e líderes dos bairros porque são eles que conhecem os principais problemas que afligem o cidadão”, acrescentou.

 

Para Paulo Cândido, de 18 anos de idade, as estradas precisam de ser reabilitadas. De igual forma, os prédios das principais cidades também carecem de reabilitação, sobretudo no que se refere à sua pintura.

 

“No mandato passado, o Presidente trabalhou mais para as restantes províncias do país e se esqueceu um pouco da capital”, lamentou. (Marta Afonso)

 

Quarta-feira última, o país parou, literalmente, para assistir à cerimónia de investidura do novo Presidente da República, Filipe Nyusi. Entretanto, mais do que o acto em si (investidura), a cerimónia foi, sem dúvidas, marcada pela ausência dos líderes dos partidos da oposição, que, com Filipe Nyusi, disputaram a presidência do país.

 

Trata-se de Ossufo Momade (presidente da Renamo), Daviz Simango (Movimento Democrático de Moçambique) e Mário Albino (AMUSI), todos convidados por Filipe Nyusi para assistir à sua investidura. Não só foram convidados, como também tinham um lugar destacado na tenda reservada aos VIPs do megalómano evento. Ou seja, na primeira fila, onde também se sentaram Armado Guebuza e Joaquim Chissano.

 

Mas nem Ossufo Momade, nem Daviz Simango e muito menos Mário Albino se fizeram presentes ao local que acolheu a cerimónia. Aliás, os deputados dos dois maiores partidos da oposição (Renamo e MDM) do xadrez político nacional, também boicotaram a cerimónia de investidura.

 

Esta quinta-feira o nosso jornal procurou ouvir a versão dos ausentes. Para o MDM, na pessoa do seu respectivo porta-voz, Sande Carmona, o presidente do partido dignou-se em não comparecer à cerimónia porque não queria assistir a uma “investidura da fantochada”.

 

Sande Carmona disse que o MDM não reconhece os resultados saídos das eleições do passado dia 15 de Outubro, porque os mesmos não reflectem a real vontade expressa nas urnas pelos eleitores. O porta-voz do “galo” disse que, na verdade, o partido Frelimo manipulou, de forma maquiavélica, a vontade popular.

 

Participar da cerimónia, disse Carmona, igualar-se-ia a “testemunhar à investidura de um ladrão que lhe roubou de forma descarada”.

 

Sobre o facto de os deputados do MDM terem tomado posse na última segunda-feira, enquanto esta formação não reconhece os resultados eleitorais, Carmona avançou que assim procederam porque dão valor à vontade do povo. Para esta legislatura, o MDM conta com um total de seis deputados, depois de na anterior ter tido 17.

 

Já Ossufo Momade, citado pela DW África, na passada quarta-feira, começou por confirmar a recepção do convite para tomar parte do evento. De seguida, o presidente do maior partido da oposição disse que optou por não se fazer presente porque não “tinha moral” para lá estar e também para evitar ser confundido pelo povo. Tal como disse, a sua presença no local igualar-se-ia a um “escândalo”.

 

Ossufo Momade reiterou a não aceitação dos resultados das últimas eleições, mas deixou a garantia que continuará a dialogar com o recém-empossado Presidente da República, por prezar os princípios deixados pelo falecido presidente do partido, Afonso Dhlakama.

 

Em relação à assumpção do estatuto especial de líder da oposição, Momade disse que cabia ao partido decidir se deve ou não aceitar.

 

Por outro lado, Mário Albino, “marinheiro de primeira viagem” nas corridas à Presidência (tal como Momade), declinou tecer qualquer comentário à volta do assunto, sob o argumento de que estava reunido. De forma insistente, o nosso jornal tentou entabular conversa com o líder do AMUSI, mas este simplesmente declinou as nossas chamadas. (Carta)

A discursar, esta quarta-feira (15), após investidura, o Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, apresentou algumas linhas daquilo que será a sua governação até 2024. De entre várias actividades que apontou dos diferentes sectores, na área económico-financeira, Nyusi e seu governo prevêem o melhoramento do ambiente de negócios, “prosseguiremos com os esforços em cursos, simplificando os procedimentos e combatendo a burocracia e a corrupção”.

 

Nesse âmbito, Filipe Nyusi defende que fazer negócio em Moçambique não pode constituir dificuldade para os investidores, sobretudo por causa de atitudes e comportamentos de funcionários que pretendem vantagens ilícitas.

 

Neste quinquénio, Nyusi irá promover a construção de uma instituição financeira de desenvolvimento, com participação significativa do Estado, para financiar, em termos concessionais de prazo e juros, empreendimentos e negócios do sector privado, incluindo linhas de crédito para as Pequenas e Médias Empresas e as necessárias garantias.

 

Agricultura

 

No subsector da agricultura, uma actividade que continua o garante da renda de mais de 68% da população moçambicana, Nyusi não trouxe muitas novidades ao reafirmar (por não cumprir no mandato anterior) que irá mobilizar recursos e alocar 10% do seu orçamento para agricultura num compromisso sem precedente em Moçambique.

 

Indústria

 

Na sua nova governação, o Presidente da República projecta uma economia que tenha como um dos pilares o desenvolvimento da indústria, em alinhamento com os planos de integração regional e comercial.

 

Neste sentido, Nyusi pretende estimular iniciativas empresariais que visem a revitalização e modernização das agro-indústrias, agro-químicas, têxteis e confecções, das metalo-mecânicas e das indústrias de materiais de construção. “Deste modo, iremos garantir mais emprego, reduzir as assimetrias de desenvolvimento e os desequilíbrios da balança comercial. Igualmente, incentivaremos a transformação de matérias-primas, de modo a agregar valor na sua exportação”, acrescentou o PR.

 

Electrificação

 

Antes de mais, o recém-empossado para o segundo mandato reconheceu que electrificação continua grande desafio actual do país, por isso, durante este quinquénio, Nyusi disse que a energia deverá cumprir o seu papel de impulsionador do desenvolvimento social e económico, assegurando a agricultura e industrialização.

 

Neste subsector, o Chefe da Nação frisou que acções irão prosseguir com vista à expansão e reforço da rede eléctrica nacional e construção dos primeiros 750 km da nova espinha dorsal do sistema de transporte de electricidade de alta tensão à 400 KV, ligando o norte ao sul do país.

 

Hidrocarbonetos

 

“Na área dos hidrocarbonetos, vamos prosseguir as acções visando viabilizar a exploração sustentável das reservas de gás natural de que dispomos, assegurando a conclusão do projecto da plataforma flutuante que tornará Moçambique produtor de gás natural liquefeito. Vamos igualmente facilitar a construção das primeiras quatro unidades de liquefacção em terra”, disse, tendo lembrado a importância desses projectos na promoção dos conteúdos locais.

 

Ainda nesta área, a aposta de Nyusi incidirá, igualmente, na implementação da primeira unidade de produção de GPL (gás de cozinha) no país, em Temane, assegurando, deste modo, que 60% do volume actualmente importado seja substituído pela produção nacional.

 

“Mais uma vez, exortamos aos moçambicanos a gerir as suas expectativas com alguma dose de paciência, porque os cofres do Estado levarão algum tempo para acolher receitas provenientes dos hidrocarbonetos na dimensão prevista”, sublinhou.

 

Mineração

 

Perante milhares de expectadores, desde deputados recém-empossados, presidentes convidados dos outros países, ex-ministros, entre outros gestores públicos e público em geral, Nyusi prometeu para este sector realizar acções que garantam o arranque de mais empreendimentos estruturantes, com destaque para a construção do projecto integrado para a produção de Ferro e Aço em Tete, uma nova mina de Grafite em Montepuez, Areias pesadas em Chinde e Chibuto, mármore em Montepuez e uma Fábrica de Briquetes para o melhor aproveitamento do carvão mineral em Tete, promovendo a cadeia de valor que estimule a diversificação da indústria nacional.

 

“Vamos ainda, no processo Kimberly, implantar os primeiros interpostos comerciais de pedras e metais preciosos que, a par de medidas para melhorar o quadro regulamentar e combater veementemente as práticas de contrabando, assegurem que a exploração destes recursos resultem em postos de trabalho mais dignos, mais divisas para o país e mais receitas para o Estado”, sublinhou.

 

Sistema financeiro

 

Ao nível do sistema financeiro, o Chefe de Estado prevê junto com o seu governo continuar a consolidar a estabilidade macroeconómica e financeira, através de acções que concorram para uma inflação baixa e estável e para a promoção de um sector financeiro robusto e preparado para os desafios do futuro.

 

Pretende ainda combater a inflação de modo a criar um ambiente de negócio que favoreça a atracção do investimento directo nacional. Com a redução da inflação, o PR acredita que o custo de vida dos cidadãos irá reduzir.

 

O seu governo irá ainda nesta área continuar a implementar políticas macro-económicas prudentes, em particular na gestão da despesa e da dívida pública, aproximando os mecanismos de monitoria, supervisão e gestão do risco fiscal e estabilidade do Metical.

 

“O diálogo com os credores será inevitável, com vista a reforçar a confiança do país junto dos parceiros de cooperação para o desenvolvimento e dos mercados financeiros nacionais e internacionais”, acrescentou Nyusi.

 

Fundo Soberano

 

O governo a ser anunciado, brevemente, cujo mandato cessa em princípios de 2025, considera criar, dentro do ciclo de governação, um Fundo Soberano que, para além de constituir um instrumento de poupança financeira para as gerações presentes e futuras, poderá ajudar a proteger a economia do impacto da flutuação dos preços das matérias-primas no mercado internacional.

 

Na perspectiva de Nyusi, o Fundo Soberano poderá apoiar nos esforços de diversificação da nossa economia, através da canalização de recursos para o desenvolvimento dos sectores não tradicionais, com destaque para o sector agrário e a industrialização que emprega a maioria da nossa população.

 

Mesmo sem precisar o modelo, o Chefe de Estado adiantou que o Fundo Soberano a ser criado deverá ter como base as receitas provenientes da exploração dos recursos minerais. Não queremos que este Fundo possa constituir uma fonte de desvios e de enriquecimento ilícito. “Por isso, não avançaremos sem garantir a prevalência dos princípios de boa governação, transparência, responsabilização, independência, assente num quadro legal moderno, que permite que a população acompanhe e se sinta dona dos recursos”, concluiu. (Carta)

Quatro rios da província de Cabo Delgado, na zona norte do país, ainda se encontram acima dos níveis de alerta em alguns pontos do distrito de Montepuez, segundo deu a conhecer, ontem, a Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH).

 

Em comunicado de imprensa, divulgado na tarde de ontem, a DNGRH garantiu que as bacias hidrográficas dos rios Messalo, Megaruma, Montepuez e Muaguide ainda se encontram estacionárias naquela região do país, com o volume das águas ainda a manterem-se acima dos níveis de alerta.

 

Um dos rios que ainda mantém o caudal acima do nível de alerta é o Messalo que, na zona de Nairoto, distrito de Montepuez, mantém os 19 centímetros de caudal, acima do nível de alerta, porém, de acordo com aquela instituição, sem impactos significativos.

 

De acordo com a autoridade responsável pela gestão das bacias hidrográficas, nas próximas 72 horas, o Rio Messalo poderá manter-se acima do nível de alerta, entretanto, condicionando a circulação rodoviária entre Mirate e Nairoto.

 

Já o rio Megaruma, em Montepuez, também continua com os seus 2 metros acima do nível de alerta e com tendência a subir. Esta situação, segundo a DNGRH, provocou a interrupção da circulação rodoviária entre Mecúfi-Chiúre e inundações nas aldeias de Napolimuite, Nimanro, Natuco, Moje e Milapani.

 

Tal como o rio Messalo, a DNGRH refere que o rio Megaruma, naquele ponto do país, poderá manter-se também acima do alerta, condicionando a circulação rodoviária entre os distritos de Chiúre e Mecúfi.

 

Por seu turno, o rio Montepuez, na zona de Mecuia, também está com 30 centímetros acima do alerta e com tendência a subir. A situação já causou um galgamento da ponte que liga os distritos de Quissanga e Macomia.

 

Inundações causou também o rio Muaguide, que deixou as aldeias de Nangua, Nacuta, Nuamapala, 25 de Junho, Nanjua, Pulo e Tratara debaixo das águas.

 

Para as próximas 72 horas, a DNGRH prevê a subida do nível de água nas bacias do Limpopo, Inhanombe, Mutamba, Búzi, Púnguè, Zambeze, Ligonha, Meluli, Lúrio e Rovuma.

 

A bacia do Licungo, que já desalojou centenas de famílias nos distritos de Maganja da Costa, Namacurra, Lugela e Mocuba, na província central da Zambézia, poderá manter-se em alerta, causando inundações moderadas nos distritos de Maganja da Costa (povoações da Vila Valdez, Yassopa e Ntabo) e em Namacurra (povoações de Furquia, Mbau, Muebele e Malei).

 

A DNGRH prevê, igualmente, a continuação do cenário de inundações nas cidades da Beira e Quelimane.

 

No que tange ao armazenamento da água nas principais albufeiras do país, a DNGRH revela que a Albufeira de Nampula está esgotada (100%), com uma reserva de 20.25 m³/s; Nacala, também com 100% (2.98 m³/s); Mugica com 78.13% e Chipembe com 95.06%, correspondentes a 0.96 m³/s.

 

Já na região centro, a Albufeira de Cahora Bassa está com tendência de subida, contando com 72% de armazenamento, equivalente a 2895.50 m³/s e 1885.70 m³/s. Chicamba está com 68.68%; e Muda-Nhaurire com 88.20%, o que equivale a 0.80 m³/s.

 

Na região sul, a Albufeira dos Pequenos Libombos tinha 25.43% de armazenamento, estando a descer, correspondente a 1.85 m³/s e 3.09 m³/s. A Albufeira de Corumana apresenta uma tendência de subida, estando com 27.45%, equivalendo a 15.86 m³/s e 2.43 m³/s. Já a Albufeira de Massingir, com 35.31%, apresenta uma tendência de subida, correspondente a 56.44 m³/s e 20.00 m³/s.

 

No seu comunicado, a DNRGH apela à sociedade, em geral, para a observância de medidas de precaução, evitar a travessia do leito dos rios, particularmente nas bacias de Púnguè, Licungo, Montepuez, Megaruma e Messalo, sob o risco de ser arrastado pela força da água. (Carta)

Foi a 28 de Novembro de 2019 que Shelton Lalgy, de 30 anos de idade, filho do empresário do ramo de transporte de cargas Junaid Lalgy foi raptado por indivíduos até aqui “desconhecidos”. Completa hoje 51 dias de cativeiro, numa altura em que a família colocou à venda 20 camiões como forma de pagar o resgate que, segundo apuramos, ronda pouco mais de 4 milhões de USD.

 

Entretanto, a Directora Provincial do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) na Província de Maputo, Benjamina Chaves, afirmou, em entrevista à Rádio Moçambique: “o caso em que a vítima é um dos familiares da família Lalgy continua em investigação. Quero dizer, em casos de rapto dificilmente a investigação tem a colaboração da própria família, porque afinal de conta os raptores ameaçam tanto a própria vítima como os familiares da vítima. Por isso, não tem sido fácil os familiares colaborarem com as autoridades para o esclarecimento do caso, mas nós já dissemos à família que estamos sempre disponíveis, assim que precisarem da nossa mão ou se tiverem algum elemento adicional que nos ajude a caminharmos para o esclarecimento do processo”.

 

Relativamente ao pedido de somas elevadas para libertar a vítima, Benjamina Chaves, disse: “se existe algum valor que os raptores tenham solicitado para o resgate não posso precisar, pois não chegou aos nossos processos. Podem ser conversas de corredores, mas não posso precisar. Portanto, o processo deste caso prossegue: todos os dias fazemos as nossas diligências no âmbito da investigação para que, de facto, o caso seja esclarecido, para poderemos resgatar a vítima do cativeiro”.

 

Refira-se que Shelton Lalgy foi raptado quando regressava de mais uma jornada de ginástica em direcção a sua residência, às 06:00h do passado dia 28 de Novembro de 2019 por indivíduos que se faziam transportar numa viatura da marca Toyota Noah, sem chapa de matrícula, tendo os mesmos interpelado a viatura da vítima, de marca Toyota Hilux. Até aqui o SERNIC diz não ter pistas. (Carta)

O país precisou no ano passado de 890.9 milhões de USD para importar 1.449 milhões de Toneladas Métricas (TM) de diferentes combustíveis líquidos, contra 946 milhões de USD despendidos em 2018 para adquirir 1.386 milhões de TM.

 

Dados da Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO) indicam que, do total (890 milhões de USD), 622. 8 milhões de USD destinaram-se a importar 1 024 milhões de TM de gasóleo, o mais consumido em Moçambique.

 

Do total ainda, 195.2 milhões de USD foi o valor usado para adquirir 306.4 milhões de TM de gasolina. A IMOPETRO importou no ano passado 83.7 milhões de TM de Jet por 53 milhões de USD e despendeu 18.9 milhões de USD para comprar 35.2 milhões de TM de GPL, ou gás de cozinha.

 

Para importar os combustíveis, a IMOPETRO contratou duas empresas, das quais a Trafigura trabalhou durante o primeiro semestre e a Finergy nos últimos seis meses de 2019. Durante o primeiro semestre deste ano, a importação dos combustíveis está a cargo da empresa Sahara Energy.

 

Após ser adquiridos em mercados considerados baratos, nomeadamente Golfo Pérsico e mar Mediterrâneo, os combustíveis são distribuídos a 15 empresas gasolineiras, que operam no país associadas à IMOPETRO. (Evaristo Chilingue)

Foi a partir dos passeios da Praça da Independência e do asfalto da Av. Samora Machel que o "patrão" acompanhou a investidura de Filipe Nyusi, o seu empregado

Quinze de Janeiro de 2020 ficará para a história da República de Moçambique como a data em que Filipe Jacinto Nyusi, nascido a 09 de Fevereiro de 1959, tomou posse para o seu segundo mandato como Presidente da República, a mais Alta Magistratura da Nação Moçambicana.

 

Foi um marco registado numa manhã quente de quarta-feira, com os termómetros a indicar uma temperatura máxima de 32ºC, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), e que ficará também na memória de cada um dos mais de 3.000 espectadores que acompanharam a cerimónia, entre convidados, jornalistas, seguranças e cidadãos anónimos.

 

Entre os aspectos que ficarão na memória das testemunhas oculares da tomada de posse do terceiro Presidente de Moçambique, democraticamente eleito, está a “exclusão” do patrão de Nyusi – o povo – de assistir à investidura do seu empregado.

 

O facto é que, apesar de a cerimónia ter sido realizada na Praça da Independência, na cidade de Maputo, em cumprimento do nº 1 do artigo 150 da Constituição da República que define que “o Presidente da República é investido no cargo pelo Presidente do Conselho Constitucional em acto público e perante os deputados da Assembleia da República e demais representantes dos órgãos de soberania”, a investidura de Filipe Nyusi para o seu segundo mandato não foi de fácil acesso para os cidadãos anónimos.

 

Uma parte do “patrão” de Nyusi esteve perfilada nos passeios da Praça da Independência, bem próximo ao Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) e outra ao longo da Avenida Samora Machel. A organização tinha criado um cordão de segurança para que o “patrão” não pudesse atravessar para a zona interior da Praça da Independência, que estava reservada para os convidados e diversos profissionais acreditados para acompanhar o evento.

 

Se a limitação da circulação já enfurecia alguns anónimos, o mesmo não se pode dizer da obstrução da visão, criada pela tenda montada por detrás da estátua de Samora Moisés Machel e que estava em frente à Tribuna Presidencial, de onde Filipe Nyusi foi investido para o cargo de Presidente da República. Na referida tenda estavam sentadas personalidades moçambicanas e membros das delegações dos Chefes de Estado convidados para o evento.

 

A tenda dos "altas" individualidades da nação foi a única coisa que o "patrão" conseguiu ver durante todo o evento

 

Alexandre Pinto foi um dos “convidados” a assistir à cerimónia de tomada de posse de Filipe Nyusi, mas que, após três horas, não viu Nyusi a receber os símbolos do poder e nem ouviu a leitura do seu juramento. Contou à “Carta” que veio de Magude, a convite do Administrador daquele distrito, Lázaro Mbambamba, mas que o que não sabia era que ficaria de pé, encostado ao muro do CCFM, para acompanhar a investidura de Filipe Nyusi.

 

“Vim de Magude a convite do Senhor Administrador para ver a tomada de posse do Presidente da República. Mas, de onde estou não consigo ver nada”, disse Pinto à “Carta”, momentos antes do início da cerimónia.

 

Diferentemente dos convidados do auto-intitulado empregado do povo que se encontravam devidamente acomodados, o “patrão” de Filipe Jacinto Nyusi estava sentado no chão, debaixo de alpendres montados por algumas operadoras de telefonia móvel, assim como de algumas agências bancárias. Os que não conseguiram um lugar debaixo dos alpendres fixaram-se debaixo das “velhinhas” acácias da capital do país. Outros acompanharam o momento debaixo do sol.

 

Com o sol a brilhar e o calor a fazer-se sentir, a sede ia tomando conta das pessoas. Nas tendas, a organização tinha preparado equipas de distribuição de água – com rótulos de Filipe Nyusi – para os convidados, enquanto para o “patrão” de Filipe Nyusi as garrafas eram atiradas.
Atiradas? Sim. “Carta” testemunhou parte do filme, em que só molhavam a garganta os mais “musculados”.

 

Som de má qualidade

 

Outro aspecto a reter na memória dos participantes da cerimónia foi o sistema de som, que se mostrou estar muito abaixo do nível desejado para um evento de tamanha magnitude. A deficiência do sistema de som revelou-se logo à chegada do Presidente da República, quando a Comandante da Parada apresentou a guarda de honra ao Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Neste momento, nada se ouviu.

 

O problema repetiu-se durante a apresentação do poema laudatório, assim como do bailado, desenhado por Casimiro Cosme Nyusi, parente directo do presidente. Porém, atingiu o seu “momento alto”, quando o Presidente da República se dirigiu à nação, após a sua investidura. Aí, as colunas que estavam montadas do lado esquerdo da tenda, onde se encontravam diversos convidados nacionais e estrangeiros, que acompanhavam as delegações presidenciais, estavam desprovidas de som. Que o digam os jornalistas – da imprensa escrita – que tiveram de recorrer aos auriculares para acompanhar o discurso, através da Rádio Moçambique, para poderem captar o som na exatidão.



Jornalistas: os “ilustres esquecidos” como sempre

 

Aliás, os jornalistas fazem parte de uma extensa lista de esquecidos durante aquela cerimónia. A organização do evento tinha montado uma tenda junto à Catedral da Imaculada Conceição para servir de Sala de Imprensa, mas a mesma não dispunha de sistema de som, apenas de telas que mostravam as imagens transmitidas pelas televisões nacionais. A organização não conseguiu dar nenhuma explicação para tão gritante falha.

 

Os seguranças do Chefe de Estado também fazem parte do grupo dos “esquecidos”. Durante a cerimónia, que durou cerca de três horas, “Carta” não testemunhou qualquer troca dos elementos da segurança, que se encontravam debaixo do sol.

 

A segurança esteve "garantida", na terra assim como no ar

 

Entretanto, destaque para o facto de as FDS estarem armadas até aos dentes. Em cada milímetro quadrado era possível notar a presença de atiradores de elite, para além de “agentes infiltrados”. Os terraços dos edifícios circunvizinhos foram tomados por atiradores de elite, e o espaço aéreo foi entregue a dois helicópteros que sobrevoaram a área durante mais de seis horas – entre as 08:00h e as 14:00h. (Abílio Maolela)

Moçambique está a preparar, no Tribunal Supremo de Londres, um pedido de substituição do Credit Suisse International e do Credit Suisse AG (os dois réus originais) pelo Credit Suisse Securities (Europa) Limited (CSSEL) como réus, com base no facto desta última ser na verdade o empregador de Andrew Pearce e Detelina Subeva, os dois funcionários do Credit Suisse acusados ​​de suborno.  

 

Moçambique está também procurando obter as declarações de defesa, que devem ser submetidas até 19 de Janeiro de 2020. Um juiz do Tribunal ordenou que o Credit Suisse entregasse a sua defesa às acusações de Moçambique, relacionadas ao seu envolvimento no escândalo da dívida oculta de 2 bilhões de USD, dizendo que mais atraso criaria custos desnecessários informou.

 

O Credit Suisse respondeu que teria que reescrever partes de sua defesa se uma nova entidade do Credit Suisse fosse acusada. A advogada do credor, Helen Davies, QC, disse que o pedido de Moçambique foi uma clara manobra legal para encobrir o seu "erro" em processar as entidades erradas. No entanto, o juiz disse que a adicção do Credit Suisse Securities (Europe) International Ltd ao processo teria "pouco impacto" na colecta ou divulgação de evidências. (Law 360)

O Governo já pagou mais de 1.6 milhões de USD à firma de advogados “Mabunda Incorporated Attorneys At Law”, escritório sul-africano de advogados que representa a Procuradoria-Geral da República em tribunais da África do Sul no caso Chang, revelou o CIP.

 

O valor corresponde à intervenção geral da Mabunda no caso, incluindo dois recursos, cada um custando 10 milhões de Rands. Quando a Mabunda submeteu, em Dezembro de 2019, uma factura de 20 milhões de randes pelos dois recursos, a PGR não pestanejou.

 

A Mabunda está a cobrar 6.000 randes por hora por cada um dos dois advogados alocados. “Há qualquer coisa que não bate certo”, disse um advogado de Joanesburgo, falando para a ‘’Carta”. Este jornal apurou que os “fees” mais caros Na RAS, um mercado regulado, rondam os 3.000 rands. E a Mabunda não é um escritório dos escritórios mais caros.

 

“Carta” sabe que o FMO (Fórum de Monitoria do Orçamento) pagou 25.000 USD à firma que contratou na RAS. É provável que o caso venha a provocar acesos debates a Ordem de Advogados da RAS.

 

Manuel Chang é assistido na RAS por duas firma. A BDK, que ele paga do bolso, e a Mabunda, paga pelo Estado (M.M.)