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sexta-feira, 17 janeiro 2020 08:10

Ausentes na investidura de Nyusi: MDM considera o acto “uma fantochada” e Ossufo Momade, “um escândalo”

Quarta-feira última, o país parou, literalmente, para assistir à cerimónia de investidura do novo Presidente da República, Filipe Nyusi. Entretanto, mais do que o acto em si (investidura), a cerimónia foi, sem dúvidas, marcada pela ausência dos líderes dos partidos da oposição, que, com Filipe Nyusi, disputaram a presidência do país.

 

Trata-se de Ossufo Momade (presidente da Renamo), Daviz Simango (Movimento Democrático de Moçambique) e Mário Albino (AMUSI), todos convidados por Filipe Nyusi para assistir à sua investidura. Não só foram convidados, como também tinham um lugar destacado na tenda reservada aos VIPs do megalómano evento. Ou seja, na primeira fila, onde também se sentaram Armado Guebuza e Joaquim Chissano.

 

Mas nem Ossufo Momade, nem Daviz Simango e muito menos Mário Albino se fizeram presentes ao local que acolheu a cerimónia. Aliás, os deputados dos dois maiores partidos da oposição (Renamo e MDM) do xadrez político nacional, também boicotaram a cerimónia de investidura.

 

Esta quinta-feira o nosso jornal procurou ouvir a versão dos ausentes. Para o MDM, na pessoa do seu respectivo porta-voz, Sande Carmona, o presidente do partido dignou-se em não comparecer à cerimónia porque não queria assistir a uma “investidura da fantochada”.

 

Sande Carmona disse que o MDM não reconhece os resultados saídos das eleições do passado dia 15 de Outubro, porque os mesmos não reflectem a real vontade expressa nas urnas pelos eleitores. O porta-voz do “galo” disse que, na verdade, o partido Frelimo manipulou, de forma maquiavélica, a vontade popular.

 

Participar da cerimónia, disse Carmona, igualar-se-ia a “testemunhar à investidura de um ladrão que lhe roubou de forma descarada”.

 

Sobre o facto de os deputados do MDM terem tomado posse na última segunda-feira, enquanto esta formação não reconhece os resultados eleitorais, Carmona avançou que assim procederam porque dão valor à vontade do povo. Para esta legislatura, o MDM conta com um total de seis deputados, depois de na anterior ter tido 17.

 

Já Ossufo Momade, citado pela DW África, na passada quarta-feira, começou por confirmar a recepção do convite para tomar parte do evento. De seguida, o presidente do maior partido da oposição disse que optou por não se fazer presente porque não “tinha moral” para lá estar e também para evitar ser confundido pelo povo. Tal como disse, a sua presença no local igualar-se-ia a um “escândalo”.

 

Ossufo Momade reiterou a não aceitação dos resultados das últimas eleições, mas deixou a garantia que continuará a dialogar com o recém-empossado Presidente da República, por prezar os princípios deixados pelo falecido presidente do partido, Afonso Dhlakama.

 

Em relação à assumpção do estatuto especial de líder da oposição, Momade disse que cabia ao partido decidir se deve ou não aceitar.

 

Por outro lado, Mário Albino, “marinheiro de primeira viagem” nas corridas à Presidência (tal como Momade), declinou tecer qualquer comentário à volta do assunto, sob o argumento de que estava reunido. De forma insistente, o nosso jornal tentou entabular conversa com o líder do AMUSI, mas este simplesmente declinou as nossas chamadas. (Carta)

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